Fanfics Brasil - Capítulo 43 O laço vermelho (adaptada AyD) Finalizada

Fanfic: O laço vermelho (adaptada AyD) Finalizada | Tema: Portinon


Capítulo: Capítulo 43

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No capitulo anterior



- Srta. Savinon? – era o moreno, eu me virei e esperei pelo que viria a seguir. – O que você pensou enquanto tocava essa música?



Várias coisas, pensei comigo mesma. Minha mente entrou em um colapso de memórias e conclusões que talvez nem eu mesma fosse capaz de entender.



- Meu pai. – eu respondi simplesmente. – Eu não estaria aqui hoje se não fosse por ele.



O moreno assentiu e eu me retirei do palco sentindo-me uma estranha no paraíso.





POV Dulce





16 dias até o casamento.



Existe essa coisa em mim sobre pressentir eventos catastróficos em minha vida que me faz repensar algumas atitudes do meu dia a dia. Eu não sei bem como começou, e obviamente não sou uma x-men ou uma supernatural com poderes fantásticos, eu apenas sinto uma pequena dor no peito e uma vontade imensa de cancelar todos os meus afazeres dos próximos dias para evitar um acidente, encontros ou quem sabe um adeus. E então existem os ponteiros do relógio que estão sempre correndo deixando claro que não estão esperando por nossas atitudes. O relógio não vai parar e esperar que você decida se quer ir ao shopping ou não. Se você quer ele ou ela. Se vale ou não a pena sair de casa aos 18. Essas são atitudes que tomamos no intuito de vencer o tempo e aproveitar cada segundo que nos resta até o fim do que chamamos de vida na terra. Eu fiz a minha escolha ao atravessar aquele salão usando uma máscara de cetim pedindo inconsequentemente que Anahí desse uma segunda chance ao que nós costumávamos ser. Pensando sobre isso agora eu não sei exatamente se foi a escolha certa, mas quem se importa? Eu não. A resposta dela pode muito bem ser não, mas ao menos eu não terei a incerteza do que poderia ter sido se eu não tivesse a tomado para uma dança lenta.



A definição de viver está igualada as oportunidades que aproveitamos e também as que perdemos. Cada segundo da sua vida é um momento que não vai voltar. Duas horas atrás e eu poderia ter desistido do teste que vai decidir o meu futuro outra vez.



Isso é justo?



Parece certo dois homens decidirem se sou ou não melhor que os outros musicistas? Se eu sou boa o suficiente para estar nos palcos? Eles podem decidir se eu estou preparada para ser uma boa mãe e esposa?



Mas, voltando aos pressentimentos que eu costumo ter, algo me diz que em breve meu caso com Anahí chegará ao seu limite. Nós estamos no Central Park comemorando o sucesso do meu teste, ou ao menos era o que minhas amigas pensavam que estávamos fazendo já que eu não estava no clima para estar fora de casa, pois como já disse, em dias como este eu desejava me trancar do mundo. Anahí estava estranha desde que saímos do Avery Fisher Hall, pensativa demais e menos participativa do que de costume. Por que eu pressentia que seus pensamentos não eram bons? Eu queria poder não sentir nada.



- E então eu disse "Ou você larga essa faca ou eu chuto seu traseiro, seu babaca", então ele me olhou de baixo a cima e começou a rir da minha cara e zombando da minha altura. – Emma contava enquanto estávamos reunidas na sombra de uma árvore. Ethan e Adam brincavam com Bob, o pastor alemão do marido de Taylor que as crianças tanto amavam.



- E o que você fez? – Taylor perguntou curiosa, e todas nós esperávamos ansiosas pela resposta.



- Chutei a bun/da dele, ué. – ela deu de ombros e nós rimos enquanto meus olhos acompanhavam o sorriso amarelo de Anahí.



Nós estamos sentadas em extremidades diferentes da rodinha para não levantar mais comentários que o necessário sobre nossa relação. Anahí, igualmente a mim, estava cansada de ser questionada sobre Alfonso e o casamento. Quem não estaria, certo? Por mais que eu quisesse, eu não conseguia compreender essa indecisão que a deixava um passo mais distante de ser apenas minha. Eu a amava demais para isso.



- Mas, falando sério agora, o que Daniel acha dessas suas idas e vindas até New York? – Zoe perguntou e eu desviei o olhar novamente para a conversa.



Emma sorriu.



- Ele entende que minha vida está aqui e que se uma amiga precisar de mim, eu viajo no mesmo instante.



Todas zombamos Emma  fingindo que ela tinha coração e como isso era bonito.



- Não sabia que essa coisinha tinha tamanho o suficiente para sustentar um coração. – Santana comentou e recebeu risadas em troca e um olhar fulminante de Emma.



- Não fale assim dela, Santana. A menos que queira levar um chute nas canelas. – Maitê completou e eu abafei a risada com a mão.



- Olha só quem fala, não é? Maitê Perrone Saldanha a esposa babona e Santana Lopez, a apaixonada trouxa por uma caloura da faculdade.



Maitê e Santana fecharam a cara no mesmo instante e foi a vez de Taylor deitar na grama de tanto rir. Anahí e eu éramos as únicas neutras no assunto, presas em nossas confusões emocionais.



- Mommy! – aquela voz que eu tanto amava me despertou de volta ao mundo e eu vi Ethan se infiltrar na rodinha a mil por hora. Ele usava uma bermuda bege, all star preto e uma camiseta do The 1975, eu precisava confessar que o gosto de Anahí sempre me atraiu e o pequeno a nossa frente era a cópia perfeita dela. Anahí  sorriu para o pequeno e abriu os braços o recebendo em um abraço apertado. Todas nos calamos quando eles se olharam, a interação era uma cena perfeita entre mãe e filho. – Eu quero ver o lago, podemos ir?



Os olhos de Anahí brilharam e eu tenho certeza que os meus também.



