Fanfic: Moonlight Girl | Tema: Original
Era de manhã na cidade capital Nibel, as ruas estavam movimentadas como de costume, com carroças de mercadorias passando pelas estradas e pessoas comprando bens das barracas que vendiam os mais variados produtos. Essa era a hora em que os trabalhadores se preparavam para mais um dia de serviço, e também era nesse horário que as guildas, associações de serviços para heróis e aventureiros, começavam a ficar lotadas, com seus membros pegando trabalhos e saindo em jornadas. Um ou outro voltavam de pedidos complicados que exigiam dias de esforço e também tinham aqueles que bebiam e se divertiam, despreocupados. Esses ambientes eram muito agitados, sempre havia trabalho para quem quisesse. Algumas guildas famosas recebiam até mesmo trabalhos dos mais imponentes aristocratas, esses eram os que melhor pagavam e também eram os mais difíceis de cumprir, apenas os melhores heróis eram capazes de lidar com eles.
Em uma rua qualquer, quase escondida pelas diversas barracas de mercadorias, existia uma guilda pequena cheia de aventureiros fracassados, chamada "Kingdom". Este era o tipo de lugar que recebia trabalhos como: “encontre meu animalzinho perdido”, “mate 4 javalis que estão atacando minha colheita”, “colha 5 maçãs e depois 10”, e coisas ridículas do gênero. A maioria das pessoas cadastradas nessa guilda eram apenas indivíduos que estavam procurando por bicos ou um lugar para beber quando quisessem. Pelo fato dos aventureiros mais renomados estarem atrás de trabalhos pesados, esses restos de serviço acabavam sendo direcionados para locais assim.
Vamos focar em um dos trabalhadores que ajudavam a manter esse local, do qual ninguém realmente se importava. Uma garçonete com pouco mais de um metro e meio de altura, com longos cabelos negros que iam até sua cintura e de pele branca, quase pálida. Seus olhos eram da mesma cor de seus cabelos e seu nariz era pequeno assim como sua boca e suas orelhas. Seu corpo era magro e ela usava um vestido das cores preto, branco e azul escuro, que chegava até seus joelhos, por baixo de seu avental de trabalho. Ela calçava uma bota, que a tornava um pouco mais alta, e longas meias listradas. Ela tinha uma expressão confiante em seu rosto e sua roupa era impecável, ela parecia uma delicada boneca. Esta era Luna, uma menina de 15 anos (mas que alegava ter 19, porque assim poderia trabalhar ali sem que os oficiais da lei proibissem.), que para variar, estava brigando com os aventureiros que ficavam de corpo mole o dia inteiro:
— Vocês sabem que desse jeito esse lugar vai continuar sendo um buraco sujo e escuro, onde os sonhos morrem não é? Então porque vocês não trabalham direito, como se suas vidas dependessem disso?
— Lu, você sabe que nós fazemos isso só pra ganhar uns trocados a mais não é? E não chame esse lugar de buraco sujo e escuro, a Sofia limpa isso aqui todo dia e estamos em um ponto bem iluminado. O sol bate bem na janela.
De fato, o lugar era bem conservado e iluminado, o problema é com aqueles que o frequentavam, pois parece que eles não tinham perspectiva de um futuro melhor. Então os sonhos, de fato, morriam ali.
— Mas mesmo que nós duas trabalhemos duro, o lugar parece apenas uma taverna com um bando de bêbados. Vocês ficam ai da hora que o sol nasce, até ele se pôr. Pensem um pouco em nós.
— Mas o lugar acaba recebendo vários trabalhos que os outros não recebem e sempre fazemos eles direito, então não existe problema com dinheiro na guilda. Além disso, nós gastamos quase tudo o que ganhamos aqui mesmo, então não tem com o que se preocupar. Por que você quer que a guilda cresça tanto?
O homem que conversava com ela parecia ter orgulho de suas palavras, ele era o típico bêbado com barriga de cerveja que se encontrava em tavernas. Luna, com um olhar de quem visa um futuro brilhante, respondeu a ele com todo o entusiasmo que pôde reunir:
— Se a guilda crescer, eu tenho certeza que um dia meu sonho vai se realizar. Vou ganhar muito dinheiro e então vou poder viver a vida dos sonhos, sem me preocupar em gastar e comprar o que eu quiser.
