Fanfics Brasil - Dulce Maria O Fotógrafo (Adaptada - VONDY)

Fanfic: O Fotógrafo (Adaptada - VONDY) | Tema: VONDY


Capítulo: Dulce Maria

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Finalmente teria a minha primeira matéria e Wendel estava apostando alto nela. Não sei nada dessa tal Festa do Carimbo, mas pretendo fazer desta matéria a minha matéria. Tirando o fato que teria que viajar com o Christopher e passar uns dias com ele em outra cidade, eu estou muito contente. De manhã, ele me destratou como sempre, respondi à altura, mas isso chega a ser tão desgastante, que decidi que não iria mais bater boca com ele. Quero contar a novidade para a Pâmela. Deixo o orgulho de lado e ligo para o celular dela, repetidas vezes, e sempre caí na caixa postal. Ligo então para a sua casa. Sinto falta da minha amiga e não vou deixar uma briguinha à toa separar o sentimento que tenho por ela.



— Alô, tia Linda, é a Dulce. A Pâm está por aí?

— Oi, meu anjo. Está sim. Espera só um momentinho que vou chamá-la.



Estou tão nervosa, não sei como ela vai reagir por eu não tê-la procurado por todos esses dias.



— Oi, Nega, tudo bem?

— Oi, Pâm, comigo sim, mas sua voz me deixou preocupada. Aconteceu algo?

— Você não ficou sabendo do meu vexame de quarta-feira?

— Pâmela, o que aconteceu?

— Dul, eu não me lembro direito o que aconteceu, mas pelo que me contaram, eu saí da sessão de fotos e fui beber em algum lugar. Fui parar na casa do Christopher de madrugada, em coma alcoólico.

— Sério isso, Pâmela?

— Dul, estou tão surpresa quanto você, mas essa é a história oficial sobre o caso. Me perdoa por ter sido uma péssima amiga?

— Pâm, eu te amo e você sabe disso. Claro que te perdoo. Passa em casa à noite para conversarmos.

— Passo sim. Te amo, Dul. Tchau.

— Tchau, Pâm.

Essa história que a Pâm me contou não colou. Ela não é de sair para beber, ainda mais sozinha. Preciso dar um jeito de entrar nesse assunto com o Christopher. Nem contei a ela sobre a viagem que farei amanhã, junto com o Christopher.

Ignoro meu horário de almoço, me esquecendo completamente que deveria ir ver um carro para comprar. O assunto que o Wendel quer trabalhar é muito complexo e perigoso. Chega a ser absurdo, de tão perverso e bizarro.



A Festa do Carimbo nada mais é que uma festa marcada pela internet. Lá, os jovens com HIV contaminam de propósito outras pessoas. As festas são sigilosas, geralmente em apartamentos nos bairros de classe média alta, saunas e boates GLS.

Leio vários artigos relacionados à essa festa e, a cada novo que eu leio, eu fico mais abismada. Não entendo como existe gente que sinta prazer em contaminar uma pessoa, ou pior, como tem pessoas que vão a essas festas, sabendo do risco que têm de sair contaminada de lá.



A tarde passa rapidamente, só me dou conta do horário quando Sara me liga, informando que o horário do meu expediente acabou. Para um primeiro dia, produzi bastante. Assim que saio da minha sala, vejo que as luzes da sala do Adam estão acesas e bato na porta para me despedir. Quero mostrar a Christopher que nada que ele me fizer, vai me fazer desistir de trabalhar aqui.



— Entra.

— Christopher, já estou indo para casa. Andei pesquisando sobre o assunto que o Wendel quer que trabalhemos. Achei muito interessante. Bem, só passei para dar tchau.

— Pode ir agora que já fez o que veio fazer.



Fecho a porta da sala dele, já sentindo os olhos querendo me trair. O ruim de ser emotiva, é que não tem hora e nem lugar para chorar. Não sei o que fiz para esse homem me tratar tão mal. Se ele pensa que vou desistir de fazer essa matéria, ele está muito enganado. O Wendel me deu essa oportunidade e eu vou dar o meu melhor e, principalmente, vou mostrar para ele que sou muito mais do que ele imagina.



