Fanfics Brasil - O segundo assassinato O Assassino da Esquina

Fanfic: O Assassino da Esquina | Tema: Assassinatos misteriosos


Capítulo: O segundo assassinato

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O alarme da escola rompe o silêncio, relembrando os amigos de entrarem na sala de aula. Éder, com o coração palpitante, respira com dificuldade. Seus amigos, atônitos diante da revelação do garoto, indagam sobre seu conhecimento.


– Eu vi uma garota hoje cedo no jardim dos Miranda. Ela parecia completamente desnorteada. Eu tenho certeza que foi ela quem matou ele! Certeza! – Éder relata em uma sequência agitada de respiração.


– Mas ver alguém no jardim da casa de alguém não prova que ela o matou o cara. Ele foi morto essa madrugada, falaram no noticiário. O corpo foi encontrado na esquina do beco – Rômulo tenta manter a calma.


– Sim, acho muito improvável uma garota matar o velho chato do Miranda, ainda mais daquele tamanho! – diz Mateus


– O que você quer dizer com isso? Eu, com toda certeza, cortaria aquele nojento sem-vergonha – indaga Zina.


O diálogo é interrompido pelo último toque do alarme da escola, indicando o início das aulas. Os amigos, apressados, agarram suas mochilas para evitar atrasos. Rômulo informa que não irá para a aula hoje, pois o trabalho necessita de sua presença. Rômulo trabalha em uma cafeteria como atendente. O garoto quase não dorme, é notório em seus olhos profundos. Os amigos pedem para que o garoto se mantenha vigilante e a zele por sua segurança. Éder sente um frio na espinha, pensando na possibilidade de não reencontrar seu amigo após o término das aulas.


A manhã de Éder poderia ter transcorrido de maneira menos dramática se a Diretora Nunes não surgisse na sala de aula, apresentando aos estudantes a nova colega de classe. Violeta, a mesma jovem que Éder avistou nos jardins da residência dos Miranda. Éder sente o estômago revirar, o suor escorre pelo seu rosto pálido, ele treme numa vã tentativa de dissimular sua perturbação.


Com um olhar tímido, Violeta cumprimenta a turma e acomoda-se na última fila da classe. Os alunos a observam, e Mateus lhe dedica um leve sorriso. Éder cutuca Zina e sussurra à amiga.


– Foi ela!


– Ela o quê, garoto? Pirou?


– A garota que eu vi no jardim dos Miranda. Foi ela!


A resposta de Zina é interrompida pela silhueta de Mateus cruzando a sala para falar com Violeta. O garoto senta-se em frente a nova estudante e vira-se para os amigos com um sorriso de orelha a orelha. Éder é tomado por um arrepio que percorre por todo o corpo.


***


Tarde. Intervalo. Zina puxa Mateus pela gola da camiseta, fazendo-o tropeçar entre as carteiras enquanto todos abandonam a sala de aula.


Éder e os amigos permanecem no corredor, debatendo sobre a recém-chegada por muitos minutos. Éder informa que a viu pela varanda de seu quarto. Zina argumenta que não há provas suficientes que incriminem Violeta pelo homicídio e que deveriam evitar pensar sobre isso, uma vez que tal acontecimento cabe à polícia investigar. Éder se mantém em um estado de nervosismo latente. Enquanto conversam, caminham para o pátio do colégio.


Uma comoção tumultuosa irrompeu no corredor, uma onda de alunos correndo freneticamente em direção ao ginásio de esportes, seus passos ressoando como trovões em meio ao caos. Gritos angustiados ecoavam pelos corredores, misturados com conversas interrompidas e um frenesi de vozes que se fundiam em uma cacofonia incontrolável. Éder lutava para conter o vômito que subia pela garganta enquanto testemunhava o horror que se desdobrava diante de seus olhos.


Violeta estava lá, imóvel no chão do ginásio, sua figura ensanguentada e mutilada, um testemunho mudo da violência brutal que havia sido infligida a ela. Um corte profundo adornava seu pescoço, uma ferida que parecia gritar em silêncio a tragédia de sua morte prematura.


O pátio do ginásio estava mergulhado em uma paisagem grotesca, as pegadas de sangue que marcavam o chão testemunhando a corrida frenética dos estudantes em meio ao desespero do ocorrido. Cada passo deixava uma trilha vermelha de horror.


Éder sentia-se como se estivesse em transe, seu corpo tremendo com a onda de choque que o envolvia, sua mente girando em um redemoinho. Um silêncio ensurdecedor permeia sua mente, ainda que o ginásio esteja impregnado de barulho. A consciência retorna a ele quando seus olhos pousaram em Rômulo, sentado solitário ao fundo das arquibancadas.