Os bebad.. aventureiros, já esperavam por aquela resposta, já que aquela garçonete mirim era gananciosa.
— Os fins justificam os meios, portanto arranjem serviço.
Com esse comentário, todos se sentiram irritados e começaram a xingar a menina que retrucava com palavras, socos e chutes. Tudo vira uma bagunça, até que Sofia aparece e, com seu jeito delicado, encerra a briga:
— Luna, você não deveria falar assim com o pessoal, eles cumprem os serviços que pegam. Não é culpa deles que não chegam trabalhos mais complicados. E vocês não deveriam dar tanta bola pra ela.
Ela parecia como uma doce mãe conversando com seus filhos, todos ali não podiam fazer nada se não obedecê-la, afinal, seu modo gentil era como um charme. Sofia era muito diferente de sua colega de trabalho, ela era uma mulher de 21 anos, alta, de cabelos loiros e curtos que vestia um uniforme de garçonete preto e amarelo. Seus olhos eram da cor azul claro e ela e seu nariz era pequeno e pontudo. Ela usava batom rosa em seus pequenos lábios e um par de brincos com pedras azuis. A mulher era um exemplo de delicadeza e bons modos, e realizava seu trabalho de forma impecável enquanto matinha um sorriso aconchegante em seu rosto. Outro ponto importante é que por não ser uma criança, as pessoas a levavam a sério.
— Foi mal Sofia, mas é que toda vez que estamos nos divertindo ela vem falar essas coisas, e ainda é por motivos mesquinhos.
— Sim eu sei, mas ela também tem seus objetivos e desejos. Além disso, quando o turno dela acabar ficaremos em paz, então aguentem firme.
Outra qualidade de Sofia era sua língua afiada, ninguém espera pelo seu último comentário cruel. Indignada com as palavras da colega, Luna tentou retrucar, mas antes que ela pudesse fazer isso, a moça continuou falando com um sorriso:
— Mas isso também significa que o lugar vai perder um pouco de seu brilho.
— Bom, a garotinha anima mesmo o lugar.
Luna sentiu como se ela fosse querida ali, pela primeira vez em sua vida, ela tinha encontrado um lugar do qual fazia parte, após tantos anos sozinha. Ela estava feliz, só que...
— Ah, não foi isso que eu quis dizer. É que ela sai assim que o sol se põe, então vai escurecer.
Como era de se esperar, o ataque final de Sofia fez todos rirem. A menina ficou vermelha de raiva, ela xingava todo mundo e dizia que todos podiam desaparecer que ela não se importaria. Os dias naquele lugar eram sempre muito divertidos.
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Enquanto isso, um gato preto passeava pelos telhados da cidade, observando os pássaros e as pessoas nas ruas. Ele estava entediado de ficar em sua casa, por isso decidiu perambular por ai. No meio do caminho, ele viu alguns homens suspeitos em um beco e, como todo bom gato, foi olhar mais de perto por curiosidade. Todos ali carregavam armas e tinham um olhar cruel em seus rostos. Todos menos um, que apesar disso, tinha uma aura mais sombria e uma expressão fria, como se não tivesse sentimentos. Foi ele quem começou a falar:
— Todos aqui sabem que o próximo alvo é a vila que fica a 15 quilômetros seguindo a saída norte da cidade, certo?
— Sim chefe, estamos preparados pra fazer a festa lá.
O gato prestava atenção na conversa, imóvel, agora atrás de um caixote no beco.
— Ótimo, mas não se esqueçam de que nosso objetivo é adquirir os materiais que nossa cliente pediu. Se trouxermos tudo, ela vai fazer mais uma arma pra gente, e assim vamos aumentar nosso poder.
— Mas depois disso vamos poder atear fogo em tudo?
Aqueles bandidos tinham olhares sanguinários, queriam tirar a vida de inocentes por puro prazer. Mas nesse mundo isso é normal, existem muitas pessoas até piores do que aqueles sujeitos.
— Façam o que quiserem, só não atrapalhem no objetivo principal, se não...
