Fanfic: Nós vamos sobreviver! (hiatus) | Tema: Drama, Zumbis, Sobrevivência, Terror, Romance

Quando acordei vi que Amanda e Chris não estavam na cabine. Já Evelynn estava sentada na do lado de fora da cabine, em frente a porta. De costas para mim, ela olhava fixadamente para o portão. Depois de olhar para ela durante alguns segundos, me levantei, andei até ela e sentei ao seu lado. O céu estava completamente nublado, com uma aparência fria, porém estava muito menos frio do que ontem. Olhei para Evelynn e perguntei:

Onde aqueles dois foram?

Disseram que iam buscar suprimentos. - Respondeu Evelynn ainda olhando para o portão -

Ficamos calados por quase dois minutos.

Como você está? - Perguntei -

Eu estou bem... - Respondeu Evelynn dando uma respirada profunda - 

Está mentindo. - Disse -

O quê? - Perguntou Evelynn olhando para mim com os olhos arregalados -

Olha, eu nunca passei pelo que você está passando... - Dei uma pausa, pensei melhor e voltei a falar - Ou melhor, eu nunca senti o que você está sentindo, mas eu sei que lá no fundo você está sofrendo. Não importa o quanto tente disfarçar isso.

Então, fingir que estava bem não adiantou nada, não é? - Disse Evelynn dando um sorriso de canto de boca - 

Uma vez eu li em algum lugar... - Disse colocando as mãos atrás da cabeça e olhando para o céu - se não me engano foi num livro. Havia uma frase que dizia "As pessoas se mostram fortes como grandes construções, mas quando uma pequena e leve pena se choca em sua estrutura elas desabam."

Evelynn ficou calada. Voltei a olhar para ela e vi que seus olhos se encheram de lágrimas. 

Desculpa... Não q-

De repente Evelynn se joga em mim e me dá um abraço. Era forte, aconchegante e sincero, mas que passava uma dor e tristeza enorme. Fiquei surpreso e sem reação.

Droga... - Disse Evelynn chorando - Eu odeio quando você tem razão.

Então a abracei também. Ficamos um bom tempo abraçados e em silêncio. Até que Evelynn se afasta novamente e volta a olhar para mim. 

Eu tenho uma dúvida sobre você, Kevin. - Disse Evelynn limpando as lágrimas de seu rosto. -

E qual seria? - Perguntei -

Por que só demonstrou seus sentimentos a mim quando tudo isso começou?

Nesse momento meu corpo ficou paralisado. Mesmo já tendo um momento assim juntos, isso era completamente inesperado. Meu rosto queimava de tanta timidez. Evelynn sorria, como se estivesse achando algo fofo, com certeza era por causa do quão vermelho eu estava. Me acalmei e olhei para baixo.

Na verdade, eu não sei bem. - Respondi - Talvez tudo isso que está acontecendo, toda essa sensação de que esse pode ser meu ultimo dia de vida... Acho que tudo isso me de uma força.

Evelynn pôs a mão no meu queixo e levantou meu rosto. Fechando os olhos devagar, ela começou a aproximar seu rosto ao meu. Então, sem saber o que fazer de tanto nervosismo, fiz o mesmo. Até que nossos lábios se encontram. Foi simplesmente incrível. Já tinha ficado com outras garotas antes. Mas com a Evelynn foi muito diferente. Ela me dava uma enorme sensação de segurança e confiança. Ao passar do tempo, os beijos começaram a ficar mais intensos, o que eu, sinceramente, estava adorando. Mas ficamos só nisso. Evelynn não queria se aprofundar mais, e bem... eu meio que não estava confiante o bastante (que idiota eu era). Estávamos deitados e abraçados dentro da cabine, até que escutamos um barulho de carro do lado de fora. Eram Chris e Amanda. Quando chegamos na porta da cabine, Amanda já estava abrindo o portão e Chris estava colocando o carro para o lado de dentro. Enquanto Amanda fechava o portão Chris veio andando em nossa direção com pressa. 