Despeço-me da Sara e caminho até o ponto mais próximo. Um vento fresco passa pelo meu corpo e solta alguns fios do meu cabelo. Fico sentada no ponto, esperando o ônibus, que demora mais que o normal para passar. Passados vinte minutos, tomo a decisão de ir andando. Minha casa não fica há mais de alguns bons minutos de caminhada. Estou perdida em meus pensamentos quando uma caminhonete prata para a meio fio da calçada que estou andando.



— Se você continuar andando nessa velocidade, será um prato cheio para os ladrões.

— Muito obrigada pela sua preocupação, Christopher.

— Estou falando sério, Dulce, entre no carro que eu te levo até a sua casa.



Esse homem é muito bipolar, uma hora está me humilhando e na outra está preocupado que eu possa ser assaltada. Como minha casa ainda está bem longe, decido aceitar a carona.



— Está preparada para viajar amanhã?



Nossa, que evolução, além de ser cordial, quer também conversar comigo? E sem ironia ou sarcasmo? É, vamos dar a ele um voto de confiança.



— Na realidade, estou com medo. As coisas que li sobre o assunto não são muito animadoras.

— Vai dar tudo certo. Duas cabeças pensando valem mais do que uma.

— Precisamos descobrir onde será a festa...

— Dulce, já sei onde será e a que horas será. Só vou precisar que confie em mim. Você é capaz disso?

— Um voto de confiança não se nega a ninguém.



Paramos em frente à minha casa e só aí me dou conta que não lhe dei meu endereço. Como será que ele sabia onde morava? No mínimo, ele olhou na minha ficha. O carro da Pâmela está parado em frente à minha casa e Christopher fica desconfortável com isso. Essa é a minha deixa para perguntar a ele sobre o ocorrido.



— Christopher, a Pâmela está aí e está muito confusa sobre o que aconteceu com ela no dia das fotos. Ela diz que não se lembra de nada. Você sabe de alguma coisa que possa ajudá-la a se lembrar?

— Dulce, tudo o que sei já falei para os pais dela. Falei que iria te trazer em casa e aqui está você. Você pode, por favor, descer para que eu possa seguir meu caminho?

— Claro. Obrigada, Adam. Até amanhã.



Desço do carro e ele arranca rapidamente. Ele está escondendo algo e eu vou descobrir o que é.Coloco meu melhor sorriso no rosto e entro em casa. Pâmela está no sofá, conversando com a minha mãe. Na mesa de centro estão algumas bolachas amanteigadas e um bule de café.



— Hum, pelo jeito estou perdendo o chá da noite com as mulheres que mais amo nesse mundo.



Pâmela se levanta e vem me abraçar. Choramos como duas manteigas derretidas.Mamãe nos deixa sozinhas na sala e vai para a cozinha terminar o jantar. Pâmela me conta a história que foi passada a ela pelos pais. As peças desse quebra-cabeça não estão se encaixando. Finjo que aceito essa hipótese para não levantar nenhuma suspeita sem provas. Christopher sabe de algo que não contou ao tio Jonas.



Jantamos uma lasanha de frango maravilhosa. Conto a elas, durante o jantar, sobre a matéria que iria fazer e sobre a viagem. Ambas não quiseram concordar com o tema que Wendel propôs, alegando ser muito perigoso, Pâmela adjetivou a matéria como sendo suicida. Consigo, após muito tempo, convencê-las que essa matéria é inédita e que ela faria meu nome no meio jornalístico. Não foi fácil, mas nada que uma lábia de uma boa jornalista não consiga. Arrumamos a cozinha e a Pâmela vai embora em seguida. Não achei que seria uma boa hora contar a ela sobre minha amizade com o Apolo. Do jeito que ela é dramática e ciumenta, vai falar que arrumei um substituto rápido para pôr no lugar dela.



— Filha, podemos conversar?

— Claro, mãe.

