Fanfic: O laço vermelho (adaptada AyD) Finalizada | Tema: Portinon
9 de Julho de 2019 - Paris, França. Segundo ano da faculdade.
O dia ensolarado no bairro Quartier Latin abrigava centenas de franceses e turistas que caminhavam de um lado para o outro aproveitando a primavera ensolarada. Era possível encontrar diversos tipos de pessoas ao redor dos bistrôs localizados em uma das ruas movimentadas do bairro, o lugar normalmente era frequentado pelos estudantes em Surbonne por ser próximo à Universidade, era usado como local para estudos nos intervalos de aulas ou como encontros de jovens casais. A quantidade de turistas dispostos a caminharem debaixo do sol forte era algo que deixava a jovem americana abismada. Nem mesmo em seu primeiro dia em Paris ela trocou uma boa cama por um tour pela cidade, mas ainda sim não tinha como não se impressionar como a beleza rica em detalhes do lugar.
A loira de olhos azuis cintilantes e longos cabelos caramelos se encontrava sentada em uma mesinha ao lado de fora de um dos bistrôs, ela observava atentamente tudo a sua volta como um novo tipo de hobby. As chaves de seu Dodge descansavam ao lado da xícara de café que, mesmo com o calor, a jovem não dispensava em momentos de reflexão. Olhar para todas aquelas pessoas a fazia sentir-se desconectada de assuntos que havia deixado nos Estados Unidos há quase um ano.
Anahí pousou os olhos no Dodge preto estacionado do outro lado da rua e soltou um suspiro sôfrego. Desde pequena fora apaixonada por carros antigos e velozes, lembra-se de ouvir o sermão de seu pai por quase uma semana quando usou o dinheiro dos seus dezesseis anos para comprá-lo ao invés de um Porsche como o combinado. O Dodge tinha sido seu pequeno xodó por todo esse tempo, o ciúme que sentia do carro era quase doentio, palavras de sua própria mãe. A questão é que agora sentia seu peito se contrair com a decisão que vinha arquitetando há alguns meses. Não fora uma ideia de uma hora para a outra, mas levando em consideração a dor que lastimava seu peito, ela sabia que algo deveria ser feito.
Foi então que, em um dia comum caminhando pelo parque Duc de Chartres's, sentou-se ao gramado ao se deparar com um casal de mulheres brincando com um garotinho de no mínimo dois anos. Sua atenção foi atraída à cena como imã, e ela não pode deixar de sorrir sozinha imaginando como seria se estivesse construindo seu futuro ao lado de Dulce. Tudo o que elas planejaram; a casa, o trabalho, os filhos... A questão era fechar os olhos e poderia facilmente visualizá-las passeando de mãos dadas com seu filho, o pequeno Ethan como Dulce escolhera na noite de natal de 2017. Ou até mesmo Sarah, nome que ela havia escolhido caso fosse menina em homenagem à mulher de Harry, o soldado abatido na segunda guerra mundial.
Ainda naquela noite, a mente de Anahí trabalhou arduamente com o pensamento preso na cena das mães com o filho. Pensar em Dulce ainda a machucava de tal forma que as únicas pessoas que ela deixara se aproximar até aquele dia eram Santana Lopez e Alfonso Herrera em seu tempo em Paris. Anahí não queria conhecer pessoas novas, não queria um novo amor, amigos novos ou qualquer coisa que a impedisse de pensar em Dulce. De certa forma, sentir a dor da saudade a lembrava de que a história de ambas fora real, e isso bastava.
Até aquele dia.
Anahí sentiu-se consumida pelos pensamentos nos próximos dias, sua concentração já não era mais a mesma, evitava conversar com Santana sobre o assunto, pois preferiu deixar seu passado em New York, mas se trancava todos os dias no dormitório sentindo a cabeça estourar pelo tanto de situações que criava em sua mente envolvendo um filho. Apesar de ainda manter contato com Taylor e Emma, manteve o pensamento em construção para si e deixou seus amigos fora disso, sabia que ninguém jamais a apoiaria, e que todos iriam tachá-la de louca.