O que aconteceu? - Perguntei -

Peguem nossas coisas, rápido! - Disse Chris entrando na cabine -

Enquanto estávamos a arrumar as coisas voltei a perguntar o que tinha acontecido.

Tem uma horda enorme de zumbis vindo em nossa direção. - Respondeu Chris -

Após pegar nossas coisas começamos a andar até o carro. 

Estão muito longe? - Perguntou Evelynn abrindo as portas de trás do carro -

Não... - Respondeu Chris guardando algumas coisas no porta-malas - Estão a cerca de um KM daqui... Talvez menos.

Entramos no carro e pegamos a estrada em direção contrária a horda de zumbis. 

Qual é o plano? - Perguntei - 

Nesse momento, Amanda abriu um mapa da cidade em cima do porta-luvas. Ela analisou o mapa durante alguns segundos e respondeu:

Se aquela barragem de carros ainda existir, nossas chances de sairmos da cidades são... mínimas.

Não podemos voltar a pé? - Perguntei - Sei que é longe, mas... qual escolha temos?

Não daria certo, - Respondeu Amanda - seria cerca de um dia de caminhada, sem contar o tempo para descansarmos. E se nos cansarmos... qualquer ameaça pode ser fatal.

Tem razão. - Disse pensativo -

Evelynn olhava pela janela, até que arregalou seus olhos, e avançou seu corpo para a parte da frente do carro.

Tive uma ideia! - Disse Evelynn animada - Podemos simplesmente passar pela barragem... só precisamos de um veículo forte.

Eu não pensei nisso, - Disse Chris - pode dar certo.

Mas que tipo de veículo? - Perguntou Amanda -

Bem... no quartel de bombeiros de vocês ainda há algum caminhão? - Perguntou Evelynn -

Não tenho certeza, - Disse Chris - nem escolha. Vamos pra lá.

Seguimos caminho até o quartel de bombeiros. Depois de alguns minutos dirigindo, entramos numa rua um tanto quanto deserta. As construções cujo a cercavam eram velhas e abandonadas. Mas isso não chamava nossa atenção, e sim o caminhão do exército que estava parado ali. Era do tipo que transportava soldados. Chris parou o carro lentamente e ficamos em silêncio. Tinha um homem, ele usava um colote branco e sua roupa de baixo era preta, com certeza algum tipo de militar. Em suas costas tinha um rifle cujo eu nunca tinha visto antes, com certeza um rifle de alta precisão. Caso colocado em pé, o rifle chegava perto de um metro e meio bem facilmente. Sua lente era enorme. Além disso, abaixo do rifle tinha dois apoios, bem semelhantes com as pernas de um tripé. O cara estava mexendo na parte de trás do caminhão, como se estivesse procurando algo. Então ele se virou pra nós, em seu supercílio havia uma enorme cicatriz, seu cabelo era preto bem escuro. Ele não aparentava ser muito mais velho que o Chirs, talvez fosses da mesma idade.

Creio que não são como esses imbecis que estão andando por aí. - Disse o homem cruzando os braços - Se fossem, já teriam atirado.

Digo o mesmo. - Disse Chris saindo do carro - 

Andamos até o homem. Chris apertou sua mão e nos apresentamos. Seu nome era Micael. Em momento nenhum parei de olhar para seu rifle. Parecia pesado. Percebi que bem próximo a coronha estava escrito "Barret M107", tudo dizia que era o nome da arma. 

O que foi, garoto? - Disse Micael olhando para mim - Gostou?