Retirando a adaga da bainha, o homem encostou com a ponta da arma em um barril, que explodiu logo em seguida, enquanto faíscas saiam da lâmina.
— S-sim, nós sabemos. Não se preocupe.
Estava claro o porque dele ser o líder, sua pressão era esmagadora e ele carregava uma arma poderosa. Ele podia dar conta de todos aqueles homens de uma só vez.
— Mais uma dessas e serei invencível, aquela bruxa realmente sabe das coisas. Não se atrasem, atacaremos de noite.
O gato tinha ouvido algumas coisas bem sérias ali. Quando um dos bandidos percebeu sua presença, ele o espantou jogando uma faca em sua direção. A curiosidade quase matou o gato desta vez, que apesar do susto, continuava andando como se nada tivesse acontecido. A noite seria agitada.
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Depois das coisas terem se acalmado um pouco, o pessoal voltou a conversar normalmente e o fluxo da guilda se estabilizou. Em meio às conversas surgiu um boato interessante:
— Vocês viram aquele serviço sobre uma gangue de bandidos que está atacando vilas e viajantes por ai? Faz duas semanas que o pedido para dar um jeito neles foi postado, mas ninguém concluiu ainda.
— Sim, parece que subestimaram eles da primeira vez, o líder tinha uma arma encantada e acabou mantando um dos caras. Quem estava junto conseguiu fugir, mas os machucados foram feios...
— Enquanto isso a recompensa só aumenta. Mas logo a historia chega no ouvido de uma estrelinha e ele da cabo neles. Itens encantados não são brincadeira, apenas quem tem grande conhecimento mágico pode criar uma coisa dessas, o que me preocupa mais ainda...
— Que bom que não somos mais desses caras que combatem o mal, deixemos isso para os profissionais.
— Brindemos a isso, haha!
Luna ouviu tudo prestando muita atenção e sem se intrometer, depois ela olhou no quadro de serviços e viu que a recompensa atual era de 10 moedas de ouro, os trabalhos que a guilda concluía giravam em torno de 50 moedas de prata, 1 de ouro foi o máximo que ela já viu alguém receber. Aquilo estava em um nível completamente diferente.
Assim que seu turno acabou, ela se despediu de todos e começou a andar pela cidade. Enquanto passava por algumas tendas, ela decidiu comprar algumas coisas que estavam em promoção. Durante sua caminhada, ela conversava com alguém:
— Como sempre consegui algumas informações valiosas com o pessoal. Alguns bandidos e uma arma magica, e você?
— Apenas o próximo alvo deles, um vilarejo que fica a 15 quilômetros daqui seguindo a estrada norte. E por sorte o dia é hoje.
A voz de seu interlocutor tinha um sotaque meio engraçado, e mesmo assim, ninguém além da jovem podia ouvir.
— Olha só, pode contar com um bônus pela informação, vou comprar algo bem gostoso quando recebermos o dinheiro. Como temos que andar um pouco, vamos direto até lá. A gente pode esperar eles chegarem enquanto comemos o que acabei de comprar.
— Estou ansioso pela recompensa, mas mais importante é a possibilidade de recebermos informação sobre uma bruxa, mantenha isso em mente. Agora, vamos lá.
Menos e menos pessoas podiam ser vistas pelas ruas. Enquanto a garota seguia o caminho para fora da cidade, começava a escurecer e a lua cheia surgia no horizonte. Luna colocou a mão dentro de sua bolsa, tirando de lá um enorme chapéu pontudo e, enquanto andava, seus cabelos escuros tomavam um tom prateado brilhante. Ela colocou o chapéu, que cobria praticamente seu rosto inteiro e, de repente, um gato preto pousou em seu ombro.
— Sim, é hora do meu segundo turno!
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A vila ficava no meio de diversas arvores e era bem pequena. Tinham cerca de 16 casas e algumas outras construções ali. Era por volta de 11 horas da noite e todas as luzes já estavam apagadas, ainda não havia nenhum sinal dos bandidos. Estava tudo silencioso, exceto pelo som de uma voz aguda, que não parava de reclamar:
— Tem certeza que eles disseram que atacariam aqui hoje Kuro? Já fazem horas que estamos esperando escondidos.
