Fanfics Brasil - Capítulo 36 O laço vermelho (adaptada AyD) Finalizada

Fanfic: O laço vermelho (adaptada AyD) Finalizada | Tema: Portinon


Capítulo: Capítulo 36

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O Honda Accord foi estacionado em frente à antiga casa dos Savinon sem um pingo de gentileza. Dulce derrapou com o carro e mal tinha desligado os faróis, desceu batendo a porta com força e caminhando rapidamente para dentro de casa determinadamente com uma Claudia assustada em seu encalço. A casa estava escura e Dulce mal se deu o trabalho de ligar as luzes, logo atravessou a sala e subiu as escadas pulando os degraus e rumando direto ao quarto de Blanca.



- Dul, eu não acho que...



Cláudia mal terminou de falar e Dulce abriu a porta do quarto com tudo. Blanca se encontrava em sua mesma posição de sempre, meio sentada com as costas apoiada na cabeceira da cama, os olhos fixos na tela da TV e o edredom cobrindo seu corpo.



Dulce parou no meio do quarto e ficou encarando a mãe por um tempo, se perguntando como pudera mentir tanto tempo com algo tão sério como o assunto Anahi.



- Mãe. – chamou e não se intimidou quando Blanca a olhou. – Você sabia que Anahi trocava cartas com papai?



Ao contrário de Cláudia e Taylor, Blanca não esboçou nenhuma reação. Suas mãos continuaram presas no edredom e seus olhos sem emoção analisando a filha. Cláudia adentrou o quarto e parou ao lado de Dulce, então Blanca assentiu.



- Ela é uma boa menina. – a mulher disse e Dulce revirou os olhos.



- Sim, isso a senhora já me disse. – respondeu com mágoa. – Onde estão as cartas?



Nesse mesmo instante, um som de motor de carro surgiu no terreno chamando a atenção das mulheres no quarto. Dulce aproximou-se da cama, os olhos já vermelhos e marejados pela mágoa que sentia das pessoas em que mais confiou todo esse tempo.



- Onde estão? – perguntou novamente e com mais firmeza na voz. Blanca virou o rosto lentamente e apontou para o guarda roupa. – Estão aqui dentro? – perguntou ao abrir a primeira porta e Blanca assentiu mais uma vez.



- A caixa. – a mulher instruiu e Dulce viu a única caixa branca no canto com um adesivo na tampa escrito "Não mexer.".



Com cuidado, Dulce pegou a caixa no colo sentindo que segurava todo o seu mundo e caminhou até a cama sentando-se com as pernas cruzadas. Quando tirou a tampa, Taylor surgiu na porta e parou estática ao lado de Cláudia, e olhos arregalados, cabelos desgrenhados e respiração descompassada.



- Fique onde está. – Dulce alertou sem tirar os olhos do bolo de cartas presas por um elástico. Seu coração mal se aguentava no peito e deixava todo seu corpo em alerta.



Os três pares de olhos estavam voltados para Dulce, e Dulce estava presa nas cartas. O que mais a surpreendeu quando pegou as cartas foi o que encontrou em baixo, esquecidos com o tempo como um pedaço de sua vida posta em uma caixa. Ninguém ousou dizer nada quando Dulce tirou outro paco da caixa, dessa vez um paco de fotos Polaroid. Fotos que ela conhecia muito bem. Com o coração apertado, Dulce tirou a primeira foto e analisou. Anahí e ela deitadas no gramado do rancho, Anahi tinha os olhos fechados e o nariz franzido enquanto Dulce beijava seu pescoço e com a mão direita segurava a Polaroid. A segunda foto foi a primeira que Dulce tirou de Anahí. Era no quarto de Dulce na noite em que Anahí a levou para dançar no coreto. Na foto, Anahi tinha as mãos na frente do rosto escondendo-se da foto. A terceira foto era Anahi tocando violão com Dulce logo atrás o queixo encostado no ombro de Anahi e suas expressões distraídas, essa foto tinha sido tirada por Maitê em uma das muitas vezes em que se reuniam.



