Fanfic: Menina Má - Vondy | Tema: rebelde

Desde a noite anterior o tal de Christopher não saia dos pensamentos de Dulce. Mal prestara atenção nos assuntos de Santiago durante o jantar, estava ocupada demais pensando em quem era aquele homem. Ela pensou que ele talvez pudesse ser um dos sócios, estava bem vestido e com aquela aparência com certeza não era qualquer um. Ou melhor ainda, poderia ser dono de seu próprio negócio mas estava lá a procura de filiações. Teria ele mais dinheiro que Santiago? O pensamento a agradava e muito.

Assim que ficasse viúva não perderia tempo, iria fisga-lo. Mas antes teria que seduzi-lo, deixa-lo apaixonado, o que não seria difícil para ela. 

Seu celular vibrou sobre a cama, chamando sua atenção para as rachaduras, não permitindo a visão do nome de quem estava ligando. Ela gemeu de desgosto, amava aquele telefone.

- Dulce Garcia. - saudou.

- Não posso acreditar que já me esqueceu, menina má - ela revirou os olhos e desejou nunca ter atendido.

- Como poderia esquece-lo, Pablito?

- Então venha me ver. Estou louco de saudades. Porque não atendeu as minhas ligações?

- Estava de férias com meu marido. Queria o que? Que eu atendesse suas ligações para deixa-lo desconfiado? Sinto muito, querido. Não estou disposta a arruinar meu casamento por um simples caso com um dos segurança da joalheria. - disse irritada, queria voltar no tempo e nunca ter se envolvido com Pablo. Era um amante pegajoso e ciumento. Duas qualidades detestáveis para ela.

- Adoro quando você me despreza. Quero que venha me ver hoje no horário de almoço. Santiago vai estar em uma reunião hoje, ninguém vai desconfiar de nada. Estou a sua espera. - desligou.

Ela jogou o telefone longe, quebrando-o de vez. Hoje mesmo iria romper com Pablo e fazer com que fosse demitido. Estava farta de suas cobranças.

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Dulce se admirou no espelho do elevador antes de solicitar o último andar, onde se encontrava com Pablo. O depósito era discreto e somente algumas pessoas circulavam por lá. Estava ansiosa para se livrar dele e também na expectativa de encontrar Christopher outra vez. E lá estava ele quando as portas se abriram, lindo em sua camisa social branca e os cabelos levemente molhados.

- Não esperava encontra-lo outra vez. - ofereceu-lhe a mão de forma sedutora.

- E nem eu a senhora, é um prazer reve-la - beijou sua palma. Aquele pequeno gesto já estava se tornando íntimo entre os dois.

- Igualmente, senhor...

- Uckermann. - ela franziu o cenho, mas asentiu com um sorriso. Nunca ouvira falar de nenhum Uckermann, não deviam ser do país. - Errou de andar, senhora? Aqui é o depósito - riu.

Antes que ela pudesse responder, eles foram interrompidos.

- Ah, você está aí, Dulce. Estava a sua espera, venha comigo. Com licença, Uckermanm. - Pablo apareceu de repente, segurando-a pelo braço e levando-a para a sala mais próxima. Dulce o olhou com uma expressão de desagrado, torcendo a boca. O empurrou para longe assim que a porta se fechou.

- Solte-me, você vai me criar um problemão!

- O que fazia conversando com ele? - exigiu saber.

- Isso não te diz respeito. Você fez uma estupidez que eu não perdôo. Não devia ter me dirigido a palavra e muito menos me segurar pelo braço como se fôssemos íntimos. Você podia me comprometer, não entende que precisa disfarçar? Onde estão seus miolos, Pablo?

Ele sorriu. Estava a mais de um mês sem vê-la e nem passou pela cabeça dela perguntar como ele estava, dar ao menos um sorriso ou uma palavra simpática. Foi direto ao que a interessava, sem perder tempo. Adorava sua personalidade, era apaixonado por ela, de fato.

- Você está linda - aproximou-se, segurando um cacho de seu cabelo cumprido, ela revirou os olhos sem disfarçar. - Só por isso te desculpo pelos insultos de agora e os que fez pelo telefone.

- Pablo, não quero que me procure nunca mais, ouviu? Nosso romance acaba aqui. Não se preocupe, garanto que vai sobreviver. Adeus. - sorriu, virando-se para escapar dele, mas Pablo foi mais rápido e a segurou com força pelos quadris. 

- Não acredito que achou que se livraria tão facilmente de mim - riu - Sou louco por você, Dulce. Jamais vou deixa-lá ir.

- Isso não é uma decisão sua! - afastou-se com um empurrão, indo em direção a porta.



- Se sair por aquela porta, conto tudo ao Santiago. Vamos ver se você vai continuar com essa pose toda quando for despachada de volta para a Espanha. - Dulce se voltou para ele, um brilho raivoso cobriu seus olhos e ela sorriu tão cínica como nunca.



- Essa ameaça é seria? - riu.



- Muito seria.



- Tudo bem, querido. Parece que temos um vencedor. - Pablo sorriu por finalmente conseguir derrota-la.



Dulce deu a volta na mesa, sentando-se na cadeira de Pablo e pegando um charuto.



- Sabe, ate que você é boa gente, mas tem um defeito horrível: a falta de ambição. Está contente com o que conseguiu, não é? Para você é muito cômodo essa posição de segurançazinho mequetrefe. Mas isso não é nada, Pablito. Por isso nunca serei sua mulher. Nunca vou estar contente com o que tenho. Sempre quero mais. - deu uma longa tragada antes de lançar a fumaça na direção dele.



Ele não soube o que responder, estava se sentindo humilhado e por mais que odiasse admitir, ela falava a verdade. Para ele felicidade era estar com ela e trabalhar na empresa. Isso significava que nunca conseguiria tê-la para si? Provavelmente.

Ela jogou o charuto no cinzeiro e se aproximou dele, beijando-o. Amava o poder que ela tinha sobre ele e odiava não ter nenhum poder sobre ela. Estava no inferno, ele sabia. Mas não conseguia se afastar, não mesmo.