Antes que eu pudesse responder um som de carro começou a vir em nossa direção. Estava vindo da rua em que íamos. Olhamos uns para os outros e sem dizer nada entramos rapidamente na parte de trás do caminhão cujo era tampada por panos. Micael tirou pistola de seu colete, cujo era grande e prateada. Chris preparou seu rifle e eu minha escopeta. Ao se aproximar, o som do motor do carro diminuiu, até chegar em um dos lados do caminhão. Era possível escutar três portas batendo, dizendo que haviam no mínimo três pessoas. Olhando por um pequeno buraco presente no pano que nos tampava, vi que os caras que saíram do carro estavam armados, pelo menos dois deles. Um deles estava com uma pequena pistola e o que estava no meio com uma metralhadora, já o terceiro estava apenas com uma faca presa a uma coronha em sua coxa.

Vimos vocês entrarem. - Disse o homem que estava com a metralhadora - Saiam, acreditem em mim, vai ser melhor.

Continuamos calados e trocando olhares durante alguns segundos. Até que Chris jogou seu rifle e sua pistola para nós e saiu do caminhão. Tentei segurá-lo, mas foi em vão. Ao sair, ele andou em direção aos homens com suas mãos para o alto. Usando uma corda, os homens prenderam a mão de Chris atrás de suas costas e o coloca de joelhos. 

Ei, ruivinha! - Gritou o homem com a pistola - Vimos você também. 

Evelynn me olhou por alguns segundos e começou a caminhar para fora do caminhão. Segurei seu braço, mas com um forte movimento após uma acenada de cabeça, Evelynn se soltou e sai do caminhão. Assim como Chris, ela levantou seus braços e andou em direção aos homens. Do mesmo jeito de Chris, eles a amarram e a colocam de joelhos de costas para o homem com a pistola. Ela aponta a sua arma para a cabeça dela.

Certo... - Voltou a falar o homem com a metradora - Agora, saiam o resto.

Se passaram alguns segundos em silêncio.

Saiam... Ou eu explodo a cabeça da garota. - Disse o homem encostando a pistola na cabeça de Evelynn - Ou talvez faça algo pior... - Disse o homem puxando o cabelo de Evelynn - 

"Só pode estar de brincadeira". Disse a mim mesmo mirando no cara que estava ameaçando a Evelynn. A vontade de puxar o gatilho era enorme, mesmo sabendo que estavam jogando com a gente, a raiva era imensa. Ao ver o que eu estava fazendo, Micael olhou em outro dos buracos e mirou no homem que estava com a metralhadora. 

PORRA! - Gritou o homem puxando ainda mais o cabelo de Evelynn - VOU TER QUE MATÁ-LA MESMO?

Mais alguns segundos se passaram. Micael destravou sua pistola. Então o cara destravou sua pistola também. Não me aguentei, cheguei a ver Evelynn morrendo em minha frente e, involuntariamente, puxei o gatilho. O tiro fez com que abrisse um enorme buraco no pano que nos cobria. Acertei o peito do cara, fazendo com que vários buracos surgissem em seu peito e que ele fosse jogado para trás. Seus amigos olharam para seu corpo sendo jogado pelo ar com os olhos arregalados e assustados. Até que o que estava com a metralhadora mira em mim. Mas antes que ele pudesse atirar, Micael disparou. Mesmo sendo uma pistola, a potência da arma foi incrível. Fez com que o corpo de Micael, um militar fosse empurrado para trás. Micael acertou o segundo cara na garganta, fazendo um enorme buraco em seu pescoço. O terceiro cara tirou sua faca da coronha e fez movimento para a encravá-la nas costas de Chris. Mas se jogando para o lado Chris conseguiu esquivar. Então Micael faz seu segundo disparo, acertando o peito do cara e o matando. Após tudo acontecer, descemos do caminhão. Olhando ao nosso redor, Micael vigiava enquanto Amanda soltava Chris e eu soltava Evelynn. 

Uma puta de uma apresentação a nossa, hein? - Disse Micael -

Você tá bem? - Perguntei abraçando a Evelynn - 

Sim... - Respondeu Evelynn com os olhos arregalados e tensa -

Naquele momento olhei para o corpo do homem em que atirei. Estava completamente ensanguentado, seu olhos estavam abertos olhando para mim, como se ele soubesse que foi eu que o matei. Me dei conta do que eu fiz. Eu... tinha matado uma pessoa. Coloquei a mão na boca e continuei olhando para o cara morto. Eu sabia, aquilo foi preciso, mas ele podia ter esposa e filhos!

