Fanfic: Moonlight Girl | Tema: Original
Era 7 da manha, o céu estava limpo e o sol iluminava a cidade. Alguns pássaros cantavam do lado de fora da janela de Luna, que tinha acabado de acordar. Ela sentou-se em sua cama e começou a se espreguiçar, enquanto olhava a casa, ainda sonolenta. Era um lugar bem simples, não havia divisão entre os cômodos, exceto pelo banheiro que ficava do lado da porta que levava para fora, do outro lado da porta, tinha uma janela que dava para a rua e um espaço sem móveis. Sua cama ficava do lado oposto da saída. Havia um criado mudo entre a cama e uma estante de livros, além de um armário de roupas na parede oposta a estante. No meio da casa havia uma pequena mesa e a sua frente um sofá, onde Kuro estava dormindo. A parte da cozinha ficava colada com a parede do banheiro, nela tinha um armário com utensílios de cozinha e um balcão com dois banquinhos altos, sendo que um deles era da altura do balcão.
A garota levantou da cama e foi se arrastando até o banheiro, ela estava cansada por causa de suas aventuras da noite passada, além de ter dormido pouco. Ela fez tudo como de costume, escovou seus dentes e tomou uma ducha rápida, trocou seu pijama branco com estampas de coelhos por seu vestido de sempre, escovou seu cabelo e por fim calçou suas botas. Depois de se arrumar, foi até a cozinha esquentar água para preparar chá e se sentou no banquinho menor de frente para o balcão, se preparando para tomar o café da manhã. Kuro tinha acordado com os barulhos de seu ritual matinal e, depois de se espreguiçar, saltou para cima do outro banco, juntando-se a Luna com um bom dia. A menina colocou leite em uma tigela para seu colega de quarto, depois pegou uma fatia de pão com manteiga e, por fim, serviu seu chá em uma xícara de madeira. Os dois começaram a comer. Ela sorria, parecendo estar feliz com esse belo dia. Depois de secar a tigela, Kuro decidiu quebrar o silencio:
Como foi lá ontem? Eu cheguei em casa e fui direto para a cama, nem vi você entrando.
— Ah, foi tudo muito bom.
Ela respondeu mantendo o sorriso no rosto, com a voz calma e tomando alguns goles de chá.
— Que alívio. E aí, eles te deram a recompensa?
— Sim, a recompensa...
Novamente, ela respondeu com a mesma expressão e tom de voz, bebendo ainda mais chá. Ela parecia um robô e essa atitude começou a assustar o gato.
— Luna, você está bem?
— Estou sim meu amigo. Me sinto. Melhor. Do que. Nun. Ca...
Ela começou a falar em pausas, enquanto abaixava a cabeça e apertava a xícara com força. O chá tinha acabado. Havia uma coisa de muito errada naquela situação e Luna já tinha dado sinais de seu estado emocional. Por conta do sono, Kuro não percebeu que o que ela bebia era chá, ao invés de leite quente. Essa mania dela era o presságio do apocalipse, ela só fazia aquilo quando estava prestes a...
— Luna...?
...explodir.
— AAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!!! QUE SACO, DROGA, PORCARIA, MALDIÇÃO, DESGRAÇA DE MUNDO INJUSTOOOOOO!!!
O gato deu um salto para longe com o susto que tomou, quase derrubando o banquinho em que estava. A menina gastava todo o seu arsenal de xingamentos, enquanto batia com a xícara no balcão e chutava o ar, ainda sentada. Preocupado com seu estado mental, o gato perguntou:
— Ei ei, o que foi? O que aconteceu?
— O que aconteceu!? Eu vou te falar o que aconteceu! Aqueles bandidos sumiram antes que o guarda pudesse me pagar!! Eles estavam lá e foi só eu me virar por um minuto que não estavam mais! Puff. Sumiram sem nem deixar rastros!! E depois o guarda pensou que eu estava tirando sarro da cara dele, então ele falou que ia me prender e aí eu tive que fugir! Aaaaahhhhh!!
Kuro ficou surpreso, ele tinha se certificado de que os homens não possuíam nenhuma faca escondida para cortar as cordas. Além disso, eles estavam desacordados até o momento em que os dois se separaram. O feitiço não devia ter se desfeito em tão pouco tempo. Enquanto ele pensava, Luna continuava se lamentando:
— Eu pensei que a gente ia ter um super banquete hoje de noite! Já estava me preparando para comprar as melhores carnes e temperos no mercado, além de uma roupa bonitinha que fiquei namorando semana passada. Esse serviço não serviu para nada! No final, eu fiquei cansada, dormi pouco e ainda preciso trabalhar. Se existe algum Deus olhando por mim, com certeza é o da pobreza e do azar!