Foi só depois de alguns meses que Anahi teve sua certeza formada quando, em uma das inúmeras cartas que trocava com Fernando, o homem lhe contou que Dulce passou a ser voluntária no hospital do câncer infantil, levando sua música e amor para os pequenos.
O pior de tudo foi quando, com o passar dos tempos, pensar em Dulce tornou-se cada vez mais raro. Não porque não a amasse, o peito de Anahí se enchia apenas com a lembrança de sua amada, mas agora ela tinha uma vida na França abarrotada de estudos que tiravam sua concentração, e Santana e Alfonso conseguiam amenizar seus pensamentos torturantes. O problema é que imaginar-se deixando Dulce ir em seus pensamentos a deixou extremamente desesperada, isso não poderia acontecer de nenhuma forma, Anahi precisava manter seu primeiro amor sempre em alguma parte de seu coração, de preferência a mais funda e indestrutível.
Naquele momento, naquele dia, sua decisão fora tomada.
Ela seguiria sua vida na França e se tornaria a melhor advogada que Paris pudesse recorrer, e ainda sim, manteria uma parte de Dulce sempre com ela. Manteria o foco nos estudos e se possível conheceria alguém que a fizesse sentir-se bem, mas nunca, em nenhuma hipótese, deixaria de acompanhar a carreira da mais nova.
- Qual o motivo especial por ter me tirado da cama num sábado de manhã? – Santana havia acabado de chegar ao bistrô com uma carranca enorme. Anahí se ajeitou na cadeira quando a latina puxou uma cadeira para sentar-se, ela trajava um vestido azul marinho que marcava todas as suas curvas e sapatilhas. – Sério, se não fosse pelo seu tom urgente, eu com certeza teria desligado o telefone na sua cara.
Talvez o motivo de ter deixado Santana entrar em sua vida venha a ser pelo humor negro da mulher que em muito lembrava sua melhor amiga Emma. E, apesar da imagem de vadia que passava a todos, foi a primeira pessoa a sorrir para ela em seu primeiro dia em Surbonne quando lhe puxou para a mesa de seus amigos na hora do almoço.
Anahí brincou com o copo de café em mãos, dando uma golada antes de coçar a garganta e encarar a amiga que mantinha as sobrancelhas erguidas num claro sinal de curiosidade.
- Eu preciso da sua ajuda, e também preciso que você não surte ou me chame de louca. – disse por fim, sem nunca deixar seus olhos abandonarem os da garota.
Santana curvou os lábios para baixo, arregalando os olhos.
- Por favor, me diga que você não matou alguém e precisa da minha ajuda para esconder o corpo! – exclamou extasiada, fazendo Anahi pendeu a cabeça de lado digerindo suas palavras.
Anahí balançou a cabeça ainda confusa e afastou o copo de café e as chaves do centro da mesa, como se isso deixasse o caminho livre entre ela e Santana para uma conversa privada.
- Eu vou ter um bebê. – disse sem rodeios, e esperou a expressão de Santana que nunca veio. A garota continuou olhando-a como se ainda esperasse pela surpresa. – Santana?
Santana abriu a boca e fechou, logo abaixando o olhar para a mesa em silêncio. As pernas de Anahí saltavam em baixo da mesa com o nervosismo e sua amiga não reagir de imediato só a deixou ainda mais nervosa.
A garota finalmente voltou a olhar para Anahi, mas ainda sem esboçar nenhuma reação.
- Como você pode liberar sua perseguida e nem ao menos me contar, Portilla? – a garota rosnou entre dentes, fechando as mãos em punhos. – Eu pensei que fosse sua amiga! Quem foi? O idiota do Poncho não foi porque ele é muito banana...
Anahí abriu a boca em choque e negou diversas vezes com a cabeça.
- Não, não. Acalme-se, ok? Eu não estou grávida.
Os punhos da garota logo se desfizeram e ela olhou novamente para Anahi como se ela fosse louca.
- Então? – arqueou a sobrancelha esquerda.
- Uh... Inseminação artificial? – Anahi falou como se fosse o óbvio e viu o choque percorrer o rosto de Santana. – Olha, eu sei que não é algo normal para uma universitária de vinte anos decidir de uma hora para a outra, mas eu preciso que você me entenda e que me acompanhe à uma clinica.