— Absoluta, eles agem com cautela, não são um grupo qualquer. Quanto mais tarde, melhor para eles.
— Pode até ser, mas tá um saco isso. Estou com sono e amanhã preciso acordar cedo pra trabalhar.
O gato tentava ignorar as reclamações da garota e continuava atento para qualquer movimento estranho. Se eles fossem aparecer, seria pela floresta, mas era difícil tentar se concentrar em qualquer coisa com alguém falando sem parar.
— Vamos procurar por eles vai. Aí nem precisamos nos preocupar com a vila e acabamos logo com o serviço.
Kuro virou seu pescoço em direção a Luna e olhou bem no fundo de seus olhos, falando como se estivesse prestes a cometer um assassinato:
— Se você não calar a boca, eu juro que vou me certificar de que você nunca mais durma despreocupada na sua vida. Agora, por favor, fique quieta que estou tentando me concentrar.
Ela apenas se encolheu em um canto e ficou olhando para baixo sem falar mais nada. Kuro era assustador quando estava irritado.
Depois de mais meia hora, a menina já estava quase pegando no sono, enquanto o gato continuava atento. De repente, algumas luzes surgiram no meio da floresta e era possível ouvir o barulho de passos vindo daquela direção.
— Chegaram, se prepare.
A menina levantou e começou a se espreguiçar.
— Você colocou o feitiço de sono nos moradores né Kuro?
— Sim, não se preocupe que ninguém vai interferir.
Dizendo isso, os dois foram se posicionar para receber os bandidos. De dentro da floresta, era possível ouvir os sussurros dos homens:
— Chegamos chefe, vamos começar logo que estou ansioso para brincar com os moradores.
— Não se esqueçam de que estamos aqui para pegar os materiais que a bruxa pediu. Ela disse que eles guardam tudo o que ela precisa em um depósito.
Eram ao todo 12 pessoas vestindo coletes de couro e empunhando escudos, espadas, porretes e adagas, o seu tipo padrão de grupo de bandidos. O único que se destacava era o líder do bando, que era consideravelmente mais alto e vestia uma roupa mais chamativa.
— Façam silencio enquanto procuram pelo armazém, depois de pegarmos as coisas vocês podem fazer o que quiserem.
Com essas palavras, eles começaram a sair da floresta e a se aproximar de um dos edifícios, até que uma risada quebrou o silencio da noite. Eles procuraram pela origem do som, até que enxergaram uma garota em cima de um telhado. Ela usava um chapéu enorme e tinha cabelos prateados que brilhavam com a lua cheia as suas costas. A aparição então começou a falar:
— Bandidos que vem para tirar a paz dos cidadãos de bem, saibam que seus tempos de vilania acabaram! Estou aqui para cuidar de vocês, então se preparem!
Perplexos com aquela situação, os bandidos se perguntavam: quem era aquela criança? Uma menina gritando algo de cima de um telhado, no meio da noite, parecia uma piada. Sem mudar sua postura, o chefe deu ordens para seus homens:
— Uma pirralha não pode fazer nada além de barulho. Do jeito que essa aí tá agindo, certeza que é a louca do vilarejo. Deem um jeito nela e depois continuamos a busca.
A pirralha tinha escutado e não estava nem um pouco contente com aquelas palavras.
— Quem aqui é pirralha maluca seu bandido de merda? Vou te mostrar agora minh-
Antes que ela pudesse terminar sua frase, o telhado cedeu sobre seus pés e ela caiu dentro da casa. Todos que viram a cena ficaram calados, sem reação, e pensaram a mesma coisa, inclusive Kuro que observava de longe: ela é uma idiota. Mas não é apenas de estupidez que Luna era feita, uma luz começou a brilhar de dentro da construção e, em seguida, uma das paredes estourou, fazendo uma rajada de pedras voar em direção aos bandidos. Dois deles haviam sido atingidos e agora estavam caídos no chão. Em meio a fumaça, a menina saiu correndo empunhando com suas duas mãos um martelo prateado que era uma pouco maior que ela, enquanto gritava gaguejando:
— V-v-vocês caíram na minha a-armadilha totalmente intencional para distraí-los!!