- É claro, meu amor. Você quer chamar Adam para ir com a gente?



Ethan olhou para o primo, que ainda brincava com o Pastor Alemão no gramado, e deu de ombros.



- Ele não quer ir. – então olhou para todas nós com um sorriso tímido. – Tias! Vocês querem ver o lago com a gente?



- Eu tenho cara de vela, menino? – Santana respondeu e foi cutucada por Zoe . – Ai!



- Pequeno, eu tô fora do passeio meloso das suas mães. – Emma disse e meu coração parou. Acho que o de todas pela forma que olharam para ela, assim como Ethan que franziu o cenho confuso.



- Minhas mães? – ele perguntou olhando diretamente para uma Anahí mais pálida do que costumava ser. – Ué, eu só tenho uma mãe, e é essa aqui.



Zoe, Maitê, Santana e Taylor levantaram-se fingindo que nada estava acontecendo e começaram a recolher as coisas. Emma, pela primeira vez, parecia não saber o que dizer e permaneceu quieta acompanhando as meninas na tarefa.



- A tia Emma falou sem querer, bebê. – eu disse já que Anahí estava paralisada olhando para Ethan como se ele tivesse descoberto tudo com apenas 4 anos.



Ethan riu gostosamente e balançou a cabeça.



- A tia Emma está ficando maluca, mamãe. – ele abraçou a perna direita de Anahi e eu a cutuquei no braço para que voltasse a realidade. – A senhora quer ir, tia Dulce?



É claro que eu queria, estar perto daqueles dois era meu objetivo de vida. Então apenas assenti e levantei estendendo a mão para que Ethan a segurasse.



- Vocês não vêm? – Anahi se manifestou pela primeira vez se dirigindo para as meninas.



- Está ficando tarde e Adam precisar tomar banho, mas foi um belo dia, mana. – Taylor a abraçou e depois a mim. – Aparece lá em casa pra jogar videogame com seu primo, ok? – apertou o nariz de Ethan que franziu o cenho em resposta.



Uma a uma as meninas foram se despedindo, com Emma pedindo mil desculpas, restando apenas Anahi, Ethan e eu. No fundo eu sabia que elas estavam dando nosso devido espaço, estava estampado na cara delas sempre que nos era dado um motivo para estarmos a sós. O sol estava quase se pondo, Ethan segurava minha mão e a de Anahí e se balançava contando histórias sobre a escola, mas ainda havia aquele brilho diferente no olhar de Anahí. Eu estava com medo porque de repente me senti com 18 anos recebendo Anahi nos fundos do Rancho no dia em que ela me deixou. Era o mesmo olhar, eu só não entendia o motivo.



Nós caminhamos em silêncio até a pequena ponte onde Ethan soltou a minha mão e pediu colo para Anahi. Era bonito assistir o Sol esconder-se no horizonte dali, mais bonito ainda era observar o perfil das pessoas que eu mais amava na minha vida.



- Ele está crescendo. – eu disse no intuito de quebrar o silêncio entre nós. – Está cada dia mais parecido com você.



Anahí me olhou pelo canto dos olhos e então se virou completamente. Seu rosto banhado pela luz escaldante do último suspiro do sol me fez amá-la ainda mais se é que isso era possível. Eu vi amor em seus olhos azulados, eu vi paixão e o que eu mais temia... Eu vi medo.



- Como pode alguém amar tanto uma pessoa assim? – ela perguntou mais para si mesma do que a mim. Ethan conversava sozinho e brincava com as mãozinhas enquanto sua mãe me olhava com aquela antiga devoção.



- Você me ama, mas ainda está noiva de outra pessoa. – eu finamente tomei coragem para enfrentá-la sobre o assunto.



Vi os olhos azulados se tornarem escuros, vi o peito dela subir e descer em um suspiro cansado, nós estávamos cansadas.



- Eu vou deixá-lo, Dul. – ela chegou mais perto e segurou meu rosto com a mão livre. – Assim que eu o encontrar eu vou acabar com tudo isso, só me prometa que estará lá quando nós precisarmos.



Franzi o cenho confusa.



- O que quer dizer?



Anahí balançou a cabeça e olhou para o lago agora refletido pela luz do luar.



- Eu só estava pensando... Enquanto você estava naquele palco decidindo seu futuro... – olhou para mim outra vez e dessa vez quem sentiu medo foi eu. – O que vai acontecer quando suas viagens começarem? Quando tiver tour pelo país a fora, lugares e pessoas para conhecer... Como Ethan vai crescer sem a outra mãe por perto? Eu sei que é bobagem, mas...



- Anahí, amor... Acalme-se, ok? – pedi e encostei nossas testas. – Mal sabemos se eu passei naquele teste e se...



Eu nunca pude completar o que estava prestes a dizer. Talvez eu tenha sido hipócrita o suficiente para agir tão íntima de Anahí em um lugar público, não por mim, mas por ela e por Ethan.



O que aconteceu a seguir, foi um dos piores momentos da minha vida.



- Lésbicas nojentas! – ouvimos uma voz masculina gritar e Anahí saltou para trás com Ethan ainda no colo. Eu me virei incrédula pelas palavras e encontrei um grupo composto por 3 homens usando boinas e macacões. – Deixa o papai mostrar o que é estar com um homem de verdade, suas sapatonas. – o mais alto disse e apertou o membro em um gesto obsceno.



Eu abri e fechei a boca sentindo o choque daquela cena me paralisar, eu nunca tinha sofrido preconceito assim antes e tal ato me deixou sem reação.



- Mommy? – ouvi a voz assustada de Ethan e o vi segurar o rosto de Anahí preocupado e com os olhos marejados. Ele estava assustado e Anahí parecia que ia desmaiar a qualquer momento.



