Fanfics Brasil - Capítulo 17 O laço vermelho (adaptada AyD) Finalizada

Fanfic: O laço vermelho (adaptada AyD) Finalizada | Tema: Portinon


Capítulo: Capítulo 17

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31 de Dezembro de 2017. - Primeiro ano da faculdade.



Dulce sentia falta de estar sentada naquele banco observando o movimento da cidade pela janela da sala de aula. Era um costume sentar com seu violino em aulas vagas e criar diferentes situações em sua mente referente ao fluxo de pessoas que aglomeravam a faixa de pedestres da Avenida. Em algumas vezes ela desejava ter algum tipo de poder telepático para ler a mente de cada um daqueles seres apressados, decifrar cada história que se encontrava em meio a tantas outras naquela esquina; quantos maridos traídos, esposas solitárias, amantes aflitos, corações partidos... E ainda sim, no terceiro andar do prédio de Juilliard, se encontrava mais uma história com inicio, meio e fim, mas que no momento se encontrava no meio de uma extrema felicidade.



- Vejam se não é a Sra. Portilla. – uma voz sarcástica invadiu o silêncio da sala. Era Maitê. – Garota, estão todos falando sobre o beijo de ontem à noite. – a mais nova virou-se com um sorriso doce ao lembrar-se do acontecido, Anahi tinha provado seu amor de uma forma surpreendente. Maitê tinha um sorriso sacana nos lábios. - Não deixe Zoe ouvir isso, mas vocês são o casal mais lindo desse lugar. – sussurrou fazendo Dulce rir e levantar-se para guardar o violino na case.



- Anahí não para de me surpreender, Maitê. – respirou encaminhando-se para fora da sala com a amiga. – Ela me beijou na frente de trinta pessoas e ainda segurou minha mão na entrada de Juilliard... Por favor, espero não estar sonhando.



As duas riram e notaram quando um pequeno grupo de garotas do curso de teatro que estavam próximas ao bebedouro seguiram Dulce com o olhar e começaram a cochichar, mas ela pouco se importou, sabia que a maioria desejava a estagiária de Columbia, mas agora também sabiam que ela já tinha dona.



- Nunca imaginei ver você toda apaixonada, Dul. – Maitê abraçou os livros contra o peito e olhou feio para um garoto que encarava Dulce. – Rachel tinha certeza de que Anahí estava na dela e agora a garota está lá no auditório resmungando a todo instante sobre as pessoas não saberem escolher hoje em dia. – balançou a cabeça divertida com a lembrança. – Mas eu fico realmente feliz por vocês, é uma surpresa ver Anahí enfrentar os próprios medos para ficar com você, isso é fofo e gay ao mesmo tempo.



E por falar em medo, elas viajariam ainda aquela semana à Miami afim de Dulce finalmente conhecer a família Portilla. Anahí tinha deixado claro que se portariam como amigas, que não estava preparada ainda para assumir o namoro aos pais que, segundo ela, eram religiosos e rigorosos. Parte de Dulce se encontrava transbordando em ansiedade por conhecer seus sogros e cunhados, mas também havia aquele medo martelando sua cabeça com várias imagens se formando sobre como seriam os pais da namorada.



Chegaram ao auditório onde seriam as apresentações que o Sr. Davis tinha deixado marcado com os alunos antes do inicio das férias e, é claro que Dulce não deixaria que esse dia em especial passasse em branco sem prestar uma homenagem à rainha do jazz.



- Eu vou à Miami nesse final de semana com vocês. – comentou como quem não quer nada observando Maitê tropeçar nos pés de Dino e cair sentada na poltrona da última fileira. – Não faça essa cara, eu já estou nervosa o suficiente. Obrigada.



- Anahí vai assumir aos pais?



- Não! É claro que não, Maitê. – aproximou-se o suficiente para que os curiosos de plantão não ouvissem a conversa. – Ao que parece, Taylor quer me conhecer e Anahí quer aproveitar a oportunidade de me apresentar aos pais, mesmo que como amiga.



