Fanfics Brasil - Dulce Maria O Fotógrafo (Adaptada - VONDY)

Fanfic: O Fotógrafo (Adaptada - VONDY) | Tema: VONDY


Capítulo: Dulce Maria

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Acordo e olho para o curativo das princesas que ainda está no meu braço. Passo a mão sobre ele e penso que, apesar dos pesares, valeu a pena ter tido um ataque de pelanca, pois conheci um homem maravilhoso que largou tudo para ir ao hospital comigo e com a Pâm. Por sorte, sempre a tenho ao meu lado. Como ainda é cedo, decido ficar mais uns cinco minutinhos — que sempre viram meia hora — na cama.



Dona Blanca acorda cedinho, ouço ela gritar para mim que irá até a quitanda.comprar morangos para o nosso café da manhã. Hoje é o dia em que minha modelo favorita irá fazer o book com o tal fotógrafo famoso. Só a Pâm

mesmo para gastar uma nota para fazer meia dúzia de fotos. Mas sonho é sonho, né? Quem sabe ela será a nova top model do Brasil? Eu ainda acho que isso não vai rolar, pois geralmente com a idade que a Pâm está, as modelos já estão se aposentando.



Ouço o bater de pratos e copos e percebo que mamãe já chegou e está preparando algo delicioso para nós comermos. Meu estômago ronca só de imaginar o que ela estará aprontando na cozinha. Logo que me levanto da cama, meu celular toca, e pelo avatar da tela, vejo que é a destrambelhada da Pâmela.



— Bom dia, chuchu, acordou cedo, hein? Tudo isso é ansiedade?

— Alô, seja lá quem for, será que dá para devolver a mal-humorada da minha amiga Dulce, por favor?

— Humor já se esgotando em três, dois, um.

— Nega, agora é você. Fico feliz em te ter de volta. Viu, vou ter um dia de princesa hoje e gostaria que fosse comigo. Um dia só de meninas com cabeleireiro, manicure, depilação... Vamos? Eu passo para te pegar no almoço.

— Pâm, gostaria mesmo de ir, mas tenho que levar a documentação no jornal, passar no laboratório, pegar o resultado e marcar o médico para fazer a consulta do admissional. Hoje já é quarta e tenho que estar com tudo acertado para segunda. Desculpa, tá? À noite eu vou com você para as fotos.

— Tudo bem, né? Quem vai sair perdendo é você que vai ficar com essa pele de maracujá, enquanto a minha vai estar de pêssego.

— Te amo, fofolete. Fica bem linda.

— Mais linda é impossível. Fica com Deus, Fiona. Até mais tarde. Passo pzra te pegar às cinco, sem atraso. Beijos.



Desligo e me junto à minha mãe, na cozinha. O café está impecável e noto que na mesa se encontra um vaso com um arranjo de flores do campo.



— Bom dia, flor do dia. Dormiu bem, minha princesa?

— Bom dia, mãe. Dormi sim, como um anjo. As flores são lindas.

— Ganhei essas flores do seu Rodolfo da floricultura. Passei por lá na volta da quitanda e ele acabou me dando. Mas não há nada de mais nisso, Dulce, pode ir tirando esse sorrisinho do rosto. Rodolfo e eu somos amigos de infância, somente isso.

— Só comentei das flores que, por sinal, são as suas preferidas. Coincidência, não?! Rodolfo deve ser um bom observador, sempre te compro essas flores em datas comemorativas.

— Vamos parar de insinuações, detetive Dulce. Senta aí para tomar nosso café, juntas. Daqui a pouco tenho que ir para a empresa. Parece que o senhor Aurélio quer fazer um pronunciamento antes de começarmos os trabalhos diários. Tem um boato rolando na empresa de que ele vai se casar.

— O velhote vai casar? E eu aqui sem um namorado.

— O que está acontecendo, filha? Até ontem você era uma eremita convicta, e hoje está se lamentando. Tem homem na jogada, né? Quem é? Me conta.