Zina e Mateus correram até Rômulo, suas vozes carregadas de urgência e preocupação, chamando Éder para juntar-se a eles. Logo, a polícia chega ao local e começam a conter os alunos. Os oficiais conduzem os estudantes para fora do local enquanto o caos se dissipava lentamente. Rômulo parece muito atordoado. Zina o questiona sobre o trabalho, ele informa que foi dispensado.


Com as aulas suspensas e a orientação para que os alunos voltassem para casa, Éder se despediu dos amigos, sua mente ainda mergulhada em um torpor sombrio. Ao encontrar Edmundo, o silêncio entre os irmãos era ensurdecedor, cada passo parecendo ecoar como um eco sombrio.


Edmundo quebra o silêncio perguntando ao irmão como ele está depois do ocorrido. Éder não responde.


Chegando em casa, Edmundo corre ao encontro da mãe. A mãe fica extremamente preocupada. Éder os encontra na cozinha, a mãe o abraça e pergunta se está tudo bem. Éder segue calado e sobe às escadas em direção a seu quarto.


Com um gesto brusco, Éder tranca a porta, retira os sapatos caros, joga a mochila sobre a cama e senta-se numa cadeira. O garoto respira lentamente, incapaz de afastar os pensamentos do que tinha acabado de presenciar. Liga o laptop e escreve um e-mail para o seu pai, relatando os eventos do dia.


Éder tem se comunicado com seu pai, sem conhecimento da mãe, apenas por e-mail. Seus pais são divorciados, e eles não se veem há cerca de dois anos, desde que a mãe descobriu sua infidelidade. A falta do pai na vida de Éder era como um vazio que se estendia por todo seu ser. Para Éder, a decisão de manter sua comunicação com seu pai em segredo era uma tentativa de proteger sua mãe da dor adicional que tal conhecimento poderia causar. Ele sabia que cada palavra trocada com seu pai era como uma faca afiada, cortando ainda mais fundo as feridas abertas de sua mãe e trazendo à tona memórias dolorosas que ela lutava para enterrar.


O garoto envia o e-mail ao pai e sua mente segue com pensamentos nos ocorridos. Ele vai até a varanda de seu quarto e fica observando por alguns minutos a vista do jardim vizinho. Éder não consegue se conformar como que de um dia para o outro duas pessoas em sua comunidade foram brutalmente assassinadas. A partir daquele momento, ele estava determinado a descobrir a verdade por trás dos eventos que assombravam sua comunidade, mesmo que isso custasse sua vida.


***


O impacto dos terríveis assassinatos ecoou por toda a comunidade, deixando todos em um manto de medo e desconfiança. Enquanto as imagens dos crimes eram transmitidas incessantemente pelos noticiários na TV, o governo lançava um alerta de atenção, impondo um toque de recolher noturno como medida de precaução até que o responsável fosse identificado e capturado.


O bairro inteiro mergulhou em um estado de choque, suas ruas agora desertas e suas casas trancadas como fortalezas contra o perigo iminente. A sensação de segurança que uma vez existira entre os vizinhos foi substituída por uma atmosfera de desconfiança e paranóia, cada sombra sendo vista como uma ameaça em potencial.


Éder e Edmundo assistiam ao noticiário, enquanto a mãe tinha saído para o mercado. O relógio se arrastava, marcando quase sete horas da noite, enquanto os irmãos trocavam olhares ansiosos, suas mentes dominadas pela angústia do desconhecido.


– Por que ela está demorando tanto? – Edmundo murmurou, seus olhos fixos na rua escura além da janela da sala de estar. Era incomum para sua mãe prolongar suas saídas ao mercado, e a crescente apreensão que ele sentia se refletia em sua voz trêmula.


Éder tentou ligar para a mãe, mas o som inquietante da chamada caindo na caixa postal apenas aprofundou a sensação de desamparo que pairava sobre eles. Seus olhos permaneceram grudados na tela da TV, enquanto as notícias sombrias continuavam a relatar os horrores que assolavam sua comunidade, sua mente atormentada pelo temor de que sua própria mãe pudesse ser a próxima vítima do assassino impiedoso que aterrorizava o bairro.


De repente, todas as luzes da casa se apagaram, mergulhando-os na escuridão total. Um calafrio percorreu a espinha dos irmãos enquanto eles se aproximavam instintivamente um do outro, suas respirações entrecortadas ecoando no silêncio sufocante que os envolvia. Éder olhou brevemente pela janela, observando com horror enquanto a escuridão se espalhava por todo o bairro, engolindo tudo em seu caminho como uma maré de desespero.