Kuro apenas suspirava vendo a cena. Mesmo naquela situação perigosa, sua parceira continuava tratando tudo como se fosse piada. Pelo menos ela era boa em combate, sua afinidade magica era boa afinal de contas. Luna chegou em um piscar de olhos na frente de seus oponentes e, girando seu corpo inteiro para atacar com o martelo, acertou dois dos bandidos que tentaram bloquear o golpe. Seus esforços foram em vão e eles saíram voando para longe. O líder deles percebeu que a garota não era brincadeira e logo deu ordens para seus homens:
— Rápido, entrem em formação, cerquem ela e desviem dos golpes a todo custo. Não da pra segurar um impacto desses. Ataquem em duplas ou mais, quando vocês me derem a oportunidade, vou partir pra cima. Vão!
Eles obedeceram aos comandos e Luna logo se viu cercada por 8 homens que mantinham certa distancia dela. Eles eram muito maiores do que a menina, cada um portava uma arma perigosa, e tinham intenção de matá-la. Ela não podia fazer nada se não... rir.
— Hahaha, não achem que algo assim vá mudar alguma coisa. Eu só mostrei um pouco da minha força, mas fico feliz que vocês não estejam mais me subestimando.
Como ordenado, dois bandidos partiram para o ataque juntos. Mas apesar da sequência de golpes coordenados e contínuos, aquilo não era nada para a menina que desviava sem nenhum esforço, mesmo segurando uma arma maior que ela. Era como se ela estivesse dançando, e isso só servia para deixá-los mais irritados. Luna recuou um pouco além do alcance dos dois e, nesse momento, outro bandido veio por suas costas para atacá-la. Ela percebeu e girou seu corpo inteiro, aproveitando o embalo para acertá-lo. Não apenas isso, ela conseguiu pegar os outros dois que estavam lhe atacando com o mesmo golpe. Eles voaram ainda mais longe que os outros dois de antes. Os homens que restavam de pé observavam seus camaradas sendo humilhados, um atrás do outro, e começavam a ficar tensos. Eles tremiam, era a primeira vez que viam alguém tão forte além de seu líder, e em um momento de desespero eles partiram para cima dela sem pensar.
— Não vão idiotas!
O líder tentou pará-los, mas já era tarde, eles estavam cegos pelo medo. As pessoas cometem erros quando são tomadas por sentimentos fortes, e nesse caso não foi diferente. Quando os quatro estavam perto o suficiente dela, Luna saltou muito alto, desviando das laminas no último momento. Ela aproveitou que todos estavam próximos um do outro e fez sua arma ficar maior. Agora o martelo tinha o triplo do tamanho da menina. Enquanto caia, ela sacudiu a arma fazendo-a acertar os quatro homens de uma vez. O chão afundou com o impacto e agora seus adversários estavam apagados. Luna ficou satisfeita com o resultado, e enquanto sua arma voltava ao tamanho normal, ela disse em tom de deboche para o último homem de pé:
— E agora, você é daqueles que mandam os subordinados pra fazer o serviço ou é estilo chefão final mesmo?
Pela primeira vez, homem se sentiu irritado pela provocação. Ele percebeu que aquela que estava diante dele não era só uma criança. Era alguém que possuía um item magico e podia usá-lo, além de ter derrubado 11 pessoas sem o mínimo de esforço. Eles se descuidaram e agora só restava um de pé, mas apesar da situação, ele não estava preocupado. Retirando sua adaga da bainha ele disse:
— Isso responde a pergunta?
A lâmina emitiu um brilho amarelo e algumas faíscas começaram a sair dela. Luna reconheceu a arma dos rumores.
— Então é verdade que você tem uma arma encantada. Sabe, seria de grande ajuda se você me contasse de onde arranjou seu brinquedo.
— Você não precisa saber, já que vai morrer.
— Que pena, então vou ter que tirar as informações à força.
Dizendo isso, ela foi em direção ao oponente e o atacou, mas para sua surpresa, ele foi capaz de parar o impacto com a adaga e ainda desferiu um golpe que, por sorte, ela foi capaz de desviar. Agora havia um pequeno rasgo na lateral de sua roupa.