Aquele famoso incômodo no estômago e os batimentos acelerados de Dulce a fizeram pular para as cartas. Ignorando as outras presenças no quarto, Dulce tirou a primeira carta do envelope e começou a ler, deixando assim, que suas lágrimas caíssem.





"28 de Fevereiro de 2018.''



Querido Fernando,



Tantas coisas eu gostaria de expressar nessa carta, mas que não cabem em palavras suficientes para que possa um dia compreender meus atos. Estou há quase 1 mês na França e meus dias são como o de um trem em movimento. Eles nunca param e estão sempre indo tão veloz. Talvez eu nunca me acostume com a ausência de pessoas amadas, talvez eu nunca queira me acostumar. Dois dias atrás eu conheci Sorbonne, é um lugar lindo e de grande respeito. Conheci uma garota lá. Ela me apresentou o lugar e foi gentil comigo. Acho que encontrei uma amiga nesse lugar.



Agora estou no café próximo ao meu apartamento. Tenho pensado muito sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada. Não há um dia sequer em que não pense em Dulce e não sinta sua falta. Eu espero que o senhor não minta para mim quando responder esta carta e me dizer como ela está. Sei que sou a culpada de sua dor e por isso aceito o fardo da culpa. Por favor, mande lembranças á Maitê, Zoe e Emma quando as vir.



Com carinho, Anahi."



Dulce fechou a carta com dificuldade, seu rosto estava banhado em lágrimas e foi preciso um par de mãos lhe ajudar a guardar novamente o papel no envelope para que se recuperasse. Dulce surpreendeu-se ao ver Blanca enxugar suas lágrimas com os polegares e em seguida procurar entre as cartas algo em especifico.



- Leia a de número nove. – instruiu, e entregou uma das cartas para a filha.



Dulce assentiu e abriu a carta, recomeçando então, sua tortura pessoal.



"02 de Agosto de 2018



Querido Fernando,



Eu fiquei extremamente feliz com as notícias que me deu sobre o funcionamento dos tratamentos. Alivia meu peito saber que meus atos geraram algum resultado positivo, eu sabia que o senhor viveria por muito mais tempo. Meu pai enviou os pagamentos esse mês? Nós discutimos outra vez e eu tive medo que ele parasse com o dinheiro, por favor, mantenha-me informada sobre isso sempre que possível.



Como está sua família? Ontem foi aniversário de Blanca, se bem me lembro, gostaria de poder desejar-lhe feliz aniversário, então apenas lhe dê um forte abraço por mim, sim? E Claudia? Continua a mesma garotinha curiosa e amável de sempre? Mal posso esquecer suas perguntas que sempre me divertiam.



Soube que Dulce está indo muito bem na turnê com Uto e isso também me deixa feliz. Apesar de a saudade me queimar todos os dias desde que a deixei, algo me diz que esse sacrifício valeu a pena, agora ela está mais focada na música e na carreira que são o verdadeiro amor dela. Eu só queria que ela soubesse que ainda penso nela e peço todos os dias em minhas orações para que Deus zele pela nossa menina. Me desculpe chamá-la assim, mas meu instinto protetor em Dulce sempre fará dela minha garota também.



Espero ansiosamente por sua resposta.



Com carinho, Anahí."



A carta caiu de suas mãos trêmulas direto ao chão. Dulce não tinha mais controle de seu corpo e muito menos de suas ações quando leu sobre sacrifício e dinheiro vindo de Enrique. O que isso queria dizer? A verdade estava sendo muito assustadora e ainda sim ela não conseguia entender. A ânsia de vômito estava de volta, o desespero, a dor, a dificuldade de respirar, tudo estava de volta atingindo Dulce em cheio. Suas mãos correram até a próxima carta e Blanca novamente a impediu.



- Existe outra coisa. – ela disse e apontou para a caixa de DVD's caseiros que ficava em cima da cômoda ao lado do aparelho. Cláudia pegou a caixa e entregou a mãe que agradeceu com um carinho no rosto. – Fernando pediu que mostrasse quando fosse o momento.



