Fanfic: O Fotógrafo (Adaptada - VONDY) | Tema: VONDY

Nossa conversa no restaurante até que foi agradável. Christopher foi muito compreensivo quando não quis me aprofundar em falar em assuntos que me machucam. Até propus um barzinho mais tarde, que ele aceitou de primeira. Chegamos ao quarto de hotel e eu sinto uma necessidade enorme de me lavar. Só o fato de que eu estive numa festa como aquela, me faz sentir suja. A água do chuveiro chega a ser um bálsamo. O jato jorra fortemente contra as minhas costas, me fazendo uma massagem relaxante. Fecho os olhos e me transporto para um mundo só meu. Começo a cantar uma música da Ana Carolina e Seu Jorge — É isso aí — e faço uma tentativa desastrada em fazer as duas vozes.

O tempo passa e eu não me dou conta. Preciso parar de demorar no banho, senão meus netos não terão água para beber futuramente. Saio do chuveiro e decido passar o hidratante que comprei. A sensação de pele fresca e renovada toma conta de mim. Coloco um vestido fresquinho de algodão, pois o calor tá de matar. Abro a porta do banheiro e me deparo com uma cena constrangedora, Christopher está dormindo somente de cueca, mas visivelmente seu pênis está duro e ele está o acariciando. Sigo até a mesinha e pego o copo para tomar uma água. Ver algo tão íntimo assim me deixa com a garganta seca.

— Vai, Dulce... mais...põe tudo, gostosa...

O quê? Minha cabeça deve estar me fazendo ouvir coisas. Estou ouvindo o Adam falar meu nome enquanto dorme e se toca?

— Vamos, gatinha... mama... na boca... Dulce...

Minhas mãos vacilam e o copo cai no chão, se despedaçando e o acordando. Não consigo parar de olhá-lo, me sinto estranha, com raiva dele.

— Christopher, você é tão sujo.

As palavras saem com facilidade e, mais uma vez, meus olhos me traem. Seguro o choro para não dar a ele uma amostra de quão fraca eu sou. Ele se desculpa, mas isso não me faz diminuir o que sinto nesse momento. É um misto de raiva e frustração. Em um momento, ele me odeia e me trata mal, no outro sonha comigo, a ponto de se masturbar na cama em que dormimos juntos. Ele não me respeita e nem respeitou o nosso espaço, se expondo dessa forma.

Ele entra no banheiro e eu vou até a varanda telefonar para a empresa de avião para trocar a minha passagem para hoje. Já terminei a matéria, então não tenho mais nada que me prenda aqui. Perco uns dez minutos falando com a companhia em vão, minha passagem não pode ser trocada por ser de um programa de pontos. Que falta me faz ter uns trocados no bolso.

Percebo quando o Christopher se aproxima e me adianto em falar para ele sobre a tentativa falha de mudar a passagem.

— Dulce, já te pedi desculpa. Você acha que eu gostei de me expor dessa maneira?

— Christopher, não quero mais ficar com você nesse quarto. Como você tem mais dinheiro do que eu, creio que não vá se importar de pedir outro quarto para você.

— Dulce, pare de agir como uma criança. Amanhã à tarde já estaremos indo embora. Até parece que nunca viu um pau na vida. Já me desculpei, agora se você acha que vou ficar me lamentando pelo ocorrido, está muito enganada. Quem me garante que você não perdeu uns minutinhos olhando aquilo que não pode ter?

Engulo a seco, ele é tão irritante e, após tudo o que tive que ver e ouvir, ele ainda acha que fiquei olhando para o seu ato obsceno.

— Christopher, você é muito baixo. Eu jamais cogitaria ter algo com você. Já me senti suja só de te ouvir falar meu nome.

— Mas bem que ficou toda molhadinha quando te beijei mais cedo.

Isso foi a gota d’agua para a minha paciência e o pouco da razão que ainda existia em mim transbordar. Num momento de fúria, descarrego a minha mão no seu rosto. Doeu em mim tanto quanto nele, mas meu orgulho está ferido e eu me dei esse luxo.

— Dulce, eu...

— Cala a sua boca, Christopher. Você me humilha, me usa, me maltrata e ainda acha que eu deva me sentir honrada por ser a inspiração da sua p//unheta? Pare de se achar a última bolacha do pacote, senhor Christopher, pois geralmente essas são as que ficam quebradas e murchas e ninguém as quer.Você é inescrupuloso, bipolar, doente...

As palavras brotam na minha boca, vou dizendo a ele todos os xingamentos que tenho vontade de falar. Christopher começa a caminhar na minha direção, me causando pânico. Vou dando os passos para trás, conforme ele dá para frente. Seu olhar está fixo na minha boca e eu sei no que ele está pensando.

— Para, Christopher. Não pense que irei aceitar que você me use novamente.

Em um movimento rápido, ele levanta meus braços sobre a minha cabeça e as prende com uma mão. Com a outra, ele segura firmemente a minha cintura. Sinto-me vulnerável. A sua boca procura a minha com sede. Tento recusar o beijo e, mais uma vez, falho. Assim que a sua língua dança com a minha e sinto a suavidade dos seus lábios, vejo o quanto estou entregue. O beijo dura tempo o suficiente para me fazer esquecer da realidade por um momento. Christopher solta

os meus braços e me abraça, sem desgrudar as nossas bocas. Isso é tão errado e é tão bom. Minhas mãos chegam ao seu cabelo, assim que as dele chegam à minha cintura, me puxando para mais perto de si. Posso sentir a sua excitação, mas não sei se estou preparada para isso. Nem o conheço.