Silêncio.
Santana tinha essa mania de pensar muito antes de falar e por mais que em parte isso seja algo bom, naquele momento estava aterrorizando Anahi. Ela não tinha coragem de ir a clinica sozinha, precisava de alguém para apoiá-la e para desabafar quando se arrependesse, se é que isso aconteceria.
- Ok... – Santana murmurou, analisando Anahi atentamente. – E você decidiu isso sentada aqui na mesa de café? Ou existe um motivo plausível pra você enfiar uma criança na sua vida de uma hora para a outra?
Nem em mil anos diria que precisava ter um pedaço de seu primeiro amor junto dela, essa era uma filosofia que poucas pessoas entenderiam, ou até mesmo nenhuma. O que parecia loucura aos olhos dos outros, se tornava um ato de amor aos de Anahí. Ela amava crianças ao mesmo tempo em que precisava encontrar um meio de ter Dulce sempre com ela, ou acabaria explodindo com a saudade.
- Digamos que eu tenho esse desejo que não pode ser contido. – deu de ombros, vendo Santana cerrar os olhos.
- Você não vai me contar, não é? – a garota suspirou ciente de que Anahi tinha muitos segredos em seu passado.
- Não, desculpe. – mordeu o lábio inferior, seu olhar caiu para as chaves na mesa.
Santana ajeitou-se melhor na mesa, seus olhos ainda em análise na loira, Anahi às vezes achava que a amiga tinha errado o curso, pois seu dom para a psicologia era explicito quando decidia analisar as reações das pessoas.
- Suponhamos que eu aceite ajudar... – começou a latina, quebrando o silêncio e tendo a atenção de Anahi. – Como vamos arrumar dinheiro sem que o seu pai saiba, e como você vai aparecer grávida em Surbonne quando mal se envolve com as pessoas? Vai dizer que tem um namorado secreto?
Essas eram uma das muitas perguntas que martelaram em sua cabeça durante os meses, Anahi pensou em cada detalhe e, por mais que ainda houvesse algumas falhas, era o que tinha em mãos e não voltaria atrás em sua decisão.
- Eu vou vender o Dodge. – disse. A boca de Santana abriu exageradamente. – É, eu sei. Isso está doendo em mim mais do que você imagina, Santana. – desviou o olhar para o carro e torceu a boca. – Mas é a única forma de conseguir o dinheiro sem que meu pai saiba, e a partir dai eu vou sustentar o bebê sozinha. Eu consegui emprego em uma livraria, vou juntar dinheiro, me mudar para um apartamento no meio da gestação. E quanto às pessoas... Eu não me importo com eles. Passei anos da minha vida me preocupando com o que pensariam de mim e isso me fez ser uma estúpida muitas vezes. – bloqueou as lembranças de Dulce em sua mente. – Devo satisfação apenas a você e Alfonso, e acho que ele merece saber a verdade depois.
Na semana seguinte, Santana apareceu na faculdade carregando Anahi pela camisa até o banheiro. Depois de verificar se estava vazio, deu a noticia de que um amigo apaixonado por carros antigos estava interessado no Dodge, a melhor parte era que ele pagaria muito bem.
Três dias depois ela o vendeu tendo assim, mais uma parte de seu coração levado.
As duas garotas mantinham o segredo de Alfonso a todo o momento e o rapaz não desconfiou em nada dos sumiços que ambas davam no meio do dia. Sumiços esses que eram causados pelas visitas a clinica que Anahi escolheu depois de verificar se era mesmo confiável.
Em outubro de 2019, Anahi estava grávida.
Anahí não soube como reagir ao ver o os dois riscos em vermelho no teste de farmácia. Sua primeira reação foi chorar desesperadamente de felicidade por ter uma vida crescendo dentro dela, seu extinto maternal sempre fora aflorado e saber que seria mãe em nove meses a deixara extasiada. Quando contou para Santana no dormitório que dividiam, a garota faltou morrer do coração e as duas passaram a ser como um casal de mães pelo tanto que Santana a acompanhou em sua gravidez. Conforme sua barriga crescia e as pessoas notavam, Anahi tomou a decisão de sair do campus, e alugou um apartamento pequeno e barato próximo à faculdade.