- O que foi gracinha? Tá com medo de não aguentar o tamanho do meu amiguinho? Vem aqui e eu vou te ensinar a não ser uma aberração... – o loiro disse e avançou em nossa direção. Ethan começou a chorar assustado e Anahí o abraçou contra seu corpo dando passos para trás. – Suas vadias!



Dizem que em situações extremas o medo e o nervosismo causa paralisia em todo o nosso corpo. Eu me coloquei na frente de Anahí e Ethan e esperei que os homens chegassem até mim, não adiantaria correr com as pernas bambas e o coração acelerado da forma que estava, mas o choro do meu menino despertou meu lado protetor e tudo o que eu poderia fazer era me entregar no lugar de Anahí.



- Hey! – ouvimos outra voz masculina, dessa vez vinda do outro lado da ponte. Anahí saltou quando um rapaz trajando roupas de ginasta passou por nós em direção aos homens. – Sumam daqui ou eu juro que chamo a polícia, seus imbecis! Tem várias testemunhas observando pessoas covardes como vocês atacarem duas mulheres indefesas e uma criança. Saiam!



Os homens se entreolharam e partiram ainda proferindo xingamentos sobre Anahí e eu.



E eu? Eu tremia tanto que precisei me agarrar à grade da ponte para não cair. Senti a mão do homem que nos ajudou em meu ombro e de repente sua presença era um conforto.



- Vocês estão bem? – ele perguntou e eu assenti me virando a procura de Anahi e Ethan.



O pequeno ainda chorava no pescoço dela enquanto ela me olhava com desespero. Seu olhar estava vidrado, como se ela não estivesse ali, além, é claro, das lágrimas que escorriam por seu rosto.



- Anahí... – eu tentei me aproximar, mas ela recuou. – Anahí?



Eu não me lembro exatamente o que aconteceu depois disso. Lembro-me vagamente de ver Anahi ir embora com Ethan e de algumas pessoas se aproximarem perguntando se eu estava bem ou se...



24 de Outubro de 2060. – New York, NY.



O dia continuava garoando depois de exatamente 4 horas. As nuvens haviam tomado conta do céu e substituído os raios solares por escuridão. Podia-se ouvir os ruídos da ventania na janela fechada que batia num som irritante e a TV ao pé da cama anunciava o fim da guerra no Sul da Ásia.



- O grafite foi apagado com o tempo, não dá pra ler o que está escrito no final da página. – uma moça de cabelos negros e olhos castanhos disse. Sua pele era latina, assim como sua mãe que se encontrava deitada na cama de casal de uma grande suíte. De certa forma, Sarah, como se chamava a jovem, sabia que sua mãe não saberia sobre o que ela estava falando no estágio em que o Alzheimer se encontrava.



- Anahi não quis voltar? Então é isso? Ela ficou com Alfonso e deixou a pessoa que amava? – a voz falha da senhora perguntou. Ela estava um pouco debilitada por conta da idade e dos tratamentos e Sarah decidira tirar férias do trabalho, ela era neurocirurgiã, para cuidar da mãe doente enquanto sua outra mãe voltava de viagem.



Sarah virou a página e se deparou com a data do dia seguinte ao ocorrido, sentiu certo alivio por saber que a história ainda continuava e sorriu docemente para a mãe.



- Dia 04 de Dezembro de 2024, já eram quase dois dias sem falar com Anahi...



POV Dulce.



04 de Dezembro de 2024. – New York, NY.



15 dias até o casamento.



Eu estava entrando em desespero sem conseguir contato com Anahi. Ela não atendia minhas ligações, Zoe e Maitê nada podiam fazer para forçá-la a falar comigo. Passei o dia todo trancada na casa de minha mãe martelando o ocorrido em minha cabeça e nada fazia sentido. Em que mundo vivíamos para sermos tratadas daquela forma? Por que o ser humano precisa ser tão ruim quando tudo o que o mundo precisa é de amor para ser curado? Faltei ao trabalho e busquei Claudia na escola na tentativa de distrair minha cabeça. Ela me perguntou o que houve quando viu meu estado e eu contei os detalhes, ela me abraçou e disse que tudo ficaria bem.



Eu queria poder acreditar em suas palavras naquele momento.



Minha mãe estava na varanda, ainda não tinha se curado totalmente da depressão, mas ao menos agora saía do quarto. Ela estava embolada em cobertores e segurava uma xícara de chocolate quente enquanto apreciava a chegada do inverno. Era como se sentar ali todos os dias ao pôr-do-sol lhe trouxesse esperança de que meu pai voltaria.



Eu queria poder ter a mesma esperança.



Eu não contei a ela o ocorrido, mas eu sabia que ela podia ler em meus olhos que nada estava bem. Ela sempre podia. Eu me lembro de quando criança ela sempre dizer que chocolate quente curava tudo.



Eu queria que ela estivesse certa.



*****

****

***



POV Anahí



Estacionei o Mustang em frente à tão conhecida casa dos Savinon. É incrível como as coisas podem mudar tanto e ao mesmo tempo quase nada, mas no final das contas você percebe que quem realmente mudou foi você. Esperei por um tempo ainda dentro do carro analisando a fachada da casa. A pintura estava descascando e amarelada. Faltava um pedaço da madeira do degrau e parecia que o terreno não era limpo há anos. A cerca da antiga casa dos Mccoy estava destruída e pelo jeito não morava ninguém naquela casa. Eu poderia pensar o mesmo da casa dos Savinon se não fosse pela senhora sentada no antigo banco de balanço com uma xícara em mãos.



Meu coração acelerou ao vê-la depois de tantos anos.



Saí do carro e fechei a porta enquanto criava coragem o suficiente para caminhar até a casa. Eu não queria estar ali, não para ser atormentada pelas lembranças que rodeiam cada canto daquele lugar. Como a casa da árvore, agora com boa parte destruída, que Dulce e eu ajudamos Fernando a construir para Claudia. A varanda em que Dulce e eu passamos nosso primeiro natal como um casal. Droga, eu ainda podia nos visualizar deitadas no gramado observando o céu enquanto caminhava até a varanda.