— Não vou dizer que concordo com essa sua viagem e com essa matéria horrorosa que você vai fazer, mas se é isso que você quer para você, não posso ser contra. Só quero que você tome muito cuidado com esse Christophere com os lugares que você vai frequentar. Quero que você me prometa que vai ligar.

— Pode deixar, dona Blanca, serão somente dois dias. Vou te ligar sempre que der, tudo bem?

— Dulce, me prometa.

— Eu prometo, mãe.

— Agora vamos arrumar sua mala. Amanhã não teremos tempo para colocar as coisas em ordem.



Vamos para o meu quarto e separamos tudo o que achamos que seria necessário. A mala parece que é de uma pessoa que passaria meses viajando. Durmo na cama da minha mãe. E tenho uma noite muito boa de sono.



Acordo com o despertador do celular tocando uma musiquinha brega que tem nele. Minha mãe se mexe na cama, mas somente para virar para o outro lado e continuar a dormir. Ela entra mais tarde do que eu, o que lhe dava uns minutinhos a mais na cama. Levanto, tomo banho, coloco um vestido soltinho de renda azul e sapatilhas como sempre. Engulo uma maçã e vou pegar o ônibus que, hoje, não atrasa.Chego à redação e a Sara me traz um botão de rosa branca. Apolo. Sinto-me tão mal por não ter ligado para ele ontem, agradecendo as flores.



— Parece que tem alguém apaixonado, Dulce.

— Ah, Sara, Apolo é somente um amigo.

— Então o admirador secreto tem nome, é? Apolo é nome de deus grego.

— Olha, Sara, ele é digno de ser comparado a um ser mitológico, viu?



Sara toma outra postura e, pelo olhar dela, percebo que fomos flagradas falando de homem em horário de serviço.



— Então eu pago vocês para ficarem fofocando em horário de trabalho? Voltem para seus afazeres. Dulce, espero você na minha sala em cinco minutos. E fale para seu deus grego enviar flores para a sua casa. Aqui é seu local de trabalho.

— Tudo bem, senhor Christopher.



Assim que ele sai, eu e a Sara caímos na gargalhada. Não sabíamos de onde vinha tanto mau humor. Decido não cutucar a onça com a vara curta e vou até a sua sala rapidamente. A porta já está aberta e presumo que ele está me esperando, por isso entro sem bater.



— Acho que sua mãe tenha te ensinado a não entrar na sala dos outros sem bater na porta.

— Desculpa, senhor Christopher, ela estava semiaberta, então achei que...

— Você não está aqui para achar nada, Dulce. Dá próxima vez, te darei uma advertência por escrito.



Que um raio caia agora e o parta ao meio. Dou um profundo suspiro, me segurando para não responder. Está ficando difícil, mas não vou desistir de mostrar a ele que sou superior.



— Te chamei para te entregar a passagem. Hoje à noite você deve estar no aeroporto às sete, em ponto. Se precisar, eu passo para buscar você na sua casa para irmos juntos.

— Tudo bem, Christopher, não precisa ir me buscar, a Pâmela ficou de me levar. Se era só isso que você queria comigo, vou voltar para minha sala e estudar mais um pouco sobre o que faremos.

— Pode ir, Dulce . Ah, hoje você pode sair às quatro.



Vou para a minha sala, com o pensamento no Christopher. Ele me confunde muito, um momento ele é todo atencioso e, no outro, age como se me odiasse.



Fico novamente sem almoçar por conta das pesquisas. Verifico todas as opções, para caso algo dê errado. Perto do meu horário de saída, um nervoso começa a tomar conta de mim. Em breve, eu estaria num hotel com o Christopher, participaríamos de uma festa perigosa, em uma cidade que eu mal conhecia. Talvez minha mãe e a Pâmela tenham razão, isso é muita loucura.