Alfonso foi o próximo a saber, e para o alivio de Anahí, ficou ao seu lado assim como a meia irmã.
O tempo foi passando arrastado, Anahi afastou-se de Taylor com medo de sua reação sobre o bebê, e que a sua caçula contasse para Maitê e Zoe. As três garotas eram muito racionais, e por mais que Taylor tivesse Adam, com certeza surtaria pela decisão repentina da irmã mais velha.
Qualquer contato com o passado fora definitivamente cortado, exceto por Fernando que foi a terceira pessoa a saber sobre a inseminação artificial por carta. Ele respondeu alguns dias mais tarde dizendo que Anahi era uma garota rara, e que merecia todo o amor no mundo, assim como seu bebê. Enrique e Anahi mal conversavam, ele apenas mandava o dinheiro do sustento da filha na faculdade e ligava uma vez por semana em Surbonne para saber sobre o desempenho da garota, por isso Anahi tratou de estudar ainda mais para que nunca fosse preciso seu pai ser questionado sobre sua gravidez pela direção. Logo, quando Ethan nasceu, Anahi se viu apaixonada mais do que se julgou estar durante a gravidez.
Ethan tinha se tornado seu mundo no momento em que abriu os olhinhos azuis, encarando aquele quarto de hospital com curiosidade. E, inesperadamente, ele lembrava Dulce, talvez pelo inconsciente de Anahi o considerar filho das duas.
Uma babá foi contratada para cuidar de Ethan no tempo em que Anahí trabalhasse, e a loira passou a estudar à distância. Santana e Alfonso não saíam de sua casa por nada, eram as pessoas preferidas de Ethan que, com dois anos, já os chamava de tio. Anahí chorou intensamente quando ouviu pela primeira vez a palavra mamãe sair da boca do garoto, é uma de suas memórias preferidas.
Durante sua gravidez, e ainda com o garoto pequeno, Anahi costumava tocar violão para o filho como se isso fizesse seu gosto pela música despertar, e ela estava certa, Ethan amava quando a hora da música chegava antes de dormir.
Três anos mais tarde, em seus últimos dias de aula em Surbonne e com Ethan completando três anos de idade, Alfonso se declarou para Anahi dizendo que fora apaixonado por ela desde o momento em que a viu na faculdade, e que se ela aceitasse, seria o melhor pai do mundo para Ethan. Foi um choque para Anahi no começo, ela nunca imaginou que seu amigo nutrisse sentimentos por ela e muito menos que os fosse revelar assim, no meio de um passeio pelas ruas de Paris. Poncho era um cara bacana e muito dedicado aos estudos que sempre a tratou com respeito, e a quem Ethan tinha um carinho infinito. Internamente Anahi sabia que seu filho precisava de uma segunda figura em sua vida, alguém que o acolhesse quando ela o bronqueasse, que fosse menos firme que ela e que o amasse na mesma intensidade que ela o amava. E Poncho era o cara certo. Talvez fosse errado aceitar tê-lo em sua vida por segurança, mas ela deixou claro desde o começo que não o amava e que não sabia se um dia o poderia fazer.
Poncho aceitou sua condição, mesmo Santana não tendo aprovado a ideia no começo, dizia que seu irmão era muito frouxo para a amiga, mas acabou cedendo dias depois.
E assim o tempo passou. Anahí deu uma chance a Poncho e o rapaz soube aproveitar. Levou as coisas devagar, sempre respeitando o tempo de Anahí que não sabia se estava preparada para beijar outros lábios que não fossem os de Dulce ou entregar-se a alguém. Poncho fazia Anahi sorrir, e sempre a ajudava com Ethan quando a loira sentia-se muito pressionada com o filho, trabalho e estudo. Foi Poncho quem descongelou o coração partido de Anahí e acendeu uma nova chama, mesmo que a explosão nunca voltasse a acontecer. Foi ele quem a acolheu, amou e zelou por todo esse tempo. Quando o rapaz recebeu uma oportunidade de emprego em New York, conversou um pouco hesitante com Anahi sobre isso, convidando-a para acompanha-lo. A mulher não estava disposta a bater de frente com o passado como ela sabia que faria caso voltasse, mas aceitou por saber que seria uma grande oportunidade ao namorado, e Santana, que era muito famosa em Paris por abrir um clube noturno, decidiu abrir uma filial em New York.