Ás vezes eu queria apenas não sentir. Como o terror que percorreu todo o meu corpo quando fomos atacadas pelo grupo de homens, aquele dia nunca sairá de minha memória. Ethan chorou quase a noite toda assustado e pedindo pela presença de Alfonso para que nos protegesse. Eu me pergunto o que teria sido de nós se aquele bom homem não tivesse aparecido.



Dulce teria se sacrificado por nós.



Eu me isolei com Ethan na casa de Maitê até criar coragem para estar aqui. Eu precisava ver Blanca e Cláudia, eu precisava do perdão daquela parte do meu passado para seguir em frente.



O problema do destino é que ele é uma merda.



Pois não adianta se esconder, ele sempre vai te encontrar.



- Boa tarde, Anahí. – a mulher me cumprimentou e meu corpo todo se arrepiou. Ela estava tão mais velha e diferente. A expressão suave e alegre que costumava tomar sua face fora substituída por solidão e olheiras arroxeadas. – Eu estava me perguntando quando você viria me visitar.



Ela sorriu levemente e eu juntei minhas mãos na frente do corpo sem saber direito o que dizer.



- Eu estive muito ocupada nos últimos dias, perdão pela minha falta de senso, senhora. – eu disse educadamente e a vi me olhar por cima dos óculos. – Desculpe, Blanca. – me corrigi e ela sorriu mais uma vez.



- Você está tão mudada... Tornou-se uma mulher madura e bonita. – ela continuou e eu me senti corar. – Soube que agora tem um garotinho...



Meu rosto se iluminou com a menção de meu filho.



- Oh, sim. Seu nome é Ethan e ele tem 4 anos... – falei orgulhosamente e Blanca pendeu a cabeça me observando atentamente. – Eu sei o que está pensando, eu sou uma egocêntrica por usar o nome que Dulce queria...



- Ela ama muito vocês dois, sabe? – a mulher me cortou e eu franzi o cenho. Então ela explicou. – Dulce.



- Oh...



- Você merece ser feliz ao menos uma vez, Anahi. – ela estendeu a mão e eu a apanhei sentindo a pele calejada de toda uma vida. – Fernando vivia dizendo o quão orgulhoso era de você. – ela sorriu e eu senti meus olhos marejarem. – Era Anahí pra cá, Anahí pra lá. Ele sabia que você sempre faria a escolha certa para a nossa menina. Mas, agora você tem um pequeno que depende de você e isso te assusta ainda mais. – eu ouvia cada palavra em choque me perguntando como ela podia saber tanto sobre mim. – Eu sou mãe e também amei, Anahí. Eu sei o que está sentindo, e também sei que fará a escolha certa outra vez.



- Anahi? – a voz doce e encantadora preencheu meus ouvidos e eu rapidamente soltei a mão de Blanca para olhar Dulce parada na porta. Ela parecia surpresa em me ver e eu mais ainda por encontrá-la ali. – O que está fazendo aqui?



Blanca levantou e consigo puxou a coberta, mas antes parou de frente a mim e passou a mão pelo meu rosto.



- Foi muito bom te ver outra vez, minha jovem. – e sem dizer mais nada, passou por Dulce entrando em casa deixando-nos a sós.



E eu? Eu estava desarmada.



- Pode me dizer por que não respondeu minhas chamadas? Eu fiquei preocupada. – Dulce se apressou a dizer enquanto se aproximava, mas eu recuei. – Como você está? E Ethan? Eu fiquei tão preocupada... - continuei em silêncio encarando a madeira podre da varanda. Eu não sabia o que dizer ou fazer, eu mal sabia o que estava acontecendo com a minha vida. Dulce cerrou os olhos. – Por que algo me diz que você não veio aqui para me ver?



- Porque eu não vim. – falei sem pensar e senti seus olhos pesarem em mim. – É melhor eu ir, não sei o que dizer agora e não quero estragar as coisas...



Desci as escadas e comecei a caminhar de volta para o carro me arrependendo amargamente de ter dirigido até aqui.



- Estragar? Anahí, as coisas não podem ficar mais estragadas do que já estão! – ela exclamou logo atrás de mim e eu continuei andando. – É o que você vai fazer? Continuar fugindo sempre que aparecer um obstáculo? Por/ra, por que você sempre me deixa no final?



Virei-me bruscamente a fazendo parar quase a centímetros de mim. Eu estava nervosa pelas suas palavras e por tudo o que vinha acontecendo. Eu estou tão cansada de sempre ter que tomar decisões, de tudo depender de mim, eu não tenho a merda de um emocional para aguentar tudo isso.



- O que você quer, Dulce? – praticamente gritei e ela assustou. – Quer que eu deixe a segurança de Alfonso para estar com uma mulher onde eu e meu filho possamos ser atacados como ontem? Ethan chorou a noite toda assustado, ele está traumatizado pelas coisas que chamaram a mãe dele, como vou ver meu filho crescer ouvindo coisas assim dos amigos na escola? Na rua? – comecei a chorar liberando toda a dor que eu sentia, e enquanto isso meu celular tocava no bolso traseiro da calça, mas eu ignorei. – Como você pretende administrar sua carreira e uma família estando a quilômetros de distância? Dulce, eu não sou forte o bastante, você não entende?



Eu a vi chorar muitas vezes. Posso dizer que conheço todos os seus choros: Os fingidos, os de alegria, os de tristeza, e os que são por mim.



Esses são os que machucam mais.



- Quantas vezes mais você vai quebrar o meu coração? – ela perguntou e naquele instante eu senti meu mundo cair por entre minhas mãos.