Decido por dar continuidade, pois não sou mulher de voltar atrás em uma decisão tomada. Despeço-me da Sara e saio do jornal. Como ainda tenho algum tempo, caminho até um estacionamento de carros usados ao lado do jornal. Apaixono-me por um Fox vermelho, ano 2006, quatro portas e completo. O vendedor me fala que é um excelente carro, o motor está impecável, a lataria e pintura,intactas. O valor me surpreende e ainda consigo um bom desconto se o pagamento for feito à vista. Agora era só convencer a dona Blanca que eu tinha encontrado o nosso carro. Pego o ônibus, muito contente em ter encontrado um carro com as características que sempre sonhei.



Chego em casa e encontro o Rodolfo no portão, conversando com a minha mãe. Ele tem nas mãos, um ramalhete de rosas vermelhas. Cumprimento os dois e entro em casa. Se eles não estão namorando ainda, em breve estarão.



— Filha, chegou cedo hoje.

— Cheguei sim, a tempo de ver o Rodolfo te trazendo rosas vermelhas no portão.

— Filha, já te disse que ele é só um amigo de longa data.

— Todo amor pode começar de uma amizade...

— Vamos parar com esse assunto, Dulce Saviñon. A que horas você vai viajar hoje?

— Tenho que estar no aeroporto às sete. A Pâmela ficou de me levar, mas estou com medo dela atrasar. Mãe, hoje vi um carro que foi amor à primeira vista e está dentro do nosso orçamento. O melhor é que dá para comprar somente com o dinheiro que você recebeu, não precisaremos ficar com prestações.

— Que maravilha, filha. Fale-me qual é o estacionamento que irei passar lá para ver o carro.

— É aquele que tem ao lado do jornal. O carro é um Fox Vermelho.

— Vou vê-lo amanhã, sem falta. Agora vá se aprontar para não ficar atrasada. Deixa que eu ligo para a Pâmela, apressando-a.

— Obrigada, mãe. Amo você.



Tomo um banho apressado, já que perdi algum tempo vendo o carro e conversando com a minha mãe. Antes de começar a me trocar, a Pâmela chega em casa com seu jeito escandaloso como sempre. Ufa, pelo menos uma vez na vida ela chegou no horário combinado. Não sei como o tempo vai estar em São Paulo, então coloco uma calça jeans e uma blusinha fina,

com mangas longas. Deixo os cabelos soltos, Pâmela me recriminará se ver que os prendi, estando molhados.

Desço e encontro as duas conversando e, como na maioria das vezes, o assunto sou eu.



— Vamos, meninas. Já estou pronta.



— Dul, você está linda.



— Linda, eu? Nem me arrumei direito, Pâm. Hoje nem maquiagem vou passar. Não quero correr o risco de acordar com os olhos borrados amanhã.



— Você é linda de qualquer jeito, filha. Agora vamos, que o avião não espera ninguém.



Corremos para não nos atrasar, às seis e cinquenta, chegamos ao aeroporto. Nunca vi o KA da Pâmela correr tanto como correu agora.Chego para fazer o check-in e, por sorte, a fila está pequena. Nosso avião sairá às sete e trinta, eu terei tempo de fazer as coisas necessárias para embarcar com calma.



Despeço-me das duas. Minha mãe já está aos prantos, até parece que não vou voltar, e esse pensamento me assusta.

Entro na sala de embarque e lá me junto ao homem que mais chama a atenção no aeroporto inteiro. Vestido de jeans escuro e camisa clara, com o cabelo recém-lavado e olhos azuis inconfundíveis. Esse homem mexe com qualquer mulher. Se ele permanecesse com a boca fechada o tempo todo, até cogitaria em um dia tentar algo com ele. Christopher está perfeito. Seu perfume pode ser sentido a metros de distância. Perco-me olhando em seus olhos que, de alguma forma, me hipnotizam.



— Tudo bem,Dulce? Tem alguma coisa suja em meu rosto?



Pronto, o encanto se quebrou, o príncipe vira sapo novamente. E o pior, é que ele me viu pagando pau para ele.



— Não, Christopher, você está muito... limpo.



Tá, às vezes não encontro palavras para expressar o que estou pensando. Já virou rotina fazer papel de palhaça na frente de um homem. Por falar em homem, me sinto péssima em não ter ligado para o Apolo. Não tive muito tempo e isso não é uma desculpa. Resolvo mandar um torpedo, que nessa altura, é melhor do que nada.