A mulher pegou uma capinha transparente com um CD e entregou para Dulce  que mal respirava. Taylor, que até então mal tinha se manifestado, ofereceu-se para inserir o disco no DVD e dulce aceitou sem hesitar, mal tinha condições de levantar-se da cama. A Portilla mais nova ligou o DVD e aproximou-se da cama com Claudia, todas na expectativa do que apareceria em segundos na tela da TV.



E então, Dulce congelou quando a primeira coisa que apareceu foi o rosto de Anahi.



"Anahí segurava a câmera nas mãos e a tinha virada para seu rosto, ela estava aparentemente caminhando em algum lugar a céu aberto. A loira olhou para a lente da câmera, sorriu e pediu silêncio. Então focalizou uma Dulce na beira de um lago, o mesmo do rancho, Dulce  estava sentada contra a árvore e lia um livro qualquer com seus óculos de leitura.



- E aqui temos a Srta. Savinon. – a voz de Anahí narra a imagem de Dulce, que levanta os olhos e cobre o rosto com o livro quando vê que está sendo filmada. – Vamos lá, boo. Mostre seu lindo rosto para nossos convidados.



- Que convidados, Anahi? – Dulce pergunta com a voz abafada pelo livro e a câmera treme indicando que Anahi estava rindo.



- Do nosso casamento. Estou gravando vídeos nossos para quando nos casarmos e você está passando vergonha na frente de todos.



Uma Dulce bicuda abaixou o livro e deu de língua para a câmera.



- Uhn! Tenho certeza que seu pai não vai gostar de ver isso. Desculpe, Fernando. Sua filha tem um temperamento bipolar.



A imagem ficou preta e cortou para outra cena. Agora outra pessoa usava a câmera e focalizava em Dulce  e Anahí. A loira estava correndo atrás de Dulce por um campo enorme enquanto Dulce gritava e tentava afastar Anahi com uma blusa.



- Eu juro que ainda vou dar na cara dessas duas pelo tanto que açúcar que uma tem com a outra. – pode-se ouvir a voz de Emma atrás e a pessoa focalizou​ Emma que se encontrava sentada ao lado de Zoe com um copo de refrigerante nas mãos. Emma tapou a lente da câmera. – Tiro isso de perto de mim, Maitê. Filma o casal de estranhas porque minha beleza não cabe nos pixels dessa câmera.



Maitê gargalhou e novamente a cena foi cortada.



- Ta gravando? – uma voz surgiu em meio ao preto na tela. A voz foi facilmente reconhecida sendo de Anahí. – Acho que eu quebrei a câmera.



- Você não sabe fazer nada, não? – a voz de Dulce também surgiu e de repente a câmera levantou mostrando o auditório de Juilliard. – A lente estava tampada, bebê.



- Ouch! Minha Oompa Loompa está bravinha comigo. – Anahi deixou a câmera em cima de algo e as duas garotas apareceram na tela caminhando em direção ao piano do auditório. – Hoje é nosso aniversário de 2 meses de namoro e Dul vai tocar algo pra mim. Alguma sugestão de qual música poderia ser? – Anahi perguntou para a câmera e recebeu um empurrão de Dulce. – Jesus, amor. Você está violenta hoje. – fez bico e ganhou um beijo nos lábios. – Bem melhor.



Na imagem, Dulce começou a tocar algo no piano e tinha os olhos de Anahí fixos em si. Não durou muito tempo e a imagem foi novamente cortada, outra vez, não demorou muito e outra imagem apareceu. Dessa vez, era Anahi sozinha e de uma forma diferente. Ela tinha os olhos inchados e vermelhos. Ela estava chorando.