Ela deitou de bruços onde estava e ficou choramingando. Kuro sentiu pena dela e pulou em cima do balcão, ficando de frente para seu cabeça, tentando consolá-la:
— Calma Luna, lembre-se de que, pelo menos nós conseguimos algumas informações importantes ontem. E mesmo sem ter como interrogar os bandidos, ainda temos a adaga e assim que-
No momento em que a palavra “Adaga” chegou aos seus ouvidos, Luna levantou a cabeça, olhando bem fundo nos olhos do gato. Eles brilhavam e ela tinha um sorriso malicioso no rosto, aquilo era suficiente para Kuro saber o que ela estava pensando. Ela tentou enrolá-lo:
— Temos a adaga, é verdade. Que bommm! Ei Kuro, me conta, onde você a deixou? Quero dar uma olhada rápida sabe...
— Nem vêm. Eu sei o que você pretende fazer, só vamos vendê-la quando eu tiver feito meu trabalho.
— Vender? Não, não, você entendeu errado. Eu só quero conferir algo importante. O que eu uso nas batalhas é um item mágico, e a que conseguimos ontem é um encantado, certo? Lembro que você me disse que existem diferenças entre esses dois tipos, por isso eu queria comparar.
Aquela encenação barata dificilmente enganaria uma criança, se tinha algo em que ela era péssima, era em mentir ou tentar persuadir alguém.
— Eu não sou burro, você não vai chegar perto dela até eu terminar de analisá-la.
— Ah... Entendi...
Já que enrolar não funcionou, Luna entrou em modo de ataque. Ela se levantou bruscamente e tentou agarrar Kuro, que desviou pulando na cabeça dela e depois de volta para o chão. Os dois se encaravam como gato e rato, só que ao contrário. Luna começou a se aproximar dele, que recuava, sem tirar os olhos dela. Quando o assunto envolvia dinheiro, ela se transformava.
— Me dá logo a adaga, bola de pelos! Eu sei que consigo vender ela antes de chegar no trabalho. Devo ganhar no mínimo 5 moedas de ouro e isso já é quase meu
— Bola de... Sua... Olha aqui, Lunática, já disse que não. Vai trabalhar e esquece isso! Quando você chegar de noite, talvez eu já tenha terminado. Você não queria se encontrar com uma bruxa pela primeira vez?
— Nem ferrando, não me importo com essa bruxa velha. Só quero o dinheiro que eu não recebi ontem e que é meu por direito. Estou irritada com tudo o que aconteceu e não quero ter que partir para a ignorância. Então passa logo pra cá!
Luna encurralou Kuro em um canto da casa e começou a levar seus braços até ele, que não tinha por onde fugir.
— Se você chegar mais perto, eu não vou me responsabilizar pelos meus atos, Luna!
— Há! E o que você pode fazer? Seu corpo deve estar tão esgotado quanto o meu. Você não deve conseguir lançar nenhum feitiço no seu estado.
Ela estava certa, existe um limite para a quantidade de magia que alguém consegue usar. Quando se usa magia, o corpo do usuário precisa descansar bem e reabastecer suas energias. Normalmente uma noite de sono resolve isso, mas como os dois não tinham descansado e também tinham exagerado na noite anterior, eles precisariam de mais tempo. Luna queria se aproveitar dessa chance, mas ela havia se esquecido de que Kuro tinha outros meios de se defender. Enquanto ela chegava mais perto, pronta para pegá-lo, o gato saltou em direção ao seu rosto e falou:
— Você não me deixa escolha. Receba meu golpe especial: “Garras de tigre”!
Ele arranhou o rosto de sua oponente, pousando majestosamente no chão. Luna gritou e se encolheu de dor, rolando pela sala com as mãos no rosto.
— AI AI AI AI AI AIIIII!! Por que você fez isso!? Gato ingrato, não vou mais cozinhar para você!
— Como se eu ligasse. Até agradeço na verdade, você é horrível na cozinha! Eu prefiro comer peixe cru ao que ter que encarar seu “Misterioso Ensopado X”.
Apesar de ser um gato, ele não gostava de peixe.
— Você vai ver só! Vou comprar algo bem gostoso só pra mim, e você vai ficar babando de vontade. Não vou te dar nem um pouco!
— E com que dinheiro você vai fazer isso?
Luna se levantou apressada, pegando sua bolsa que estava jogada no chão ao lado da cama, ela foi correndo até a porta, com o peso de sua derrota humilhante e o rosto ardendo devido ao ferimento da batalha. Antes de ir embora, ela virou para Kuro e disse:
—Você vai ver!
Mostrou a língua e bateu a porta. Kuro podia ouvir seus passos pesados vindos do lado de fora. Ele suspirava enquanto pensava: até onde chega a ganancia dessa menina? Depois de se acalmar, ele parou para refletir sobre o que ela tinha dito antes da briga:
Puff. Sumiram sem nem deixar rastros.
— Humm. Será que a bruxa tem algo a ver com isso? A cidade tem uma barreira em volta, então ela não deveria ser capaz de entrar aqui, não sem alguém perceber... Acho que é melhor eu começar a mexer na adaga logo.
