Fanfics Brasil - O primeiro noticiário O Assassino da Esquina

Fanfic: O Assassino da Esquina | Tema: Assassinatos misteriosos


Capítulo: O primeiro noticiário

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Seis horas. Éder ouve o despertador tocando. Ele falha em sua tentativa de desligar o aparelho. Ele se senta, passa os dedos pelos cabelos ruivos, boceja alto e coloca seus chinelos azuis. Ao se levantar, ele abre as portas para a varanda de seu quarto. A fraca luz da manhã tenta iluminar todo o local. O rapaz sai do quarto e desce as escadas para chegar à cozinha e tomar seu café da manhã favorito: Cereal crocante com leite de soja e morangos. O despertador ainda está tocando.


Éder observa sua mãe, aparentemente triste, na pia lavando uma taça de cristal. A mulher se assusta ao se virar para enfrentar seu filho mais velho, que é mais alto que ela, apesar do rapaz ter apenas 17 anos. Eles se olham, Éder percebe as rugas abaixo dos olhos de sua mãe. Ele desvia o olhar e vai até o armário pegar o cereal e uma tigela. Rapidamente, o rapaz despeja o restante do cereal da caixa e senta-se à mesa. Sua mãe lhe entrega o leite de soja e quatro morangos muito vermelhos.


Edmundo, irmão caçula de Éder, entra na cozinha. Ele faz careta para o irmão, abraça sua mãe com força e pergunta sobre o cheiro de vinho que vem da boca da mulher. Ela se vira para a pia. O filho mais novo se senta, cotovelos na mesa, e brinca com a cobertura de plástico colorido que a cobre. Éder observa sua mãe enquanto come.


– Como estes morangos estão vermelhos, Éder! – Edmundo coloca a língua para fora observando os morangos que estavam deixando o leite de soja cor-de-rosa na tigela do irmão.


– Eles parecem ótimos.


De repente, enquanto Éder afunda os dentes em um dos morangos, uma porção de sangue começa a sair de sua boca, encharcando seus lábios com aquele vermelho-vivo. O grito da mãe é abafado pelo puro terror, afogado pela visão horrível diante dela. As convulsões de tosse de Éder se intensificam, o sangue jorrando implacavelmente de seus lábios manchando a superfície imaculada da tigela. Com os olhos arregalados de medo, Edmundo encara sua mãe, congelado de horror pelo espetáculo grotesco que se desenrola diante dele.


Quando as tosses de Éder finalmente diminuem, um silêncio arrepiante toma conta da cozinha, quebrado apenas pelo gotejar ominoso de sangue que continuava escorrendo de seus lábios para o leite abaixo.


– Não tem gosto de sangue. Tem gosto de tinta.


O dedo trêmulo da mãe traça a linha do queixo de Éder, saindo úmido com líquido carmesim. Éder observa enquanto ela leva a gota brilhante aos lábios, provando o gosto metálico do sangue. No entanto, para sua consternação, não é o sangue vital de seu filho que mancha seu dedo, mas a tonalidade escura da tinta vermelha. Uma onda de fúria se acende em seus olhos enquanto ela vira seu olhar acusador para Edmundo.


– Edmundo, você colocou tinta nos morangos? – Ela pergunta com sua voz carregada de raiva mal contida.


O sorriso no canto da boca do filho mais novo surge, uma demonstração repugnante de satisfação maliciosa.


– Eu não toquei nos morangos – Edmundo retruca com seu tom cheio de cinismo.


O coração da mãe afunda enquanto ela percebe a profundidade do cinismo de seu filho mais novo. Angústia e raiva lutam dentro dela enquanto ela luta para conter a tempestade de emoções que a consome. Com um coração pesado, ela emite seu decreto, ordenando que Edmundo se retire da mesa e vá para seu quarto. Éder se levanta, pega a tigela amarela da qual estava comendo e a joga no lixo, dizendo que perdeu o apetite. Sem enxaguar a boca, o rapaz sobe para o seu quarto, deixando sua mãe sozinha na cozinha.