Maitê encolheu os ombros e Dulce  soube no mesmo instante que não era por um bom motivo. Maitê e Anahí tinha crescido juntas e ela, melhor que ninguém, com toda a certeza do mundo conhecia os Portilla o suficiente para temer por sua amiga. Eles não eram pessoas más, só não eram... Amorosos. O assunto morreu quando o professor apareceu cumprimentando os alunos e fazendo piadinhas – sem graça alguma -, sobre o natal.





As apresentações começaram uma por uma onde a maioria era apresentada com violino, Dulce parecia ser a única a ter certa fixação com o piano por mais que o violino ficasse em segundo lugar em sua lista dos cinco melhores instrumentos do mundo, logo depois vinha o violoncelo, saxofone e violão que por ventura não conseguia aprender. Essa era uma coisa de Anahí.



Na apresentação de Rachel, a ruiva escolheu a música Don't Speak da banda No Doubt e cantou com certa raiva que fez Dulce e Maitê trocarem olhares significativos.



- Srta. Savinon? Sua vez. – disse o professor no microfone.



E chegou aquele momento em que todos começaram a cochichar procurando por Dulce enquanto a garota se dirigia ao palco encolhida pela vergonha. Por mais que seu sonho fosse se tornar uma musicista privilegiada e ter sua própria orquestra, estar sob os holofotes nunca foi seu ponto forte por ser acanhada.



- Hm... – começou. Ok. São apenas estudantes com o mesmo objetivo que você e eles não estão te julgando por estar usando um suéter verde escuro com carneirinhos desenhados. – Escolhi essa música por hoje ser o aniversário de Billie Holiday, eu a considero um grande ícone do jazz, então... – viu Maitê erguer as mãos na plateia em apoio.



As mãos estavam suando frio e o coração a mais de mil por hora. Ninguém disse nada nos segundos seguintes, o silêncio recaiu sobre o auditório na espera da nova apresentação, ainda mais da queridinha dos professores como Dulce era chamada.



Dulce sentou-se em frente ao piano o dedilhando a procura do tom certo. Suspirou, fechou os olhos e pensou em Anahí. Ela não tinha dito, mas a música também era em homenagem à sua namorada que tinha feito de sua vida uma montanha russa de emoções nos últimos dias, uma montanha russa que só subia.



A música começou numa melodia lenta, tomando cuidado para não estragar a essência da performance e pedindo à Deus que sua voz não falhasse.



- I'll be loving you always, with a love that's true always. When the things you plan need a helping hand will understand always, always...



Finalizou a música com um sorriso satisfeito por sua voz não ter estragado tudo, então foi recebida não por palmas coletivas, mas sim por uma única pessoa que se encontrava em pé na última fileira gritando animada como se tivesse acabado de ver o ídolo. Todos viraram as cabeças para ver quem era, mas Dulce conhecia aquele jeito idiota em qualquer lugar e sorriu ainda mais satisfeita, com a felicidade explodindo em seu peito por saber que Anahí estava ali.



- Muito obrigado pela magnífica apresentação, Srta. Savinon. – disse o professor apertando a mão de Dulce e logo depois fechando a cara à procura da pessoa que tinha atrapalhado sua aula. – Srta. Não sei de que turma você é, mas peço por gentiliza que se retire de minha aula se não quiser que o reitor se inteire disso.



Anahí  ergueu as mãos em sinal de culpa antes de sair pela porta provocando ainda mais burburinhos dos estudantes.



- Ela esteve aqui. – Dulce murmurou eufórica quando voltou a sentar.



Maitê abriu a boca fingindo surpresa.



- Não me diga?



Dulce recostou-se na cadeira ainda sorridente.



Sim, ela tinha encontrado alguém que fizesse loucuras por ela.



*******

******

*****



Finalmente as aulas terminaram pouco depois do almoço, Dulce e Maitê encontraram-se com Zoe na pequena academia de dança e juntas, as três seguiram até a saída comentando sobre onde passariam a virada de ano. Zoe e Maitê se encontrariam na casa dos Saldanha à noite enquanto Anahí, Dulce, fermento, Blanca, Cláudia e Emma assistiriam ao espetáculo de fogos no Prospect Park.