— Tsc. Parece que você e sua faca não são só aparências mesmo.
— Ficou com medo?
— Medo de um ninguém com um brinquedo? Nem sonhando. Vou ter derrotar no próximo golpe, você só me surpreendeu um pouco.
— Há, até parece que vou apanhar de uma pirralha. Uma criança não é capaz de lidar com um adulto de verdade.
Como se aquelas palavras cravassem fundo em sua alma, Luna ficou irritada e cerrou os dentes, enquanto ele continuava a falar:
— Se você não tivesse se metido com a gente, agora poderia estar em casa dormindo com seu ursinho de pelúcia. Vou te mostrar, como o mundo é cruel.
Agora era a vez dele de partir para o ataque, pena que, sem perceber, ele acabou cometendo um erro. Ao ouvir aquelas coisas, Luna perdeu a razão. Uma das piores coisas que alguém podia fazer para ela, era chamá-la de criança e não levá-la a sério. Ela começou a acumular uma enorme quantidade de energia mágica em seu corpo. Apenas aqueles com sensibilidade mágica podiam perceber isso, o que não era o caso do chefe dos bandidos. Kuro por outro lado era capaz de sentir, e por isso ele começou a conjurar um feitiço de proteção o mais rápido possível.. No bandido!?? Luna estava de cabeça baixa e sussurrava pra si mesma, enquanto o homem corria em sua direção:
— Pirralha? Não me faça rir. Se eu sou só uma criança incapaz...
E então, se posicionando para atacar, ela gritou:
— VOCÊ É MUITO MAIS PATÉTICO DO QUE UMA GAROTINHA QUE DORME COM UM BICHINHO DE PELÚCIA!!
Todo aquele poder magico reunido em seu corpo se concentrou na ponta do martelo, que agora brilhava. Enquanto gritava de raiva, ela bateu com a arma no homem, que desta vez não teve tempo nem de reagir. Ele tinha sido rebatido com tanta força que foi lançado em linha reta, atravessando cinco arvores que foram quebravam no meio, uma seguida da outra. Ele perdeu a consciência logo no golpe e, graças ao gato, ainda estava vivo. Do outro lado, Luna ofegava. Tinha sido demais pra ela e enquanto se ajoelhava no chão, apoiando no martelo para não desabar, seus cabelos perdiam a cor prateada. Kuro chegou perto dela dando bronca:
— Sabia que você ia exagerar! Eu sempre tenho que proteger seus oponentes. Você pode acabar matando eles por falta de controle e, para piorar, seu corpo fica todo detonado depois de usar tanta energia.
— É culpa deles por ficarem me fazendo de tonta! Eu posso ter 15 anos... Mas sou tão capaz quanto qualquer um!! Sempre foi assim e já estou cansada disso!
Ela falava de um modo como se estivesse prestes a chorar. Kuro sabe que Luna é tratada como uma garotinha frágil desde sempre e, por conta disso, ela passou por muitas dificuldades. Mesmo assim, ela sempre se esforçou para conseguir sobreviver, ela sabia o quão cruel a realidade era. O gato ficou calado por alguns momentos e, se sentindo um pouco mal, disse:
— Eu sei do que você é capaz, mas não exagere. Não quero que você se torne uma assassina... Além disso, assim você não chega nem aos vinte.
Ela se animou um pouco com esse comentário, o apoio de seu amigo era tudo o que ela sempre teve.
— Haha, pode deixar. Se você continuar me ensinado, vou aprender a controlar minha força e não vou mais dar trabalho. Conto com você!
Os dois sempre se apoiaram um no outro, desde o dia em que se encontraram pela primeira vez. Eram a única família que já tiveram, e por sempre se ajudarem, eles haviam sobrevivido até hoje.
Depois de recuperar um pouco do fôlego, a menina se levantou com um pouco de dificuldade dizendo:
— Certo, agora vamos interrogar esses caras.
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Luna e Kuro foram para um lugar afastado da vila, ainda no meio da floresta. De frente para eles, estavam os bandidos, amarrados e inconscientes.
