Fanfics Brasil - Capítulo 20 O laço vermelho (adaptada AyD) Finalizada

Fanfic: O laço vermelho (adaptada AyD) Finalizada | Tema: Portinon


Capítulo: Capítulo 20

38 visualizações Denunciar


07 de Janeiro de 2018– Primeiro ano da faculdade.



Você criou o grupo "SOS"



Zoe: Que isso, gente?



Maitê <3: Quem é vivo sempre aparece! 



Anahí: Eu preciso da ajuda de vocês, espero não ter interrompido nada.



Maitê <3: Só o nosso sexo de reconciliação. Há.



Emma: G_G



Emma: QUE ISSO???????????????????????????????????



Emma: ANAHÍ SUA BALOFA EU TÔ NO MEIO DA AULA!



Emma: ESPERA!!! Vocês estão transando na faculdade? :O9



Zoe: ...



Maitê <3: ...



Maitê<3: Esse nem é o assunto. O que houve, Anahí?



Emma: É, o que houve, Anahí? *irônica*



Zoe: Ainda me pergunto por que sou amiga de vocês. –'9



Anahí: Acabou a festa?



Emma: Segura o mau humor da gay.



Maitê<3: Anahí, cê tá bem? Já faz três dias e você não deu nenhuma notícia nesse meio tempo.



Zoe: Na verdade ela conversa com a Dulce todos os dias...



Emma: Por falar na Virgem Maria, por que ela não tá aqui? O.o



Maitê<3: Anie?



Anahí: Estou esperando vocês me darem espaço para falar.



Maitê<3: Ok, desculpe.



Zoe: Sorry, babe.



Emma: Afffffff



Anahí: Em primeiro lugar, me desculpem pelo sumiço repentino. Eu estive ocupada com minha irmã, ela decidiu se mudar com Dave para a casa dos pais dele e eu quis estar por perto. Meu pai não está falando com ninguém e teve uma discussão feia com Chris noite passada, ele queria que nosso pai repensasse, mas vocês sabem como ele é... Enfim, minha mãe não para de chorar no quarto e eu passei um tempo com ela também, conversando e a acalmando.



Zoe: Sinto muito, Anahí. :/ Taylor parece ser uma boa garota, não merece passar por isso.



Emma: Seu pai é um porre, Anahí! ¬¬



Maitê <3: Tadinha da Tay ): Conversei com ela esses dias, espero que seu pai mude de ideia logo.



Emma: Até parece que você não o conhece, Maitê.



Anahí: GENTE.



Anahí : O tópico não é esse. Como vocês sabem, dia nove é o aniversário de Dulce e eu preciso da ajuda de vocês com um presente.



Emma: É CLARO que você precisa da nossa ajuda. Eu sabia que isso aconteceria, sou sempre usada u-u



Maitê <3: Vai fazer uma surpresa pra ela? SOCORRO



Zoe: Gente... Foco.



Emma: Quê?



Anahí: Tá gente. Prestem atenção: Lembram-se na festa de Zoe quando perguntaram se ela nunca tinha ido a um baile e Dulce confirmou? Então...



Emma: Fofa



Emma: Querida



Emma: Preciosa



Emma: Você não espera que nós organizemos um baile de formatura SÓ porque tua mulher nunca foi né?



Emma: Por favor, diga que não pelo bem da minha sanidade



Zoe: Preciosa HAHAHAHAHAHAHAHA



Anahí: Não. Claro que não, idiota. Eu andei pesquisando alguns bailes que vão ter neste mesmo dia, infelizmente não é a época, óbvio, mas teremos um Sadie Hawkins no colégio U.N.H.S. na mesma noite! Incrível, certo??



Maitê<3: Uh... E como você espera que nos deixem entrar?



Anahí: Essa é a primeira parte do plano, vamos invadir.



Emma: UEPA que agora gostei da conversa. <3333333333333



Zoe: Sou toda ouvidos... Ou olhos.



Maitê <3: Mas antes, você disse sobre ser a primeira parte da noite...? O que seria a segunda?



Emma: SEXO SELVAGEM NÉ QUERIDA!! Me poupe da sua inocência inexistente.



Anahi: A primeira parte será um presente de aniversário NOSSO, entende? E a segunda... Vai ser o meu presente.



Maitê <3: Huuum... Você tem minha atenção.



[...]