 



Boa noite, Apolo. Não vou inventar desculpas pelo fato de não ter te ligado, a verdade verdadeira é que não tive tempo.

Nesse exato momento estou embarcando num avião rumo a São Paulo, pois vou fazer uma matéria para o jornal. Assim que eu chegar, a gente pode combinar de sair. Muito obrigada pelas flores. Beijos. Dulce <3



Apolo é um fofo, muito diferente do Christopher, mas não posso negar que, de certa forma, me sinto atraída por ele. Sinto-me como um bichinho que vai em direção à luz, sabe que vai se queimar, mas aceita correr o risco para ver o que vai dar. Só me falta criar um amor platônico por esse arrogante.



— Vamos, Dulce, estão chamando o nosso voo.



— Claro. Se não for pedir demais, gostaria de ficar na poltrona do corredor. Nunca andei de avião e não me sentiria bem em sentar na janela.



— Por mim tudo bem. Só saiba que esse favor poderá ser cobrado mais tarde.



— Não entendi, Christopher.



— Esqueça, Dulce. Pode se sentar onde você quiser. Sei bem como é ter medo de algo.



Para tudo. Esse é o Christopher que eu conheço e que até algumas horas, estava me maltratando? Estou vendo que essa viagem terá muito mais que somente uma matéria, só espero não me arrepender depois.



Em poucos minutos, já estamos em São Paulo. Adam foi cochilando no avião enquanto eu pensava no que estava fazendo aqui. Finalmente saí da minha zona de conforto e embarquei para o desconhecido.



Pegamos um táxi, que nos leva até o Hotel, onde ficaríamos hospedados esses dias. O caminho era curto e levaríamos pouco tempo para chegar se o trânsito nos ajudasse. É, mas estamos em São Paulo e o trânsito aqui é o que menos ajuda. Demoramos mais para ir do aeroporto ao hotel, do que vir de Campinas para cá. A minha via-sacra está apenas começando. Chegando ao hotel, descobrimos que o Wendel reservou somente um quarto, eu e o Adam teríamos que dividir nossa intimidade durante dois dias. Christopher fica mais nervoso do que eu e começa uma guerra com o coitado do atendente.



— Eu quero fazer um upgrade, verifique a disponibilidade de outro quarto para mim.



— Senhor Christopher, estamos com todas as vagas reservadas. Não temos nenhuma suíte disponível no momento.



— Mas será possível que nesse hotel inteiro não tenha um quarto vago?! Preciso de um somente para hoje, está entendendo? Amanhã eu procuro outro pelas redondezas.



— Senhor Christopher, eu entendi perfeitamente o que o senhor deseja, mas reafirmo ao senhor que não temos nenhuma vaga disponível.



No fundo sinto pena do atendente, sei bem como o Christopher pode ser intimidador.



— É, Dulce, espero que não se importe de dormir comigo, digo, de dividir o quarto comigo. O Wendel reservou somente um quarto. Vamos subir, pois estou cansado.



— Não me importo, Christopher. Estamos aqui a trabalho e é isso que faremos. Agora vamos.



O quarto é uma graça, bem intimista. Decorado em tons de rosa e azul. Sobre a cama de casal, está pétalas de rosas da mesma cor do quarto. Acho que aqui deva ser a suíte de núpcias.



— Dulce, se você tiver um tempo, gostaria de passar meu plano com você. Como te disse antes, estamos entrando em uma zona desconhecida para ambos e vou precisar da sua inteira confiança.



— Minha confiança você já tem, Christopher. Vamos dormir na mesma cama, esqueceu?



— Dulce, estou falando sério. As minhas pesquisas só me mostraram o quanto perigoso é o lugar aonde vamos amanhã.



— Pode falar, Christopher. Farei o que você me pedir.