— Kuro, você pode acordá-los?
Sem dizer nada, uma aura começou a emanar do gato, envolvendo o chefe dos bandidos que, aos poucos, despertava.
— Ugh... Onde eu tô? Meu corpo está em pedaços.
— Boa noite senhor líder, como vai?
Enquanto a garota dizia isso com um sorriso no rosto, o homem, que tinha praticamente o dobro de sua altura, se contorcia de medo e desespero. Ele gaguejava, apavorado:
— Mo-mo-monstro!! Saia de perto de mim!!! A-alguém me ajuda!!
O martelo começava a se formar na mão de Luna, enquanto ela o olhava com um olhar assassino, repondendo da forma mais seca possivel:
— Quem é monstro aqui, em? Seu inseto.
— Aaahhhh! Socorro! Ela vai me matar!
— Luna, isso não vai levar a lugar algum. Esqueça das ameaças por enquanto, não se deixe levar por seu pavio curto.
A menina suspirou e o martelo se transformou em uma joia, sua forma original. O homem que antes parecia não possuir emoções, agora agia de modo totalmente diferente, com medo. Luna se aproveitou da situação e começou a interrogá-lo:
— Bom, não me interessa os seus motivos, eu só quero saber de onde você arranjou essa sua adaga. Apesar de serem criminosos, não parece que vocês tem contatos para conseguir algo assim no mercado negro. Vou direto ao ponto, quem é a bruxa que te deu isso?
Como se o homem tivesse visto um fantasma, ele começou a tremer mais ainda, mal conseguindo responder:
— E-eu não p-posso falar.
— Então você quer que eu tire as palavras da sua boca a força?
— Nã-Não é isso!! Eu.. re-realmente não posso falar.
Kuro sabia como as bruxas agiam e por isso pediu para Luna ver a língua do homem. Ela ficou com um pouco de nojo, mas pediu para o líder mostrar a língua. Ele obedeceu e lá tinha um X negro, que parecia ter sido tatuado. A garota nunca tinha visto algo assim ,então ela perguntou para o companheiro:
— O quê é isso?
— Como pensei, é uma maldição. A bruxa que entrou em contato com eles, provavelmente, fez isso para impedir que qualquer coisa sobre ela seja revelado. Isso é bem comum na verdade e caso eles falem, é morte certa.
— Mas e agora? Se eles não podem falar, o que a gente faz? Tem como quebrar o feitiço?
— É possível, mas vai demorar alguns dias até descobrir como ele foi feito e achar a contra medida.
Luna ficou aliviada, finalmente ela ia encontrar alguém parecido com ela. Naquele continente, a magia havia sido banida. Apenas algumas pessoas selecionadas pelo rei e com permissão podiam usá-la. Por isso a menina tinha que manter segredo dos seus cabelos prateados, eles sempre mudavam de cor quando passava das 7 da noite, com a lua no céu, significando que sua afinidade com as energias da Terra havia aumentado. Eles só voltavam ao normal quando ela ficava esgotada, ou após as 6 da manha. Isso era tanto uma benção quanto uma maldição naquele lugar, ela pode lutar, mas não podia ser descoberta de jeito nenhum. Voltando ao seu eu de sempre, Luna começou a falar com um olhar malicioso para Kuro:
— Não se esqueça da recompensa, depois que você analisar a adaga vamos vendê-la. Não, melhor ainda, quando nos encontrarmos com a bruxa, vamos fazer dela nossa escrava! Aí ela cria vários itens encantados e ficamos ricos vendendo eles.
—Você precisa se tratar sabia?
—Do que você está falando? Só aqueles que trabalham tem o direito de comer, por isso não podemos ficar parados. Hahaha, vamos voltar pra capital, aí nós recebemos a recompensa e amanha gastamos ela.
— É por isso que não temos dinheiro, você sempre acaba gastando com bobagem
— Que isso, temos que comprar o que queremos para sermos felizes.
O homem que estava amarrado observava a garota falando com um gato. Ele não entendia o que estava acontecendo, por não ser capaz de ouvi-lo responder. Ele achava que tinha sido derrotado por uma louca, e que o melhor a fazer era ficar quieto...
