Fanfic: O laço vermelho (adaptada AyD) Finalizada | Tema: Portinon
No capitulo anterior
Ao abrir a porta de casa, Dulce deparou-se com uma BMW preta estacionada logo à frente, e na sua varanda estava Alfonso com as mãos nos bolsos da calça e o semblante fechado. Dulce franziu o cenho sobre a presença do rapaz em sua casa e procurou com os olhos por Anahi e Ethan, mas constatou que ele estava sozinho.
- Alfonso? – Dulce chamou um pouco confusa pela situação. – O que faz aqui?
- Vim pedir para que deixe Anahi em paz. – ele disse de uma vez, as palavras atingindo Dulce em cheio. Os dois se enfrentavam agora de igual para igual por um mesmo coração. – Eu descobri tudo e quero que se afaste dela.
O peso descomunal da tensão entre o advogado e a musicista se estendeu por um longo tempo em troca de olhares intensos e desafiadores. De um lado um homem traído cujo ego e coração se encontravam feridos, de outro uma jovem amante lutando pelo amor um dia construído. Aquela era, literalmente, a realidade batendo a sua porta. O despertar da pequena ilusão que Dulce e Anahí se envolveram em poucos dias. Alfonso sabia de tudo e estava reivindicando o que era seu por direito. Dulce era a suja da história. A amante. Destruidora de casamentos. Tudo o que sempre desprezou em sua vida estava sendo usado contra ela mesma.
Dulce sempre imaginou que a falta de amor no mundo destruísse casamentos. Hoje o excesso de amor era o motivo para tal fato.
- Eu não posso fazer isso. – disse finalmente ao encontrar forças em seu íntimo.
Alfonso trocou o peso do corpo para a perna esquerda e trincou a mandíbula indignado com a resposta.
- Anahí é a minha mulher, Dulce. Eu quero você longe dela e de Ethan, é um aviso.
- Desculpe, eu acho que você não ouviu direito. – Dulce disse firme e deu um passo a frente. – Eu não vou me afastar.
Há quem diga que um olhar pode perfurar a alma de alguém. Se isso for verdade, Alfonso definitivamente o estava fazendo sem pudor algum. Suas mãos estavam fechadas em punhos e seu rosto vermelho com o cinismo da mulher a sua frente.
- Eu deixei que você entrasse em meu apartamento, fui bom com você. Deixei que passasse um tempo com Anahí e o que recebo em troca? Traição! – rosnou e em poucos segundos já não era o mesmo Alfonso passivo de sempre. – Eu estou falando sério, Dulce, fique longe da minha mulher.
A musicista nunca pensou que estaria em uma situação assim um dia. Nunca pensou que seria o pivô de uma traição e muito menos que teria o noivo na porta de sua casa com os olhos em chamas.
- Anahí nunca foi sua mulher, Alfonso. Pelo menos não por completo e só cabe a você aceitar isso. – abaixou o tom de voz contendo a raiva. Por um lado era totalmente compreensível que Alfonso estivesse fazendo seu papel de noivo traído, ela não poderia imaginar a dor de ser traída pela pessoa que ama. – Se eu pudesse ter evitado tudo isso o faria com prazer, mas aconteceu e agora não vou desistir da única pessoa que já foi capaz de me fazer feliz. Nós somos duas pessoas apaixonadas pela mesma mulher e o afeto que sinto por você não vai me impedir de tê-la de volta.
- Então onde você esteve todos esses 6 anos? – ele gritou e Dulce recuou um passo assustada. – Eu a vi chorar todos os dias por quase 1 ano sem saber o motivo! Eu consertei o coração dela enquanto você esteve aqui esse tempo todo se escondendo do mundo. – apontou o dedo freneticamente para Dulce, ele estava fora de si. – Não queira tirar o que eu construí, sequer pense em destruir meu casamento, Savinon. Comigo Anahí e Ethan tem segurança, e com você? Vai trazê-los para morar em um rancho? Vai sustentá-los com o salário que ganha sendo professora de música?
- Anahí não precisa ser sustentada, seu imbecil! – o empurrou sentindo a raiva crescer dentro de si ao ouvir as palavras absurdas do homem. – Ela decidiu me deixar por motivos que não cabem a mim lhe contar. Eu não fui atrás porque estive ocupada acreditando em uma mentira que ela inventou para o meu bem e hoje eu sei disso.