- Dul? – chamou Zoe  observando algo diferente na entrada no colégio. Ela cutucou Dulce que discutia com Maitê  sobre um seriado qualquer. – Aquela não é sua namorada?



Dulce parou de falar na hora virando-se para encontrar ninguém mais e ninguém menos que Anahí Portilla em seu sobretudo preto, coturnos e seu inseparável sorriso encantador. O mais estranho de tudo não era sua namorada estar a esperando quando na verdade deveria encontrá-la em casa à noite, mas o fato de Anahí estar encostada no Ford F-150 dos Savinon.



- Anahí, querida... Você poderia ao menos alugar uma limusine se quer impressionar as pessoas. – disse Maitê deixando um beijo molhado na bochecha da amiga.



- Eu só tenho uma pessoa a quem impressionar, Maitê. – respondeu girando as chaves no dedo. – E ela está bem atrás de você.



Maitê saiu da frente revelando uma Dulce corada que só a deixou mais linda aos olhos de Anahí.



As duas trocaram olhares que por sua vez dizia tudo que cartas de amor esquecidas com o tempo poderiam descrever. Ali, naquele momento, em meio aos estudantes curiosos, Maitê e Zoe  sorridentes, existia apenas Anahí e seus olhos que eram capazes de enfeitiçar até mesmo o mais frio dos corações.



- Boa tarde, Dulce Savinon. – Anahí cumprimentou curvando-se teatralmente para beijar as costas da mão direita de Dulce. – Foi uma linda apresentação.



- Boa tarde, Srta. Portilla. – Dulce  entrou na brincadeira. – Eu agradeço que tenha comparecido.



Anahí começou a rir puxando a mais nova de uma vez para seus braços. Tinha passado todas as aulas em Columbia pensando nesse momento e planejando aquele dia com a ajuda - por mais incrível que parecesse -, de Emma e uma pequena mãozinha de Fernando.



- Sério que estão nesse nível? – Maitê tinha uma sobrancelha erguida enquanto observava o casal que a olhava ainda abraçadas. – O máximo que Zoe faz por mim é comparar Kit Kat quando estou de TPM.



- Maitê! Eu comprei aquele vestido de festa que você pediu! – reclamou Zoe cruzando os braços com um bico se formando nos lábios. – E aquela cinta que você...



- Oh, não! – Dulce exclamou enterrando o rosto no pescoço de Anahí quando notou em que assunto estavam entrando. – Eu acho que já ouvimos demais.



- Sim, tanto faz... Nos vemos amanhã.



Maitê  e Zoe abraçaram Dulce  e Anahí antes de seguirem em direção ao Jeep amarelo de Zoe. Dulce tirou o rosto do pescoço de Anahí e a fitou suspirando logo em seguida, sua namorada tinha uma beleza de tirar o fôlego.



- O que está fazendo aqui com a caminhonete do meu pai?



- É uma surpresa. – Anahí piscou deixando um beijo suave em sua testa antes de separar-se do abraço e abrir a porta do passageiro cordialmente para a namorada. - Agora, por favor, Srta. Savinon, queira entrar.



Dulce levou cerca de 10 segundos entre assimilar o pedido de Anahí e entrar na caminhonete com os olhos desconfiados. No banco havia uma pequena sacola do Starbucks que embrulhava o que a mais nova deduziu ser o café da namorada.



- Ainda estou me perguntando se devo mesmo confiar nesse seu plano. – ela finalmente disse quando saíram com a caminhonete pelas ruas de New York. – Você ainda pode ser uma assassina profissional contratada por alguém que odeia minha família para me matar e agora, depois de ter me seduzido, roubou a caminhonete do meu pai e está me levando até o meio do nada onde pretende abusar de mim, me matar e desovar o corpo no Novo México.



O silencio caiu quando Anahí parou de falar recuperando o ar perdido, Anahí desviou os olhos da estrada por alguns segundos quando o sinal ficou vermelho, encarou Dulce com as sobrancelhas arqueadas em claro sinal de surpresa



- Você bolou tudo isso agora?