Dulce estava tão frágil que eu tive impulso de abraçá-la, mas seus braços me empurraram para trás e eu senti o impacto das minhas costas contra a porta do carro.



- Você é o meu primeiro amor, Anahí. – ela disse entre dentes e apontou o dedo para o meu peito. – E eu quero mais do que qualquer coisa que seja o último. Mas, enquanto você não tomar uma decisão, nós acabamos. – ela abaixou o dedo e soluçou com as lágrimas. Eu podia ver a Dulce de 18 anos na minha frente pedindo para ser amada. – Eu vou te esperar daqui a dois dias no The Village. Esteja lá as dezenove em ponto e me traga sua resposta.



Angel, oh oh oh oh



Knew you were special from the moment I saw you, I saw you, yeah



I said angel, oh oh oh oh



I feel you're closer every time I call you, I call you



Ela estava dando um ponto final ao que nós tínhamos? Ela estava...



Deus.



Engoli as lágrimas e entrei no carro. Dentre todas as pessoas no mundo eu pensava que Dulce fosse me entender, eu precisava que ela entendesse que eu não estava pronta para enfrentar a mim mesma tão abertamente. Girei a chave na ignição e saí com o carro olhando-a pelo retrovisor.



E, infelizmente, algo me dizia que aquela seria a última vez em que eu a veria.



Cause all I see are wings, I can see your wings



But I know what I am and the life I live, yeah, the life I live



And even though I sin, maybe we are born to live



But I know time will tell if we're meant for this, yeah if we're meant for this



Meu celular começou a tocar outra vez e eu atendi sem olhar no visor o nome da pessoa, eu estava cega de raiva e dor.



- Alô? – atendi grosseiramente.



- Anahi? Pelo amor de Deus, Anahí, onde você esteve? – era Maitê do outro lado da linha, ela parecia aflita e eu rapidamente me coloquei em alerta.



- Maitê, o que houve?



- É o Ethan... Ele está no hospital.



And if we're not, I hope you find somebody



I hope you find somebody, I hope you find somebody



I hope you find somebody to love, somebody to love



Somebody to love, yeah, yeah, yeah



Empurrei a porta dupla do hospital com violência e passei direto pela recepção sendo repreendida por algumas enfermeiras. Que se dane, eu precisava saber se meu filho estava bem, meu coração... Era como se ele fosse saltar a qualquer momento do meu peito só de imaginar algo ruim acontecendo com meu bebê.



Encontrei Emma, Santana, Brittany, Taylor, Zoe , Maitê e... Alfonso? Sentados na sala de espera, rapidamente saltei em cima de Maitê e a agarrei pelos ombros.



- O que houve? Onde está meu filho? Ele está bem? Responde, Maitê! – eu a chacoalhava e Alfonso precisou me tirar de cima dela ou eu a derrubaria.



Said angel, woah oh oh oh



You'll probably never take me back and I know this, yeah I know this, aw man



I said angel, woah oh oh oh



I'm so desensitized to feeling these emotions, yeah, no emotions baby



Fui abraçada fortemente e Alfonso sussurrava para que eu me acalmasse.



- Foi só um susto, Maitê não sabia da alergia de Ethan com amendoim e comprou para ele. – ele contou e eu tentei me soltar dos braços dele para correr até a porta do quarto onde mantinham meu filho. Eu precisava vê-lo, precisava ter certeza de que meu bebê estava bem.



- Eu tentei te ligar, mas você não atendia e como Zoe  não estava em casa eu não pensei duas vezes em ligar para Alfonso. Ele nos trouxe até o hospital e os médicos estão cuidando de Ethan. – Maitê explicou, mas eu não lhes dava ouvidos, tudo o que eu precisava era ver Ethan.



Cause all I see are wings, I can see your wings



But I know what I am and the life I live, yeah, the life I live



And even though I sin, we are born to live



But I know time will tell if we're meant for this, yeah if we're meant for this



Um médico negro saiu do quarto e viu meu estado. Eu ainda estava nos braços de Alfonso e chorava com a respiração descompassada, não me importava com o mundo lá fora desde que Ethan estivesse bem.



- Quem são os pais do menino?



Todos nós levantamos e eu não dei muita atenção ao ato no momento, nada importava.



- Como ele está? – eu perguntei com a voz arrastada e o médico parecia confuso com a cena até se dar conta de que eu era a mãe. Ele assentiu com um sorriso calmo.



- Ethan está bem, foi apenas um susto. O inchaço no rosto já diminuiu e ele está respirando normalmente. – me tranquilizou e eu soltei todo o ar que não sabia que estava segurando desde que cheguei ali. – O garoto vai ficar em observação só por precaução, mas você pode vê-lo.



And if we're not, hope you find somebody



I hope you find somebody, I hope you find somebody52



I hope you find somebody to love, somebody to love



Somebody to love, yeah, yeah, yeah



Entrei no quarto e logo o vi deitado de lado brincando com um pequeno dinossauro na cama. Ele tinha um olhar triste e o rosto vermelho, aquela cena apertou meu coração quase o machucando.



- Hey, bebê. – eu chamei sua atenção e ele me olhou ainda triste. – Como você está? Deu um susto na mamãe.



Eu precisava me fazer de forte por ele, mas por dentro eu queria apenas chorar e abraçá-lo.



- Bem. – Ethan respondeu e voltou sua atenção para o brinquedo.



Deixei minha bolsa na poltrona ao lado da cama e me enfiei em baixo das cobertas o abraçando por trás. Apoiei meu queixo em sua cabeça aspirando o cheiro de shampoo de pêssego enquanto minha mão acariciava seus cachos.



- O que houve com o Rex? – perguntei notando que era um dinossauro diferente.



- Uh... Eu o quebrei enquanto minha gaganta doía. – ele disse e uma lágrima escorreu em meu rosto. – A senhora não estava lá... Por quê?