— Amanhã, vamos a uma festa marcada para as quatro da tarde, na casa de uma socialite e seu marido. Geralmente, essas festas acontecem entre o povo GLS, porém, muitas pessoas da alta e héteros estão adotando essa prática de sexo perigoso, o bareback. Dulce, quero que me prometa três coisas: que não vai tomar bebida do copo de ninguém, que não vai aceitar bebida de ninguém e que não vai ficar com ninguém.



— Christopher, já está prometido. Você tem mais detalhes sobre essa festa?



— Vai ser uma festa de máscaras, onde só poderão participar casais. Um desses casais, são os chamados vitaminados, ou seja, os que são infectados pelo HIV. Estas festas, são tipo uma roletarussa, onde cada pessoa assume o risco por si só. Existem dois tipos especiais de convidados para essa festa, os chamados bug chasers, mais conhecidos como “caçadores de vírus”, que são os soronegativos, que preferem fazer sexo sem camisinha e os giftgivers, conhecidos como “presenteadores do vírus”. Esses são soropositivos, que estão dispostos a contaminar propositalmente ou com consentimento.



— Christopher, estou morrendo de medo de ir nessa festa. Não acredito que tenham pessoas dispostas a se infectarem por diversão. Não precisaremos fazer nada nessa festa, né?



— Dulce, estaremos lá para fazer uma reportagem. Você tem que agir como se fosse adepta dessa prática. O bom é que nessa festa, ninguém é obrigado a ficar com outras pessoas a não ser que queira. Só não se esqueça de que seremos um casal, então devemos agir como um.



— Christopher, é tanta informação... minha cabeça já está explodindo.



— Vá tomar um banho que eu arrumo a cama para você. Amanhã teremos um dia cheio e você precisa estar bem-disposta.



Pisco os olhos duas vezes, tentando acompanhar o que está se passando aqui. Christopher está se oferecendo para, de certa forma, cuidar de mim. Amanhã teremos um dia conturbado e espero que eu dê conta do recado. O chuveiro do hotel é maravilhoso, o jato de água é forte e na temperatura certa para me fazer relaxar. Essa noite, não dormiria e isso era fato.



Assim que saio do banheiro, Christopher me olha de cima abaixo e dá um sorriso de canto de boca. Esse simples gesto, já faz derreter mais um pedacinho do meu coração gelado.



— Fugiu de alguma penitenciária, Dulce?



Sabia que aquele sorriso não seria algo bom, ele estava rindo do meu pijama listrado. Isso porque ele nem viu que trouxe o meu edredom de estrelinha.



— Há, há, há, tenho que admitir que hoje o seu senso de humor está ligado no modo on. Esse é meu pijama preferido e, se o senhor me der licença, gostaria muito de dormir.



— Se a sua intenção era me seduzir, tenho que dizer que a operação falhou. Prefiro mais uma camisola transparente e nada por baixo dela. Ah, deixei um comprimido para dor de cabeça na mesinha. Vou tomar um banho e logo me junto a você... para dormir.



Abusado, esse era o adjetivo que mais se encaixava nele agora. Quem ele pensa que é para achar que eu quero seduzi-lo? Nem nos sonhos... ah, nos sonhos até que vai, mas ele não precisa saber. Tomo o comprimido de Neosaldina que ele tinha separado para mim e me deito. Ouço o chuveiro fechar e fico bem quietinha no meu lado da cama. A porta do banheiro se abre e meu coração dispara, Christopher sai só de cueca boxer e se deita bem ao meu lado. Posso sentir o cheiro do sabonete e as gotas de água que molham o travesseiro. Se a intenção dele é me seduzir, o plano está indo bem.



— Já dormiu, Dulce?



— Estava tentando.



— Por que você é sempre rabugenta?



Viro-me de frente para ele e me perco no azul dos seus olhos e em alguns pelos que insistem em nascer no seu rosto. Recobro a sensatez no momento em que ele abaixa os olhos para a minha boca.



— Não sou rabugenta, Christopher. É você quem me tira do sério, me trata mal... E para de me olhar assim, que eu não vou te beijar.



A risada que ele dá em seguida, é genuína e verdadeira. Nunca o ouvi rindo assim, na verdade, é muito difícil ver o Christopher sorrir.