Poncho a pediu em noivado pouco antes de se mudarem para New York. Anahí precisou de um tempo para processar, mas não negou, pois ele era o cara certo para fazer a ela e a Ethan felizes.
Então, em uma noite chuvosa enquanto Ethan assistia TV na sala, Anahi decidiu ligar para Fernando e contar a novidade sobre sua volta, o homem não lhe escrevia há mais de cinco semanas, o que lhe causou estranhamento. Tudo aconteceu muito rápido, Anahi ouviu uma voz fraca do outro lado da linha que fez seu coração saltar em seu peito e quase sair por sua garganta. A loira pigarreou e mudou o tom de voz, perguntando por Fernando. A voz de Dulce do outro lado hesitou antes de responder.
- Ele faleceu há seis semanas.
Processar essa frase na voz de Dulce deixou Anahi atônita, fazendo-a cair sentada no sofá de três lugares sentindo seu peito doer. Ethan percebeu que havia algo errado com a mãe e logo se levantou do sofá, subindo em seu colo com um semblante preocupado.
- Mommy? – ele perguntou manhoso, e Anahí o abraçou deixando suas lágrimas rolarem em sua face sem que o filho as visse.
Anahí não dormiu naquela noite. A morte de Fernando a pegou totalmente de surpresa, aquele homem era como um pai que ela nunca teve, por esse motivo permitiu-se chorar agarrada ao travesseiro até que não houvesse mais forças para tal ato. Ouvir a voz de Dulce após seis anos foi como rasgar uma cicatriz que levou anos para fechar. Enquanto a casa estava silenciosa, Anahi levantou-se e caminhou pelo corredor até chegar ao porão onde acendeu a luz fraca ao abrir a porta. No cômodo foi revelado vários recortes de jornais e revistas colados a um enorme mural na parede, uma estante enorme de CDs, DVDs e covers, alguns pôsteres colados pelas paredes e cartas que recebia como resposta as que ela mandava como fã anônima. Tudo sobre Dulce. Anahí nunca deixou de cuidar e zelar pela mulher nem mesmo quando sua vida se resumia em trabalho, Alfonso, Ethan e dormir. Nunca deixou de acompanhar uma entrevista sequer, e agora ouvir diretamente sua voz do outro lado do telefone tinha sido um choque de realidade.
Em alguns dias, elas estariam na mesma cidade.
Santana, Poncho e Anahí decidiram morar juntos em New York até que a meia irmã do rapaz tivesse arrumado um apartamento próximo ao estabelecimento que compraria. Os primeiros dias foram difíceis para o francês que praticou seu inglês todo o caminho dentro do avião. Santana era mais fluente e para Anahi foi um alivio finalmente poder falar sua língua naturalmente.
Anahí matriculou Ethan no colégio infantil e em aulas de música, como era a vontade do garoto sobre aprender violão como ela. Poncho sempre o levava e buscava por ser caminho do trabalho, e Anahí passava os dias desempacotando caixas da mudança e estudando sobre seu novo caso para quando voltasse de férias. Santana passava a maior parte do dia fora negociando estabelecimentos e sempre voltava xingando em espanhol, provavelmente porque tudo em New York era caro demais.
Até então, Anahi não sabia que seria arrastada para o passado quando recebeu o convite de Emma pelo correio.
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22 de Julho de 2024. - New York City, NY.
Não sabia quanto tempo havia se passado. Minutos, horas, dias, meses, quem sabe? O que deveria ser uma sala de aula tornou-se um campo de batalha entre olhares frente a frente, após seis anos criando momentos como aquele em suas imaginações. Apesar da expressão fria que Dulce portava, Anahi sabia que Dulce estava tão afetada quanto ela, desde que começaram a namorar aprendera a ler as expressões e a postura da mulher, e mesmo depois de tanto tempo, ainda saberia dizer pelas mãos inquietas, sobrancelhas franzidas e lábios crispados de Dulce que ela estava a ponto de desmaiar. Mas Anahi não estava muito longe, o coração em seu peito martelava descontrolado, desejando correr para os braços da mulher parada a sua frente.