Anahí sorriu cansada terminando de ler as mensagens da noite passada. Bloqueou a tela do celular e o deixou de lado na manta em que se encontrava sentada quando avistou Taylor caminhar até ela. A praia de North Beach se encontrava praticamente vazia como de costume, o sol no horizonte começava a nascer, um dos fenômenos preferidos de Anahí. Muitas vezes na infância acordava no meio da madrugada e corria ao jardim em silêncio, ela estendia uma manta vermelha que mantinha escondida em baixo da cama e assistia ao nascer do sol, a infinidade de cores que muitas pessoas não enxergavam que dava paz à sua mente de dez anos. Sentia-se bem com isso, era como um ponto de paz, naqueles minutos ela esquecia-se das responsabilidades que tinha logo muito jovem como irmã mais velha, talvez um dos motivos por ela e Taylor serem tão apegadas uma à outra.



- Eu gosto desse lugar, a gente brincava sempre aqui escondido de nossos pais. – a caçula comentou divertida, mas a tristeza e o cansaço eram notáveis em sua voz, assim como os círculos escuros em baixo dos olhos.



Anahí levantou a cabeça oferecendo um sorriso carinhoso. Recebeu um beijo no topo da cabeça e observou a irmã sentar-se na areia com cuidado, notou também que agora a menina já usava roupas adequadas à gravidez, o que deixava o volume da barriga visível. Anahí sentiu uma ponta de emoção transcorrer em seu corpo. Talvez fosse alegria? Afinal, era seu sobrinho lá dentro, seu próprio sangue.



- Desculpe não tê-la visitado ontem, mamãe precisava de alguém para conversar. – disse fitando os olhos sem emoção de sua irmã. – Como você está?



Taylor deu de ombros e cruzou as pernas em estilo indiano, o mar parecia muito mais interessante de observar naquele momento.



- Tem momentos em que sinto que tudo vai ficar bem, que vou passar por isso e criar meu filho como ele merece, com um lar de verdade. – suspirou. – Então o medo toma conta de mim e eu penso: Como uma garota de dezessete anos vai criar uma criança? E a minha vida? – Anahi sentiu um aperto no peito quando os olhos da irmã marejaram e as lágrimas começaram a rolar impiedosamente pela face da garota. – Eu tinha uma vida perfeita. Não era líder de torcida, mas namorava o jogador de futebol e tinha um bom status no colégio. E a faculdade parece um sonho distante agora.



- Hey! O que é isso? Onde está a garota que enfrentou a fera? – Anahí passou o braço pelo ombro da irmã juntando seus corpos. – Você não precisa ingressar na faculdade logo que termina o colégio, isso é coisa da cabeça de pessoas como nosso pai. Em Columbia tem uma mulher de 38 anos cursando psicologia, acredita? – Taylor a olhou surpresa, as lágrimas ainda se faziam presente no rosto delicado. – Ter um filho é uma benção, Tay. Sei que não é a hora certa, mas aconteceu e não adianta chorar pelo que aconteceu porque o tempo não vai voltar. – deu um beijo na têmpora da irmã e recebeu um pequeno sorriso em resposta. – Agora você precisa focar em sua família, depois pode continuar sua vida quando parar de amamentar e arrumar uma babá.



Uma brisa gelada tomou as duas irmãs que se encontravam abraçadas num momento íntimo e emocional para ambas. Anahí tirou o sobretudo marrom que usava e o estendeu nas costas de Taylor voltando a abraçá-la.



- O mundo parece tão assustador às vezes. – comentou a caçula.



- Ah, e ele é. Sei disso agora mais do que nunca. – Anahí confessou e sentiu o celular vibrar, era uma mensagem de Dulce. – Talvez não pareça, mas eu estou assustada com tudo isso. Não consigo me importar tanto com mamãe e muito menos com nosso pai, mas você e Chris sempre serão a minha prioridade, e tenho medo de não estar por perto ás vezes...



- Deixe de bobagem. Você tem sido a melhor irmã do mundo – Taylor deitou a cabeça no ombro de Anahí brincando com os próprios dedos. – tenho certeza que você e Dulce vão ser tias babonas que não param de mimar meu filho com brinquedos.



Anahí riu divertida com o pensamento. Não seria nada mal imaginá-la chegando na casa de Taylor com Dulce ao seu lado, ambas de mãos dadas e um presente enorme para o menino ou menina. Sim, com certeza Dulce compraria seu primeiro pianinho ou bateria, era mesmo a cara dela.