— Não tem ninguém, dona Fifi. É só que o velho tem uns oitenta anos e encontrou alguém, e eu tenho vinte e dois e ninguém se interessa por mim.

— Na hora certa vai aparecer alguém que te mereça. E torço muito para que seja alguém como o seu pai. Agora preciso ir. Se cuida, tá? Te amo muito, filha.

— Também te amo, mãe. Traga notícias fresquinhas, quem sabe essas não possam ser minhas primeiras matérias?



Assim como todos os dias, vou com ela até o portão para me despedir. Minha meta com esse emprego vai ser juntar dinheiro para comprar um carro. Definitivamente andar de ônibus é desgastante.



Volto para dentro e ligo o rádio para tomar uma ducha rápida. O som do Metallica — The Unforgiven II — invade o banheiro e eu me sinto num show. Canto e danço sem medo de ser vista. Música renova minha alma. Assim que a música termina, eu acabo o banho, me sentindo limpa por dentro e por fora. Decido colocar um shorts jeans e uma regatinha branca bem básica, a rasteirinha e o rabo de cavalo termina de compor meu look. Pronto, já estou pronta para começar minhas correrias. Já no ponto de ônibus, fico imaginando que em breve estarei andando de carro, nem que seja um fusca 72. Meu telefone toca, me tirando dos pensamentos sobre meu fusquinha.



— Alô. Oi, mãe, aconteceu alguma coisa?

— Filha, tenho ótimas notícias.

— Fala, mãe, já estou ficando curiosa.

— Filha, o senhor Aurélio me deu um aumento bem significativo. E me deu um bônus que dará para darmos a entrada no nosso carro. E aí, está feliz?



Nesse momento já não consigo segurar as lágrimas que se formam em meus olhos.



— Mãe, essa é a melhor notícia que poderia ter. Sabia que eu estava pensando exatamente nisso no momento em que a senhora me ligou?

— Pode ir escolhendo o nosso carro, meu amor. Em breve abandonaremos essa vida de pegar ônibus todos os dias. Seu pai deve estar muito orgulhoso da gente, nesse momento. Estamos conquistando nossas coisas por mérito próprio.

— Acredito que tenha dedo do seu Fernando nisso, mamãe. Eu estou muito orgulhosa de você.

— Te amo, filha.

— Te amo, mãe.



Desligamos e decido ir caminhando para pensar um pouco. É muita coincidência que, justo no momento em que eu estava pensando no carro, minha mãe liga, me dando a notícia mais aguardada em anos. Nosso carro. Como eu esperei por isso. Nosso carro. Só nosso. Do nosso jeito. Nem me dou conta do quanto caminhei. Só percebo que tinha andado muito, quando paro em frente ao laboratório. Lembro-me da minha passagem por aqui há dois dias. Foi nesse dia que conheci o homem que abalou as estruturas do meu coração inabalável. E nem sequer fui esperta o suficiente para pegar o telefone dele. O cartão do Apolo ficou com a Pâmela. A noite pego com ela, sem falta. Entro no laboratório e a enfermeira sarcástica vem me atender.



— Em que posso te ajudar, princesa?

— Vim buscar o resultado dos meus exames.

— Qual é seu nome mesmo? Ariel? Rapunzel? Ah, já sei, Bela Adormecida.

— Dulce Maria Saviñon, vulgo, Fiona. A princesa conhecida por ser durona, brava e não gostar de gracinhas. Senti falta dessa princesa no curativo que você colocou no meu braço.

— Na próxima separo um para você. Deixa-me pegar seu resultado.

— Obrigada por fazer o seu trabalho.



Pego meu exame com muita raiva dessa carniceira. Tenho dó das crianças que passam pelas mãos  dessa enfermeira de açougue.Raiva não é um sentimento que gosto de sentir, mas não suporto profissionais antiéticos.