Porque eu estava resolvendo a merda da minha vida amorosa como sempre. Isso já estava afetando meu filho, meus problemas e minhas indecisões começaram a atingir Ethan e isso era algo que eu não podia permitir. Eu estava sempre saindo para me encontrar escondida com Dulce e o deixando para trás, algo totalmente inaceitável. Ethan era minha vida. Meu tudo. Ele precisava de mim e eu precisava dele. E como uma boa mãe, eu devia ao meu filho segurança e estabilidade.



Algo que em um relacionamento com Dulce eu não teria.



- Eu estou aqui agora, amor. Não vou sair do seu lado nunca mais, a mamãe promete.



Ethan virou o corpo completamente até estar com o nariz colado no meu.



- A senhora promete mesmo? – ele era tão inocente...



- Sim, bebê. Eu prometo, e também prometo comprar outro Rex pra você assim que sairmos daqui.



- O tio Poncho já me prometeu um Rex novinho quando me trouxe aqui...



And even though we live inside



A dangerously empty life



You always seem to bring the light



You always seem to bring the light



And even though we live inside



A dangerously empty life



You always seem to bring me light



You always seem to bring me light



Me perdi em meus pensamentos por um momento. Alfonso era minha segurança e por mais que eu não o amasse, ele era meu melhor amigo, e isso bastava para que Ethan fosse feliz. Minha felicidade não importava mais, não quando eu precisava colocar a de Ethan em primeiro lugar.



I hope you find somebody



I hope you find somebody, I hope you find somebody



I hope you find somebody to love, somebody to love



Somebody to love, yeah, yeah, yeah, oh



I hope you find somebody



*****

****

***



POV Narrador.



06 de Dezembro de 2024. – New York, NY.



14 dias até o casamento.



O cemitério poderia ser um lugar agradável para quem o visse com outros olhos. O som da brisa contra as árvores, a plenitude do silêncio que faz jus à frase "descansar em paz.". Naquela tarde o cemitério local estava quase vazio se não fosse pela mulher de sobretudo ajoelhada ao lado de um túmulo com os dizeres:



Fernando Savinon.



1965 – 2022



Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez. – William Shakespeare.



Dulce rezava pela alma de seu pai e pedia por um conselho. Ela sabia que se ele estivesse vivo lhe acolheria em seus braços e diria que o tempo mostraria todas as respostas. O problema da merda do tempo é que ele não para...



E novamente, o ponteiro continua girando...



*****

****

***



Estar de volta ao apartamento não afagava o coração e Anahi que segurava um Ethan adormecido no colo. Ela tinha voltado por insistência do garoto e de Alfonso que dizia sentir falta dos dois, mas Anahí não queria estar ali. Ela queria estar no rancho com uma suíte que possuía uma estranha parede vermelha de frente para a cama.



Anahí colocou Ethan em sua cama e voltou para a sala preparando-se para desfazer as malas. Estava exausta fisicamente e emocionalmente, tinha afastado suas amigas e se isolado na própria dor como da última vez.



Era como um déjà vu.



O dia estava chuvoso, era como se os céus estivessem de luto por um sentimento recriminado. Anahí aninhou-se ao sofá e abraçou os joelhos observando os pingos de chuva na enorme janela de vidro.



- Eu sei que você a ama. – Alfonso disse logo atrás, mas Anahí não se virou para encará-lo, ela continuou observando a chuva. – Eu sei disso e também sei que é algo que não posso mudar. Mas, Anahi, eu posso te dar o que você e Ethan precisam. Eu nunca faria você chorar e eu sempre cuidaria de vocês dois. – ele deu uma pausa e Anahí suspirou. – Eu não vou impedi-la de ir embora se é o que você quer, apenas saiba que eu posso fazê-la feliz se você me der essa chance.



E saiu. Como sempre, tudo sempre ficava nas mãos de Anahí



Dia 5



POV Narrador.



07 de Dezembro de 2024. – New York, NY.



13 dias até o casamento.



Alfonso trabalhava concentrado sobre alguns relatórios no sofá da sala quando sentiu a voz infantil invadir o espaço em um rosnado. Ethan atravessou a sala correndo de pijamas e atirou-se nos braços do rapaz que sorriu e o pegou no colo. Anahí observou tudo da cozinha, absorvendo a cena com o coração apertado.



Seus olhos correram até o relógio: 18:48.



O The Village estava cheio como de costume, as pessoas conversavam e a música tocava alegremente como se não houvesse problemas fora daquele lugar. Dulce sentia-se deslocada pela primeira vez naquele lugar que tanto a agradava, sentia-se vazia e seus olhos não desgrudavam da porta sempre que a sineta tocava anunciando a chegada de algum cliente.



I know there's something in the wake of your smile



I get a notion from the look in your eyes, yea



You've built a love, but that love falls apart



Your little piece of heaven turns to dark



Anahí escorou-se ao batente da porta do quarto enquanto olhava o vestido branco estendido sobre a cama. Sua farda, seu passe para ser de outro. Lágrimas escorreram em sua face quando pensou novamente em Dulce. Ela só não sabia que Alfonso a observava logo atrás.



Flashback.



Anahí parou de andar quando finalmente chegou perto da professora. Ethan saiu correndo pegar sua mochila e esse foi o momento exato entre as duas para continuarem conversando por olhares. A perfeição de Dulce não se comparava a mais nada, seria blasfêmia dizer que existia um ser mais perfeito que ela no mundo



Droga, Anahi a amava. Anahí a amava tanto que chegava a doer.



- Dulce. – deliciou-se com o nome em sua boca, podendo finalmente o proferir com sua voz rouca e suave.



- Anahí. – Dulce respondeu de forma fria, mas que atingiu Anahí em cheio, bem no coração.



E naquele momento, o quebra-cabeças estava completo."



Fim do flashback.