- Não, venho pensando nisso desde que uma estranha ficou obcecada com meu laço vermelho.



Anahi soltou uma longa e sonora gargalhada que ecoou pela caminhonete aumentando as batidas frenéticas do coração de Dulce.



- Talvez seja por isso que eu tenha me apaixonado por você.



Dulce continuou encarando o perfil de Anahí que voltara sua atenção à estrada quando o sinal abriu, sem nunca enjoar de contemplar aquele sorriso brincalhão.



- Se apaixonou, é?



- Não, estou aqui com você porque realmente preciso te matar. - riu da cara assassina de Dulce. - Não seja idiota, veja só o que comprei para a minha Oompa Loompa preferida. – disse tirando uma cestinha de dentro de uma sacola do Starbucks no banco ao lado de Dulce, a cesta continha dois copos de cappuccino. – O seu é o de chocolate.



A mais nova soltou uma exclamação alegre ao pegar o café.



- Se eu sou uma Oompa Loompa, então você é uma ogra, Anahí. Sempre com essas gracinhas que de engraçadas não tem nada. – franziu o cenho quando Anahí estacionou o carro no gramado do Prospect Park segundos depois. – O que estamos fazendo aqui?



Anahí deu um sorrisinho torto, aquele que simplesmente enlouquecia Dulce nos momentos íntimos e abriu a porta da caminhonete sendo acompanhada pela namorada que deixou o café de lado para olhar ao redor sem entender o que estava acontecendo. O parque estava praticamente vazio se não fosse pelo casal correndo em volta do lago e a família fazendo piquenique na neve.



- Nós vamos ver o espetáculo de fogos, pensei que soubesse disso. – disse simplesmente ao encostar-se no capô do veículo de frente à uma Dulce impaciente.



- Sim, que começa à noite e agora são exatamente 15:43h, Anahí.



Em resposta, Anahí caminhou até a carroceria da caminhonete e abriu a tampa revelando uma enorme caixa de madeira, mais parecida com um baú. Dulce cruzou os braços e observou atenta ao que sua namorada aprontaria.



- Você poderia me ajudar aqui. – resmungou Anahí tentando levantar a caixa. – Vamos pequena, não seja uma Oompa Loompa má.



Dulce bufou com o apelido sem graça e chutou uma pedra em Anahí que pulou para desviar. Juntas, as duas desceram a caixa pesada até o chão e Dulce observou Anahí abrir a tampa dupla revelando uma manta grossa que cobria o que quer que esteja lá dentro.



- Veja - disse Anahí pegando a manta e voltando até a carroceria onde a estendeu forrando toda a traseira da caminhonete. – eu pensei que nós poderíamos passar uma tarde romântica enquanto o parque está vazio. – voltou até a caixa e começou a tirar várias coisas de lá de dentro. – Eu trouxe suco de saquinho e a água para misturarmos, seu preferido é o de uva, certo? – Dulce balançou a cabeça totalmente sem reação. – Trouxe alguns lanches, não se preocupe, eu me encarreguei de preparar seu lanche vegetariano preferido. – riu mostrando o lanche enrolado em papel alumínio. – Trouxe seu livro irritante também, mas, por favor, não me mate por pegá-lo em seu quarto. – fez um bico engraçado quando entregou Morro dos ventos Uivantes à Dulce. – Ah, hoje é o aniversário da Billie, certo? Trouxe alguns CDS que seu pai me emprestou, podemos ouvi-lo na caminhonete enquan-



Anahí foi interrompida bruscamente quando teve seu espaço pessoal invadido por Dulce. Anahí não teve reação no começo pela surpresa, apenas deixou-se ser beijada ternamente pela garota que tanto amava. O beijo era carregado de carinho e amor, as línguas dançaram entrelaçadas em um ritmo dolorosamente lento e satisfatório.



- Eu te odeio. – Dulce murmurou contra os lábios de Anahí, com os braços entrelaçados no ombro de Anahí. – Te odeio tanto, sua ogra estupidamente perfeita.



Recebeu uma mordida no lábio e vários beijos espalhados por todo o rosto.