Kevin, você está bem? - Perguntou Evelynn colocando as mãos em meu rosto -

Foi como se eu não tivesse a escutado. Simplesmente continuei olhando o corpo do cara morto com os olhos arregalados.

Kevin? - Voltou a perguntar Evelynn me balançando -

Olhei para Evelynn e toda aquela tensão se foi, porém, minha consciência ainda pesava. 

Kevin, me responde! - Disse Evelynn olhando nos meus olhos -

Desculpa... - Respondi com a respiração ofegante - Acabei... viajando um pouco.

Percebendo o que aconteceu de longe, Chris andou até nós, se abaixou ao meu lado e colocou a mão no meu ombro.

Ei, mano... - Disse Chris - Sei o que está sentindo...

Olhei para Chris com os olhos cheios d'água.

Não vou dizer que o que você fez foi o certo, - Continuou Chris - mas... foi o que precisava fazer. Quero dizer, ele ia mata-lá, certo?

Voltei a olhar para Evelynn e a abracei, a abracei com toda a minha força. Ela estava completamente sem reação, mas feliz. Chris se levantou e começou a olhar os corpos dos mortos. Pegando a pistola e a metralhadora e entregando a Micael. Chris, Amanda e Micael estavam em pé conversando. Evelynn se levantou e estendeu sua mão. Após segurá-la, me levantei e andamos até os três. Micael estava analisando as armas, ficou surpreso de ver uma M4A1 na mão de uns caras como aqueles, disse que aquela era uma metralhadora de porte militar e policial. Já a pistola, era uma Ruger LCP, uma pistola usada para defesa, cujo qualquer civil podia ter em nosso país. Ao verificar os carregadores, Micael disse que na M4A1 continha 21 balas, e na Ruger apenas cinco.

 
Como está sua Beretta? - Perguntou Micael olhando para Chris - Tem munição?

Não... - Respondeu Chris - Gastei as ultimas balas ontem.

Então, toma. - Disse Micael dando a Ruger para Chris - E você? Sabe atirar? - Perguntou Micael olhando para Amanda -

Não... - Respondeu Amanda - Nunca segurei uma arma.

Então, pra onde está indo Micael? - Perguntou Evelynn - 

Para o hospital central, no centro da cidade. - Respondeu Micael guardando a pistola em seu coldre - Quando tudo começou, eles abriram as portas e colocaram os civis no seu abrigo subterrâneo. Dizem que há médicos trabalhando para resolver tudo isso lá também.

Péssima ideia... - Disse Chris - Tem uma horda de zumbis, centenas dessas coisas vindo da direção do centro da cidade.

Zumbis? - Disse Micael - É assim que os chamam? Bem... fantástico.

Não estamos perdendo tempo aqui? - Disse Amanda - Quero dizer, aquelas coisas provavelmente escutaram os tiros, ou seja, virão para cá.

Pra onde irão? - Perguntou Micael - 

Vamos sair da cidade... - Respondi - Ou tentar...

O lado bom é que não precisamos ir até o quartel dos bombeiros. Já temos nosso veículo. - Disse Evelynn olhando para o caminhão do exército -

O caminhão não funciona. - Disse Micael - Aliás, pra que precisam de um caminhão? - Ele perguntou levantando uma de suas sobrancelhas -

A avenida que precisamos passar está barrada, - Expliquei - Digo, há vários carros pegando fogo tapando o caminho. Precisamos de um veículo forte para abrir caminho.

Então não tem jeito, - Disse Chris cruzando os braços - temos que ir até o quartel, se dermos sorte, haverá um caminhão lá.

Então... - Disse Micael constrangido - Eu meio que não tenho pra onde ir agora... Posso ir com vocês?