- Hey, Dul. – ela diz e sorri timidamente para a câmera. – Você provavelmente deve estar dormindo já que nosso fuso horário é diferente. Eu tô bem acordada e pensando em você. Não que seja uma novidade eu estar pensando em você. – sorriu outra vez e pode-se notar que ela estava bêbada. – Eu espero que você nunca chegue a ver esse vídeo, senão, qual seria o sentido de ter feito tudo o que eu fiz, não é mesmo? Acho que essa é uma maneira de me confortar, fingir que você está vendo isso e me perdoando por ter mentido pra você. – Anahí abaixou os olhos tristemente e torceu a boca. – Eu nunca deixei você por medo, Dul. Quando eu vi seu desespero pela doença de seu pai, quando vi você decidindo abdicar de todos os seus sonhos para ser o pilar de sua família eu simplesmente caí. Eu não podia assistir o amor da minha vida desabar sem fazer nada, e eu também amo sua família mais que a minha própria. – uma lágrima escorreu pelo rosto de Anahí. – Quando eu procurei meu pai pedindo ajuda, ele me bateu e me impediu de ver você outra vez. Quando eu neguei, ele me chantageou. Disse que pagaria todos os tratamentos de Fernando se eu me afastasse de você. Entende agora por que eu precisei mentir? Você não aceitaria o dinheiro do meu pai e talvez hoje o seu pai não estivesse vivo e você não estaria famosa. Talvez em parte eu tenha sido covarde, mas eu prefiro acreditar que optei pela sua felicidade porque isso é mais importante pra mim. Eu posso estar aqui na Europa, mas se você estiver feliz, não importa onde eu esteja, eu também estarei. Minha felicidade é o reflexo da sua. Eu sou você. – respirou fundo e uniu as sobrancelhas grossas. – Eu te amo, Dulce. Eu sei que você pode me odiar agora, mas eu sempre amarei minha assassina."



O vídeo acabou e o silêncio foi cortado pelos soluços altos de Dulce.



- Nossos abraços... – ela soluçou e voltou a chorar intensamente. – Nossos abraços costumavam durar para sempre.



Cláudia, Taylor e até mesmo Blanca choravam silenciosamente assistindo a queda de Dulce. A mulher chorava tanto que chegava a parecer uma criança longe da mãe, pedindo por conforto, por carinho, para ser amada. A verdade finalmente tinha sido revelada e estava rasgando Dulce  por dentro de todas as formas que uma lâmina pode danificar. Ela estava sangrando. Foi enganada todo esse tempo e mantida longe da verdade. E a verdade era ainda mais assustadora.



- Meu Deus... – chorou cobrindo o rosto com a mão direita e não viu quando algo gélido foi depositado na palma de sua mão esquerda. Abriu os olhos e limpou as lágrimas deparando-se com um par de alianças jogando-lhe direto do precipício. Blanca assentiu como a cabeça como se lhe dissesse que entendia o que estava acontecendo. – Vocês me enganaram... Meu Deus do céu... Vocês todos mentiram para mim todo esse tempo... Por quê? Por que não me disseram logo? Assim eu poderia ter ido atrás dela!



- Nós não sabíamos como contar algo assim, Dulce. – Taylor deu um passo à frente com e Dulce levantou-se um pouco desnorteada. – E seu pai ainda estava em tratamento, não poderíamos arriscar a vida dele assim. E quando ele morreu... Bom, você já estava tomada pela ira por Anahi e ela estava...



- Noiva! – Dulce gritou e Cláudia  pulou com o susto. – Agora ela está noiva e com filho! Droga, Taylor! A mulher da minha vida está com outro nesse momento e eu não posso fazer nada!



- Você sempre vai poder fazer alguma coisa, filha. – Blanca disse pela primeira vez algo coerente e recebeu um olhar em fúria de Dulce. – Essa menina ama você como seu pai me amou.



- Qual a parte do ela está noiva a senhora não entendeu? – Dulce respirava com dificuldade, a verdade depois de tanto tempo ainda entalada em sua garganta. – E esse nem é o real problema, se Ethan não fosse o empecilho...



- Ethan não é filho de Alfonso! – Taylor exclamou nervosa encarando o chão e fez Dulce parar de andar estática.



Não queria envolver Dulce  e Anahí novamente, não queria causar toda a dor de antes e deixou isso bem claro desde o começo para sua irmã. Achava extremamente errado o que Anahi tinha feito em esconder um noivado e um filho, mas ela sabia que o estava acontecendo agora e não poderia mais negar que sua irmã e sua melhor amiga estavam destinadas a se amarem pelo resto de suas vidas. Então apenas lhe restava ajudar Dulce a encontrar o caminho de volta ao amor.



- O que você disse? – Dulce perguntou em êxtase e se aproximou de Taylor. – Tay, o que você quis dizer com isso?