Decido, por fim, que nada vai estragar meu dia. Vou ter um carro. Vou ter um carro. Nada de ônibus, nada de depender de carona, nada de táxi. Paro em frente ao prédio da Tribuna, tomo um fôlego e entro. Já com todos os documentos em mãos, vou até o departamento pessoal para entregá-los. Finalmente minha carteira de trabalho teria um registro.Era muita notícia boa numa mesma semana, já estava até desconfiando que algo de ruim

estaria para acontecer. Como dizem, a alegria de pobre dura pouco. Volto para casa de ônibus, pois a caminhada da ida tinha esgotado minhas forças. Preparo o almoço, macarrão com queijo. Gostoso e rápido de ser feito. Terei tempo de passar umas músicas para o pendrive e tirar uma soneca antes das fotos da Pâm. Às quatro da tarde me levanto, literalmente, jogo uma água no corpo e coloco uma jardineira jeans com tênis. Prefiro conforto à beleza. Se a roupa e o sapato não forem usáveis a noite toda, eu nem os coloco. Raramente uso salto, só se a ocasião pedir.



Cinco horas passadas e nada da Pâmela chegar, seu celular só dá caixa postal. Sou obrigada a ouvir Beyonce por várias vezes.Meus pés quase criam raízes quando a fofolete aparece na porta de casa. O relógio já marca seis. Atrasada como sempre, ou não seria a Pâmela que eu conheço.



— Atrasada como sempre, né Pâmela?

— Ai, nega, hoje é meu dia. Esperei tanto por isso que tive que me preparar, né? Você deveria ter ido comigo, Rober ia dar um jeito de domar esse seu cabelo, que logo, logo, cria vida e foge.



Toda vez ela toca no assunto do meu cabelo. Eu gosto dele do jeito que ele é. Não vou muito ao salão porque não vejo necessidade de pagar para passar creme no cabelo e fazer uma escova.



— Há, há, há, muito engraçadinha, até parece que viu um passarinho verde.

— Olha, Dul, se é verde, eu não sei, mas daria tudo para ver o passarinho dele. Você vai ver como meu fotógrafo é lindo, só não vai se engraçar para ele, porque eu vi primeiro.

— Pâm, no momento estou focada só no meu trabalho. Homens são meu terceiro plano. Pode ficar com esse batedor de fotos que eu estou bem de boa. Só para constar, você não me falou como se chama esse gato das lentes.



Meu primeiro plano é cuidar da minha mãe como prometi ao meu pai. O segundo plano é focar no meu trabalho e me especializar na área que eu gosto. Homens são meu terceiro plano. Não ando tão necessitada assim.



— O nome é segredo. Só acho que você deveria se abrir para novas amizades coloridas, sair, beijar na boca, dar uns “pega”.

— Pâm, a gente já conversou sobre isso.

— Tudo bem então. Logo cria teia de aranha nessa pombinha.



Não gosto de suspense e não gosto que ela fale assim. Pâmela é minha melhor amiga, mas somos tão diferentes que, às vezes, questiono como a nossa amizade sobrevive há tantos anos. Pâmela é o oposto de mim, talvez o ditado que diz que os opostos se atraem, valha também para a amizade.Ela gosta de balada e eu sou caseira, ela sai com quem acha que vale a pena e eu só saio se tiver certeza que valerá a pena. Para ela, sexo é só sexo e, para mim, sexo é doação, é um ato de confiança e amor. Não entendo como tem gente que faz por fazer. Percebo que a discussão acabou no momento em que ela aumenta o som do carro.



