Fanfic: Menina Má - Vondy | Tema: rebelde

Santiago se levantou para cumprimentar seu braço direito e advogado Juan. Ele acompanhara toda sua trajetória até chegar no topo e era o único em quem confiava de olhos fechados. Além de Dulce, é claro.

- Não sei porque já quer tanto fazer seu testamento, Santiago. Você ainda tem muitos anos pela frente.

- Não acredito muito nisso, Juan - lamentou, coçando o queixo - A cada dia que passa me sinto mais cansado e doente.

- Tem tomando os remédios direito? - desconfiou.

- Claro que sim. Dulce não descansa até que eu tenha tomado. - sorriu ao se lembrar dela. - Mas isso não tem nada a ver com minha doença. Não posso arriscar, não sei se estarei vivo amanhã e não quero que apareçam parentes sanguessugas na hora de minha morte para tirar proveito do que é meu.

- Tem razão. - admitiu, pegando alguns documentos e seu laptop. - Presumo que vai deixar todos os seus bens para sua prima Malvina que é a parente mais próxima, certo?

- Na verdade não. Claro, irei me lembrar de Malvina sim. Mas quero que minha herdeira universal seja Dulce.

Malvina era prima de segundo grau de Santiago. Após a morte do marido, há alguns meses, veio morar com ele e Dulce na mansão. Odiou saber que o primo se casara sem avisar a ninguém e odiou mais ainda a esposa, que para ela não passava de uma interesseira.

- Ela? - perguntou incrédulo - Vocês mal completaram um ano de casados. Não está se precipitando?

- Tenho certeza absoluta do que estou fazendo. Ninguém melhor do que ela para cuidar do que é meu.

- Até dos negócios, Santiago? - olhava para o amigo como ele tivesse duas cabeças.

- Não, isso não - suspirou - Essa missão vou deixar para você, Juan.

- O que? - riu.

- Isso mesmo. Quem vai comandar essa joalheria vai ser você. É o único em que confio para isso. Todas as minhas propriedades e milhões serão da minha esposa, mas não sou burro de entregar um negócio desse porte para alguém com vinte e três anos. Além disso, ela acabaria vendendo e esse lugar significa muito para mim. Acha que dá conta?

- Eu nem sei o que dizer - riu, envolvendo o amigo num abraço. - Pode deixar comigo. Por mais que eu ache que você não vai partir tão cedo, prometo zelar por este lugar. - Santiago deu dois tapinhas em suas costas.

- Cuide de minha Dulce também. Ela é tudo para mim. - Juan piscou para o amigo, numa promessa silenciosa.

------

- Não tem medo do Santiago te deixar sem nada? - Anahí disse preocupada enquanto pintava as unhas.

- Isso é impossível. Santiago é louco por mim. Além disso, pra quem ele deixaria essa fortuna? Não tem filhos e nem ex esposa.

- E a dona Malvadinha? - riu se referindo a prima Malvina.

Dulce a encarou, uma ruga de preocupação surgindo em sua testa. Nunca tinha parado pra pensar que Malvina poderia herdar tudo e ela ficar sem nada. Se isso acontecesse, com certeza aquela bruxa a expulsaria da casa e ela teria de voltar para a Espanha com uma mão na frente e outra atrás. Só de pensar nessa possibilidade sentia o ar ir embora.

- Meu Deus - passou as mãos no cabelo quase arrancando o couro cabeludo. - O que eu vou fazer, Annie? Não posso voltar a viver aquela vida, não posso! - esbravejou andando de um lado para o outro no quarto, como um animal enjaulado.

- Calma Dulce! Não precisa se desesperar. Foi só um pensamento. Santiago nunca te deixaria desamparada.

- Mas e se o testamento já estivesse pronto antes de nos casarmos dando plenos poderes a Malvina sobre a herança? Santiago pode morrer a qualquer momento e então tudo estará perdido! - Anahí mordeu o lábio inferior e começou a pensar. Uma ideia brilhou em sua mente e ela correu até Dulce, sentando-a na poltrona e se ajoelhando em sua frente.

- Invenene-o contra ela. Assim se o testamento já estiver feito, o que eu duvido, ele rapidamente mudará de ideia. Dando tudo a você. - as duas se encaravam com grandes sorrisos nos rostos. Dulce abraçou a amiga, beijando todo o seu rosto.

- Você é um gênio! Vou aproveitar a antipatia da prima Malvina contra mim e usar ao meu favor. Obrigada, obrigada! - continuou a beija-lá.

- É, eu sei - se gabou - Mas isso não quer dizer que concordo com o que fez com Pablo e o que está fazendo com Santiago. No jogo da ambição vale tudo, claro, mas morte Dul? Você pode se comprometer.

- Claro que não, Anahí. Nunca irão desconfiar de mim, em ambos os casos. Sou a última pessoa que a polícia vai desconfiar de ter matado Santiago, além disso, a causa vai ser a doença, não eu. Digamos que eu só acelerei o processo. - gargalhou.

- Você é uma vaca! - jogou um travesseiro nela.

- Uma vaca que em pouco tempo estará milionária. - sorriu. - Vou colocar meu plano em ação agora mesmo. Não tenho tempo a perder. - disse indo até seu closet.

- Vai até a joalheria? Mas você supostamente foi estuprada lá ontem. Não acha melhor esperar a poeira abaixar?

- Eu não tenho tempo, Annie! Santiago é uma bomba relógio prester a explodir. Meu tempo com ele é curto. - respondeu saindo com um vestido verde, estava deslumbrante.

- Tudo bem, mas eu vou com você. É bom que pensem que você está traumatizada, com medo de sair sozinha e essas baboseiras.

- Bem pensado. - piscou - Vá se vestir. Vou chamar o motorista.

------

- Bem que você podia pedir uns descontos pro seu maridinho por mim. As joias daqui são uns pecados. - disse quando entraram na joalheria, Anahí babava nos colares. Dulce nem prestou atenção no que ela dizia, seus olhos foram direto para Christopher que conversava com uma das atendentes bem a vontade. Sua boca se apertou em um bico e ela se perguntou o porque da mulher rir tanto. - Dulce?

- Como é que eu to? - virou-se para ela com o rosto repleto de falsas lágrimas.

- Até sendo disssimulada vc é bonita.

- Perfeito - riu - Espere aqui, eu já volto. E pegue o que quiser, põe na minha conta.

Dulce olhou para os lados certificando-se de que não estava sendo observada. Colocou uma das mãos no rosto como se estivesse chorando e caminhou em passos apressados até Christopher, esbarrando no mesmo.

- Oh, me desculpe - sussurou com a voz embargada, correndo em direção ao banheiro.