Todo o lado pacífico e cheio de amor que Dulce carregava consigo foi deixado de lado no próximo empurrão que deu no rapaz. Alfonso cambaleou e bateu as costas na porta do carro, quando se recuperou voltou-se para Dulce pronto para enfrentá-la.
- Vai bater em uma mulher? É assim que pretende ter Anahi? – Dulce o peitou e o rapaz parece ter caído em si, então abaixou os punhos e arrumou a gola da camisa. – Faça um favor a si mesmo e não perca seu tempo comigo, não sou eu quem vai escolher se você fica ou não na vida de Anahí – Dulce deu as costas ao advogado e caminhou de volta para a varanda, mas não sem antes girar o corpo e completar: - Se você ficar no caminho eu juro que passo por cima, de você Alfonso. Eu amo Anahí ao ponto de destruir isso que chamamos de mundo estúpido.
Alfonso tinha lágrimas nos olhos. Estava envergonhado pelo que tinha feito e ainda mais furioso com o que estava acontecendo em sua vida. Ele sabia, no fundo o rapaz sabia que não poderia ficar no caminho entre Anahi e Dulce, sabia que estava sendo a pedra no caminho das duas, sim, ele sabia de tudo isso e mesmo assim não conseguia se libertar desse amor que o aprisionou ao egoísmo. Esse mesmo egoísmo que o impedia de deixar sua noiva livre.
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18:34pm.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Anahí enfrentava a si mesma em uma batalha por escolhas. Escolhas essas que afetariam o resto da sua vida se não feitas com consciência e sabedoria. Usar o The Village como escapatória no intervalo do escritório era uma ótima forma de deixar-se envolver com a antiga Anahi. A banda reproduzia uma calma melodia de Chet Baker e o café estava vazio, exceto por uma mesa ocupada por um casal. O homem gesticulava ao mesmo tempo em que as lágrimas escorriam pelo rosto da mulher borrando sua maquiagem. Provavelmente um término. Quantas pessoas mais de coração partido? Aquela mulher acabava de se juntar à estatística de 68% de pessoas deixadas com o coração em pedaços.
Estatísticas.
É isso que se trata o mundo, certo?
Era um pouco tarde e o crepúsculo estava próximo, Dulce ainda não tinha ligado ou deixado qualquer mensagem. Isso era estranho. Da mesma forma que Alfonso também estava estranho quando chegou noite passada, Anahi já tinha voltado de seu passeio com Dulce e estava sentada na cama lendo o livro Cem anos de solidão depois de brincar com Ethan e coloca-lo na cama. Alfonso mal se deu o trabalho de perguntar como fora seu dia como de costume, ele apenas tomou um banho demorado e deitou na cama dizendo que estava cansado e precisava dormir.
Ela não o culpava, estava sendo distante e fria dias antes do casamento, obviamente isso o afetava, mas Anahi também sabia que Alfonso não perguntava o que estava acontecendo por medo de ser deixado. Todos que conheciam o rapaz sabiam o quão inseguro ele poderia ser. Esse era um dos pontos que os ligava, duas pessoas extremamente inseguras, criados por famílias rígidas, e bem, para algumas pessoas de mente aberta como Emma, Maitê e Zoe poderia ser fácil apenas abandonar o noivo e ficar com quem realmente se ama, mas para pessoas como Anahí e Alfonso é quase impossível ir contra tudo o que fora ensinado ao longo do tempo. Da mesma forma que é difícil para pessoas de idade aceitar as mudanças do mundo moderno.
E ali estava ela, com uma dúvida quase cruel faltando apenas alguns dias para o casamento. Estava decidida a deixar Alfonso, isso era fato, não havia duvidas depois de uma maravilhosa noite de amor com Dulce. Mas, como? Como contar a todos os convidados que estava tudo cancelado, como contar a Alfonso que o estava deixando por outra? Como dizer a Ethan que o tio Poncho não estaria mais tão presente e que em seu lugar estaria Dulce? Que ela seria sua nova mãe se ele permitisse? Como enfrentar o maldito medo da sociedade e andar por ai de mãos dadas com uma mulher e uma criança? Como enfrentar seus colegas de trabalho e como seus clientes reagiriam a essa informação?