Ele olhou para o topo da estante de livros, onde o objeto estava escondido. Luna não conseguia alcançar ali, então aquele era o lugar perfeito para ele esconder coisas. Antes de pular, ele sentiu a moleza de seu corpo devido ao sono, mas apesar disso, seu senso de dever era forte, ele sabia que deveria descobrir o que pudesse sobre a bruxa o quanto antes (Assim a menina o deixaria em paz).
— Certo, vamos começar.
E então, Kuro pulou na cama de Luna e
— Depois de uma soneca, eu sou meio gato afinal de contas.
dormiu.
~~~
Luna andava pisando forte no chão, bufando e com a cara emburrada (e arranhada). Quem passava por perto ficava curioso, mas evitava manter contato visual. Seu destino não ficava longe de sua residência. Com apenas dez minutos de caminhada, ela já havia chegado ao seu local de trabalho. Entrando pela porta da frente, Luna foi recebida com comprimentos calorosos do pessoal, que já estava lá bebendo, mas ela passou reto, ignorando-os. A garota cruzou o salão, sendo seguida pelos olhares dos aventureiros que agora estavam calados e confusos. Ela passou pela porta que ficava atrás do balcão que dividia a parte da frente e a cozinha, deixou sua bolsa pendurada em uma cadeira, vestiu seu avental e suspirou olhando para o espelho. Ela resmungava para sí, pensando nos acontecimentos recentes. Antes de poder voltar ao salão, Sofia trombou com ela que, reparando em seu comportamento, perguntou:
— Luna, está tudo bem? Você parece cansada e mais mau humorada do que de costume.
— É apenas a sensação de fracasso em minha vida. O de sempre.
Ela respondeu como se não tivesse ouvido a ultima parte. Sofia se espantou com a atitude atípica da garota, o normal seria ela retrucar a provocação. Olhando melhor, ela percebeu as marcas do arranhão:
— O que aconteceu com seu rosto? Bateu em algum lugar vindo pra cá?
— Isso é culpa do Kuro, aquele bicho ingrato...
Novamente suas provocações passaram em branco, tinha algo de muito errado naquela situação. Uma simples briga com seu gato não a deixaria assim. Ela continuou tentando extrair informações:
— Ele é um gato tão comportado e calmo, você estava irritando ele não é?
— Não estava não! Ele pegou algo que é meu e eu só queria de volta pra vender! Mas aí ele ficou estressado e me arranhou. Consegui aquilo depois de tanto esforço ontem à noite... Ele é muito injusto!
— De noite?
Aquelas palavras e o modo como ela às disseram fizeram Sofia refletir. O que será que a garota estava fazendo de noite que lhe rendeu algo de valor? Milhares de cenários começaram a rolar em sua mente: ela cogitou a ideia da garota estar roubando; contrabandeando artigos ilegais no mercado negro; até mesmo fazendo serviços para gangues. Não importava o que fosse, suas fantasias terminavam com Luna sendo perseguida por seus cobradores ou pela milícia e tendo que passar o resto de seus dias na prisão. Ou pior... Sofia não podia ficar parada enquanto sua colega se envolvia com coisas perigosas. Ela tentou conversar com Luna sobre o assunto:
— Luna, você não...
Mas antes que ela pudesse tentar, a menina já tinha ido embora. A moça ficou um bom tempo perdida em seus pensamentos e nem percebeu que a colega já estava servindo os aventureiros. Ela decidiu pensar melhor sobre como abordar Luna e falar com ela mais tarde.
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Luna estava mesmo perturbada com o ocorrido. Apesar das frequentes brincadeiras dos aventureiros, ela ignorava tudo, como se tivesse um filtro anti-provocações instalado em seus ouvidos. Todos estavam realmente preocupados com ela, mas Sofia era quem mais sofria com seus pensamentos estranhos. O normal àquela altura era terem acontecido três discussões e pelo menos uma briga, mas com as duas garçonetes abaladas, o clima do local ficou estranho e todos permaneciam em silencio, bebendo e comendo desconfortáveis enquanto se entreolhavam.
Na hora do almoço Luna recebeu mais uma surpresa desagradável: ela saiu tão apressada com a briga de manha que se esqueceu de fazer sua marmita. Ela pensou em preparar algo na cozinha e compensar os ingredientes depois, mas as palavras de Kuro sobre sua comida ecoaram em sua mente, então ela desistiu. A menina também pensou em pedir para Sofia preparar algo, mas sua colega parecia perturbada com alguma coisa. Ela sussurrava palavras como “gangues”, “cobradores”, “prisão”, “indecência”, enquanto olhava fixamente para os legumes que estava cortando. Não querendo incomodar, Luna decidiu sair para comer em um restaurante próximo, do qual ela já estava acostumada a frequentar. Ela tinha apenas 10 moedas de prata e mais algumas de bronze consigo, dava para pagar pela refeição, mas sobraria pouco dinheiro. Após pensar bem, ela percebeu que não tinha jeito, era isso ou desmaiar de fome até o final de seu turno. Além disso, ela queria conversar com uma certa pessoa.