— Você acha mesmo que eu quero beijar você? Dulce, já te falei que você não faz o meu tipo de mulher. Não me leve a mau, mas prefiro as mais gostosas.



Terminou de falar e se virou de costas para mim. Bem que eu mereci por ser tão tonta. Christopher e eu, isso não daria certo nem nos contos de fadas mais positivistas. Pego o celular para ajustar o alarme e vejo que não recebi nenhuma mensagem de texto e não tenho nenhuma ligação perdida. Apolo nem respondeu meu torpedo. Mas também, eu nem liguei para ele agradecendo as flores. Dessa vez, sonho com um príncipe chamado Apolo e durmo com um ogro chamado Christopher.



 




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Autor(a): Bea Tinoco

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Depois da bomba que o Wendel joga em cima de mim, meu dia não flui nada. Nem consigo editar as fotos da Pâmela para entregar. Tiro o telefone do gancho, pois ele insiste em berrar. Preciso de um café ou minha cabeça vai explodir. Passar dois dias com a Dulce, vai ser um inferno, ainda mais indo numa festa regada a sexo, onde é perigoso pegar ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 63



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  • rosana_daiane_ Postado em 11/12/2019 - 17:02:24

    Tem continuação????

  • Nat Postado em 15/11/2017 - 10:49:39

    Bea Tinoco, vc não vai mais continuar a história!? Por Favor! Não desiste! Eu queria muito saber o final! CONTINUA, por favor!*-*

  • Nat Postado em 08/09/2017 - 20:14:24

    Não acredito que o Christopher teve participação no trauma da Dulce! Meu Deus! CONTINUA!*-*

  • Nat Postado em 25/08/2017 - 20:06:49

    Por favor CONTINUA! Quero saber quem esta mandando essas coisas para o Christopher! Tadinhos não acredito que eles terão que fazer uma matéria sobre o &quot;boa noite cinderela&quot;! Eu também achei que o Christopher ia aceitar a ideia de ele e Dulce se conhecer melhor antes entrarem em um relacionamento, mas o burro nem pensou nessa possibilidade! Ele tem controlar! Magine se por um acaso ele dá o remedinho pra Dulce!? Mesmo que ele não fizesse nada com ela, acho que ela nunca o perdoaria! Tem como vc fazer maratona!?(claro, se vc tiver tempo pra postar bastante capítulos)*-*

  • raissaperroni Postado em 22/08/2017 - 22:59:20

    Cadê você? Não desiste não, aparece

    • Bea Tinoco Postado em 24/08/2017 - 20:47:09

      oi raiii, nao desiti nao flor!

  • Nat Postado em 21/08/2017 - 16:20:54

    Cadê vc!? Por favor não me diga que vc desistiu de postar! Continua por favor!*-*

    • Bea Tinoco Postado em 24/08/2017 - 20:46:49

      Oi nat, nao desiti nao .contiuando

  • tahhvondy Postado em 21/08/2017 - 11:29:16

    continua amando

    • Bea Tinoco Postado em 24/08/2017 - 20:46:18

      Oi flor!! continuandoo

  • Nat Postado em 18/08/2017 - 14:44:56

    Fiquei com peninha do Christopher, mas acho que ele foi muito precipitado! Acho que os dois deviam começar a resolver os fantasmas do passado e aos poucos ficarem juntos! A Beatriz é confiável!? Como o Apollo e o Christopher se conheceram!? A Dulce vai descobrir o vicio esquisito que o Christopher tem!? CONTINUA!!!*-*

  • raissaperroni Postado em 18/08/2017 - 13:33:30

    estou com pena dele tbm, acho que depois desse bolo ele não vai mas querer toca no assunto de namoro com a dulce, ele deve voltar a tratar ela mal

  • raissaperroni Postado em 18/08/2017 - 13:17:34

    estou tremendo Muito, sinto que alguma coisa muito ruim vai acontecer. quando a mãe não gosta nunca da certo. só me diga uma coisa, vai ter um final feliz entre vondy?


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