Como?
- Outra vez aqui, Anahí? Estou começando a achar que está apaixonada por alguém desse lugar. – a voz de Eli cortou os pensamentos da loira trazendo-a para o mundo real. O homem, que agora aparentava ser muito mais velho e cansado, sorria docemente e segurava seu avental em mãos.
- Eu estaria menos preocupada se esse fosse o motivo, Eli. – ela sorriu tristemente e tomou um gole do seu vinho. – Já está de saída?
- É o fim do meu turno, agora me resta ir para casa e descansar o suficiente para um homem velho como eu.
Anahí sentia uma grande afeição pelo homem negro que um dia fora testemunha de seu amor. Desde que voltara à New York usava o café como refugio e Eli sempre tratava de lhe preparar um cappuccino grátis "para aliviar o coração", dizia ele.
- Sente-se comigo e me fará um grande favor. – apontou para a cadeira vazia em sua mesa e o homem obedeceu.
- Vítima de seus pensamentos outra vez, minha cara? – ele questionou, mas já sabia a verdade. – Você é tão jovem para tais preocupações, lembro-me de como costumava ser acanhada e ao mesmo tempo rebelde nos tempos de glória. O que aconteceu com aquela menina?
- Eu me faço a mesma pergunta todos os dias. – Anahí respondeu sincera e observou o homem levantar-se da mesa deixando a mulher enxugando as lágrimas e recolhendo alguns objetos. Era uma cena comovente. – Por que machucamos uns aos outros se a intenção do amor é a felicidade?
Eli acompanhou seu olhar e compreendeu sobre o que Anahí falava. Ambos assistiram a mulher de cabelos cacheados e loiros enterrar o rosto entre as mãos e desabar emocionalmente.
- É tentando ser feliz que acabamos machucando pessoas, Anahí. É inevitável. Você não pode passar o resto da sua vida presa a alguém que não ama, é errado consigo mesma.
A veracidade das palavras atingiu Anahí.
- E mesmo assim algumas pessoas o fazem.
- E mesmo assim algumas pessoas o fazem. – Eli concordou repetindo sua frase, os olhos negros agora focados em Anahí. – Existem muitos motivos que podem nos prender a uma pessoa, não estou dizendo que é impossível viver ao lado de alguém sem amor, porque não é. Antigamente os pais escolhiam os noivos para as filhas, e esses casamentos costumavam durar até o fim. Mas, não é uma vida inteiramente feliz, querida. O que é uma vida com dote e posses se não há amor?
- Nada. – Anahí respondeu por fim, dando-se por vencida ao caos que se encontrava seu coração. – Eu não sou nada sem a Dulce.
Eli ergueu as sobrancelhas surpreso pela revelação de Anahí. Não que ele não soubesse que aquelas duas ainda nutriam sentimentos uma pela outra, mas é sempre revelador ver alguém inseguro como Anahí se abrir sobre seus sentimentos.
- A srta. Savinon?
Anahí sorriu, ouvir aquele nome era como finalmente usar sua heroína preferida depois de tanto tempo presa na reabilitação.
Reabilitação, no caso, seria a sua mente.
- É como se eu estivesse me afogando, Eli. – Anahí respirou. – É como se eu estivesse me afogando e ela é a única que pode me salvar.
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20:39pm.
Mensagem de voz:
Santana: Miga, ferrou! Alfonso descobriu tudo e a Dulce acabou de me ligar, ele foi atrás dela...
Emma: QUE?! Não, pera! Galã de novela foi atrás da Dulce? EU VOU MATAR ELE!
Santana: Calma, ela soube se defender e disse que vai lutar pela magrela e blá blá blá. Sinceramente? Eu tenho medo do que pode acontecer.
Emma: Por que diz isso?
Santana: Estamos falando da Anahi, o que acha que ela vai fazer quando o barco virar?
Emma: Merda... Dulce vai sair machucada dessa outra vez.
Santana: Ou não, mas estou preocupada com o bem de todos, isso pode afetar até o pirralho.