- Você é mesmo uma graça quando tenta se fazer de forte - Anahí sussurrou de forma sexy no ouvido da mais nova que sentiu o corpo todo arrepiar. – mas sei que fica molhada quando nos beijamos por muito tempo.



- Anahí!



*******

******

*****



O final da tarde passou rápido para Dulce e Anahí que aproveitavam ao máximo à base de boas risadas e histórias sobre suas famílias, elas nunca se cansavam de conhecer uma a outra e sobre a infância que tiveram. Já era quase crepúsculo e Dulce permanecia sentada na carroceria mexendo o suco que tinha preparado enquanto Anahí sentava ao seu lado comendo seu lanche com uma mão e bisbilhotando algumas das cartas que encontraram no rancho abandonado com a outra.



- Acho que Harry nunca mais voltou. – a voz de Anahí interrompeu Dulce de seu trabalho árduo em despejar o líquido no copo de plástico.



- Por quê?



Dulce agradeceu mentalmente à sua namorada por ter trazido seu moletom, o fim de tarde estava começando a ficar mais frio e as duas quase se fundiam lado a lado na tentativa de se esquentarem com a outra manta que as cobria. Billie Holiday era a voz reproduzida no rádio dentro da caminhonete para a eterna felicidade de Dulce.



- Pelo que entendi, a unidade de Harry foi uma das designadas de invadir Altenberg. Essa carta é datada em Março de 1944. – Dulce deitou a cabeça no ombro de Anahí à espera da leitura abandonando seu suco de lado. - Esta é uma memória, 27 de outubro de 1941, quando a vi pela primeira vez. São memórias de uma noite chuvosa, de um soldado e uma dama em baixo de uma árvore solitária. Lembranças de uma noite fria e ventosa, em que nos metemos em um teatro para soldados e adormecemos em uma cobertura atrás dos bastidores, os dois, presos nos braços um do outro, e as lembranças do impacto causado ao acordar e ver que, milagrosamente, não tínhamos sido descobertos. Lembranças da felicidade que tivemos em tão pouco tempo e a devastação que senti quando chegou o momento de partir. A despedida calorosa em uma praia isolada sob o céu repleto de estrelas da noite americana e as lágrimas que não paravam de cair enquanto, no cais, você via meu comboio ir embora ao horizonte. Nós prometemos que estaríamos juntos novamente em casa, mas o destino sabia mais do que nós. Nunca acontecerá e isso é tudo que posso dizer-te em palavras. E assim, Sarah, eu espero que, onde quer que você esteja, que essas memórias sejam tão preciosas para você como são para mim. Boa noite, meu amor.



Anahí terminou a leitura e abaixou a carta processando aquelas palavras que de certa forma a atingiram, seu lanche fora esquecido de lado assim que seu estômago reclamou. Sentiu uma respiração pesada em seu ombro e não precisou virar-se para saber que Dulce chorava em silêncio.



- O que será que aconteceu? – a voz da mais nova saiu embargada enquanto limpava as lágrimas em sua face. – Ele sabia que não voltaria, mas por que não avisou? Ou... Eu não sei...



Ver aquela cena foi uma das várias maneiras de destruir o coração de Anahí. Ela dobrou a carta e pegou outra a entregando à namorada.



- O que é isso?



- Uma carta do pelotão de Harry. – explicou passando o braço sobre o ombro de Dulce e a puxando mais para si até que estivesse aconchegada em seu peito. – Datada duas semanas depois da última carta que ele enviou; quem escreve é o diretor da unidade dele explicando que Harry foi baleado no peito em combate e não resistiu aos ferimentos.



Dulce recomeçou a chorar sentindo uma dor intensa em seu peito com o pensamento em Sarah ao receber a carta. Precisava manter suas mãos presas quase que possessivamente em Anahí com medo de que ela partisse assim como Harry.



- E se os seus pais não gostarem de mim? – perguntou depois de um longo tempo em silêncio. – E se eles descobrirem um dia, e eles vão, e tentarem nos separar?