Ela entrou em um pequeno restaurante com uma placa escrito “bom apetite” acima da porta. Algumas flores enfeitavam as sacadas das janelas pelo lado de fora, tirando isso, não havia outra coisa que chamasse atenção para o restaurante. Do lado de dentro, havia seis mesas com quatro cadeiras em cada uma, um balcão com alguns bolos e outros doces expostos na vitrine e alguns quadros pendurados pelas paredes com paisagens pintadas. O lugar estava vazio exceto pela dona e Luna. A mulher era uma senhora, que sorriu quando viu a garota entrar. As duas começaram a conversar:
— Que bom que você veio Lu! Vejo que ainda não se esqueceu dessa velhota aqui.
— Que isso tia, o dia em que eu me esquecer da senhora e sua comida é porque bati forte com a cabeça.
— Ha ha, fico feliz ouvindo isso. Já até sei o que você quer comer, vai ficar pronto em um segundo!—
A boa relação das duas era visível, elas pareciam como neta e avó conversando. A senhora se chamava Helena, mas ela não gostava de formalidades, por isso Luna a chamava por tia, e as vezes de vovó. Seus olhos eram castanhos e ela usava um par de óculos redondo e pequeno, apesar de ter por volta de 60 anos a única coisa que denunciava sua idade eram seus cabelos grisalhos. Quem não a conhece diria que ela tem 40 anos no máximo. Ela era meio rechonchuda e só um pouco maior que a menina. Ela usava um vestido rosa com estampa de flores, além de uma rede de cabelo. A senhora foi uma das primeiras pessoas que Luna conheceu, quando chegou a Nibel. E também era a pessoa da qual ela tinha mais respeito e afeição. A garota visitava o lugar pelo menos uma vez por semana para colocar a conversa em dia e comer sua deliciosa comida.
Helena trouxe a comida quando ficou pronto, era um prato cheio, com arroz, purê de batata, bife e salada de cenoura. Ela salivava enquanto olhava para a refeição, e a senhora a olhava com um sorriso de satisfação.
— Coma tudo viu?
— Pode deixar! Muito obrigada!
A cliente parecia comer como se aquela fosse sua ultima refeição nesse mundo, não só por estar com fome, mas também porque, para ela, a comida de Helena era como algo feito por criaturas celestiais, nada que ela já tivesse provado podia se comparar. Depois de raspar o prato, Luna recostou-se na cadeira e fechou os olhos por alguns momentos, satisfeita. Como o local estava vazio, Helena puxou uma das cadeiras e se sentou junto a ela, começando uma conversa:
— E então, como vão as coisas? Aquele velho e os membros da guilda estão te dando muito trabalho?
— Como sempre! Todo dia é a mesma coisa. Todo mundo sentado e bebendo sem trabalhar, enquanto eu e Sofia nos matamos. Além de todo mundo ficar tirando sarro de mim. Se bem que hoje foi bem tranquilo...
— Hum, eles não mudam mesmo. Qualquer dia desses vou lá dar uma lição em todo mundo.
— Por favor! Isso me ajudaria muito.
Elas riam, despreocupadas com o mundo. Estes momentos de paz eram prazerosos.
— E como que vai o Kuro? Está cuidando direitinho dele?
— Ah. Estou tentando, mas ele não ajuda muito. Hoje de manha ele veio com aquelas garras para cima de mim. Esse gato é muito ingrato, vou te contar viu.
— Ha ha ha. Esses conflitos provam o quão próximos vocês são. Mas cuidado para não exagerar.
— Onde que a gente é próximo? Eu cozinho, dou um teto e compro coisas pra ele. E ainda assim ele me ataca sem dó. Eu só queria que ele me entendesse...
Luna olhou para baixo com uma cara melancólica, como se estivesse arrependida.
— Eu só queria que ele entendesse que eu quero poder fazer mais por ele... Por muito tempo ele foi o único que cuidou de mim, enquanto todos os outros me rejeitavam. Ele me protegia e de alguma forma conseguia achar comida pra gente. Não quero continuar sendo uma inútil. Não quero mais...
Ela estava prestes a chorar. Helena colocou sua mão sobre a cabeça da menina e começou a falar de um modo doce, como uma mãe que consolava sua filha, acalmando seu coração:
— Luna, você não é inútil. Não fale uma coisa dessas. Você está fazendo tudo o que pode no momento para sustentar ambos. As vezes, nossas ações podem ser mal interpretadas, mas eu sei e tenho certeza que o Kuro também sabe o quão esforçada você é. E, além disso, se ele não te amasse, ele não teria enfrentado tudo isso junto a você até hoje.
A menina olhava para Helena, com os olhos lacrimejando, prestes a chorar. Ela levou os braços até seus olhos esfregando-os, envergonhada.
— Obrigada, vovó. Você é a melhor!
— Ha ha ha, que isso. Pode contar comigo sempre que precisar.
Luna olhava para ela sorrindo como uma criancinha. Meio sem jeito ela perguntou:
— Erm, sabe... Será que um dia desses, se você não se importar claro, e eu não for atrapalhar também... Será que você, poderia me ensinar a cozinhar?