Emma: Eu estou ocupada com o trabalho nos últimos dias e não posso voltar, mas assim que resolver as coisas por aqui estarei pousando em New York. Precisamos ajudar esse casal pelo amor de Jeová.
Santana: Ok, câmbio e desligo.
Emma: Estranha.
Santana: Ué... Você q-
Mensagem de voz off.
- Toco de amarrar jegue maldita! – xingou olhando indignada para o aparelho celular. Brittany apareceu pouco depois com os livros da faculdade, a loira cursava ciência em NYU e depois da aula sempre passava para visitar Santana na boate. Elas estavam se dando bem até demais, a loira parecia ser a única pessoa no mundo que compreendia e até gostava do jeito da mulher. Elas se davam bem em tantos aspectos que dentro de poucos dias tinham se tornado melhores amigas e às vezes... Algo, além disso. – Acredita que a vagabu/nda desligou na minha cara?
- A educação entre você e essa sua amiga é admirável, San. – a loira abraçou o pescoço da latina. (N/A: Santana também é latina.) – Às vezes me pergunto por que gosto tanto de você.
- Porque sou gostosa e uma pessoa incrível. – sorriu selando os lábios com calma e carinho. – E você é a pessoa mais inteligente que eu conheço, por isso sabe reconhecer minhas qualidades.
Elas riram e ficaram com os rostos encostados por um tempo. Era bom apenas estar uma com a outra, sentindo o abraço quente e a respiração calma no pescoço. Coisas assim são raras no mundo em que vivemos.
- Problemas com o casal principal? - Brittany perguntou separando-se do abraço.
Santana bufou e bateu a cabeça de leve no balcão do bar.
- Eu estou ficando louca com essas duas, Britt. E meu irmão pode fazer uma merda a qualquer momento, mas o retardado não me escuta. No mesmo instante o celular começou a vibrar na madeira do balcão e o nome de Anahí apareceu na tela. – Vê só? Mais merda que eu preciso resolver, certeza. Fala, Portilla.
- Santana, leve Ethan para a minha casa. – era a voz de Maitê do outro lado da linha e isso não parecia ser bom. –Arrume uma mala para o garoto e o leve, Zoe já está esperando.
- O que aconteceu?
- Digamos que as coisas vão mudar drasticamente.
- Maitê, não me assuste...
- Falo sério, Satã. Anahí está bem, mas não está em condições de falar. Estou levando-a para a casa dos pais, aconteceu umas coisas agora a noite e ela precisa resolver por si só.
- E por que Ethan precisa ir para a sua casa?
- Anahí e Alfonso discutiram feio agora a pouco, ela está arrasada e vai ficar o tempo que for preciso na minha casa. Depois ela explica, preciso desligar.
O telefone foi desligado pela segunda vez na cara da latina, mas ela não xingou. Estava paralisada com o celular ainda no ouvido e as palavras de Maitê rondando sua mente.
- O que houve agora? – Brittany estava preocupada com a expressão da latina.
- Agora vem o desfecho da história.
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06:04am.
Os primeiros raios de sol misturavam-se a luz do luar, tornando o céu sem nuvens, laranja amarelado. Uma jovem loira mantinha seus olhos presos no horizonte observando o amanhecer em Miami, era incrível como não sentiu falta daquele lugar. Suas pupilas estavam dilatadas e os cabelos mais bagunçados que o normal. Pessoas que a vissem no passageiro do conversível prata, diriam que ela tinha sido resgatada de um campo de batalha. Ou talvez, a opção mais clara, e ela tivesse passado a noite ingerindo substâncias suspeitas. De certa forma, havia dois sentimentos opostos em conflito no peito de Anahí: Amor e ódio.
Maitê sabia muito bem disso, e por conhecer sua amiga bem o suficiente, optou pelo silêncio. Deixou que Anahi martelasse suas ideias sozinha como deveria ser, enquanto a levava até a casa dos Portilla, pois Anahi estava sem condições de dirigir depois de passar a madrugada no avião.
Anahí continuava imóvel no banco, podia sentir o efeito do álcool transitando por seu corpo e suas mãos suando sem parar. Se ela se esforçasse um pouco, poderia sentir o cheiro de Dulce impregnado em suas vestes, e se fechasse os olhos, reviveria os beijos trocados há dois dias. Esse era o sentimento definido como amor, o que a faria sorrir se o dia seguinte ao beijo não tivesse sido desastroso, criando assim, toda aquela ira dentro de si.