Com um estalo audível, a porta dos fundos da casa começou a ranger em suas dobradiças, o som cortando o silêncio como uma faca. Os irmãos prenderam a respiração, seus corações martelando em seus peitos enquanto esperavam, temerosos, pelo que estava por vir. Num instante que pareceu durar uma eternidade, a porta se abriu, revelando uma escuridão impenetrável que se derramava para dentro da casa como uma sombra viva, engolindo os irmãos em seu abraço gelado.


Era a mãe.


Com suas vestes completamente encharcada de sangue.


– Meninos? Porque vocês não estão em seus quartos? Tá uma escuridão lá fora!


Os irmãos observam incrédulos a mãe com suas vestes completamente sujas com aquele líquido vermelho. Mesmo escuro, os irmãos tem certeza de que aquilo seja sangue.


– O que... o que aconteceu, mãe? Você foi atacada? – Éder mal conseguiu articular as palavras, sua voz trêmula com a angústia crescente.


A mãe deles pareceu surpresa com a reação dos filhos e deu uma risada nervosa.


– Oh, desculpem! Agora que percebi que vocês viram esse sangue em meu vestido. Está tudo bem! O açougueiro tropeçou quando a energia acabou, e acabei toda suja com o sangue de porco que estava em uma grande bacia que ele carregava.


Com um nó no estômago, os irmãos observaram a mãe com uma mistura de medo e incredulidade. Seus corações martelavam em seus peitos enquanto tentavam processar a explicação aparentemente inocente dada pela mãe para a presença do sangue em seu vestido. O sangue, ainda fresco e viscoso, manchando as roupas da mãe, lançava uma sombra sinistra sobre a sala, transformando o ambiente familiar em um cenário de pesadelo.


Os irmãos trocaram olhares nervosos, sem saber o que dizer ou fazer diante da mãe que agora parecia tão desconhecida e ameaçadora. Cada respiração era carregada com uma tensão palpável enquanto esperavam por uma explicação que pudesse dissipar seus temores e restaurar a sensação de segurança que uma vez havia permeado seu lar.


Mas, mesmo enquanto a mãe continuava a falar, suas palavras pareciam ecoar vazias, suas feições familiares obscurecidas pela sombra do desconhecido. O medo os prendia em seu lugar, como presas encurraladas diante de um predador invisível, suas mentes atormentadas pela dúvida e pela incerteza sobre o que realmente acontecera naquela noite fatídica.


A energia retorna. As luzes fracas começaram a piscar e, aos poucos, as lâmpadas do bairro se acenderam, inundando a sala de estar com uma claridade indesejada. Os filhos observaram a mãe com maior clareza agora, seus rostos ainda marcados pela expressão tensa e os olhos inquisitivos que não escaparam ao notar o cheiro de sangue que ainda pairava no ar.


Enquanto a mãe se dirigia ao banho, deixando para trás o rastro de aroma metálico, os irmãos trocaram um olhar cheio de preocupação e perplexidade. O cheiro de sangue era avassalador, infiltrando-se em suas narinas e penetrando suas mentes com uma urgência perturbadora.


– Eu pensei que ela tinha sido morta! – sussurrou Edmundo, sua voz carregada de horror e incredulidade. Seus pensamentos ecoavam os medos silenciosos que Éder também começara a nutrir desde o momento em que a mãe apareceu na porta, coberta de sangue.


A partir daquele instante, a sombra da suspeita se estendeu sobre Éder, o envolvendo em uma teia de desconfiança e incerteza. Cada olhar furtivo, cada gesto aparentemente inocente da mãe agora era interpretado com um novo significado, tingido pelo temor crescente de que ela pudesse estar escondendo segredos sombrios por trás de sua fachada familiar.


Enquanto a água do banho corria e o cheiro de sangue se dissipava lentamente na sala de estar, Éder se viu mergulhado em um turbilhão de pensamentos, sua mente assombrada pela possibilidade terrível de que a pessoa mais próxima a ele pudesse ser a responsável pelos horrores que assombravam sua comunidade.



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Autor(a): danclaudino

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Éder sentia como se estivesse em um pesadelo, incapaz de reconciliar a imagem da mãe amorosa e protetora com a figura encharcada de sangue que agora há pouco se encontrava diante dele. Sua mente estava em um turbilhão de pensamentos conflitantes, debatendo entre a certeza de que sua mãe era inocente e o medo crescente de que ela pudesse est ...


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