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Eram duas horas da manha quando eles chegaram na cidade. Kuro foi para casa e Luna foi para o posto da guarda real, que estava praticamente vazio. Os bandidos, ainda amarrados e inconscientes, ficaram do lado de fora porque era impossível levar todos de uma vez para dentro do lugar. Luna colocou um pano em volta do rosto e escondeu todo o seu cabelo dentro do chapéu, para não revelar sua identidade. Ao entrar, ela se deparou com um guarda dormindo no balcão e começou a chamar até que ele acordasse:
— Eiii, moço. Acorda.
— Ugh.. o quê.. O quê foi ?
— Seu guarda, eu tenho alguns bandidos para entregar a vocês. Capturei aqueles homens que estavam atacando as vilas por perto e vim buscar a recompensa.
— Tá, tá. Vá para casa que estou ocupado...
Disse o homem voltando a dormir. A garota então deu um grito, nervosa:
— EI, ACORDA AÍ! Você devia estar fazendo seu trabalho e eu preciso voltar logo pra casa!
— Garotinha, você sabe que está tarde e ainda vem aqui pregar peças em um oficial? Eu posso te prender viu?
— Não estou pregando peças, você que não está me levando a sério! Vá lá fora e veja com seus próprios olhos.
O guarda sabia que a menina não iria embora até que ele fosse lá, então ele se levantou e foi resmungando até a porta.
— Então, esses bandidos são invisíveis é?
— Quê? Você não está vendo 12 homens amarrad-
Saindo do posto e se juntando ao guarda, ela viu que os homens haviam sumido. Não havia nem sinal de que eles haviam estado ali.
— Não é trote? Desacato à autoridade da cadeia, e por causa dessa sua brincadeirinha você está presa até que seus pais venham te buscar. Além disso, eles precisam pagar uma quantia de ouro como multa.
Luna ficou sem palavras, eles estavam ali á um minuto, não tem como eles terem fugido. A única opção que ela tinha agora era tentar se explicar.
— Bom, veja só. É que...
E então, ela virou e correu como se sua vida dependesse disso, o oficial ficou surpreso e por conta do sono, demorou até ir atrás dela.
— Ei, volta aqui, você não vai se safar dessa.
— Eles estavam aí, eu juro que estavam. Droga, porque isso tem que acontecer!!??
Assim acabou mais um dia para Luna. Fugindo de um oficial, sem receber uma moeda pelo trabalho que teve. Não será tão cedo que ela poderá realizar seu sonho.
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Em algum lugar distante da capital, uma mulher observava tudo através de uma poça de agua, que transmitia imagens da cidade. Perto dela, estavam os bandidos que haviam desaparecido. Pouco a pouco eles iam despertando.
— Obrigado, você nos salvou. Quase fomos presos.
Sem virar o rosto, a mulher respondeu ao líder dos bandidos:
— Salvar vocês? Não entendam errado, só decidi terminar o serviço eu mesma.
Com o movimento de um braço, a mulher fez todos os bandidos, exceto pelo líder, perderem a cabeça. O homem que sobrou demorou até perceber o que tinha acontecido. Os corpos inanimados de seus companheiros jorravam sangue e caíam perto dele.
— Você tem potencial, por isso te deixei vivo. Mas com a próxima falha, você vai ter o mesmo destino que seus amiguinhos.
O líder gritou de desespero até desmaiar pelo choque, em cima de um falecido companheiro. A mulher nem se preocupou em olhar, ela continuava observando as imagens que refletiam a garota correndo.
— Patético. E sobre essa garota... Vamos ver até quando ela vai ficar brincando de heroína...
~~Continua...~~
Obs: Luna realmente dorme com um ursinho de pelúcia. Ela diz que isso ajuda a ter bons sonhos.
Autor(a): tsuki_nishiha
Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Era 7 da manha, o céu estava limpo e o sol iluminava a cidade. Alguns pássaros cantavam do lado de fora da janela de Luna, que tinha acabado de acordar. Ela sentou-se em sua cama e começou a se espreguiçar, enquanto olhava a casa, ainda sonolenta. Era um lugar bem simples, não havia divisão entre os cômodos, excet ...
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