O carro parou e foi a deixa para Anahi abrir a porta e a bater com força, mesmo que sem querer, antes de cambalear na entrada da casa.
– Não faça nenhuma besteira, Portilla. - ela ouviu Maitê dizer calma, mais como um pedido mascarado.
Ela olhou para a amiga e balançou a cabeça atrapalhada, difícil de entender se tinha sido um sinal positivo ou negativo. Maitê esperou até que a jovem abrisse o portão, depois de insistir em usar a chave do carro, para acelerar seu conversível e desaparecer na primeira esquina até a casa dos pais. O sol já tinha tomado conta do céu azul, a luz invadia as janelas da sala iluminando boa parte da casa. Anahí ficou parada alguns segundos analisando o lugar em que estava, e custou muito até atravessar o jardim e enfim abrir a porta de casa com a chave que ainda mantinha. Era preciso se apoiar na poltrona para ter o controle de seu corpo. O primeiro sentimento que lhe veio à mente foi nojo, e depois, raiva. Ela derrubou o abajur que estilhaçou no chão, fazendo um som estridente. Passou a mão pelas teclas do piano e finalmente chegou a uma mesa de canto, onde havia fotos de família. Ela pegou o porta retrato onde estava com seu pai e o lançou contra a parede oposta usando toda a sua força, com o barulho, luzes foram acesas nos corredores e uma voz grossa ecoou de lá:
– Quem está ai? - segundos depois, um Enrique Portilla apareceu em seu roupão azul e uma espingarda em mãos. - Giovanna? - surpreendeu-se ao dar de frente com a filha mais velha parada no centro da sala com uma expressão de poucos amigos. – O que está fazendo aqui?
Marichelo apareceu logo em seguida com as mãos no coração e Chris desceu correndo as escadas parando ao lado da irmã.
– Anahí? - chamou preocupado como se falasse com uma louca. Ele tinha retornado para passar um tempo com os pais, nunca deixou de ser um baba ovo de qualquer forma. - Você está bêbada?
Enrique abaixou a arma e uma carranca se formou em seu rosto. Marichelo agarrou seu braço impedindo-o de fazer uma besteira com a filha.
– Eu estou esperando uma explicação para essa atitude, Giovanna! - exclamou autoritário.
Anahí não pareceu abalada com o tom de voz do pai, pelo contrário, ela apenas conseguia sentir mais raiva e nojo daquele homem a sua frente.
– Pouco antes de ir embora do escritório, - começou sentindo a voz rouca. – uma mulher apareceu pedindo por ajuda. Demorou um pouco até que eu a reconheci, era Helena. – Enrique petrificou. Helena costumava ser empregada dos Portilla quando Anahí ainda era pequena. - Ela queria reclamar pensão ao homem que a engravidou e procurou a ajuda da melhor advogada do país. Ela só não contava que a advogada fosse filha desse homem.
As palavras foram lançadas como num deboche. Chris deu dois passos para trás olhando diretamente nos olhos da irmã com compreensão no olhar. Marichelo ficou estática em seu lugar e Enrique pareceu ter levado um soco na face.
Os três tinham olhos arregalados para Anahí naquele momento, sua fúria contida em cada palavra passou o ódio que estava guardado dentro daquele coração Portilla. Marichelo tremia demais e Enrique nunca esteve tão envergonhado em sua vida. Chris estava com medo do que a irmã mais velha faria.
– É verdade? - perguntou Anahí com as lágrimas descendo descontroladamente e o rosto vermelho. Marichelo adiantou-se para a filha:
– Giovanna, minha filha...
– É verdade? - gritou fazendo todos saltarem com a atitude.
Marichelo recuou no mesmo instante e apenas balançou a cabeça positivamente. Ter a verdade confirmada bem a sua frente, mesmo já sabendo dela, fez sua cabeça rodar e o estômago doer como se a perfurassem por dentro. Ela lançou um olhar magoado para o irmão.
– Você sabia?
