Fanfic: Flerte Perigoso (Adaptada) | Tema: Ponny

Virou-se e caminhou para fora, sem esperar pela resposta. Verme­lha de raiva Anahí também saiu e dirigiu-se à piscina, passando por Dulce sem dizer nada. Depois de algumas braçadas lembrou-se de que não havia feito o aquecimento e começou a sentir frio.

— Não queria voltar a falar de Alfonso, Dul — disse, enquanto esfregava o corpo com uma toalha —, mas ele costuma andar pela villa como se estivesse em casa?

— Eu tentei preveni-la. Alfonso é como um membro da família. Mamãe gosta muito dele, e como ainda mora na casita, costumamos vê-lo com bastante freqüência. Pensei que ele estaria presente para o café, mas acho que decidiu nos dar algum tempo a sós.

— Nunca entendi por que não voltou para o apartamento de sol­teiro quando nos separamos. Por que tem de viver aqui?

Dulce a encarou por um momento e depois balançou a cabeça.

— Francamente, Anahí, é óbvio, não é?

— Acha que é? — comentou, recusando-se a chegar à mesma con­clusão que a irmã. Sabia por que ele insistia em permanecer por perto.

— Ele sempre teve certeza que você voltaria — disse Dul.

— Deve ter sido um choque para alguém tão pretensioso perceber que uma mulher era capaz de abandoná-lo. Acabei de dizer a ele que não tenho nenhum assunto para tratar, pois acho que existem coisas muito mais importantes neste momento. Acha que mamãe já acordou?

— A enfermeira esteve aqui enquanto você nadava. Pode ir até o quarto quando quiser. Mas... por favor, não a deixe nervosa ou preocupada, sim? Mamãe quer vê-los juntos novamente. Tem vivido ape­nas para isso.

Com o aviso de Dulce nos ouvidos e o encontro com Alfonso na mente Anahí foi ver a mãe. Parecia tão fraca quanto antes, quan­do ainda dormia, mas, apesar da doença, os olhos azuis brilharam quando Anahí surgiu na porta.

— Querida, eles disseram que você viria. Isso é maravilhoso.

— A voz era apenas um sussurro. — Está com um bronzeado lin­do... Mas parece magra demais, querida.

— Continua a mesma de sempre, mamãe! — comentou, procu­rando os sinais da doença no rosto familiar. Com um pouco de ma­quiagem, Blanca poderia enganar qualquer um que não a conhecesse bem.

— E então? — perguntou, tomando a mão da filha que havia se sentado na beira da cama. — Voltou para ele ou não?

— Voltei para ver você. Dul disse que não estava bem...

— Besteira. Isso não é nada. Logo estarei bem, e só gostaria de não ter de me preocupar com você e Alfonso.

— Não foi esse o assunto que me trouxe de volta, mamãe — disse com cuidado, lembrando-se da recomendação da irmã.

— Eu sei — indicou Blanca, parecendo desapontada, mas tentan­do não demonstrar. — Acho que deve fazer o que for melhor para você, mas pensei que já tivesse reconhecido o erro que cometeu. Ele tem sido tão paciente... e não pense que paciência é uma atitude co­mum num homem como Alfonso.

— Ele não tem por que ser paciente. Eu disse que estava acabado há dezoito meses. Se tem sido tão paciente como diz, deve ter algum outro motivo. Certamente não é por minha causa...

Assim que terminou de falar, Anahí percebeu que agira errado. Os olhos da mãe estavam cheios de lágrimas.

— Espere até vê-lo — Blanca comentou. — Ele sempre vem aqui antes de ir para o trabalho.

— Nós já nos encontramos — Anahí respondeu, sabendo que desapontara a mãe e incapaz de encará-la.

— E ele não disse nada a você?

De volta ao mesmo ponto, pensou Anahí.

— Vamos conversar mais tarde — informou, torcendo para que isso não alimentasse as esperanças de Blanca. — Ele conseguiu me encaixar na agenda.

— Esse é Alfonso! Um verdadeiro dínamo!

— Como sempre foi.

— Agora mais que nunca. A villa está terminada, e o complexo do hotel ficará pronto para ser aberto em breve. Ele não contou? Era apenas um projeto quando você partiu.

— Bom para ele.

Anahí ouviu o ressentimento na própria voz e tentou sorrir, mas Blanca disse em seguida:

— Está na hora, querida.

— Na hora? — perguntou, tentando fingir que não entendia.

— Na hora de acabar com essa bobagem. Ele tem cuidado de nós durante todo o tempo, desde que você se foi. É o filho que seu pai sempre quis. Antes de morrer, ele me disse que a única coisa que real­mente sentia era não ter tido um filho para olhar por mim quando ele já não estivesse aqui. Se pudesse ver Alfonso, saberia que seu desejo foi satisfeito. Christopher é um amor, mas é diferente. — Então fechou os olhos.

Anahí percebeu o quanto a mãe havia se esforçado para manter o fluxo das palavras. A vivacidade era falsa.

A enfermeira entrou e sugeriu que ela saísse, acompanhando-a até o corredor.

— Pode me dizer o quanto a doença é grave? — perguntou Anahí, assim que saíram do quarto. — Ela parece mais magra, mas...

— Teve um ataque cardíaco depois do Natal, e em seguida con­traiu um vírus que piorou o quadro. Mas é uma lutadora, e está fa­zendo progressos. O maior problema é a preocupação, sabe?

Anahí sentiu um estremecimento, como se pudesse prever as con­seqüências da situação. Sentindo-se estranhamente culpada, tomou o caminho da casita.