— Mas é claro que sim menina. E não se preocupe que não será incomodo nenhum.
Ela abriu um largo sorriso no rosto com a resposta e se levantou para abraçar a senhora. A relação delas era muito bela.
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Depois de se despedir e pagar pela refeição, lhe sobrou uma moeda de prata. Se ela tivesse contado sobre sua situação, Helena não a deixaria pagar, mas Luna não aguentaria o peso em sua consciência, a senhora já era muito boazinha e ela não queria abusar. Seu pagamento viria em dois dias, dava para sobreviver com o que já tinha em casa. Ela voltava para a guilda pensando em como se desculpar com seu amigo. Ela viu vários ingredientes frescos, doces e comidas que pareciam muito gostosas, passando pelas tendas e lojas. Coisas que Kuro com certeza adoraria comer. Mas na sua situação atual, era impossível levar algo para casa sem cometer um crime.
Chegando novamente no trabalho, Luna colocou o avental e voltou a fazer seu serviço. Todo mundo já tinha desistido de tentar brincar com ela e Sofia a encarava de longe com um olhar mórbido. O clima da guilda estava tenso, mas a menina não se dava conta disso, estava ocupada demais com seus pensamentos.
Em meio a suas idas e vindas pelo salão, Luna dava uma olhada nos serviços disponíveis no quadro. Tinham vários trabalhos fáceis que pagavam pouco, como era de se esperar. Mas um deles chamou sua atenção: “Lobos estão atacando os animais da minha fazenda. Ofereço uma moeda de ouro para quem se livrar deles. Traga provas de que completou o serviço”. A recompensa era consideravelmente alta para esse tipo de trabalho. Mesmo não estando descansada, seria fácil lidar com alguns animais selvagens e, de bônus, ainda dava para ganhar alguns trocados com a pele dos lobos, ou até mesmo fazer roupas para passar o inverno. Depois de pensar muito, Luna abriu um largo sorriso e começou a rir baixinho. Sofia tinha finalmente criado coragem para falar com ela, mas quando chegou perto, viu que a garota estava mais estranha ainda.
— Lu, se você precisar descansar hoje, pode ir tá?
— Não precisa mais Sofia, agora voltei ao meu estado normal.
— Sério? Que alívio, eu estava muito preocupada com você.
— Vou compensar o fracasso de ontem à noite, me aguarde.
— Ah, sobre o que você fez ontem...
— Kuro, vou te mostrar que não sou uma inútil.
Luna não ouvia o que a colega tinha a dizer, ela estava perdida em seu mundo. Todos que observavam ficavam mais preocupados ainda. Sofia sozinha não tinha poder para colocar um pouco de razão na cabeça da garota, era algo que apenas o mestre conseguiria fazer.
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Luna decidiu fazer a missão sem a ajuda de Kuro, ela não achava necessário trazer seu companheiro para lidar com alguns lobos e, se não fosse capaz de resolver isso, deveria desistir de aperfeiçoar seus poderes. Ela estava com seu chapéu na cabeça e se encontrava sentada em uma pedra, do lado de fora da fazenda que ficava a dois quilômetros de distancia dos muros da cidade. O local era bem próximo da floresta, por isso era comum acontecer acidentes com animais selvagens na região. Ela tentava se lembrar das informações do serviço:
— Segundo a folha de trabalho, faz uma semana que os lobos apareceram. “O fazendeiro ouve o som de uivos e os lobos aparecem atacando os animais. Por serem muitos, ele não se arrisca a enfrentá-los”... Não parece difícil para mim.
Ela ficou sentada observando a paisagem, enquanto esperava pelos lobos. Era por volta das 7 da noite e a lua brilhava no céu estralado. Seus cabelos prateados esvoaçavam com o vento que soprava suavemente e fazia as folhagens dançarem, quebrando o silencio daquele cenário. Luna estava pensando na noite em que ela conheceu Kuro, ainda se sentindo mal por causa da briga de manhã. Ela só estava fazendo aquele serviço para poder surpreendê-lo com algo especial e pedir desculpas. A menina era cabeça dura, e também se sentia envergonhada quando pedia desculpas, por saber que estava errada, então ela sempre tentava compensar com algo a mais. Ela era uma boa garota.
De repente, tudo ficou silencioso e Luna pode ver algumas criaturas saindo por entre as arvores. Sua missão havia começado.
— Me espere Kuro, quando eu chegar em casa, vou me desculpar direito com você.
