Fanfic: Flerte Perigoso (Adaptada) | Tema: Ponny

Mas Alfonso só concordou em soltar o braço que apertava quan­do conseguiu fazê-la prometer que o acompanharia até a casita.

Mesmo assim, manteve a mão em torno de sua cintura, fazendo-a tropeçar uma ou duas vezes por andar depressa demais. Estava realmente furioso, e Anahí temia que pudesse tornar-se violento. Mes­mo assim, estava disposta a aproveitar a oportunidade que finalmente teria para dizer tudo o que pensava a seu respeito, sem meias pala­vras. Ou melhor, quase tudo.

Alfonso abriu a porta da pequena casa e a puxou para dentro. Imediatamente, dirigiu-se ao bar e preparou um uísque duplo.

— Quer um? — perguntou.

— Sim, mas não ponha tanto para mim.

— Apanhou um copo e, sem fazer caso da observação, serviu a mesma medida. Empurrou o copo por cima do balcão do móvel, co­mo se quisesse evitar uma aproximação.

— Não sei por que está tão furioso. Essa raiva toda é por minha causa? — ela começou, antes que pudesse acusá-la de alguma coisa ou usar o velho truque da voz aveludada.

Porém Alfonso parecia ter esquecido o truque do tom de voz, ape­sar da bebida e da expressão do rosto. Anahí esperou que ele respondesse, mas o silêncio era cada vez mais pesado.

Alfonso aproximou-se da janela, com uma segunda dose de uís­que nas mãos. Os ombros eram realçados pela jaqueta branca de corte perfeito, e os cabelos negros sob a luz do sol fizeram com que sentisse vontade de tocá-lo. A fraqueza de sempre retornou com intensida­de incontrolável, e Anahí teve de fechar os olhos para conter as lágrimas.

— Como pudemos chegar a esse ponto? — perguntou com tom ressentido, sem se virar para ela. Era como se falasse consigo mesmo. — Tentei trabalhar cada palavra, cada gesto, cada pequeno mo­vimento que pudesse fazê-la voltar a me amar. Por que, Anahí? — Então virou-se. — Deve me odiar para agir desse modo. O que foi que eu fiz?

Ela se aproximou, o sarcasmo tomando o lugar da perplexida­de anterior.

— Alfonso... não pode estar falando sério... Essa pergunta é no mínimo absurda... O que quer que eu diga?

— Foi o jeito que nos amamos? Fingiu prazer o tempo todo?

Ela encolheu os ombros.

— Sabe que não foi nada disso — admitiu com voz fraca. Fechou os olhos, tentando afastar as lembranças das noites de amor, do corpo musculoso próximo ao seu...

— Sei o que está fazendo — prosseguiu. — Se eu ficar aqui ou­vindo, vai fazer aquilo de novo. Como sempre fez.

— Do que está falando?

— Você sabe. É sua especialidade, seu grande talento. A maneira como consegue seduzir as pessoas e fazê-las acreditar no que quer. Mas comigo acabou, Alfonso. O truque não vai funcionar outra vez, apesar de ter o poder de me fazer acreditar no contrário do que sei ser verdade.

— Parece que não estou tendo muito sucesso agora — disse com amargura.