- Queria ter me despedido corretamente naquele dia de Dulce. Diga a ela que sinto muito por tudo o que ela viu. Deve ter a assustado muito, não é?



- No começo sim, acho que agora ela está mais conformada. – lembrou-se da conversa que teve com a namorada noite passada, Dulce disse que esperava algo assim e que só tinha sido uma surpresa ouvir com todas as palavras. Por que ela tinha que ser tão boa? Ela não poderia simplesmente gritar e dizer que Enrique foi uma terrível pessoa e que era tudo culpa de Anahí tê-la levado até lá? Anahí não se sentiria tão miserável. – Mas ela sabe que você gostou muito dela, acho que vocês duas formam uma dupla imbatível.



Foi à vez de Taylor rir alto e se desvencilhar dos braços da irmã com um enorme sorriso no rosto.



- Ela é ótima, Anahí. – disse alegre, ás lágrimas já haviam cessado. – Você tem mesmo muita sorte, não deixe que nada atrapalhe seu caminho... Se quiser, eu posso gritar por você com nosso pai quando for contar a ele.



E o sorriso morreu. Anahí sentiu o peso do mundo nas costas mais uma vez ao pensar na hipótese de contar ao pai sobre seu namoro com uma garota estudante de música. Ela não estava grávida, o que não o impedia de dar-lhe uma boa surra ainda mais forte, mas o que mais a assustava eram as palavras que sairiam da boca de seu próprio pai. As coisas que Enrique chamaria Dulce e os insultos horríveis sobre sua origem e sexualidade seriam o suficiente para destruir Anahi.



- Por que sempre que toco nesse assunto sua expressão muda? – Taylor interrompeu sua tortura pessoal. Anahí tinha uma expressão digna de pena. – Anahi? Anahí, não se atreva a machucar Dulce!



- Eu não... Podemos não falar disso? O assunto aqui é você.



- Não! Você viu do que nosso pai é capaz. Sabe que ele vai fazer o inferno quando descobrir sobre vocês duas, e eu acho que isso te deixou com um pé atrás. Estou errada?



Às vezes ter uma irmã que saiba ler você tão bem é uma merda. Taylor era capaz de interpretar cada linha em sua expressão sem que palavras precisassem ser ditas.



- Não. – respirou abaixando a cabeça envergonhada.



- Você vai desistir?



- Não! – só a ideia de deixar Dulce a deixava com falta de ar. Sua mente correu automaticamente para o dia em que a deixou na casa de Maitê, se lembrava de chegar em casa e discutir com seus pais sobre Taylor. À noite, quando todos estavam dormindo, trancou-se no escritório e tomou sozinha um litro de Uísque de seu pai. Ela ficou bêbada e chorou o resto da madrugada inteira no chão. – Dulce é preciosa demais, Taylor. Eu prometi que nunca mais deixaria nosso pai faltar ao respeito com ela e pretendo cumprir. – malditas lágrimas que insistiram em descer, só a deixava mais vulnerável. Taylor continuou a observando, esperando que continuasse. – No começo tudo foi tão mágico. Havia a música, o sentimento sendo descoberto, o desejo incontrolável de ter aquela garota de laço só para mim. – permitiu-se rir com as lembranças que a invadiram em forma de tortura. – Mas em algum momento precisamos voltar à vida real e ela parece terrível demais para nós duas agora. Isso não quer dizer que vou deixa-la, Deus... Só de pensar nisso já sinto meu peito apertar. – enfiou a cabeça entre as mãos espantando todos os pensamentos ruins para longe. – Eu só não sei mais o que fazer.



- Por que você não conversa com ela sobre isso? Vocês se dão tão bem, duvido que ela não entenda seu lado...



Anahí balançou a cabeça com um sorriso triste e levantou-se enfiando as mãos dentro do bolso da calça. Taylor também se levantou dando espaço o suficiente para a irmã por seus pensamentos no lugar.



- Dulce é perfeita. – disse num fio de voz, seus olhos presos no horizonte. – E quando digo isso, não é só aos meus olhos, ela realmente é. Apesar de tudo ser mil maravilhas quando estamos juntas, sabemos que existe o peso da realidade entre nós. Existe aquele momento em que apenas paramos e nos encaramos, esse momento costumava ser perfeito, mas agora tudo o que vejo em seus olhos é o medo e a incerteza do amanhã, de que não vou ser forte o suficiente por nós duas, e eu não a culpo porque eu também tenho medo.