Concordamos com a ida de Micael. Mesmo acabando de conhecê-lo, notamos que ele não parecia ser uma pessoa ruim. Micael pegou o carro que os caras usaram para vir até nós, e nos seguiu com ele. Foram-se mais alguns minutos dentro do carro. Então chegamos no quartel, era um prédio grande e vermelho, separado do prédio principal, estava a garagem. A entrada e a calçada do quartel parecia a visão do inferno. Nunca tinha visto algo parecido antes. Corpos mutilados, sangue, pedaços de carne, tudo isso estava ali presente. Então saímos do carro e fomos em direção a garagem.

O que aconteceu aqui? - Disse Evelynn assustada olhando ao nosso redor -

Também não sei, - Respondeu Chris - quando saímos daqui... estava tudo normal.

Então... Você é bombeiro? - Perguntou Micael -

Sim, a quatro anos. - Respondeu Chris - 

Continuamos a andar em direção a garagem do quartel. E claro, nosso caminho não podia ser tranquilo, haviam três zumbis em nosso caminho. Peguei meu machado, Chris e Micael pegaram suas facas.

Eu pego o da direita. - Disse Chirs -

Fico com o da esquerda então. - Disse Micael -

Comecei a andar em direção ao zumbi que estava no meio, até que Evelynn coloca a mão sob meu ombro me parando.

Por favor... - Disse Evelynn - Não quero ficar olhando para sempre, deixa eu cuidar desse...

Olhei para Chris e Micael, eles concordaram com leves acenos de cabeça.

Certo... - Disse entregando meu machado para Evelynn - Mas só quando Chris e Micael acabarem com os deles, ok?

Certo! - Respondeu Evelynn pegando o machado -

Então Chris e Micael começam a andar em direção aos zumbis. Chris segurou o pescoço do zumbi evitando com que ele se aproximasse mais. O zumbi segurava seu braço como se quisesse se soltar, mas não causou nenhum efeito. Então ele encravou sua faca na testa do zumbi. Rapidamente o zumbi amolece, seus braços rapidamente reencontraram seu corpo. Já Micael empurrou o zumbi no chão, fazendo com que ele caísse de costas. Então, sem demorar muito, Micael encravou a faca na cabeça do zumbi ainda no chão. Vendo que eles já haviam terminado, Evelynn começou a andar em direção ao seu alvo. Chris e Micael a acompanham andando ao seu lado. Ao se aproximar do zumbi, Evelynn segurou o machado com toda a força que tinha. Ela olhou o zumbi de baixo para cima e notou que é maior que ela, fazendo com que seja mais difícil de acertá-lo. Então, apertando o cabo machado com suas mãos, ela acertou o joelho direito do zumbi fazendo que ele caísse de joelhos. Agora, além de estar em uma altura menor que Evelynn, estava completamente indefeso. Ela novamente segura o machado com suas duas mãos e com toda a força que tem e volta atacar. Foi um movimento reto, cujo atingiu a parte de cima da cabeça do zumbi e parte de sua testa. Ele amolece também, tudo que ainda o segurava era o machado. Então Evelynn voltou o machado e o zumbi imediatamente caiu ao chão. 

Você realmente nunca fez isso? - Perguntou Micael -

Uma vez só, - Respondeu Evelynn - e foi no desespero.

Bem, vamos continuar. - Disse Chris voltando a andar -

Andei até o lado de Evelynn e peguei meu machado de volta. 

Mandou bem... - Disse rindo -

Quando precisar de ajuda é só chamar, - Disse Evelynn rindo - Evelynn, a matadora de zumbis. - Ela piscou um dos olhos -

Começamos a andar atrás dos outros. Chegando na garagem, vimos que ainda havia um caminhão lá, mas por algum motivo ele não queria ligar. Depois de um tempo olhando o caminhão, Amanda descobriu que estava faltando-lhe a correia.