Ao retornar ao seu quarto, Éder encontra um bilhete dobrado em sua cama, sendo soprado pelo vento. O rapaz pega, observa e abre. Em branco. Sentindo um leve arrepio, o rapaz se abaixa e olha embaixo de sua cama. Não há nada além de suas pantufas azuis velhas e empoeiradas.


Éder, com o bilhete na mão, vai ao quarto de seu irmão mais novo. Ele abre a porta e vê Edmundo apertando os dedos em seus olhos fechados, gritando de tanto chorar. Éder amassa o papel e o joga em seu irmão, reclamando. O irmão para de chorar, apenas com lágrimas nos olhos, pergunta o que aconteceu. À porta do quarto, Éder hesita e pergunta se foi o pestinha quem colocou o bilhete na cama. Diz que não sabe de nada. Éder deixa o quarto de seu irmão o lembrando de se vestir para irem a escola.


Curioso sobre o papel que misteriosamente apareceu em sua cama, Éder volta para seu quarto e vai até a varanda para ver se há alguém lá. Ninguém. O rapaz vê, sentada no jardim da casa da família Miranda, uma garota com cabelos longos e desalinhados, vestida com uma saia florida, chinelos marrons e uma camiseta amarela. Éder se apoia na grade da varanda para dar uma olhada melhor na garota. Ele é interrompido pelo som alto da porta batendo na parede. É sua mãe.


– Se apresse, Éder, se prepare para a escola, não quero que você se atrase. De novo – disse ela saindo do quarto.


A respiração de Éder fica entrecortada, seu coração bate forte em um ritmo frenético enquanto ele se vira mais uma vez para ver a garota no jardim. Mas ela desapareceu. Com as mãos trêmulas, ele fecha as portas da varanda, o frio das maçanetas de metal provoca um arrepio na espinha.


Ele segue para o banheiro, mas o que o espera é muito pior do que ele poderia ter imaginado. Em vez de água limpa, o vaso sanitário está cheio de um líquido espesso e viscoso que brilha como obsidiana polida na penumbra. Listras vermelhas mancham a superfície, misturando-se com fios de cabelos longos e escuros que se enrolam e se contorcem como serpentes na água encharcada de sangue.


Um grito sufocado rasga a garganta de Éder enquanto ele recua horrorizado, bile subindo em sua garganta enquanto o cheiro de decomposição enche suas narinas. Com mãos trêmulas, ele fecha a tampa com força, o som ecoando como um toque de morte no espaço confinado do banheiro. Vê algo surgir atrás da porta entre-aberta.


Mesmo enquanto tenta afastar o pesadelo que se desenrola diante dele, ele sabe que não pode escapar do terror que se esconde logo além da porta. Com cada fibra do seu ser gritando para que ele fuja, ele se força a ficar, os olhos fixos na porta como se desafiasse o que quer que esteja à espreita do outro lado a sair. Com os dedos trêmulos, Éder vai até a porta e olha rapidamente para trás. Não há nem sombra. O rapaz rapidamente tira o pijama e corre para vestir o uniforme escolar.


Saindo do banheiro, Éder encontra a mãe no corredor. Éder se aproxima dela, as palavras saindo de seus lábios em uma corrida desesperada.


– Mãe... – ele começa, com a voz rouca de medo – Tem alguma coisa... alguma coisa no banheiro. É... é sangue. E cabelo. Acho... acho que o Edmundo fez alguma coisa lá dentro.


Os olhos de sua mãe se arregalaram de horror, suas feições se contorcem numa máscara de raiva e descrença.


– Edmundo – ela sussurra, o nome escorrendo de seus lábios como veneno – Eu sabia que ele estava tramando alguma coisa. Lidarei com ele mais tarde.


Mas enquanto ela fala, Éder consegue ver a tempestade de fúria crescendo atrás de seus olhos.


Éder pergunta à mãe se está tudo bem, sua voz quase um sussurro, traindo o medo que ainda o domina. Para sua surpresa, as feições dela se suavizam, um pequeno sorriso aparece nos cantos de seus lábios enquanto ela o tranquiliza com um aceno gentil.


– Vou esperar por Edmundo na sala. Podemos caminhar juntos para a escola – diz ele, com a voz mais firme agora.


Sua mãe acena com a cabeça, seu sorriso deixa o rosto levemente enquanto ela o observa partir.