Agora suas mãos passeiam pelas minhas costas, me fazendo arrepiar. Preciso parar logo com isso, antes que terminemos naquela cama. Separo as nossas bocas e ele geme em protesto.

— Christopher, para.

— Não faz isso com a gente, Dulce. Vamos curtir o momento.

— Christopher, isso não é certo. Não sou mulher de apenas curtir o momento.

— Então fica comigo.

Isso só podia ser algum tipo de piada ou teste. Logo ele me destrata e volta tudo a ser como há alguns minutos.

— Impossível, Christopher, somos muito diferentes.

— Dulce, não se completa um quebra-cabeças com peças iguais.

Consigo me desvencilhar dos seus braços e me sento na cama. Por que tudo na minha vida tem que ser complicado? Não consigo acreditar numa só palavra que ele pronuncia. Nos conhecemos há uma semana, quer dizer, estamos trabalhando juntos há três dias e ele vem com uma conversa dessas? Será que por trás desse ogro, pode mesmo existir um príncipe encantado?

— Dulce, a gente vai sair para um barzinho ou ficaremos aqui?

Nem me lembrava de que tinha proposto isso mais cedo. Olho para ele que fica me observando com um olhar indecifrável.

— Preciso de cinco minutos para me arrumar.

Tenho que ser adulta e encarar os problemas. Já que tenho que ficar mais um dia com ele aqui, que seja relativamente prazeroso.

Só coloco uma rasteirinha e pego a minha bolsa. Adam está lindo, vestido com um shortjeans e uma T-shirtpreta. Incrível como ele tem o dom de ser lindo.

Saímos em direção a um barzinho que se encontra perto do hotel. Vamos a pé e o percurso é feito num silêncio intimidador. Chegamos ao local e escolhemos uma mesa do lado de fora.

— Dulce, gostaria de me desculpar mais uma vez. Trabalhamos juntos e não gostaria desse climão que se formou entre a gente.

— Christopher, fica tranquilo. Já me esqueci de tudo.

— Dulce, não quero que se esqueça de tudo. Quero que pense no que eu te disse, quero que se lembre do nosso beijo e quero que se lembre de mim.

—Christopher, não consigo entender o porquê disso tudo. Você é muito confuso.

— Eu não era assim até você aparecer na minha vida.

— Ao menos nos conhecemos. Isso é muito surreal. Você tem a sua vida e eu tenho a minha. Não sabemos nada um do outro.

— Dulce, me ouça, não estou te pedindo em namoro. Te pedi somente para ficar comigo. Quanto a se conhecer, vamos lá: Chamo-me Christopher, tenho trinta e quatro anos, moro sozinho, tenho um cachorro

chamado Thor, minha mãe se chama Alexandra, solteira...

Não consigo segurar a gargalhada. Christopher está me dando seu curriculum completo.

— Christopher, pode parar. Não precisa me dizer mais nada. Vamos somente ser amigos.

Nesse momento, o garçom chega para pegar o nosso pedido. Peço uma cerveja e uma porção de fritas e o Christopher pede um whisky sem gelo.

— Tudo bem, Dulce.

Na minha quarta cerveja, já estou rindo como uma maluca. Isso que dá não saber beber. O álcool começa a fazer efeito em mim, me deixando mais desinibida e confiante.

— Por que eu, Christopher?

— Como assim, Dulce?

— Com tantas mulheres aos seus pés, por que você escolheu justo a mim para brincar?

— Não sei aonde quer chegar com essa conversa. Não estou brincando com você.

— Vou ser direta, Christopher. Sei que amanhã, após a bebedeira ter passado, vou me arrepender por ter tido essa conversa com você. Mas até você aparecer na minha vida, eu tinha controle de tudo. Após a morte do meu pai, sempre fui cuidadosa com quem sair ou me relacionar. Eu estava conhecendo alguém muito melhor do que você e essa pessoa é o príncipe encantado que toda mulher espera. Mas aí entra você,um ogro lindo que me confunde. — Peço mais uma cerveja para tomar

coragem de continuar a conversa. Christopher me olha com um brilho nos olhos. — Christopher, não quero ter nada com você além de amizade. Mas para isso, preciso te pedir uma coisa: Não me beije mais.

— Dulce, gostaria somente de te fazer uma pergunta. Se você me responder, eu nunca mais toco um

dedo em você.

— Pode falar, Christopher.

— O que aconteceu com você de tão ruim, a ponto dos pais da Pâmela ficarem bravos por conta das fotos sensuais que ela queria fazer na sua presença?

Já me arrependi de ter bebido e ter iniciado essa conversa. Sinto que não devo confiar nesse homem, mas algo dentro de mim me faz querer desabafar com ele.

— Christopher, após te contar isso, espero que nada mude entre a gente. Esse é um assunto muito delicado para mim e para a minha família. — Ele concorda com a cabeça e eu tomo fôlego para

continuar.....

Preparadas??? Continuoo?