A verdadeira dona dele.
Ethan acabou desistindo de cutucar a mãe e resolveu voltar a sentar no piano para dedilhar o mesmo até que tivesse atenção, mas naquele momento, o mundo era apenas de Dulce e Anahí. Os fogos ainda explodiam, o mundo ainda girava, seus corpos ainda clamavam um pelo outro gritando em saudade como amantes em chamas.
Anahí deu mais um passo à frente e Dulce recuou um, como se criasse um sistema de defesa contra Anahi.
- Eu... – Anahi começou a dizer, mas perdeu-se nas palavras que não vinham.
Não sabia se sentia alivio ou desespero, mas o momento delas foi cortado quando Alfonso apareceu à porta da sala ofegante, com uma Santana descabelada logo atrás.
- Anahi, eu vim o mais rápido que pude! – o homem exclamou, e estancou assim que notou o clima tenso na sala. – Dulce? Tudo bem? Aconteceu algo com Ethan?
Ao ouvir seu noivo mencionar o nome de Dulce como se fossem velhos amigos, Anahi virou-se curiosa para encarar Alfonso.
- Eu já disse que esqueci, caramba... Dulce? – Santana abriu a boca ao ver a professora, a mesma mulher por quem tinha se interessado na festa de Emma.
Anahí voltou-se em choque apenas para ver uma Dulce corada com os olhos fixos em Poncho.
- Ethan está ótimo, Alfonso. – ela sorriu sem graça, apontando para o garoto que agora assistia a cena em silêncio. – Eu não o deixaria sozinho, de qualquer forma. E, olá Santana.
E ali estava, seu passado e seu presente colidindo como dois trens em movimento. Anahí ainda não tinha palavras na presença de Dulce e isso até mesmo Ethan poderia notar, ironicamente falando, e foi Santana quem teve a cara de pau de se manifestar.
- Vocês duas se conhecem? Porque o clima aqui está pesado e não é pela Anahi. – ela cruzou os braços, odiava quando sua cunhada guardava segredos, e vê-la tão sem graça na frente da professora de Ethan a fez imaginar que tinha algo acontecendo ali que ela não sabia.
Dulce abaixou a cabeça indicando que não seria ela a falar e Anahi sentiu a responsabilidade do mundo as suas costas.
- Lembram-se da velha amiga que vi na festa de Emma? Era Dulce. – engoliu em seco com as palavras, não ousava encarar a pianista ao dizer velha amiga.
Alfonso e Santana sorriram animados com a ideia de Dulce ser amiga de Anahi, Alfonso porque gostava muito da mulher como professora de Ethan, Santana porque tinha um interesse a mais em Dulce. É só juntar o útil ao agradável, certo?
- Isso é incrível, amor! – exclamou Alfonso, Anahi quase morreu ao ouvi-lo dizer amor. Não que não se chamassem assim, mas de repente esse ato se tornou sufocante na presença de Dulce. – Eu fico feliz por Dulce ser essa pessoa especial sobre quem você falou, Ethan adora ela, e eu com certeza a chamaria para jantar lá em casa se...
- Você o que? – Anahi engasgou, ficando vermelha como um pimentão.
Alfonso estranhou essa atitude da noiva, mas continuou com o sorriso alegre.
- Vocês devem ter muito que conversar, eu imagino. – disse como se fosse o óbvio e Santana concordou com a cabeça. É claro que para Alfonso ele estava apenas ajudando Anahi a se aproximar de uma de suas amigas do passado já que as outras tinham sido tão frias com ela na festa. – E é claro que Dulce precisa experimentar meu macarrão a bolonhesa.
- É, Dulce. Eu moro com eles e vai ser um prazer ter você lá em casa. – Santana disse sorridente, nem parecia a vadia sarcástica que costumava ser no dia a dia. – Aliás, é sobre esses dois que eu estava falando naquela noite, e o pirralho é o Ethan.