A Portilla mais nova respirou fundo e olhou no fundo dos olhos de Dulce. Ela estava acabada, mal parecia a nova Dulce que não desmoronava por nada.



- Anahi fez inseminação artificial, Dulce. – contou medindo as palavras e deixando que sua amiga recebesse as informações devagar. – Nunca estranhou o fato de o garoto chamar-se Ethan? Justo o nome que você tinha escolhido para o filho de vocês? – Dulce assentiu em pânico. – É porque simbolicamente ele é seu filho também! – cuspiu e viu Dulce dar dois passos para trás. – Anahí  sentiu que precisava ter um pedaço de você com ela e simplesmente fez uma inseminação. Isso é loucura, eu sei, mas ela fez e considera Ethan seu filho. Entende, agora? Ela apenas está com Alfonso por segurança. Anahí sempre foi insegura e estar com ele faz bem a ela e a Ethan.



Dulce precisou sentar na cama ao receber tantas informações de uma vez. Ethan... Meu Deus! O que Anahí tinha feito? Por que seu coração doía tanto agora? Por que?



- Dulce... – Taylor se aproximou lentamente e ajoelhou-se de frente para a amiga que não parava de chorar. – Se você realmente a ama, mostre a ela que você pode ser essa segurança também. É isso que você quer? Você também quer Ethan como seu filho?



- Sim, sim... É claro que sim! – respondeu freneticamente.



- Então vá atrás deles! – apertou as mãos de Dulce. – Prove a ela que você pode ser a segurança que ela e Ethan precisam. Lute pela sua mulher e pelo seu filho.



- Meu filho... – Dulce  saboreou o adjetivo em sua boca.



Seu filho e sua mulher. Era isso, não era? Anahí sempre foi a garota que fez de tudo naquele relacionamento nos tempos de faculdade, Anahi sempre a surpreendia e a fazia sentir-se especial. Anahí sacrificou-se por ela. Agora estava na hora de retribuir o sentimento.



*****

****

***



O interfone soou e uma Santana sonolenta atendeu aos resmungos. O porteiro informou que uma tal de senhorita Savinon estava lá em baixo e desejava subir. Surpresa e um pouco animada, Santana liberou a entrada de Dulce e correu até o banheiro ajustar o cabelo e escovar os dentes. O que aquela mulher poderia querer em sua casa àquela hora da noite?



Quando as portas de metal do elevador se abriram, Santana desmanchou o sorriso e franziu o cenho ao se deparar com uma Dulce descabelada e com o rosto inchado indicando que tinha chorado por muito tempo.



- Onde está Anahi? – foi a primeira coisa que ela perguntou passando os olhos pelo apartamento. – Por favor, Santana, me diz que ela está aqui.



Santana cruzou os braços sem saber direito o que fazer para ajudar a mulher a sua frente. Abriu e fechou a boca várias vezes e negou com a cabeça.



- Desculpe, mas ela foi com Alfonso ao baile de máscaras. – disse e viu Dulce fechar os olhos sentindo-se atingida. – Eu disse algo errado? Dulce, tudo bem?



Dulce negou e olhou em súplica para Santana, como se pedisse ajuda.



- Eu preciso falar com ela... Eu preciso falar com ela o mais rápido possível.



É claro que havia algo muito estranho entre sua cunhada e Dulce e Santana já fazia certa ideia do que poderia fazer. Quando conheceu Anahi, passou muito tempo desconfiando de sua sexualidade e por mais que a Anahi negasse, nunca deixou de notar certos detalhes que tiravam Anahi da heterossexualidade. E depois do jantar e da tensão entre Anahi e Dulce, Santana teve certeza de que algo estava errado entre aquelas duas e agora suas suspeitas se confirmavam. De certa forma, algo lhe dizia que a história entre elas era muito forte.



- Você pode ir ao baile e falar com ela. – Santana sugeriu.



- Não, isso já começou e eu não tenho roupas...



- Eu posso emprestar? - sugeriu e mordeu o lábio inferior perguntando-se porque estava interferindo nos dramas de sua cunhada. Mas, o desespero de Dulce era realmente comovente. – Sabe, eu também ia nesse baile estúpido, mas cheguei tarde da boate e preferi ficar em casa com Ethan.