Sabia que era injusto cuspir aquelas dúvidas infernais em Anahí mais uma vez depois da linda tarde que a namorada havia preparado. Mas o medo de perdê-la e nunca mais ver aquelas esmeraldas azuladas dominava qualquer função de seu corpo, Dulce podia quase sentir uma dorzinha no fundo do peito só de imaginar-se sem sua amada.



- Eu não sei... – foi a resposta que tanto temia. Ela nunca sabia. – Já disse que não posso prometer que nós vamos durar para sempre, mas preciso que você confie no meu amor e tenha certeza de que é o que eu mais quero. – afastou-se um pouco para olhá-la nos olhos. – Eu sou louca por você. É doentio que eu precise de você de uma maneira tão forte quase como preciso de ar para respirar. Então... Eu não sei o que vai acontecer quando eles descobrirem... Sinto muito. Vamos viver o presente como se cada dia fosse o último... Por favor?



A verdade fincada naqueles olhos era visível, até mesmo quando uma lágrima solitária escapou deles trilando caminho por sua face e sendo beijada por Dulce. Anahí estava sofrendo por ser obrigada a pensar naquele assunto, era seu verdadeiro ponto fraco.



- Meu amor. – Dulce sussurrou espalmando a mão no rosto da namorada e deslizando os lábios perto da orelha de Anahí. – Você é o presente mais lindo que eu já ganhei. Não importa o que aconteça, eu vou te amar assim como sei que Sarah amou Harry depois de tantos anos.



*****

****

***



O Prospect Park se encontrava lotado de pessoas à espera do tão querido ano novo. A maioria delas estavam sentadas em mantos na grama congelada com suas famílias e amigos conversando e rindo sob a maravilhosa lua cheia que iluminava aquela noite. Anahí acompanhou Fernando até carrinho de cachorro quente comparando o lanche de Blanca e suco de uva para Dulce, enquanto a mesma acompanhava claudia, Blanca, Emma e Troy para a bateria de fogos.



- Eu disse que daria certo, Billie Holiday sempre funciona... – dizia Fernando roubando alguns sachês de ketchup do carrinho.



- Dulce é um tanto difícil de enrolar, ela pensou que eu fosse uma psicopata sexual.



Fernando aceitou o cachorro quente do vendedor lhe entregando o dinheiro em seguida.



- E não é? – perguntou com naturalidade enquanto servia-se com uma mordida. – Quando olho pra você, logo me vem à mente que você pode estar tirando a pureza de minha filha.



Anahí engasgou com a saliva, precisando ser acudida por uma senhora que estava ao seu lado.



- Obrigada. – agradeceu com um sorriso amarelo e voltou-se totalmente corada para Fernando que caminhava tranquilamente até o resto da família. – Com todo respeito, Fernando, mas Camila e eu não fizemos nada...nesse sentido.



Ruborizou ao se lembrar dos pequenos momentos de descontrole que teve com Dulce e se culpou por desejar que tivessem se concretizado, ela não tinha culpa se a filha de Fernando não tinha nada de inocência por trás dos laços de cabelo.



- Não? – o homem parecia...surpreso? – Você é mais frouxa que imaginei.



- O que?



- Nada. Fico feliz que esteja respeitando a pureza de minha garota.



Pureza? Sério? O que ele diria se soubesse que era Dulce quem criava as situações mais constrangedoras do mundo?



Não acreditaria, é claro. Para um pai sua filha é o maior tesouro do mundo, e o namorado, ou namorada, sempre seria o mau caminho.



Anahí engoliu em seco e achou melhor não responder, os dois continuaram caminhando entre as pessoas até Fernando suspirar e virar-se para Anahi fazendo-a esbarrar em seu corpo com uma exclamação surpresa. Ela engoliu em seco sentindo seu corpo tremer, suas pernas vacilarem e olhou atentamente em volta tendo certeza de que poderia pedir socorro caso o homem sacasse uma arma. Era seu sogro, afinal.