Chris também balançou a cabeça, incapaz de dizer algo. Anahí levantou a cabeça para o alto perguntando-se o porque daquilo estar acontecendo com ela, tanta dor dentro de si, a cada momento, traída pelos seus pais. Ela abaixou a cabeça a lançou um olhar direto ao pai, não um olhar magoado ou questionador, mas sim de ódio. De certeza. Ela não conhecia aquele homem na sua frente, não passava de um desconhecido. O olhar pareceu afetar o homem, aquela fortaleza inabalável, Enrique estremeceu! Ele mal podia sustentar o olhar da filha. Com dificuldade, ele olhou para a mulher e para Chris, e assim, deu as costas ao que estava acontecendo e entrou em seu escritório, o som da chave sendo girada pode ser ouvido, Anahí permaneceu no mesmo lugar, observando a madeira envernizada.
Braços acolhedores tocaram o ombro de Anahi que se esquivou, com raiva demais para deixar-se ser tocada por qualquer pessoa. Era Chris, que se postou ao lado da mãe, ele chorava em silêncio agora, triste pelo que a irmã estava passando, infeliz por ter falhado em protegê-la de toda essa dor.
– Vocês não cansam de me decepcionar? - a voz de Anahi saiu embargada, porém, controlada.
– Eu não quero perder você outra vez. - disse Marichelo encarando o chão com os olhar triste.
Anahí suspirou forte e levou a mãos aos cabelos outra vez.
– Tudo o que eu precisava era de pessoas que fossem sinceras comigo e me dissessem a verdade. Eu sou uma boneca na mão de vocês, posso ser manipulada, como fui por todo esse tempo. Sempre criaram uma fantasia, uma família perfeita que nunca existiu! - gritou alto, queria ter certeza de que seu pai a estava ouvindo. Queria ter certeza de que sua alma estaria limpa assim que terminasse. - caminhou de um lado para o outro abraçando a si mesma. Ouviu um soluço alto de Marichelo, e ela gaguejar nas palavras, sem saber o que dizer. – Como você pôde perdoá-lo? Depois de tudo o que ele fez, depois de destruir minha vida quando eu era apenas uma adolescente. Por que, mãe? - virou-se e deu de topo com sua mãe agarrando seus braços, pedindo suplicante para que a ouvisse.
– Eu ia embora, Anahí . Eu juro que tentei. - seus olhos ficaram vagos, como se lembrasse daquele dia. - Tudo estava pronto, eu nunca mais voltaria. Mas, então eu comecei a observar você, Chris e Taylor. A forma como se davam bem, suas discussões, Deus, a casa ficava tão cheia, como uma família de verdade. - olhou de volta para a filha, ela já não tremia mais, mas chorava. - Eu não pude. Tem noção de como é para uma mãe perder sua família? Eu não... Não consegui.
When the one thing you're looking for
Is nowhere to be found
And you back stepping all of your moves
Trying to figure it out
You wanna reach out
You wanna give in
Alguns segundos em silêncio, apenas mãe e filha observando uma os olhos da outra, como eram idênticos, mas com significados tão diferentes.
– Você decidiu ignorar o que ele fez. - acusou Anahí.
Marichelo negou, relaxando a força nos braços da filha.
– Eu decidi ficar com ele por... Por todas as coisas boas que ele fez. - enxugou a própria lágrima e deu um pequeno sorriso para Anahí - E não parti por um erro. Eu decidi perdoá-lo.
The last thing you say as your saying goodbye
Something inside you is crying and driving you on
It's the first thing you see as you open your eyes
The last thing you say as your saying goodbye
Something inside you is crying and driving you on
Anahí negou com a cabeça chorando mais ainda, afastou os braços da mãe de si e recuou alguns passos sem tirar os olhos dela. Ela sabia por dentro que Marichelo sempre fora uma pessoa boa, quase nunca concordava com as coisas que Enrique fazia. Ela só não entendia porque sua mãe suportava tudo calada.
A última coisa que Chris e Marichelo puderam ouvir, foi a porta sendo fechada com violência. Anahí saiu descontrolada, o ódio já não a dominava como antes, agora era apenas a tristeza, um coração partido. Estraçalhado. Enxugou as lágrimas para que ninguém a visse naquele estado e pegou o primeiro táxi que apareceu para a casa de Maitê.