Eram muitos lobos. Cerca de 20 manchas escuras se aproximavam lentamente da menina que saiu de onde estava, mantendo os olhos nos oponente que a cercavam lentamente. Um deles era ligeiramente maior que os demais e tinha olhos vermelhos, parecia ser o líder da alcateia. Era um momento de tensão, o vento ousava mais soprar. Sem dar avisos, um dos lobos que estava as suas costas partiu em direção dela e outros, de ângulos diferentes, seguiram sua deixa. Nesse instante, o martelo se materializou em suas mãos. Ela tinha se acostumado a lutar contra animais em sua infância então, para ela, aquilo não era problema. Os lobos avançavam em sua direção, um atrás do outro, mirando em seu pescoço, braços e pernas. Ela desviava das mordidas, acertando um ou outro quando possível. A quantidade de inimigos caía rapidamente, aquilo era fácil. Até de mais. Havia um problema naquela situação que ela demorou a perceber. Os lobos que eram golpeados viravam fumaça e se juntavam ao redor do que tinha olhos vermelhos. Agora havia uma massa negra reunida em volta dele. Ele tinha sido o único que não tinha partido para cima dela. A fumaça tinha tomado uma forma solida, um lobo gigantesco de olhos vermelhos estava diante da garota. O que estava atacando a fazenda não eram animais selvagens, era algo que ela nunca tinha visto antes.
— Mas que droga é essa?
A criatura era duas vezes maior que Luna e quase a esmagou com sua pata. A criatura a olhava enquanto rosnava. Luna decidiu correr para dentro da floresta para se proteger, mas o monstro foi atrás dela, derrubando as arvores em seu caminho como se não fossem nada. Seu plano havia falhado e Luna começou a sentir o peso do cansaço em seu corpo. Ela não esperava que seu oponente fosse um monstro. Não avisar Kuro foi um erro. O lobo estava se aproximando e ela sabia que não poderia correr para sempre. Luna saltou em direção a um galho alto e de lá, virou seu corpo, dando outro pulo, mas em direção ao monstro. Ela estava acima de suas costas agora. Seu martelo aumentou de tamanho e ela bateu na criatura, que caiu com as pernas abertas no chão. Aproveitando, ela golpeou um dos lados da cabeça de sua cabeça, que se dissipou.
— Consegui!
Só que mesmo sem a cabeça, o lobo se levantou, e acertou a garota com a pata. Ela foi arremessada, mas conseguiu evitar se chocar contra uma arvore, girando o martelo em sua direção para absorver o impacto. Ela sentiu uma dor latejante e olhando para baixo viu que o lado esquerdo da sua cintura estava sangrando.
— O que é essa coisa? Como eu derroto isso?
O monstro tinha se regenerado e olhava em direção à menina, que voltou a correr com dificuldades. Ela estava ofegante e seu cabelo ia perdendo o tom prateado aos poucos. Por causa de seu descuido, agora ela se encontrava em uma situação de vida ou morte. Ela fez o martelo voltar à forma de joia para poupar energias. O som de arvores caindo e passos pesados estavam ficando cada vez mais altos. Ela não conseguia correr mais rápido do que aquilo. Era apenas questão de tempo até que o lobo a alcançasse. Já que não tinha jeito, ela decidiu apostar tudo em um ultimo golpe. Ela começou a reunir energia em seu corpo e a transferir para a joia, que brilhava intensamente, enquanto corria. Quando o limite de energia foi alcançado, ela virou e se aprontou para dar o golpe que decidiria tudo. O monstro estava a seis metros de distancia dela, uma foice se formou nas mãos de Luna, e então ela se preparou para liberar a energia. Quando o lobo estava perto o suficiente, uma luz brilhante acertou sua cabeça, mas essa luz não veio dela, era algo diferente. A criatura caiu de lado e lá estava um cavaleiro de pé com espada e escudo em mãos.
— Quem é você?
Ele vestia uma armadura que cobria todo o seu corpo e, como se ignorasse sua pergunta, disse:
— Cuidado garotinha, ele ainda não foi derrotado.
— Quem é garotinha aqui!?
O lobo se levantou e agora olhava para o novo oponente, antes que ele pudesse fazer algo, sua cabeça tinha sido dissipada novamente pela foice da garota, que agora estava do lado de seu salvador.
— Não vá se achando, eu posso cuidar dele sozinha.
— Você parece estar fraca. Não vejo como pode derrotá-lo.
— Seu... Esquece. Vamos trabalhar juntos, não estou na minha melhor forma mesmo...
O lobo havia se regenerado novamente, só que mais lentamente desta vez. Ele avançou na direção dos dois, que desviaram, cada um para um lado diferente. Luna e o cavaleiro cortavam o monstro sempre que podiam, e cada vez mais sua regeneração se tornava mais lenta. Até que ele se dividiu em dois. Uma tinha olhos vermelhos e o outro não. O cavaleiro parecia preocupado:
— Droga, se um já era difícil...
— Espere, tem algo de errado nisso.
Luna tinha percebido a diferença e se lembrou de que antes de virar uma coisa só, apenas um dos lobos tinha olhos vermelhos, e foi esse que estava no meio da fumaça.
— O de olhos vermelhos parece ter algo de especial. Chame a atenção do outro que eu cuido dele.
Respondendo com sua espada, o cavaleiro desviou de uma mordida e cortou a copia, que se dividiu novamente. Luna então ceifou o outro e, novamente, apenas uma das figuras tinha olhos vermelhos.