Listen to your heart



When he's calling for you



Listen to your heart



There's nothing else you can do



I don't know where you're going



And I don't know why



But listen to your heart



Before you tell him goodbye



E relógio do café marcava exatamente 19:00 horas. A sineta tocou e Dulce quase saltou da mesa esperançosa, mas era apenas um jovem casal sorridente que aproveitava o que talvez fosse seu primeiro encontro.



Flashback.



"- Um Magret de Canard e um Porto Dow Vintage. – disse fechando o cardápio e o entregando para Eli que saiu com os pedidos e as deixou finalmente a sós.



- Vinho, uh? – a pequena comentou brincalhona.



- Eu não vou dirigir mesmo. E não é como se alguém fosse me embebedar para se aproveitar disso depois, não é? – rebateu Anahi fazendo Dulce recuar na cadeira e fechar a cara. – Não precisa ficar com ciúmes, Rachel não está aqui e eu não preciso estar bêbada para querer beijar você.



O comentário pegou Dulce desprevenida, ela viu o sorriso malandro brincando nos lábios de Anahí porque sabia que tinha corado.



- Você é muito fofa.



- Não é?



- Anahí!



- O que foi? Eu realmente sou adorável."



Fim do Flashback.



Sometimes you wonder if this fight is worthwhile



The precious moments are all lost in the tide, yea



They're swept away and nothing is what is seems



The feeling of belonging to your dreams



Anahí abraçou Ethan contra seu peito e se deixou chorar intensamente enquanto seu filho dormia tranquilamente em seus braços. Ela tinha perdido a conta de quantas vezes chorara naquele dia, mas isso não fazia diferença, tudo doía, estar longe de Dulce a machucava tanto que às vezes a dor se tornava insuportável. Ela se odiava por estar fazendo isso mais uma vez consigo mesma e com sua amada. Sabia que qualquer um a odiaria somente por ouvir essa história, mas só ela sabia como era estar em sua própria cabeça, só ela sabia como era precisar proteger o filho acima de tudo.



*****

****

***



- O que está esperando, minha querida? – Eli apareceu em seu uniforme e o tão conhecido sorriso doce.



Dulce suspirou e enxugou a última lágrima que escorreu. Seu relógio marcava 19:30.



- Eu não estou. – ela sorriu tristemente. – Não mais.



Listen to your heart



When he's calling for you



Listen to your heart



There's nothing else you can do



I don't know where you're going



And I don't know why



But listen to your heart



Before you tell him goodbye



- Eu acompanho histórias e mais histórias de amor neste lugar há anos, Dulce. – ele disse. – Posso dizer quando vejo um coração quebrado.



Dulce piscou algumas vezes e começou a brincar com o guardanapo na mesa.



- Por que amar dói tanto?



- Amar significa deixar seu coração exposto esperando que a outra pessoa o tome para si e não o machuque.



- Esse é o meu problema, Eli; meu coração sempre é machucado pela mesma pessoa.



*****

****

***



Alfonso sentou-se a mesa do escritório e abriu a gaveta a procura das fotos que guardara consigo. Anahí não sabia, mas ele havia tirado cópias de suas fotos antigas com Dulce para usar como provas caso necessário, mas agora servia apenas como tortura. Olhando para elas agora, ele via o olhar sorridente de Anahí que ele jamais vira enquanto estavam juntos. Ele não queria Anahi infeliz... Mas, por que é tão difícil deixá-la ir? O que Dulce tinha que ele não possuía?



E é ai que vem a resposta: O coração de Anahí.



And there are voices



That want to be heard



So much to mention



But you can't find the words



The scent of magic



The beauty that's been



When love was wilder than the wind



Dulce foi recebida por um abraço caloroso de Claudia quando chegou em casa. A jovem soube pela expressão da irmã que as coisas não tinham saído como desejado. Cláudia queria poderia odiar Anahi por fazer sua irmã sofrer, mas ela não entendia porque não podia.



- Chegou isso pra você. – ela estendeu uma carta para Dulce.



Elas sabiam o que era.



E, bem... Dulce fora aceita.



Listen to your heart



Take a listen to it



He's calling for you



Listen to your heart



Take a listen to it



Else you can do



I don't know where you're going



And I don't know why



But listen to your heart



Before



You tell him goodbye



24 de Outubro de 2060. – New York, NY.



- Anahi o escolheu. – a voz fraca da mulher tirou Sarah dos devaneios do diário. Ela sentia-se desolada por aquela história, e sentia-se ainda pior em saber que sua mãe a vivera. – Foi como sentir a mesma dor duas vezes.



Sarah surpreendeu-se com as palavras da mãe. Ela não costumava se lembrar há um bom tempo e de repente ela estava falando sobre isso.  



- Você se lembra, mãe? Se lembra da noite em que Anahí escolheu Alfonso?



A senhora virou o rosto para a filha que tinha os olhos marejados. Ela estendeu a mão e Sarah entendeu que ela queria se levantar, o que era outro bom sinal, pois ela não saía daquela cama há quase três semanas. Sarah ajudou a mãe a caminhar com dificuldade pelo quarto e só entendeu o que ela queria quando pararam de frente para um piano.



- Mãe?  - Sarah chamou, mas não obteve resposta.



A senhora sentou-se na banqueta e dedilhou o piano fechando os olhos.



Era como reconhecer a música depois de tanto tempo...



(Play Rose's Theme - TITANIC)



Quando os dedos enrugados começaram a tocar uma melodia, Sarah abriu a boca surpresa e rapidamente puxou uma banqueta para sentar ao lado da mãe. Com o diário em mãos, a jovem o folheou de volta à primeira página onde tudo começou.



4 de Outubro de 2017. – New York, NY.



Há coisas das quais costumamos esquecer rapidamente. Como o rosto daquele amigo da quarta série, o nome da sua antiga vizinha ou a voz de uma pessoa especial. Eu costumo me esquecer algumas notas e melodias com mais frequência do que gostaria de admitir.



