Fanfic: Menina Má - Vondy | Tema: rebelde

Do outro lado da cidade, em um presídio de segurança mínima, Pablo recebia seu pedido de liberdade provisória. Ele já havia sido julgado e condenado à oito anos de prisão. Teve que se segurar muito para não correr até Dulce e entrangula-la quando foi depor contra ele. Era uma descarada, mentia tão naturalmente que era impossível duvidar dela. Depois de semanas tentando provar sua inocência ele percebeu que seria inútil, então nem sequer perdeu tempo de se defender no julgamento. A única coisa que queria era um pedido de liberdade provisória.

Três dias fora daquele lugar seriam suficientes para o que ele havia planejado. Seu defensor público, o único que acreditava na sua versão dos fatos, se dispôs a convencer o juiz deste pedido. Depois de um mês trancafiado naquela cela, apenas ele e seus pensamentos, finalmente se deu conta do caráter imundo de Dulce. Não poderia deixar Santiago enganado para sempre.

O táxi parou em frente a joalheria. Ele puxou o capuz sobre a cabeça e entrou sem ser reconhecido. Ao chegar no escritório de Santiago, deu de cara com Christopher.

-Tem hora marcada?

- Não. Mas eu preciso falar com o senhor Garcia, é um recado da casa dele. - disse tentando disfarçar a voz e não o olhando no rosto. Christopher o olhou com desconfiança, mas mesmo assim interfonou para o chefe.

- Pode entrar.

Santiago juntava suas coisas em uma caixa, o que deixou Pablo surpreso. Teria vendido o negócio? Além disso, tinha uma expressão abatida e doente.

- O que faz aqui? - exasperou quando viu Pablo tirar o capuz. - Não me diga que fugiu da cadeia?

- Não, estou em liberdade provisória. Por favor, Santiago, não chame a segurança. O que eu tenho pra falar é do seu interesse.

- Não tenho nada para falar com você. Não tenho tempo para suas besteiras, se veio reclamar suas contas fale com Juan. Eu estou saindo de licença médica.

- Não tem nada a ver com dinheiro. Eu vim falar sobre Dulce. 

- Não fale o nome dela outra vez! Dulce é minha esposa e você ultrapassou os limites quando encostou essas mãos imundas nela, Pablo!

- Escuta, Santiago, ela não é quem você pensa. É uma manipuladora, mentirosa!

- Como ousa? Cale a boca imediatamente!

- Eu e Dulce fomos amantes por muito tempo. E no dia do suposto estupro, ela quis romper comigo. Eu estava apaixonado, não conseguia mas ficar sem ela e no desespero ameacei contar tudo a você se ela me deixasse. No momento ela cedeu e achei que estivéssemos resolvidos, até que aconteceu tudo aquilo.

- Mentiroso! Acha que vou acreditar nisso? Saia já daqui! - gritou.

- Pense, Santiago. O que eu ganharia inventando essa história? Já fui condenado e irei passar boa parte de minha vida atrás das grades.

- Você quer destruir meu casamento. Mas eu conheço a Dulce, ela não seria capaz. Ela não!

- Sabia que não acreditaria em mim. Mas eu trouxe isto. - retirou uma presilha dourada do bolso. Ele reconheceu o objeto de imediato, Dulce usava uma igual no dia em que se conheceram - Não te lembra nada?

Santiago não podia acreditar em seus próprios olhos. As provas eram evidentes, eles realmente tiverem um caso. Bem embaixo de seu nariz. Como ela ousara? Ele lhe dera tudo o que podia imaginar, a cobriu de luxos, lhe deu seu sobrenome. E ela o fazia de palhaço pelas costas. Quem era aquela mulher?

- Saia - murmurou com a voz embargada.

- Eu realmente sinto muito. Queria poder voltar no tempo e consertar essa merda - praguejou.

- Saia daqui! - lançou um vaso em sua direção que acertou a porta. Pablo lamentou mais uma vez e se foi.

Santiago estava destruído. Depois de quebrar todo o escritório, desabou em sua cadeira aos prantos. Ele era um homem experiente, maduro, como caira nas conversas de uma vigarista? Aquilo não poderia ser verdade. Será que nunca o havia amado? Seria mais uma de suas mentiras?

Ele não poderia ficar com aquelas dúvidas. Sem pensar em nada, se levantou com destino a sua casa. Iria desmascarar aquela imoral e coloca-lá na rua, nem que fosse pelos cabelos.

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