Dulce arregalou os olhos e pensou por um tempo. Estava fora de si para negar uma ideia maluca daquelas e sabia muito bem que se estivesse em seu momento sóbrio não toparia invadir uma festa só para falar com Anahi.



- Eu aceito. – sorriu forçado e pensou em outra coisa. – Será que eu posso ver Ethan antes?



Santana pareceu pensar no pedido de Dulce. Estava tudo bem deixar a professora do garoto vê-lo, certo? Ela não o raptaria ou nada do tipo... Por mais que estivesse com aparência de psicopata.



- Ok... – respondeu estranhando o pedido e conduziu Dulce até o quarto do menino que dormia de bruços na cama. – Vou preparar um banho pra você e as roupas, fique a vontade.



Dulce quase teve falência cardíaca quando viu Ethan depois de saber a verdade. Era como olhar para o garoto com novos olhos, era como olhar para seu filho. De repente, ela sabia que poderia se acostumar com festas de aniversário, passeios em parques, mamadeiras e chupetas, várias espécies de dinossauros...



O garoto usava seu pijama de dinossauro e tinha o corpo descoberto. Dulce sentou na cama e passou a mão pelas costas de Ethan carinhosamente até chegar aos cachos negros. Enrolou os dedos e ficou um bom tempo acariciando o menino e deixando-se chorar somente por olhá-lo. Depois de um bom tempo, Dulce aproximou o rosto de Ethan e deixou um beijo demorado na bochecha do menino.



- Eu te amo, meu bebê. – sussurrou como um segredo entre os dois. – Eu estou indo recuperar sua mãe e você.



*****

****

***



O grande salão de festas estava decorado como um castelo medieval. Os corredores abrigavam armaduras e as paredes eram enfeitadas com bandeiras e tochas artificiais. Os convidados estavam vestidos como a nobreza da época e suas respectivas máscaras dos bailes de época. Era tradição fazer uma festa anual com diversos temas e os moradores tinham decidido pelo baile de máscaras. Alfonso estava mais do que feliz naquele baile, tinha encontrado vários colegas de trabalho e já falava o inglês mais fluentemente. Ele trajava um terno preto e capa, assim como sua máscara. Tudo nele era simples assim como sua personalidade. O vestido que Anahi usava era rosa com detalhes em branco, sua máscara também era rosa e tinha pequenas bolinhas douradas. Seu cabelo caía em ondas até as costas. Ela também estava se divertindo, as danças eram animadas e Alfonso sempre a fazia se divertir em lugares como esse.



- Você quer mais? – Alfonso perguntou apontando para o ponche em suas mãos. Anahí assentiu e recebeu um selinho. – Eu já volto.



Anahí ficou mais ao canto observando os casais se formarem no centro do salão quando o locutor anunciou a dança lenta. Um flashback começou a toca e todos fizeram sons satisfeitos, já estavam de saco cheio das músicas clássicas de violino que tocavam o tempo todo.



Watching every motion



In my foolish lover's game



On this endless ocean



Finally lovers know no shame



Anahí tinha os olhos presos no público e assustou-se quando alguém a abraçou por trás. De primeiro pensou que pudesse ser Alfonso, mas os braços eram finos e mais delicados, e quando a pessoa encostou o rosto em seu pescoço e a respiração fez cada célula de seu corpo trabalhar mais rápido, Anahi teve sua certeza.



Turning and returning



To some secret place inside



Watching in slow motion



As you turn around and say



Dulce virou Anahi em seus braços e as duas mulheres se olharam criando faíscas entre elas. Dulce usava um vestido azul escuro com detalhes em preto e uma máscara da mesma cor. O cabelo estava solto e liso até o meio das costas.



- O que está fazendo? – Anahi perguntou surpresa. – Pensei que nunca mais fossemos nos falar.



Take my breath away



Take my breath away



Dulce apertou seus braços na cintura de Anahí e colou mais seus corpos até que suas bochechas estivessem coladas. Sem escolha, Anahi deixou que suas mãos pousassem no ombro de Dulce e deixou-se ser conduzida pelo ritmo da música sem se importar com quem estava olhando.