Taylor abraçou seu corpo com força e sua angústia só aumentou. As lágrimas agora não paravam de rolar, seu rosto já estava encharcado com a dor da possibilidade de perder Dulce no final.



- Vocês vão encontrar um jeito de sair dessa, eu sei que vão. – a menina disse com a inocência de quem está tentando ser positiva no meio de uma tempestade.



- Às vezes eu sinto que o amor não é o suficiente. – dizer isso foi como esmagar seu coração, mas precisava desabafar naquele momento de qualquer forma. – Eu vou lutar por Dulce, disso eu não tenho dúvidas. Vou lutar por cada sorriso, cada beijo, cada jura de amor que possamos trocar... E enquanto isso for o suficiente, não vou sair do lado dela.



- E depois disso?



- Eu não sei.



A única certeza presente



Deixar Dulce não era uma opção.



******

*****

****



09 de Janeiro de 2015. – Primeiro ano da faculdade.



Ponto de vista de Dulce.



Se havia algo eu me orgulhava sobre mim mesma seria a minha capacidade de ler as pessoas facilmente; talvez um dom herdado de meu pai ou desenvolvido ao longo do tempo em que passei mais das minhas horas observando as pessoas por uma janela do que me socializando com elas. Eu poderia dizer exatamente o humor de cada pessoa apenas analisando sua expressão e o olhar, mas dessa vez eu fui pega em minha própria armadilha. A aula do Sr. Will transcorria normalmente e eu lutava para manter meus olhos focados nas anotações em minha mesa, mas sentir o olhar de Rachel preso em mim sem qualquer pudor estava levando embora qualquer confiança que eu tivesse conquistado ao longo dos meses.



Ela me odiava? Não acho que chegue a ser ódio, essa palavra é muito forte e não se encaixa em Rachel que tem se mostrado uma boa pessoa desde o inicio das aulas; o problema em pauta era meu namoro com Anahí. Nós não conversamos depois da festa na casa de Zoe, talvez porque em meus momentos livres eu sempre estava acompanhada de Maitê e Zoe, e nos dias de estágio de Anahí nós ficávamos grudadas nos intervalos, então não é como se houvesse tempo para um diálogo, mas hoje eu sabia que ela queria algo de mim e eu rezei mentalmente para não ganhar um olho roxo logo no meu aniversário.



Anahí enlouqueceria e um assassinato poderia acontecer.



Por falar em Anahi, eu sinto sua falta. Temos conversado todos esses cinco dias por telefone e mensagens de texto, mas nunca é o suficiente. Sinto falta dos braços firmes em volta de mim quase como uma jaula protetora, dos beijos carinhosos que sempre recebia sem motivo algum; dos bicos infantis que ela fazia quando estava manhosa; de suas mãos ágeis apertando minha cintura e provocando sensações que eu só poderia sentir com ela.



Nunca pensei bem em como seria quando me apaixonasse; se haveria mesmo borboletas flutuando na barriga e se meu corpo todo estremeceria quando a pessoa me tocasse como costumava ser descrito em livros. Quando encontrei Anahí, ou ela me encontrou, descobri que na verdade era muito maior do que os livros poderiam descrever. Não eram borboletas que eu sentia quando estava ao lado dela, eram dragões travando batalhas intermináveis não só em minha barriga, mas em todo o corpo. E eu não estremecia quando suas mãos gentis me acariciavam, o termo correto seria entrar em erupção.



Corrigindo meu pensamento anterior: Eu nunca pensei bem em como seria me apaixonar, mas se o tivesse feito, não seria nada comparado a estar com Anahí.



A gente não idealiza esse tipo de coisa porque simplesmente não existe em nossa concepção. Eu tenho visto o amor dos meus pais ao longo dos anos, sempre me perguntando se nos dias atuais ainda havia amantes que também fossem amigos e companheiros acima de qualquer coisa, e eu definitivamente poderia dizer que Anahí era minha melhor amiga.



Na primeira vez em que nos encontramos, éramos duas estranhas falando sobre Titanic e Billie Holiday.