Anahí fuzilou a cunhada e apertou as mãos com força. Estava tão fraca que se movesse um passo seria capaz de cair no chão. Seus olhos mantinham-se longe de Dulce por segurança, ela sabia que se entregaria ainda mais se encarasse as íris castanhas.
- Tia Dulce vai lá em casa, mamãe? – a voz de Ethan fez Anahi olhar para baixo e ver seu pequeno a encarando com os olhos brilhantes. – Ela vai poder tocar violão comigo no quarto?
- Eu... Eu não sei... – gaguejou, as palavras simplesmente desapareceram de seu vocabulário.
Anahí não sabia se poderia aguentar estar no mesmo lugar que Dulce e fingir que não foram namoradas na faculdade, que já não se amavam intensamente. Ou ela ao menos pensava que Dulce ainda a amava. E se...
E essa dúvida apareceu.
- É claro que a tia Dulce vai, se ela quiser é claro. – Alfonso pegou Ethan no colo. – Que tal pedir com jeitinho a ela, hein?
Alfonso disse algo no ouvido de Ethan e o garoto sorriu tapando a boca com as mãozinhas. Por mais que o assunto fosse Dulce o tempo todo, a mulher mal tinha se movido de sua posição e pouco fazia para deixar de encarar Anahi. Santana e Alfonso achavam que era pelo choque de encontrar sua amiga seis anos depois, mas não tinham ideia de que ela chorava internamente odiando-se por descobrir-se ainda loucamente apaixonado por Anahi.
- Tia Dulce, eu gostaria muito que a senhora fosse na minha casa assistir homem de ferro comigo e comer macarrão. É gostoso, eu juro!
Dulce sorriu apaixonada por Ethan ao mesmo tempo em que abriu a boca buscando por ar. Ethan era filho de Anahí. Anahí era a mãe de Ethan. A mulher que ela amava... Mãe da criança que ela havia se apegado. O mundo poderia ser mais louco? O que doía mais, era saber que Anahi tinha um filho com outro homem, ou apenas saber que Ethan era filho dela? Sua cabeça poderia explodir com tantos pensamentos, mas ela poderia sucumbir a emoção de amar aquelas duas pessoas. Queria tanto odiar Anahi por usar o nome que ela tinha escolhido uma vez em seu filho com outro, mas era Ethan. O garotinho de cabelos enrolados e olhos da cor do mar.
Ele poderia ser seu filho com Anahi em um futuro alternativo.
De volta à realidade, a pianista finalmente decidiu dizer algo para não deixar a situação mais constrangedora do que se encontrava, e indo contra todos os seus instintos, escolhendo sua curiosidade por querer saber mais sobre a vida da covarde que a abandonara, ela fez sua escolha.
- Eu adoraria. – sorriu ainda trêmula. Anahí finalmente a olhou com o choque evidente em seus olhos azuis. – É claro que eu vou, Ethan.
Santana, Alfonso e Ethan comemoraram enquanto Anahi desejava se jogar daquele prédio. Ela tinha aceitado...? Dulce María Savinon estaria finalmente voltando a sua vida? E o principal, o quanto isso poderia prejudicá-la?