- Me escute, Anahi – ele disse com um semblante sério. – sei que você é uma boa garota e minha filha tem muita sorte em ter você. Eu posso fazer linha dura às vezes em relação aos horários, porta aberta e agarração, mas estou apenas fazendo meu papel de pai, entende? – Anahi concordou com a cabeça sem hesitar. – Sei que Dulce não é nenhuma santa e com certeza vai chegar o momento em que vocês vão...fazer...coisas. – ok. Hora dos dois ruborizarem. – Só...a faça sentir-se especial, ok? Não sei se vou estar vivo amanhã, daqui a dois meses ou no casamento dela, mas como pai, tudo o que eu mais desejo no mundo é que minha filha seja feliz. – o homem segurou o ombro de Anahí e sua expressão suavizou. – Tenho você como minha filha também, e sei que não vai me decepcionar. Tenho muito orgulho do que fez e continua fazendo por Dulce, saiba que não imaginaria ninguém melhor como minha nora. – sorriu. – Você é uma grande mulher que Deus colocou não só no caminho de Dulce, mas também no nosso. Venha cá. – puxou Anahi para um abraço apertado.



Nada poderia se comparar à sensação de ser aceita por alguém maduro como Fernando.



Ele tinha orgulho dela.



Anahí abraçou Dulce por trás quando voltaram e entregou o suco para a namorada.



- Seu pai disse que tem orgulho de mim. – murmurou descansando a cabeça no ombro dela.



- Sério? – a mais nova disse enquanto entrelaçava seus dedos aos de Anahí em seu estômago. – Isso é maravilhoso, amor.



- Eu te amo, pequena.



Pouco tempo depois, as duas garotas correram de volta à carroceria da caminhonete que as aguardava no canto afastado do parque, agora com Anahi sentada e Dulce entre suas pernas.



- O que vai pedir de virada de ano? – perguntou Dulce quando o pessoal no campo começou a contagem regressiva.



- 25, 24, 23, 22...



- O que? – perguntou Anahi por conta do barulho.



- Faça um pedido.



- 18, 17, 16, 15...



- Isso é bobeira. – riu Anahi depositando beijinhos no ombro da namorada.



- Faça um pedido, Anahi!



- 12, 11, 10, 9...



- Ok. Eu quero viver com Dulce María Savinon para sempre.



- Para sempre?



- 5, 4, 3, 2, 1!



- Para sempre.



Fogos de artifício colidiram no céu escuro formando uma aurora de cores. A noite se tornou dia pelas luzes coloridas explodindo a poucos metros. Várias pessoas brindavam com champanhe e se abraçavam com largos sorrisos no rosto gritando animados sobre a expectativa do que o ano novo traria.



Uma triste conclusão



O problema dos desejos, é que nem sempre se tornam realidade.



***********



Música que Dulce canta: Always - Billie Holiday




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03 de Janeiro de 2018. - Primeiro ano da faculdade. Era madrugada fria no dormitório de Columbia. Apesar da friagem, a neve lá fora era mínima cada dia mais limitando os pequenos e desleixados bonecos de neve do Campus e permitindo que os estudantes permanecessem do lado de fora sem o perigo de morrerem congelados com as constantes geadas. No dormit&o ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 74



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  • Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 19:25:00

    Emii eu to lendo o começo todoo, na parte fofa, QUANDO ELAS NÃO ESTAVAM MAGOADAS E NADA ACONTECIAA, estou bem happy, porem quando chegar na parte da dor e sofrimento, eu paro de ler KKKKK

    • Emily Fernandes Postado em 06/10/2017 - 05:29:54

      Ai Duda, CV e b+, kkkkk mas mesmo sabendo que a história mexeu com os seus nervos vc vai ler de novo. Cara, queria estar no seu lado só pra ver a sua reação, dentro da sala de aula. Kkkkkkkkk mas eu te entendo, eu chorei horrores com uma história Portinon tbm. Cara é sério pq CTA. Acabou comigo. A Tammy Portinon acabou comigo literalmente kkkkk.E tipo eu tbm estava lendo na sala de aula, tive que mentir até o pq do choro. Mas valeu a pena não é. Bjs

  • Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 16:07:41

    EMILYYYY EU NUNCA SOFRI TANTO EM UMA FANFICCCCCCC, EU ESTAVA LENDO NA AULA, QUANDO A DULCE MORREUUU EU TIVE UM ATAQUE DE ''não pelo amor de deus, nnnnnnn'' MDS, Eu sofri junto com a Dulce, e com a Anahi, ri da doçura do Ethan. MASS ELA MORREEUUUUUU AAAAAA NNNNN MDSS, EU TO MT DEPRESSIVA DPS DISSO. eu te convido para meu velorio, quando eu ja estiver morta por n ter aquentado um tiro desse. Te amo <3

  • lika_ Postado em 02/10/2017 - 14:33:24

    parabens Emily Fernandes a sua Fanfic foi perfeita o fim me fez segura muito para nao me debulhar em lagrimas

  • Kakimoto Postado em 01/10/2017 - 11:52:23

    MEUU DEEEUUUSSS AAAAAAAA, eu to no cap 32, em que esta a Dulce, Anahi, Ethan, Santana e Logan na sala de musica AAAAAAAA MEEUU DEEUUSS, EU TO MORRENDOOO

    • Emily Fernandes Postado em 01/10/2017 - 16:52:46

      Bem se vc está estética assim, e pq vc está gostando Dudinha. Ahahaha Mas é agora que as coisas ficam mais intensa. Bjs mi amor te.quero.... Quero ver o seu comentário assim. Que terminar.

  • ester_cardoso Postado em 19/09/2017 - 17:46:27

    Obrigada sério mesmo, não tem como não te agradecer por nos proporcionar mais uma história maravilhosa dessas. Cara chorei muito tanto com o fim da fanfic, tanto com suas palavras. Vc não sabe o quão importante isso foi pra mim, sentir isso é realmente forte e saber q tem mais pessoas que compartilham desse sentimento nos dá força. Bebê vc é inspiradora, além de ser uma das pessoas mais perfeitas q conheço. Essa fic foi realmente muito lindaaa, me surpreendi muito. Claro q as vezes dava vontade de jogar o cell na parede, mas o amor q encontrei aqui é muito maior q eu imaginava. O final acabou comigo obviamente, mas essa é uma daquelas histórias q marcam, aquelas q guardamos no coração. Assim como guardamos pessoinhas especiais como vc, saiba q sempre q quiser estarei aqui, mesmo não nos conhecendo muito me importo com vc e importante é que estejamos sempre felizes. Beijos bebê <3 <3 Amo vc

  • siempreportinon Postado em 17/09/2017 - 14:18:42

    Simplesmente maravilhosa!!! Chorei bastante no decorrer da história, me tocou profundamente. Sem dúvida se tornou um dos meus xodós. Parabéns pela história, obrigada por nos presentear com belíssimas fics, espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei sempre!!!

  • Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:57:06

    PS apesar de não te conhecer pessoalmente, eu estou orgulhosa de você, continue assim você é uma linda,é muito especial vou sentir saudades da história, parabéns por mais uma fic finalizada anjo bjs

  • Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:55:19

    Meu Deus do Céu, eu meu Deus que história linda eu chorei demais lendo esses últimos capítulos,os votos de casamento delas foi a coisa mais linda do mundo,as lembranças os flash back né tudo, Deus Meu eu me sinto tao feliz apesar de tudo, porque tive um privilegio de conhecer essa história você nos deu as honra, de nos apresentar a ela e isso foi maravilhoso, eu queria ter dito tantas coisas sobre a história mas não dá não consigo porque enquanto escrevo cada palavra aqui, é uma lagrima a mais, foi uma linda história um amor tão lindo e magico foi maravilhosa Emy não consigo escrever mais chega rs. só mais uma coisa obrigada.

  • Kakimoto Postado em 16/09/2017 - 13:32:12

    Mdss, to acomulando mt, eu só vejo os comentarios falando que choraram mt e que eh mt emocionante, e eu já to gritandoo, mdsss, ME DA SPOILER EMII PFFF AAAA. ti amu

  • laine Postado em 15/09/2017 - 14:36:10

    Parabéns, estou sem palavras realmente foi muito lindo


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