Watching I keep waiting



Still anticipating love



Never hesitating



To become the fated ones



Turning and returning



To some secret place to hide



Watching in slow motion



As you turn to me and say



My love



- Eu descobri tudo, Anahi. – Dulce  disse um pouco alto para que Anahi pudesse ouvir e sentiu quando o corpo de Anahí ficou tenso junto ao seu. - Eu amo você. Eu tenho tentado te odiar e por muitas vezes odiei porque você quebrou o meu coração, mas eu te amo. – fechou os olhos controlando sua voz, não queria desabar justo agora.



Take my breath away



Through the hourglass I saw you



In time you slipped away



When the mirror crashed I called you



And turned to hear you say



If only for today



I am unafraid



- Eu sei o que você fez pelo meu pai... Eu sei que você me ama, seus olhos dizem isso e tudo em você diz isso. – aperto-a com mais força contra si como se pudessem fundir seus corpos a qualquer momento. Anahí mal se movia, apenas deixava-se ser dominada pelos movimentos de Dulce. - Eu sei também que você não ama o Alfonso, porque eu conheço você. Eu sou você. E eu não quero ser uma destruidora de casamentos, mas eu quero uma chance sua pra você lembrar porque me ama.



Take my breath away



Take my breath away



- Me de uma chance. Lembre-se de mim e dos motivos que lhe fazem me amar até hoje. Deixe-me ficar perto de você e se até o dia do seu casamento você não me quiser, eu juro que desaparecerei e lhe deixarei em paz.



Watching every motion



In this foolish lover's game



Haunted by the notion



Somewhere there's a love in flames



- Não precisamos nos tocar. Você não precisa trair Alfonso. Apenas, me deixe fazer você lembrar-se de mim.



Ainda em movimentos suaves pela dança, Dulce separou seus rostos e decidiu enfrentar seu maior medo. Uma lágrima caiu quando viu o rosto de Anahí molhado e os olhos conflituosos entre o certo e o errado.



- Você deixa? – perguntou esperançosa e viu Anahi fechar os olhos com força como se sentisse dor ao responder.



- Eu deixo. – Anahí  respirou e ganhou um sorriso tímido de Dulce em troca. – Me desculpe por todas as mentiras.



Turning and returning



To some secret place inside



Watching in slow motion



As you turn my way and say



- Hey! – Dulce riu e encostou seus narizes em brincadeira. – Esqueça o passado, nós somos o agora.



Anahí assentiu e recebeu um beijo na bochecha antes de Dulce afastar-se e partir. Ao longe, Alfonso observava toda a cena intrigado pelo que estava vendo. Poderia ser uma dança de amigas? Elas pareciam muito mais íntimas que isso, Anahí parecia tão... De Dulce. O rapaz decidiu afastar os pensamentos estranhos e voltar para a noiva que já parecia alheia ao mundo após a dança.



Talvez fosse melhor fechar os olhos para algumas coisas.



Take my breath away



My love



Take my breath away



My love, take my breath away



My love



You love



Take my breath away



***********




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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 74



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  • Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 19:25:00

    Emii eu to lendo o começo todoo, na parte fofa, QUANDO ELAS NÃO ESTAVAM MAGOADAS E NADA ACONTECIAA, estou bem happy, porem quando chegar na parte da dor e sofrimento, eu paro de ler KKKKK

    • Emily Fernandes Postado em 06/10/2017 - 05:29:54

      Ai Duda, CV e b+, kkkkk mas mesmo sabendo que a história mexeu com os seus nervos vc vai ler de novo. Cara, queria estar no seu lado só pra ver a sua reação, dentro da sala de aula. Kkkkkkkkk mas eu te entendo, eu chorei horrores com uma história Portinon tbm. Cara é sério pq CTA. Acabou comigo. A Tammy Portinon acabou comigo literalmente kkkkk.E tipo eu tbm estava lendo na sala de aula, tive que mentir até o pq do choro. Mas valeu a pena não é. Bjs

  • Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 16:07:41

    EMILYYYY EU NUNCA SOFRI TANTO EM UMA FANFICCCCCCC, EU ESTAVA LENDO NA AULA, QUANDO A DULCE MORREUUU EU TIVE UM ATAQUE DE ''não pelo amor de deus, nnnnnnn'' MDS, Eu sofri junto com a Dulce, e com a Anahi, ri da doçura do Ethan. MASS ELA MORREEUUUUUU AAAAAA NNNNN MDSS, EU TO MT DEPRESSIVA DPS DISSO. eu te convido para meu velorio, quando eu ja estiver morta por n ter aquentado um tiro desse. Te amo <3

  • lika_ Postado em 02/10/2017 - 14:33:24

    parabens Emily Fernandes a sua Fanfic foi perfeita o fim me fez segura muito para nao me debulhar em lagrimas

  • Kakimoto Postado em 01/10/2017 - 11:52:23

    MEUU DEEEUUUSSS AAAAAAAA, eu to no cap 32, em que esta a Dulce, Anahi, Ethan, Santana e Logan na sala de musica AAAAAAAA MEEUU DEEUUSS, EU TO MORRENDOOO

    • Emily Fernandes Postado em 01/10/2017 - 16:52:46

      Bem se vc está estética assim, e pq vc está gostando Dudinha. Ahahaha Mas é agora que as coisas ficam mais intensa. Bjs mi amor te.quero.... Quero ver o seu comentário assim. Que terminar.

  • ester_cardoso Postado em 19/09/2017 - 17:46:27

    Obrigada sério mesmo, não tem como não te agradecer por nos proporcionar mais uma história maravilhosa dessas. Cara chorei muito tanto com o fim da fanfic, tanto com suas palavras. Vc não sabe o quão importante isso foi pra mim, sentir isso é realmente forte e saber q tem mais pessoas que compartilham desse sentimento nos dá força. Bebê vc é inspiradora, além de ser uma das pessoas mais perfeitas q conheço. Essa fic foi realmente muito lindaaa, me surpreendi muito. Claro q as vezes dava vontade de jogar o cell na parede, mas o amor q encontrei aqui é muito maior q eu imaginava. O final acabou comigo obviamente, mas essa é uma daquelas histórias q marcam, aquelas q guardamos no coração. Assim como guardamos pessoinhas especiais como vc, saiba q sempre q quiser estarei aqui, mesmo não nos conhecendo muito me importo com vc e importante é que estejamos sempre felizes. Beijos bebê <3 <3 Amo vc

  • siempreportinon Postado em 17/09/2017 - 14:18:42

    Simplesmente maravilhosa!!! Chorei bastante no decorrer da história, me tocou profundamente. Sem dúvida se tornou um dos meus xodós. Parabéns pela história, obrigada por nos presentear com belíssimas fics, espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei sempre!!!

  • Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:57:06

    PS apesar de não te conhecer pessoalmente, eu estou orgulhosa de você, continue assim você é uma linda,é muito especial vou sentir saudades da história, parabéns por mais uma fic finalizada anjo bjs

  • Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:55:19

    Meu Deus do Céu, eu meu Deus que história linda eu chorei demais lendo esses últimos capítulos,os votos de casamento delas foi a coisa mais linda do mundo,as lembranças os flash back né tudo, Deus Meu eu me sinto tao feliz apesar de tudo, porque tive um privilegio de conhecer essa história você nos deu as honra, de nos apresentar a ela e isso foi maravilhoso, eu queria ter dito tantas coisas sobre a história mas não dá não consigo porque enquanto escrevo cada palavra aqui, é uma lagrima a mais, foi uma linda história um amor tão lindo e magico foi maravilhosa Emy não consigo escrever mais chega rs. só mais uma coisa obrigada.

  • Kakimoto Postado em 16/09/2017 - 13:32:12

    Mdss, to acomulando mt, eu só vejo os comentarios falando que choraram mt e que eh mt emocionante, e eu já to gritandoo, mdsss, ME DA SPOILER EMII PFFF AAAA. ti amu

  • laine Postado em 15/09/2017 - 14:36:10

    Parabéns, estou sem palavras realmente foi muito lindo


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