Eu poderia até mesmo me esquecer da música que estava tocando esta tarde quando uma estranha invadiu o auditório e me aplaudiu reproduzindo falas do filme Titanic.



Mas, eu nunca me esquecerei daqueles olhos azuis.

************




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11 de Dezembro de 2024. – New York, NY. 09 dias até o casamento. POV Narrador. O quarto parecia bem menor do que ele realmente era desde que tudo começou. Ou como Anahi costumava pensar, desde tudo terminou. As janelas fechadas, luz apagada e TV ligada no mudo servindo apenas como fonte de luz para o ambiente, era assim que Anahi se encontrava no ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 74



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  • Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 19:25:00

    Emii eu to lendo o começo todoo, na parte fofa, QUANDO ELAS NÃO ESTAVAM MAGOADAS E NADA ACONTECIAA, estou bem happy, porem quando chegar na parte da dor e sofrimento, eu paro de ler KKKKK

    • Emily Fernandes Postado em 06/10/2017 - 05:29:54

      Ai Duda, CV e b+, kkkkk mas mesmo sabendo que a história mexeu com os seus nervos vc vai ler de novo. Cara, queria estar no seu lado só pra ver a sua reação, dentro da sala de aula. Kkkkkkkkk mas eu te entendo, eu chorei horrores com uma história Portinon tbm. Cara é sério pq CTA. Acabou comigo. A Tammy Portinon acabou comigo literalmente kkkkk.E tipo eu tbm estava lendo na sala de aula, tive que mentir até o pq do choro. Mas valeu a pena não é. Bjs

  • Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 16:07:41

    EMILYYYY EU NUNCA SOFRI TANTO EM UMA FANFICCCCCCC, EU ESTAVA LENDO NA AULA, QUANDO A DULCE MORREUUU EU TIVE UM ATAQUE DE ''não pelo amor de deus, nnnnnnn'' MDS, Eu sofri junto com a Dulce, e com a Anahi, ri da doçura do Ethan. MASS ELA MORREEUUUUUU AAAAAA NNNNN MDSS, EU TO MT DEPRESSIVA DPS DISSO. eu te convido para meu velorio, quando eu ja estiver morta por n ter aquentado um tiro desse. Te amo <3

  • lika_ Postado em 02/10/2017 - 14:33:24

    parabens Emily Fernandes a sua Fanfic foi perfeita o fim me fez segura muito para nao me debulhar em lagrimas

  • Kakimoto Postado em 01/10/2017 - 11:52:23

    MEUU DEEEUUUSSS AAAAAAAA, eu to no cap 32, em que esta a Dulce, Anahi, Ethan, Santana e Logan na sala de musica AAAAAAAA MEEUU DEEUUSS, EU TO MORRENDOOO

    • Emily Fernandes Postado em 01/10/2017 - 16:52:46

      Bem se vc está estética assim, e pq vc está gostando Dudinha. Ahahaha Mas é agora que as coisas ficam mais intensa. Bjs mi amor te.quero.... Quero ver o seu comentário assim. Que terminar.

  • ester_cardoso Postado em 19/09/2017 - 17:46:27

    Obrigada sério mesmo, não tem como não te agradecer por nos proporcionar mais uma história maravilhosa dessas. Cara chorei muito tanto com o fim da fanfic, tanto com suas palavras. Vc não sabe o quão importante isso foi pra mim, sentir isso é realmente forte e saber q tem mais pessoas que compartilham desse sentimento nos dá força. Bebê vc é inspiradora, além de ser uma das pessoas mais perfeitas q conheço. Essa fic foi realmente muito lindaaa, me surpreendi muito. Claro q as vezes dava vontade de jogar o cell na parede, mas o amor q encontrei aqui é muito maior q eu imaginava. O final acabou comigo obviamente, mas essa é uma daquelas histórias q marcam, aquelas q guardamos no coração. Assim como guardamos pessoinhas especiais como vc, saiba q sempre q quiser estarei aqui, mesmo não nos conhecendo muito me importo com vc e importante é que estejamos sempre felizes. Beijos bebê <3 <3 Amo vc

  • siempreportinon Postado em 17/09/2017 - 14:18:42

    Simplesmente maravilhosa!!! Chorei bastante no decorrer da história, me tocou profundamente. Sem dúvida se tornou um dos meus xodós. Parabéns pela história, obrigada por nos presentear com belíssimas fics, espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei sempre!!!

  • Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:57:06

    PS apesar de não te conhecer pessoalmente, eu estou orgulhosa de você, continue assim você é uma linda,é muito especial vou sentir saudades da história, parabéns por mais uma fic finalizada anjo bjs

  • Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:55:19

    Meu Deus do Céu, eu meu Deus que história linda eu chorei demais lendo esses últimos capítulos,os votos de casamento delas foi a coisa mais linda do mundo,as lembranças os flash back né tudo, Deus Meu eu me sinto tao feliz apesar de tudo, porque tive um privilegio de conhecer essa história você nos deu as honra, de nos apresentar a ela e isso foi maravilhoso, eu queria ter dito tantas coisas sobre a história mas não dá não consigo porque enquanto escrevo cada palavra aqui, é uma lagrima a mais, foi uma linda história um amor tão lindo e magico foi maravilhosa Emy não consigo escrever mais chega rs. só mais uma coisa obrigada.

  • Kakimoto Postado em 16/09/2017 - 13:32:12

    Mdss, to acomulando mt, eu só vejo os comentarios falando que choraram mt e que eh mt emocionante, e eu já to gritandoo, mdsss, ME DA SPOILER EMII PFFF AAAA. ti amu

  • laine Postado em 15/09/2017 - 14:36:10

    Parabéns, estou sem palavras realmente foi muito lindo


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