Ela precisava voltar a New York o mais rápido possível.
Cause if you hadn't found me
I would have found you
I would have found you
Lembra-se de observar o pai quando era pequena. Ela adorava passar horas sentada no chão do escritório olhando a forma como ele atendia o telefone, tratava as pessoas, era tão determinado, como um Portilla. A garotinha loira sonhava em um dia poder ser como ele, e agora desejava nunca ter tido aquele sangue em suas veias.
*****
****
***
Dulce abre a porta do quarto e seu coração para no mesmo instante. A imagem surreal que vê faz sua alma chorar antes de abraçar a loira de olhos tristes. Ela tinha uma Anahí derrotada a sua frente, ombros caídos, respiração alterada, olhos vermelhos de tanto chorar.
– Anie, o que houve? - perguntou já sabendo a resposta pelas mensagens de Maitê.
So long you've been running in circles
'Round what's at stake
But now the times come for your feet to stand still in one place
You wanna reach out
You wanna give in
Your head's wrapped around what's around the next bend
Ela encarou Dulce profundamente, mas ao contrário das outras três pessoas, ela tinha carência. Dulce abriu caminho para que Anahi entrasse em sua casa em passos lentos, absorvendo a verdade. Seguiram para o quarto e Anahí se jogou na cama enxugando as lágrimas que ainda banhavam seu rosto.
Dulce segurou sua mão.
- Eu sinto muito pelo seu pai. - Anahí sabia que ela estava sendo sincera, e isso a confortou. – Eu queria poder consertar esse coraçãozinho partido com muitos beijos e carinho.
Oh, lágrimas. Coração que se refaz lentamente, aquele súbito frio na barriga que faz o corpo inteiro arrepiar. Anahí sentiu tudo isso, pois, ao lado de Dulce, qualquer dor caía no esquecimento.
– Será que eu posso dormir aqui com você? - aquilo saiu tão infantil de Anahí, que Dulce teve vontade de chorar.
The last thing you say as your saying goodbye23
Something inside you is crying and driving you on
It's the first thing you see as you open your eyes
The last thing you say as your saying goodbye
Something inside you is crying and driving you on
Se ela podia? Era tudo o que a pequena mais queria, tudo o que ela mais precisava, era isso, Anahi era dela e ela era de Anahí, era assim que as coisas funcionavam. Ela cuidava de sua loira frágil, sempre soube como fazer isso, aprendeu a conhecer os maiores medos de Anahi, e as formas de afrontá-los dela.
As duas mulheres deitaram-se frente a frente, ainda de mãos dadas. Anahí não tinha parado de chorar, mas ela sabia que isso aconteceria em algum momento da noite. Ela só precisava sentir que Dulce estava perto para saber que estava protegida, que os problemas não eram nada se ela estivesse com a sua pequena.
Cause if you hadn't found me
I would have found you
I would have found you
Ela só precisava... De Dulce.
A sua pequena Dulce.