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 74
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Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 19:25:00
Emii eu to lendo o começo todoo, na parte fofa, QUANDO ELAS NÃO ESTAVAM MAGOADAS E NADA ACONTECIAA, estou bem happy, porem quando chegar na parte da dor e sofrimento, eu paro de ler KKKKK
Emily Fernandes Postado em 06/10/2017 - 05:29:54
Ai Duda, CV e b+, kkkkk mas mesmo sabendo que a história mexeu com os seus nervos vc vai ler de novo. Cara, queria estar no seu lado só pra ver a sua reação, dentro da sala de aula. Kkkkkkkkk mas eu te entendo, eu chorei horrores com uma história Portinon tbm. Cara é sério pq CTA. Acabou comigo. A Tammy Portinon acabou comigo literalmente kkkkk.E tipo eu tbm estava lendo na sala de aula, tive que mentir até o pq do choro. Mas valeu a pena não é. Bjs
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Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 16:07:41
EMILYYYY EU NUNCA SOFRI TANTO EM UMA FANFICCCCCCC, EU ESTAVA LENDO NA AULA, QUANDO A DULCE MORREUUU EU TIVE UM ATAQUE DE ''não pelo amor de deus, nnnnnnn'' MDS, Eu sofri junto com a Dulce, e com a Anahi, ri da doçura do Ethan. MASS ELA MORREEUUUUUU AAAAAA NNNNN MDSS, EU TO MT DEPRESSIVA DPS DISSO. eu te convido para meu velorio, quando eu ja estiver morta por n ter aquentado um tiro desse. Te amo <3
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lika_ Postado em 02/10/2017 - 14:33:24
parabens Emily Fernandes a sua Fanfic foi perfeita o fim me fez segura muito para nao me debulhar em lagrimas
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Kakimoto Postado em 01/10/2017 - 11:52:23
MEUU DEEEUUUSSS AAAAAAAA, eu to no cap 32, em que esta a Dulce, Anahi, Ethan, Santana e Logan na sala de musica AAAAAAAA MEEUU DEEUUSS, EU TO MORRENDOOO
Emily Fernandes Postado em 01/10/2017 - 16:52:46
Bem se vc está estética assim, e pq vc está gostando Dudinha. Ahahaha Mas é agora que as coisas ficam mais intensa. Bjs mi amor te.quero.... Quero ver o seu comentário assim. Que terminar.
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ester_cardoso Postado em 19/09/2017 - 17:46:27
Obrigada sério mesmo, não tem como não te agradecer por nos proporcionar mais uma história maravilhosa dessas. Cara chorei muito tanto com o fim da fanfic, tanto com suas palavras. Vc não sabe o quão importante isso foi pra mim, sentir isso é realmente forte e saber q tem mais pessoas que compartilham desse sentimento nos dá força. Bebê vc é inspiradora, além de ser uma das pessoas mais perfeitas q conheço. Essa fic foi realmente muito lindaaa, me surpreendi muito. Claro q as vezes dava vontade de jogar o cell na parede, mas o amor q encontrei aqui é muito maior q eu imaginava. O final acabou comigo obviamente, mas essa é uma daquelas histórias q marcam, aquelas q guardamos no coração. Assim como guardamos pessoinhas especiais como vc, saiba q sempre q quiser estarei aqui, mesmo não nos conhecendo muito me importo com vc e importante é que estejamos sempre felizes. Beijos bebê <3 <3 Amo vc
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siempreportinon Postado em 17/09/2017 - 14:18:42
Simplesmente maravilhosa!!! Chorei bastante no decorrer da história, me tocou profundamente. Sem dúvida se tornou um dos meus xodós. Parabéns pela história, obrigada por nos presentear com belíssimas fics, espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei sempre!!!
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Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:57:06
PS apesar de não te conhecer pessoalmente, eu estou orgulhosa de você, continue assim você é uma linda,é muito especial vou sentir saudades da história, parabéns por mais uma fic finalizada anjo bjs
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Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:55:19
Meu Deus do Céu, eu meu Deus que história linda eu chorei demais lendo esses últimos capítulos,os votos de casamento delas foi a coisa mais linda do mundo,as lembranças os flash back né tudo, Deus Meu eu me sinto tao feliz apesar de tudo, porque tive um privilegio de conhecer essa história você nos deu as honra, de nos apresentar a ela e isso foi maravilhoso, eu queria ter dito tantas coisas sobre a história mas não dá não consigo porque enquanto escrevo cada palavra aqui, é uma lagrima a mais, foi uma linda história um amor tão lindo e magico foi maravilhosa Emy não consigo escrever mais chega rs. só mais uma coisa obrigada.
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Kakimoto Postado em 16/09/2017 - 13:32:12
Mdss, to acomulando mt, eu só vejo os comentarios falando que choraram mt e que eh mt emocionante, e eu já to gritandoo, mdsss, ME DA SPOILER EMII PFFF AAAA. ti amu
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laine Postado em 15/09/2017 - 14:36:10
Parabéns, estou sem palavras realmente foi muito lindo