Na segunda vez, por coincidência ou destino, éramos duas estranhas no terraço de um prédio contemplando a lua.



Na terceira vez, Anahí me entregou um presente significativo, e me assistiu tocar a noite toda com lágrimas nos olhos. Não sabíamos na hora, mas ela teria uma grande importância em minha vida daquele dia em diante.



Até esse ponto, éramos duas amigas que acabaram de se conhecer; brincando e nos tocando sem medo nenhum do mundo lá fora.



Então, finalmente, nos beijamos... E eu soube, neste exato momento, que pertencia mais à Anahí Giovanna Puente Portilla que a mim mesma.



Nos tornamos a mesma pessoa durante o pouco tempo em que passamos conhecendo um pouco mais sobre nós mesmas, e, de repente, eu simplesmente a amava com toda a riqueza que transborda da minha alma. Às vezes isso pode ser sufocante, sabe? Se imaginar tão entregue a alguém, entregar-se de corpo e alma esperando que a outra pessoa também se sinta da mesma maneira. Seria um crime querê-la por perto todo o tempo? Sentir-me orgulhosa em mostrar ao mundo que aquela criatura perfeita era minha garota e apenas minha?



Porque se fosse, eu estaria condenada para sempre.



Quando a aula finalmente terminou, tudo o que fiz foi recolher meus livros rapidamente e colocar os fones de ouvido para fugir dali o mais rápido possível atrás de algum rosto conhecido que pudesse parar Rachel caso ela decidisse me atacar no meio do corredor.



- Dulce! – a ouvi chamando. A ignorei fingindo estar concentrada na música enquanto caminhava rapidamente pelo corredor até o refeitório, mas infelizmente ela não desistiu e puxou meu braço fazendo-me virar bruscamente. – Ei, podemos conversar por um segundo?



Rolei meus olhos pelo refeitório atrás de Maitê e quando não a encontrei, resolvi ceder ao pedido e tirar os fones de ouvido engolindo em seco. De certa forma, não encontrei raiva ou um olhar assassino na expressão dela, Rachel estava como sempre, com os olhos sonhadores e ombros relaxados.



- Desculpe, estava ouvindo música e não a escutei. – menti abraçando meus livros com um pouco mais de força. Se ela fosse me dar um soco, que o fizesse logo. – Aconteceu algo? Tudo bem?



Ela me olhou por alguns instantes como se pensasse no que dizer, eu vi agonia em seus olhos cor de mel.



- Eu... Eu queria te dar feliz aniversário. – um sorriso inseguro nasceu em seus lábios e eu fui pega de surpresa por suas palavras. – Não temos conversado muito ultimamente, você está sempre ocupada e eu também, mas não poderia deixar o dia de hoje passar em branco. Então... Feliz aniversário.



E então eu vi em seus olhos a expectativa de minha resposta. Demorou uns bons segundos para que eu me tocasse que Rachel estava tentando sutilmente voltar ao meu cotidiano como minha colega de faculdade, meu sorriso naquele momento foi enorme, tenho certeza disso.



- Teremos muito tempo juntas ainda, mas obrigada por lembrar. – sorri. Rachel correspondeu e deu um passo à frente me abraçando em troca e me pegando, pela segunda vez no dia, de surpresa. – Senti sua falta, ruiva.



- Eu também senti falta das suas teorias malucas sobre o mundo moderno. – ela sorriu e eu a acompanhei quando nos separamos. – Não vai ter festa? Podemos fazer algo lá em casa e chamar o pessoal...



- Na verdade meus pais vão fazer um jantar em casa. Eu não queria nada, mas eles insistiram em convidar Zoe, Maitê e Emma com a desculpa de que preciso me socializar mais. – estalei a língua e balancei a cabeça me lembrando das palavras de minha mãe.



Rachel franziu o cenho e coçou a cabeça curiosa, eu sabia o que isso queria dizer, sabia o motivo da sua confusão e também sabia que aquele seria um assunto desconfortável entre nós se ela fizesse a pergunta de ouro.



E ela fez.



- E Anahí? – soou naturalmente como se não tivesse dado em cima da minha namorada por um bom tempo.



Não que eu seja ciumenta. Longe disso.



- Ela está na casa dos pais resolvendo um assunto pessoal, provavelmente estará de volta só na próxima semana.