—Como pensei, esse daqui é o original. Se regenerar deve tomar muita energia, então ele deve estar se dividindo para compensar. Continue assim, eu cuido do original.
Mesmo dizendo isso, seu corpo estava pesado e o sangue ainda escorria de sua ferida, seria difícil lidar com vários de uma só vez. Cada um começou a lutar com seus respectivos oponentes, ela tomava cuidado para não fazer movimentos desnecessários, enquanto o cavaleiro atacava aqueles que sobravam e iam em direção a Luna. Quanto menor a criatura ficava, mais difícil era manter o ritmo, Luna tomou alguns arranhões, e sua roupa ficou manchada de sangue em vários locais, mas quem recebia a maior parte do dano era seu parceiro. Mais um corte e agora o original tinha o tamanho de quando ela o encontrou.
— Agora vou terminar isso!
Luna transformou a foice em martelo e o fez aumentar de tamanho com o resto de energia que lhe sobrou. Ela ergueu sua arma que ficou maior que o lobo e, antes que pudesse finalizar, uma das cópias avançou em sua direção. Em sua posição era impossível desviar, ela só podia concluir o ataque e rezar. Com um movimento de cima para baixo, ela esmagou o monstro no chão. Todas as cópias se dissiparam quase que instantaneamente e em baixo de seu martelo tinha um filhote de lobo. Ela sentou no chão, aliviada e olhou para seu ajudante. Ele tinha entrado na frente da copia que ia atacá-la. Apesar de vestir armadura, a mordida atravessou o metal e chegou a perfurar sua pele. Sangue saia pelos buracos. Luna se levantou e foi na direção dele, que se apoiava na espada. O cavaleiro a ignorou, ele estava de olho na pequena criatura, que havia expelido uma pedra roxa brilhante de sua boca. Ele então foi mancando até o filhote e, erguendo sua espada, se preparou para dar o golpe de misericórdia. Luna rapidamente interferiu, se jogando no chão, a frente dele, protegendo o filhote com seu corpo. O cavaleiro parou o ataque a tempo. Luna ficou furiosa com sua atitude e começou a discutir com ele:
— Ei, o que você acha que está fazendo? Estamos seguros agora e ele está ferido
— Por isso mesmo, vou livrar essa pobre criatura de seu sofrimento.
— Não, pare com isso.
Ela então pegou o filhote em seus braços e foi para longe do cavaleiro, tropeçando e caindo de joelhos.
— Eu vou cuidar dele.
Dizendo isso, ela o colocou no chão e esticou os braços em sua direção. Uma luz branca saia de suas mãos e envolvia a pequena criatura. Suas feridas começaram a se curar, e sua respiração estava voltando ao normal. Luna olhou aliviada para ele enquanto o cavaleiro dizia:
— Você sabe que se o soltarmos sozinho na floresta, ele provavelmente vai morrer não é? É melhor mata-lo, antes que ele tenha que sofrer.
— Não diga essas coisas. Se for preciso eu cuido dele! Não vou aceitar que ele tenha que morrer.
— Você está falando sério?
— É claro!
Eles ficaram se encarando por um tempo, até que ouviram alguns barulhos vindos dos arbustos. Eles estavam cercados por uma alcateia de lobos, só que, dessa vez, os animais eram de carne e osso. O filhote se esforçou para levantar e então foi caminhando com um pouco de dificuldade até os animais, desaparecendo no meio deles. Então os lobos foram embora. Luna ficou aliviada.
— Viu só? Ele ficou bem no fin-
O cavaleiro retirou o capacete, que estava todo amassado. Seus cabelos eram da cor vermelho escarlate, assim como seus olhos. Pela aparência, ele não deveria ser muito mais velho que ela. Luna reparou que seus olhos brilhavam, parecia que ele estava chorando.
— Que bom. Ele não está sozinho.
— Você...
Ele desabou no chão, estava saindo muito sangue de sua armadura. Luna foi para perto dele a retirou para usar sua magia de cura. Quando ele parou de sangrar, era vez dela se tratar. Não dava para dizem que estava pior. Terminando os primeiros socorros, Luna decidiu levá-lo até sua casa na cidade. Mesmo com a dor e o cansaço, ela não poderia deixá-lo sozinho na floresta. Se não fosse por ele, quem sabe o que seria dela agora... Luna pegou a pedra roxa e deixou a armadura dele ali mesmo, ela estava toda furada e amassada. Apoiando o rapaz em seus ombros, ela foi caminhando de volta para a cidade. Graças a esta pessoa, ela estava viva e agora era sua vez de retribuir o favor. No meio do caminho ela se deu conta de que ela não tinha matado nenhum lobo de verdade. Então não tinha provas de que havia concluído o serviço. Ninguém acreditaria que os dois tinham lutado contra uma criatura de fumaça com formato de lobo, do qual ninguém nunca tinha visto. O Deus do azar estava fazendo um ótimo trabalho.