O percurso é tranquilo, cantamos e brincamos, imitando o clipe da música que toca. Entramos na área nobre da cidade e procuramos o endereço do condomínio de prédios do tal fotógrafo.Quando paramos na frente do condomínio, quase não acreditamos. Que lugar maravilhoso. Os prédios são perfeitos, tem piscina, sauna, área fitness, salão social que cabe facilmente mil pessoas. Puro luxo. O porteiro autoriza nossa entrada sem interfonar ao dono do apartamento. Presumimos que estávamos sendo aguardadas. Por sorte, o apartamento dele é já no primeiro andar. Tocamos a campainha e aguardamos. Nada. Tocamos de novo e nada. Ou a pessoa não está ou não quer nos atender. Também, com mais de meia hora de atraso, a pessoa pode ter pensado que a Pâmela tinha desistido. Toco novamente a campainha e a seguro por uns vinte segundos. Ouvimos a porta se abrindo e,

para a minha surpresa, o tal fotógrafo é o Christopher. Olho fixamente para ele, tentando entender, ou melhor, tentando imaginar como fui tola em não associar as pistas que a Pâmela havia me dado todos esses dias. O fotógrafo renomado e top, era na verdade, Christopher, o meu chefe.



Viro o rosto no exato momento que me dou conta que ele veio nos atender de toalha. Quanta indecência! Onde já se viu atender duas mulheres, até então desconhecidas, somente de toalha? Confesso que é muito sexy vê-lo molhado, mas não viemos aqui para babar por ele, e sim, para ele fazer as fotos da Pâm.



Pâm já se adianta e nos apresenta. Como sempre, faz uma gracinha e acabamos tendo uma pequena discussão. O apartamento é muito bem arrumado e limpo, o que me surpreende, tendo em vista que é

um homem solteiro quem mora aqui. Ficamos sentadas na sala aguardando o “beleza” se arrumar. Estou distraída, apreciando um quadro de paisagem, quando o Adam entra na sala trazendo

champanhe e três taças. Christopher sabe que é lindo. Nos dá seu melhor sorriso, que faz derreter uma pontinha do iceberg do meu coração. É só o que me faltava, me sentir atraída por esse Shrek. Espera

aí, meu apelido é Fiona, então acho que em alguma coisa combinamos. Estou tão confusa, não posso estar cogitando a possibilidade de me interessar por esse homem. Isso é tão frustrante.



Recuso o champanhe, dizendo que estou dirigindo, isso é tão patético, logo ele percebe que foi a Pâmela quem veio guiando e eu me sinto mais ridícula ainda, dando uma desculpa que sei que não colou.

Meia hora depois de conversa fiada, fomos enfim ao estúdio fazer as fotos. Atrás da porta do estúdio, está um perfeito quarto de luxo. Paredes brancas e decoração vermelha. Uma enorme banheira branca com detalhes em dourado;um divã de camurça branca fica bem no meio do quarto. Uma cama três vezes maior que a minha num canto, com lençóis de seda vermelha. Juro, mesmo que se não fosse os equipamentos postos, acharia que aqui fosse o quarto dele. Ou o quarto do abate dele.



Decido ficar sentada num cantinho para não os atrapalhar, o entrosamento deles é palpável. Pâmela fotografa muito bem, as poses são lindas, elaboradas e perfeitas. Pâmela é linda, se tudo o que ela tivesse de beleza, tivesse de inteligência, ela com certeza seria a Mulher-Maravilha. A única coisa que está me incomodando nessa sessão é ela estar bebendo vinho. Sei que a maioria dos fotógrafos dão algo para as modelos beberem, para elas ficarem mais soltas e desinibidas, mas a Pâm não precisa de bebida para ficar assim. Quando olho para a garrafa, ela já está pela metade. É nessa hora que ouço a Pâm pedir ao Christopher que faça umas fotos sensuais dela. Eu não acredito que ela propôs isso a ele. Nesse momento, já sinto meu corpo gelar e meus olhos começarem a querer lacrimejarem. Agora não, Dulce, você tem que ser forte. Minha vontade é de tirar a Pâm

arrastada de lá, como ela pode querer ser fotografada assim? Ainda mais sabendo que eu estou aqui e que isso não me traz boas lembranças? Iniciamos uma pequena discussão, onde minha melhor amiga — a amiga que considero como irmã —, me destrata na frente do meu chefe e ainda joga na minha cara que veio no carro dela e que se eu quisesse ir embora, que fosse.