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POV Anahí 17 dias até o casamento. A primeira coisa que sentiu ao abrir os olhos foi uma forte dor de cabeça. Anahí sentiu-se tonta com a luz do sol refletida na janela do quarto, então se forçou a fechar os olhos novamente e se espreguiçou às cegas buscando o travesseiro para tapar o rosto da claridade que incomo ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 74
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Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 19:25:00
Emii eu to lendo o começo todoo, na parte fofa, QUANDO ELAS NÃO ESTAVAM MAGOADAS E NADA ACONTECIAA, estou bem happy, porem quando chegar na parte da dor e sofrimento, eu paro de ler KKKKK
Emily Fernandes Postado em 06/10/2017 - 05:29:54
Ai Duda, CV e b+, kkkkk mas mesmo sabendo que a história mexeu com os seus nervos vc vai ler de novo. Cara, queria estar no seu lado só pra ver a sua reação, dentro da sala de aula. Kkkkkkkkk mas eu te entendo, eu chorei horrores com uma história Portinon tbm. Cara é sério pq CTA. Acabou comigo. A Tammy Portinon acabou comigo literalmente kkkkk.E tipo eu tbm estava lendo na sala de aula, tive que mentir até o pq do choro. Mas valeu a pena não é. Bjs
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Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 16:07:41
EMILYYYY EU NUNCA SOFRI TANTO EM UMA FANFICCCCCCC, EU ESTAVA LENDO NA AULA, QUANDO A DULCE MORREUUU EU TIVE UM ATAQUE DE ''não pelo amor de deus, nnnnnnn'' MDS, Eu sofri junto com a Dulce, e com a Anahi, ri da doçura do Ethan. MASS ELA MORREEUUUUUU AAAAAA NNNNN MDSS, EU TO MT DEPRESSIVA DPS DISSO. eu te convido para meu velorio, quando eu ja estiver morta por n ter aquentado um tiro desse. Te amo <3
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lika_ Postado em 02/10/2017 - 14:33:24
parabens Emily Fernandes a sua Fanfic foi perfeita o fim me fez segura muito para nao me debulhar em lagrimas
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Kakimoto Postado em 01/10/2017 - 11:52:23
MEUU DEEEUUUSSS AAAAAAAA, eu to no cap 32, em que esta a Dulce, Anahi, Ethan, Santana e Logan na sala de musica AAAAAAAA MEEUU DEEUUSS, EU TO MORRENDOOO
Emily Fernandes Postado em 01/10/2017 - 16:52:46
Bem se vc está estética assim, e pq vc está gostando Dudinha. Ahahaha Mas é agora que as coisas ficam mais intensa. Bjs mi amor te.quero.... Quero ver o seu comentário assim. Que terminar.
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ester_cardoso Postado em 19/09/2017 - 17:46:27
Obrigada sério mesmo, não tem como não te agradecer por nos proporcionar mais uma história maravilhosa dessas. Cara chorei muito tanto com o fim da fanfic, tanto com suas palavras. Vc não sabe o quão importante isso foi pra mim, sentir isso é realmente forte e saber q tem mais pessoas que compartilham desse sentimento nos dá força. Bebê vc é inspiradora, além de ser uma das pessoas mais perfeitas q conheço. Essa fic foi realmente muito lindaaa, me surpreendi muito. Claro q as vezes dava vontade de jogar o cell na parede, mas o amor q encontrei aqui é muito maior q eu imaginava. O final acabou comigo obviamente, mas essa é uma daquelas histórias q marcam, aquelas q guardamos no coração. Assim como guardamos pessoinhas especiais como vc, saiba q sempre q quiser estarei aqui, mesmo não nos conhecendo muito me importo com vc e importante é que estejamos sempre felizes. Beijos bebê <3 <3 Amo vc
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siempreportinon Postado em 17/09/2017 - 14:18:42
Simplesmente maravilhosa!!! Chorei bastante no decorrer da história, me tocou profundamente. Sem dúvida se tornou um dos meus xodós. Parabéns pela história, obrigada por nos presentear com belíssimas fics, espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei sempre!!!
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Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:57:06
PS apesar de não te conhecer pessoalmente, eu estou orgulhosa de você, continue assim você é uma linda,é muito especial vou sentir saudades da história, parabéns por mais uma fic finalizada anjo bjs
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Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:55:19
Meu Deus do Céu, eu meu Deus que história linda eu chorei demais lendo esses últimos capítulos,os votos de casamento delas foi a coisa mais linda do mundo,as lembranças os flash back né tudo, Deus Meu eu me sinto tao feliz apesar de tudo, porque tive um privilegio de conhecer essa história você nos deu as honra, de nos apresentar a ela e isso foi maravilhoso, eu queria ter dito tantas coisas sobre a história mas não dá não consigo porque enquanto escrevo cada palavra aqui, é uma lagrima a mais, foi uma linda história um amor tão lindo e magico foi maravilhosa Emy não consigo escrever mais chega rs. só mais uma coisa obrigada.
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Kakimoto Postado em 16/09/2017 - 13:32:12
Mdss, to acomulando mt, eu só vejo os comentarios falando que choraram mt e que eh mt emocionante, e eu já to gritandoo, mdsss, ME DA SPOILER EMII PFFF AAAA. ti amu
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laine Postado em 15/09/2017 - 14:36:10
Parabéns, estou sem palavras realmente foi muito lindo