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Kuro andava para lá e para cá dentro de casa. Era 9 horas da noite. Ele tinha procurado por Luna em toda a cidade e não viu nenhum sinal dela. Ele estava preocupado com a possibilidade da bruxa ter pegado ela. Enquanto ele se desesperava, a porta se abriu, e lá estava a menina toda suja de sangue e terra, com a roupa rasgada e cara de morta. Uma mistura de alívio e raiva preencheu o gato:
— Luna! O que aconteceu com você!? Onde você esteve até agora!? Eu fiquei preocupado, saí procurando por todo lugar, mas não vi nem sina-
Só ele tinha percebido a outra pessoa apoiada na garota.
— Quem é esse?
— Eu me encontrei com ele na floresta. Ele me ajudou na luta contra um monstro.
— O que!? Monstro!?
Agora, apenas a raiva o preenchia.
— Luna, você foi lutar fora da cidade sem mim!? Você perdeu o pouco do juízo que te restava!?
— Calma Kuro, não isso, eu-
— Então o que é!? E se você tivesse morrido, o que eu faria em!?
De repente, ele parou de falar, percebendo o que tinha dito. Ele abaixou a cabeça, arrependido de suas palavras.
— Luna, olha... Eu-
— Me desculpa, Kuro!
Quando ele olhou de volta para ela, a menina estava ajoelhada, com a cara toda vermelha e chorando. Em meio a soluços ela começou a se desculpar:
— Eu fui uma idiota! Briguei com você de manhã por um motivo idiota e saí sem te avisar porque pensei que conseguiria me virar sozinha. Me desculpe por sempre dar trabalho, igual hoje de manhã! Me desculpe por eu ser uma inútil. Me desculpe por ser uma ingrata!
O gato ficou sem palavras. Ele nunca tinha visto a menina se desculpar daquela forma. Ele já não estava mais bravo com ela, o importante é que ela estava ali.
— Tudo bem. Eu não devia ter gritado com você também, ou arranhado seu rosto de manhã. Eu sinto muito.
Agora ela chorava mais ainda. Kuro parecia um pai, se conciliando com sua criança. Ele sabia que ela não fazia essas coisas por mal. Tudo era pensando no melhor para os dois, mas às vezes ela ficava cega com seus desejos. Depois que ela tinha parado de chorar, Kuro voltou a sua pergunta inicial:
— Quem é essa pessoa com você? Vocês dois estão horríveis, o que aconteceu exatamente?
Ela deitou o rapaz no chão e apoiou sua cabeça em algumas almofadas e então contou tudo o que aconteceu, mostrando a pedra roxa para gato. Kuro deu uma olhada no corpo do rapaz.
— Para quem está quase sem energia você fez bons primeiros socorros. Além disso, ele parece meio magro, acho que ele não come a alguns dias. Mas não tem nada com o que se preocupar.
— Que alívio. Ainda bem que tudo acabou bem.
— Mas pelo seu estado, a criatura devia ser realmente forte.
Ele olhou para o vestido cheio de rasgos e machado de sangue.
— Dessa vez você deu sorte, por favor, não saia sem me avisar. Mesmo que a Lua te de forças, isso não quer dizer que você é invencível. Tome um banho que eu cuido do rapaz. Sua magia de cura é muito melhor que a minha, mas desse jeito você vai desmaiar assim que terminar o processo. Então pode deixar comigo. Depois é sua vez.
Luna concordou e foi até o banheiro. Kuro estava sozinho com o menino desmaiado e então reparou no colar em seu pescoço.
— Esse emblema é da guarda real de Nibel... Eu nunca a vi antes. Quem essa pessoa realmente é?
O rapaz começou a gemer e então abriu os olhos, ele sentou no chão e começou a olhar ao redor, meio grogue.
— Onde...
Kuro se assustou, naquele estado ele não devia despertar assim. Ele foi depressa até a porta do banheiro para avisar Luna, mas antes que ele conseguisse, a porta se abriu e a menina saiu com uma toalha enrolada em seu corpo.
— Ah, esqueci meu pijama, vou pegar e voltar lo-
Lá estava Luna. Com apenas uma toalha cobrindo seu corpo, de frente para um rapaz que estava sentado no chão com um olhar distante para ela.
—Uma... Deusa?
— KYAAAAAAAHHHHHH!!!
Luna se encolheu e esticou o braço em direção ao seu salvador. Uma luz brilhou de sua mão e o rapaz foi ejetado com força em direção à janela, que quebrou. Agora o garoto estava do lado de fora da casa, novamente inconsciente e Luna caiu batendo a testa no chão, ainda só de toalha. Ela sentia suas forças se extinguindo. Aquele tinha sido seu limite de energia. Seus cabelos tinham voltado à cor normal e Kuro olhava para ela e a janela quebrada, em silencio. Ele podia sentir que seus dias seriam mais barulhentos daqui para frente.
~~Continua...~~
Extra: Luna não sabe cozinhar direito. Sempre que ela faz seu ensopado, Kuro joga a comida fora e passa fome.
Autor(a): tsuki_nishiha
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