Não tem jeito, - Disse Amanda limpando as mãos de graxa com um pano - sem correia não vai ligar...

E agora? O que vamos fazer? - Perguntei -

Não tem nenhuma correia aqui na oficina? - Perguntou Micael -

Não... - Respondeu Chris fechando um dos armários de ferramentas - Não achei nenhuma.

Daora... - Resmungou Evelynn -

Mas espera aí... - Disse Chris pensativo - No depósito... É! Lá pode ter!

Tem razão, - Disse Amanda - as ferramentas novas são entregues lá.

O que estamos esperando, então? - Disse Evelynn - 

O depósito fica dentro do quartel... - Disse Chris - Chegar lá não vai ser fácil, principalmente se encontrarmos alguns zumbis...

Não importa... - Disse Amanda - Precisamos da correia, não temos escolha.

Ela tem razão, Chirs. - Disse - Se quisermos sair daqui, vamos ter que ir atrás daquela coisa...

Então fomos atrás da correia. Claro, em nosso caminho enfrentamos alguns zumbis, mas nada que nos fizesse correr perigo. O lado de dentro do prédio estava ainda pior que o de fora. As paredes e chão completamente sujas de sangue, corpos espalhados e sinais de luta. De alguma forma, estávamos nos acostumando com isso. A sala do depósito era quadrada, continha várias caixas e ferramentas. Havia uma porta dupla em nossa frente, lendo a placa que estava acima dela, percebi que ela dava caminho ao pátio. Mas... isso não importava, e sim o enorme sons de gemidos que vinham de trás daquela porta. Com toda certeza o pátio estava infestado de zumbis.

Certo... - Disse Micael falando em voz baixa - Estão escutando, certo? Vamos procurar isso em silêncio. 

Não demorou muito para que Chris achasse a correia. Estávamos saindo do depósito. Amanda se pendurou em uma das prateleiras para pegar algo que estava no topo da mesma. Parecia a peça de um carro ou algo do tipo. Esticou seu braço até o limite e fez toda a força para pegar aquela coisa. E então... a prateleira caiu em cima dela. Causou o maior barulho. Os zumbis que estavam no pátio começaram a bater imediatamente na porta do depósito. Chris e eu corremos para ajudá-la, fizemos toda a força pra levantar a prateleira de metal. Cara... toda aquela cena se passou lentamente na minha cabeça. Ainda é triste. Lembro que o todos os sons, como as batidas na porta, os gritos de Amanda nos mandando ir embora e os de Chris negando tal pedido ficavam abafados e ecoavam na minha mente. Os zumbis infelizmente conseguiram derrubar a porta. Começaram a entrar rapidamente, um a um. Amanda empurrava o peito de Chris ordenando que fosse embora. Ainda posso me lembrar da sua expressão. Lembro de suas lágrimas caindo em meus braços enquanto tentava relutantemente levantar aquela prateleira. Não demorou muito para que Micael viesse até nós e puxasse Chris pelas costas até fora do depósito. Ainda lembro da expressão d meu irmão também. Foi a primeira vez que o vi chorar. Ele se debatia tentando me soltar. Evelynn puxou-me pelo braço e me levou até fora do depósito. Tentamos fechar a porta, mas os braços dos zumbis nos impedia. Até que foram caindo, um a um. Não conseguia acreditar, mas tenho certeza de que era Amanda. Tirou forças de seus últimos segundos de vida e se levantou. Não só se levantou, mas como provavelmente salvou nossas vidas. Quando os braços terminaram de cair, sentimos algo empurrando a porta. E então, sangue passou por debaixo da mesma. Amanda usou seu próprio corpo para tapar a saída. 

AMANDA! - Disse Chris correndo até a porta -

Rapidamente segurei seu braço. Chris me olhou triste e indignado. Fechei os olhos e acenei devagar com a cabeça para os lados. Ele simplesmente desistiu... Não queria, mas aceitou que Amanda já estava morta. Morreu como uma heroína.