Minha reposta saiu mais triste do que eu queria mostrar. O que eu poderia fazer se a falta que sentia dela estava me torturando? Hoje de manhã ouvi meu pai comentar com minha mãe que daqui alguns dias vai precisar manter Anahí amarrada em nossa casa para manter meu bom humor, e talvez ele estivesse certo. A pressão dos trabalhos da faculdade me estressava, as recentes dores de cabeça, náuseas e fraqueza do meu pai e a falta da única pessoa com quem eu poderia desabafar desencadeavam meu cansaço mental.



Voltei à realidade e Rachel continuava parada à minha frente me olhando, ela parecia preocupada e perguntava se eu a tinha ouvido.



- O que? Desculpe, eu não dormi a noite toda...



- Perguntei se está tudo bem com ela.



- Ah, sim. Só um problema com o pai e a irmã, não se preocupe. – a tranquilizei forçando agora um sorriso. – Nos vemos depois, ok? Vou me encontrar com Maitê e Zoe. Obrigada mais uma vez.



Acenei em despedida e me virei para a entrada do refeitório, estava prestes a dar o primeiro passo quando sua voz me atingiu mais uma vez:



- Você gosta mesmo dela, não é? – me virei para encará-la e não havia ironia ou raiva em seu rosto, apenas compreensão. – O modo como fala dela, como age quando estão perto uma da outra, nem parece a Dulce distante do mundo real que eu conheci. – ela sorriu tímida e abaixou os olhos, provavelmente procurando a palavras para continuar. – Eu queria mesmo ficar com ela no começo. Qual é! Anahí é a pessoa mais atraente desse lugar e nem mesmo é estudante de Juilliard, que ser humano não gostaria de tê-la?



Senti meu ego inflar. Não vamos nos fazer de inocentes aqui, não sou uma pessoa daquelas que chamam atenção por onde passa; não gosto da minha sobrancelha fina; acho meus olhos muito redondos e o formato do meu nariz chega a ser engraçado. Em que mundo uma garota como a Anahí Portilla se sentiria atraída por um ser mortal como eu? Então não me culpe por sorrir igual idiota quando pensava sobre o assunto.



- Eu não estaria com ela se não a amasse...



- Eu sei que não! Me desculpe se a fiz pensar isso – ela se desesperou tocando meu ombro. - não foi o que eu quis dizer. Eu apenas senti meu ego abalado quando ela escolheu alguém que não fosse eu, é uma reação natural minha.



- Isso nunca foi um jogo de escolhas, Rachel.



- É claro que não. Ela já estava na sua desde o começo. – ela suspirou vencida. – Vocês formam um belo casal, até. Anahí te protege como uma leoa.



E dito isso, deu uma piscadela e saiu andando na direção oposta.



Fechei meus olhos e soltei o ar que vinha prendendo. As coisas estavam saindo dos trilhos desde Miami; existia esse medo lá no fundo que não me permitia raciocinar direito quanto ao que fazer em relação a cada problema. E mais uma vez, meus pensamentos foram direcionados sobre o que vinha acontecendo com meu pai, algo que eu havia fechados os olhos.




Compartilhe este capítulo:

Autor(a):

Este autor(a) escreve mais 11 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

09 de Janeiro de 2018. - Primeiro ano da faculdade POV Dulce Eu me encontrava sentada no sofá da sala assistindo Claudia brincar com a bicicleta rosa que ganhara no natal do Papai Noel. Já não nevava mais, então as roupas de frio foram finalmente substituídas por shorts e camisetas; eu me sentia livre longe de todo aquele peso ext ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 74



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 19:25:00

    Emii eu to lendo o começo todoo, na parte fofa, QUANDO ELAS NÃO ESTAVAM MAGOADAS E NADA ACONTECIAA, estou bem happy, porem quando chegar na parte da dor e sofrimento, eu paro de ler KKKKK

    • Emily Fernandes Postado em 06/10/2017 - 05:29:54

      Ai Duda, CV e b+, kkkkk mas mesmo sabendo que a história mexeu com os seus nervos vc vai ler de novo. Cara, queria estar no seu lado só pra ver a sua reação, dentro da sala de aula. Kkkkkkkkk mas eu te entendo, eu chorei horrores com uma história Portinon tbm. Cara é sério pq CTA. Acabou comigo. A Tammy Portinon acabou comigo literalmente kkkkk.E tipo eu tbm estava lendo na sala de aula, tive que mentir até o pq do choro. Mas valeu a pena não é. Bjs

  • Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 16:07:41

    EMILYYYY EU NUNCA SOFRI TANTO EM UMA FANFICCCCCCC, EU ESTAVA LENDO NA AULA, QUANDO A DULCE MORREUUU EU TIVE UM ATAQUE DE ''não pelo amor de deus, nnnnnnn'' MDS, Eu sofri junto com a Dulce, e com a Anahi, ri da doçura do Ethan. MASS ELA MORREEUUUUUU AAAAAA NNNNN MDSS, EU TO MT DEPRESSIVA DPS DISSO. eu te convido para meu velorio, quando eu ja estiver morta por n ter aquentado um tiro desse. Te amo <3

  • lika_ Postado em 02/10/2017 - 14:33:24

    parabens Emily Fernandes a sua Fanfic foi perfeita o fim me fez segura muito para nao me debulhar em lagrimas

  • Kakimoto Postado em 01/10/2017 - 11:52:23

    MEUU DEEEUUUSSS AAAAAAAA, eu to no cap 32, em que esta a Dulce, Anahi, Ethan, Santana e Logan na sala de musica AAAAAAAA MEEUU DEEUUSS, EU TO MORRENDOOO

    • Emily Fernandes Postado em 01/10/2017 - 16:52:46

      Bem se vc está estética assim, e pq vc está gostando Dudinha. Ahahaha Mas é agora que as coisas ficam mais intensa. Bjs mi amor te.quero.... Quero ver o seu comentário assim. Que terminar.

  • ester_cardoso Postado em 19/09/2017 - 17:46:27

    Obrigada sério mesmo, não tem como não te agradecer por nos proporcionar mais uma história maravilhosa dessas. Cara chorei muito tanto com o fim da fanfic, tanto com suas palavras. Vc não sabe o quão importante isso foi pra mim, sentir isso é realmente forte e saber q tem mais pessoas que compartilham desse sentimento nos dá força. Bebê vc é inspiradora, além de ser uma das pessoas mais perfeitas q conheço. Essa fic foi realmente muito lindaaa, me surpreendi muito. Claro q as vezes dava vontade de jogar o cell na parede, mas o amor q encontrei aqui é muito maior q eu imaginava. O final acabou comigo obviamente, mas essa é uma daquelas histórias q marcam, aquelas q guardamos no coração. Assim como guardamos pessoinhas especiais como vc, saiba q sempre q quiser estarei aqui, mesmo não nos conhecendo muito me importo com vc e importante é que estejamos sempre felizes. Beijos bebê <3 <3 Amo vc

  • siempreportinon Postado em 17/09/2017 - 14:18:42

    Simplesmente maravilhosa!!! Chorei bastante no decorrer da história, me tocou profundamente. Sem dúvida se tornou um dos meus xodós. Parabéns pela história, obrigada por nos presentear com belíssimas fics, espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei sempre!!!

  • Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:57:06

    PS apesar de não te conhecer pessoalmente, eu estou orgulhosa de você, continue assim você é uma linda,é muito especial vou sentir saudades da história, parabéns por mais uma fic finalizada anjo bjs

  • Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:55:19

    Meu Deus do Céu, eu meu Deus que história linda eu chorei demais lendo esses últimos capítulos,os votos de casamento delas foi a coisa mais linda do mundo,as lembranças os flash back né tudo, Deus Meu eu me sinto tao feliz apesar de tudo, porque tive um privilegio de conhecer essa história você nos deu as honra, de nos apresentar a ela e isso foi maravilhoso, eu queria ter dito tantas coisas sobre a história mas não dá não consigo porque enquanto escrevo cada palavra aqui, é uma lagrima a mais, foi uma linda história um amor tão lindo e magico foi maravilhosa Emy não consigo escrever mais chega rs. só mais uma coisa obrigada.

  • Kakimoto Postado em 16/09/2017 - 13:32:12

    Mdss, to acomulando mt, eu só vejo os comentarios falando que choraram mt e que eh mt emocionante, e eu já to gritandoo, mdsss, ME DA SPOILER EMII PFFF AAAA. ti amu

  • laine Postado em 15/09/2017 - 14:36:10

    Parabéns, estou sem palavras realmente foi muito lindo


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




Nossas redes sociais