Meu mundo desmorona nesse instante, minha reação inicial é a de sair daquela sala, antes que eu chorasse na frente deles, e eu tinha um resquício de orgulho que estava ferido, mas ainda existia. Sabia que estava tudo indo muito bem, meu emprego, o aumento salarial da mamãe, a compra do nosso futuro carro... infelizmente parece que o mundo conspira contra a minha felicidade, tudo para mim tem que ser difícil, tem que me deixar cicatrizes...Quando já estou na saída, Christopher vem até mim.



— Dulce, eu sinto muito, não sabia que ela agia assim quando bebia.

— Você não sabe de nada, Christopher. Isso é tudo culpa sua.

— Minha? A doida que está no meu estúdio é sua amiga, e não minha. Só estou fazendo o meu trabalho, garota. E quer saber, você é bem pé no saco mesmo, viu? Isso tudo é inveja porque não tem corpo para fazer fotos desse estilo?



Não acredito que acabei de ouvir isso, se o Christopher soubesse da minha história, nunca teria aberto a boca para me agredir dessa forma. Nem me dou ao luxo de responder, porque sei que vou desabar na

frente dele, e nem ele e nem a Pâmela, merecem uma gota de lágrima minha. Sinto-me, mais uma vez na vida, humilhada. Aqui estou eu, andando na rua sozinha, sem rumo e com o coração estilhaçado. As lágrimas, antes contidas, agora já tomam conta do meu rosto, sem nenhum esforço em rolar.



Vago por um bom tempo, sem me dar conta de onde estou indo. Paro em frente a um barzinho e decido entrar para tomar uma água e me recompor, não quero estragar a única felicidade da minha

mãe, em anos, com um problema que tenho que enfrentar sozinha. Escolho uma mesa de dois lugares mais afastada, não quero que ninguém conhecido me veja e nem que veja o meu estado depreciativo. Peço ao garçom uma água sem gás. Lembro-me que ainda não jantei e peço também o cardápio, mesmo sem fome, preciso de algo que me distraia, e nada melhor do que comida.



— Dulce, é você?



Ergo os olhos e encontro Apolo em pé, bem à frente da minha mesa.



— Apolo, que surpresa em vê-lo.

— Posso me sentar ou está esperando alguém?

— Pode sim, só não sei se serei uma boa companhia.



Tento esconder uma única lágrima que insisti em me trair. O deus grego está bem na minha frente, e eu aqui, com os olhos vermelhos, cara inchada e cabelos desgrenhados. Perfeita patética.



— Não quero ser indelicado, mas seus olhos estão borrados. Você está parecendo aquele cantor da Banda Kiss.



Puts! Esqueci que estava de rímel. Pronto, agora é só a terra me engolir, que fica tudo certo. Peço licença e vou até o banheiro limpar o rosto. Rio. Apolo estava certo, não estava apenas como um panda, o rímel escorreu pelo meu rosto,chegando até a bochecha. Mostro a língua para o espelho, imitando o gesto do tal cantor. Volto para a mesa e ele ainda está lá. Por um momento, pensei que pudesse tê-lo assustado.



— Agora sim está parecendo a menina que conheci no laboratório.

— Não pense que foi fácil retirar toda aquela coisa preta do meu rosto. Só fiz isso para não assustar você.

— O preto do seu rosto é o que menos me assusta. Preocupa-me o fato de que você esteve chorando a ponto de deixar esses lindos olhos, vermelhos.

— Não se preocupe, Apolo, são só alguns problemas passageiros.

— Sabe, Dulce, os olhos são as janelas da alma. Revelam muito sobre cada um. Eles não escondem emoções. Acredito que através dos olhos, podemos realmente conhecer alguém.

— Muito linda as suas palavras, Apolo, mas eu não compartilho desse pensamento. Muitas pessoas mentem com os olhos. Quem nunca, num momento de tristeza, teve que maquiar um brilho de felicidade nos olhos e encarar o dia? Apenas os tolos e as crianças acreditam que ao fechar os olhos, os monstros desaparecem.