***


Éder se acomoda no grande sofá marrom, a luz da manhã entra suavemente pelas cortinas, lançando um brilho quente pela sala. Ele liga a televisão e sintoniza o canal de notícias diário. Ao ouvir a voz cautelosa do apresentador revelando os detalhes de um assassinato brutal e misterioso ocorrido a poucos passos de sua casa na última madrugada. Um arrepio percorre sua espinha, inundando a sala com uma tensão incômoda.


Éder frisa em frente à televisão. Quando estava prestes a obter mais do ocorrido, sua mãe intervém, com a mão firme arrancando o controle remoto de suas mãos. Com um suspiro pesado, Éder a observa enquanto ela o lembra do atraso para a escola.


Inabalado, Éder alcança o controle remoto mais uma vez na urgência da notícia pressionando sobre ele como um peso em seus ombros. Mas para sua decepção, o segmento acabou, deixando-o com mais perguntas do que respostas.


– Vamos, Edmundo – ele chama, a urgência em sua voz é refletida pela rápida descida de seu irmão mais novo pelas escadas.


Saindo de casa, os irmãos vão até uma loja de conveniência próxima. Ao entrar no interior iluminado por lâmpadas fluorescentes, o aroma familiar de salgadinhos embalados e guloseimas açucaradas preenche o ar, um contraste reconfortante com os acontecimentos perturbadores da manhã.


Enquanto Éder examina os corredores, seu olhar é atraído para um grande cartaz colado na parede, cuja imagem em preto e branco o lembra de uma reportagem que assistiu há duas semanas: Connor ainda está desaparecido. Connor é um menino que mora na vizinhança e aparentemente desapareceu há algumas semanas.


Éder se despede do dono da loja e os irmãos vão a pé para a escola sem falar nada um com o outro. A escola não fica longe de casa, apenas a dois quarteirões de distância. Algo terrível para Edmundo, que pensava que dois quarteirões eram uma eternidade.


Chegando à escola, Edmundo corre para se juntar ao seu grupo de amigos. Todos eles vestidos com bonés esfarrapados, sapatos grandes e calças desbotadas, eles exalam uma aura de serem desafiados que beira o desespero. Éder se vê envolvido no abraço familiar de seus companheiros: Rômulo, Mateus e a enigmática Débora, conhecida entre eles como Zina.


Com sentimento de camaradagem, Éder aceita um cigarro da mão estendida de Zina. Mateus se inclina, sua voz em um estrondo baixo de descontentamento enquanto ele conta os detalhes terríveis do assassinato do Senhor Miranda, cada palavra pingando uma mistura de horror e fascínio.


– Vocês não vão acreditar no que aconteceu! O Senhor Miranda foi assassinado na esquina do beco da farmácia. Aconteceu na última madrugada. Eu estava pedalando essa manhã e passei por ele, o corpo ainda estava lá! Foi horrível ver aquele velho todo cortado e coberto de sangue. Ninguém sabe quem matou, mas ouvi que nenhuma das câmeras das ruas filmaram o assassinato – diz Mateus entre tosses por causa da fumaça forte.


À medida que absorvem a notícia sombria, uma sensação de desconforto toma conta deles como um cobertor sufocante. O alarme da escola toca, tirando-os de seu devaneio com um solavanco. Zina joga o cigarro no pátio da escola com um gesto descuidado.


A cabeça de Éder gira em confusão, seus pensamentos girando em um turbilhão caótico de medo e incerteza. Seus amigos percebem sua angústia, seus sussurros preocupados são um eco distante no pátio vazio da escola. E então, como se impulsionada por alguma força invisível, a voz de Éder corta o silêncio como uma faca, suas palavras reverberando com uma certeza arrepiante que os deixa paralisados em estado de choque.


– Eu sei quem matou o Senhor Miranda.



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Autor(a): danclaudino

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

O alarme da escola rompe o silêncio, relembrando os amigos de entrarem na sala de aula. Éder, com o coração palpitante, respira com dificuldade. Seus amigos, atônitos diante da revelação do garoto, indagam sobre seu conhecimento. – Eu vi uma garota hoje cedo no jardim dos Miranda. Ela parecia completamente desno ...



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