O garçom retorna à nossa mesa para pegar os nossos pedidos. Decido por um prato de batatas fritas com queijo e bacon. Apolo me acompanha no pedido. Não retornamos à conversa anterior, creio que ele percebeu que não queria mais falar daquele assunto. Estar com o Apolo, me traz paz, ele é divertido, conversa sobre tudo, desde novelas, até desenhos infantis. Ficamos um bom tempo falando amenidades.



— Não me conformo até agora que, meu pai, um senhor de oitenta anos, vai se casar, e eu, um homem com trinta, estou encalhado.

— Bem-vindo ao clube, Apolo. Já prevejo que meu futuro será numa casa velha, sozinha e com centenas de gatos.

— Quanto exagero. Às vezes o que mais procuramos está bem diante dos nossos olhos.É que perdemos muito tempo procurando algo que achamos que é o certo e esquecemo-nos de olhar o que está a nossa volta.



Era incrível a capacidade de ele falar exatamente aquilo que, nos meus sonhos mais românticos, ansiava ouvir. Se eu acreditasse em príncipes encantados, gostaria muito que Apolo fosse o meu.



— Apolo, é maravilhoso estar com você, mas preciso ir para casa. Já está tarde e amanhã tenho que sair e ver um carro para comprar. Em breve vou abandonar essa vida de andar de ônibus.

— Nossa, meus parabéns. Gostaria muito de te levar para casa hoje. Como você mesma disse, já está tarde para uma dama andar sozinha pelas ruas perigosas de Campinas.

— Apolo, não precisa se incomodar, já estou acostumada com isso. Além do mais, você não precisa ir embora agora só para me levar.

— Dulce, não será incômodo nenhum, será um imenso prazer ter sua companhia por mais uns minutos que seja. E eu não estou no clima de voltar para casa agora, meu pai noivou hoje e a festa ainda vai durar pela madrugada.

— Que coincidência, o chefe da minha mãe também noivou hoje. O nome dele é Aurélio Connor, conhece? Foi ele quem deu a bonificação para minha mãe poder comprar o carro.

— Dulce, Aurélio Connor é meu pai.

— Sério isso, Apolo? Que mundo pequeno, né? Mas por que você não trabalha na empresa dele?

— Isso é uma longa história que terei o prazer de te contar num próximo encontro. Encontro? Ele estava me convidando para sair com ele? Só podia estar no meio de um sonho. Não que eu não me valorize e me ache linda, mas ele é um anjo dos céus e está caidinho por mim. Demoro a falar algo. Nunca fiquei sem reação na minha vida.



Apolo mexia comigo, e isso era fato. Só me restava descobrir se eu estava preparada para me relacionar novamente. Relacionamentos são construídos à base de confiança, e nesse momento, a única pessoa a qual confiava, era a minha mãe.

— Vamos, Dulce?

— Ah sim, vamos.



Saímos do barzinho e só do lado de fora me dou conta que não paguei minha comanda.



— Nossa estava tão distraída que nem paguei a conta. Preciso entrar para acertar antes que eles achem que sou caloteira.

— Dulce, já está tudo certo. Acertei tudo lá dentro. Jamais deixarei que qualquer pessoa pense algo maldoso sobre você.



Esse é o momento em que a mocinha abraça o mocinho e dá a ele, um beijo apaixonado. Contentome só em agradecer. Entro no seu carro, uma BMW Série 4 Cabrio, me encanto com a magnitude e exuberância de cada

detalhe. Explico a ele meu endereço e, em poucos minutos, estamos na porta da minha casa.



— Muito obrigada, Apolo.

— Dulce, espero te ver em breve. Me liga quando precisar de alguém para desabafar, rir, chorar ou apenas me ligue.

— Não tenho seu número, Apolo.

— Problema resolvido. — Ele tira do seu bolso um lindo cartão de visita com seu nome e telefone.— Você ainda não me respondeu se vai sair comigo. Dessa vez, para um encontro de verdade.

— Prometo que hoje à noite eu vou pensar e amanhã eu te ligo. Agora já tenho o número.



Não sou muito boa em paquerar, sempre pareço infantil diante de situações que me constrangem. Mas Apolo pareceu me entender.



— Posso pelo menos me despedir de você com um abraço?

— Claro que sim.



Que homem mais cheiroso. Seu perfume é inebriante, uma mistura de madeira e almíscar; seu abraço é reconfortante, forte e macio. Me sinto protegida. Assim que saímos do abraço, Apolo me beija no canto da boca. Um beijo casto, que me fez sentir um misto de medo e ternura. Despedimo-nos com a promessa que amanhã eu ligaria. Estou tão feliz. Por mais que minha noite tenha começado mal, terminou do jeito que sempre sonhei um dia. Finalmente a Fiona iria se transformar em princesa, ou o príncipe iria se transformar em Shrek. Tiro a roupa e visto meu pijama. Deito pensando no meu Apolo e adormeço sonhando com ele.



 



 



 



E aí gostaram do Apollo gente? Comentem,até amanha. E vcs querem Maratona?bjos




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Autor(a): Bea Tinoco

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 63



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  • rosana_daiane_ Postado em 11/12/2019 - 17:02:24

    Tem continuação????

  • Nat Postado em 15/11/2017 - 10:49:39

    Bea Tinoco, vc não vai mais continuar a história!? Por Favor! Não desiste! Eu queria muito saber o final! CONTINUA, por favor!*-*

  • Nat Postado em 08/09/2017 - 20:14:24

    Não acredito que o Christopher teve participação no trauma da Dulce! Meu Deus! CONTINUA!*-*

  • Nat Postado em 25/08/2017 - 20:06:49

    Por favor CONTINUA! Quero saber quem esta mandando essas coisas para o Christopher! Tadinhos não acredito que eles terão que fazer uma matéria sobre o "boa noite cinderela"! Eu também achei que o Christopher ia aceitar a ideia de ele e Dulce se conhecer melhor antes entrarem em um relacionamento, mas o burro nem pensou nessa possibilidade! Ele tem controlar! Magine se por um acaso ele dá o remedinho pra Dulce!? Mesmo que ele não fizesse nada com ela, acho que ela nunca o perdoaria! Tem como vc fazer maratona!?(claro, se vc tiver tempo pra postar bastante capítulos)*-*

  • raissaperroni Postado em 22/08/2017 - 22:59:20

    Cadê você? Não desiste não, aparece

    • Bea Tinoco Postado em 24/08/2017 - 20:47:09

      oi raiii, nao desiti nao flor!

  • Nat Postado em 21/08/2017 - 16:20:54

    Cadê vc!? Por favor não me diga que vc desistiu de postar! Continua por favor!*-*

    • Bea Tinoco Postado em 24/08/2017 - 20:46:49

      Oi nat, nao desiti nao .contiuando

  • tahhvondy Postado em 21/08/2017 - 11:29:16

    continua amando

    • Bea Tinoco Postado em 24/08/2017 - 20:46:18

      Oi flor!! continuandoo

  • Nat Postado em 18/08/2017 - 14:44:56

    Fiquei com peninha do Christopher, mas acho que ele foi muito precipitado! Acho que os dois deviam começar a resolver os fantasmas do passado e aos poucos ficarem juntos! A Beatriz é confiável!? Como o Apollo e o Christopher se conheceram!? A Dulce vai descobrir o vicio esquisito que o Christopher tem!? CONTINUA!!!*-*

  • raissaperroni Postado em 18/08/2017 - 13:33:30

    estou com pena dele tbm, acho que depois desse bolo ele não vai mas querer toca no assunto de namoro com a dulce, ele deve voltar a tratar ela mal

  • raissaperroni Postado em 18/08/2017 - 13:17:34

    estou tremendo Muito, sinto que alguma coisa muito ruim vai acontecer. quando a mãe não gosta nunca da certo. só me diga uma coisa, vai ter um final feliz entre vondy?


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