Fanfic: O laço vermelho (adaptada AyD) Finalizada | Tema: Portinon
11 de Dezembro de 2024. – New York, NY.
09 dias até o casamento.
POV Narrador.
O quarto parecia bem menor do que ele realmente era desde que tudo começou. Ou como Anahi costumava pensar, desde tudo terminou. As janelas fechadas, luz apagada e TV ligada no mudo servindo apenas como fonte de luz para o ambiente, era assim que Anahi se encontrava nos últimos dias. Depressão? Não. Ela havia se trancado do mundo por vontade própria, por sentir vergonha de si mesma e de sua covardia com Dulce. Anahí sabia que todos a julgavam e mesmo assim decidiu não os confrontar, ninguém pode entender o que não conhece; ninguém está em sua cabeça sendo atormentado por demônios da infância.
Um escritor brasileiro uma vez disse: Não há céus sem tempestades, nem caminhos sem acidentes. Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la intensamente.
Talvez seu maior medo fosse viver intensamente.
Alfonso não tocou mais no assunto, o rapaz sabia que sua relação com Anahi estava entre um fio e que se mexesse mais poderia perder tudo, ao mesmo tempo em que ele assistia sua noiva se afundar na infelicidade de se entregar a outro, seu amor egoísta continuava sendo maior que qualquer auto sacrifício. E ele se orgulhava de Anahí e de tudo o que ela fez por Dulce no passado, algumas vezes se pegava pensando se um dia teria coragem de tal ato.
Por mais que alguns dissessem que sua noiva era uma covarde, ele sabia que ela era forte.
Eles tinham se afastado do escritório para os preparativos finais do casamento, se é que Anahi ajudava em alguma coisa. Ela apenas dizia sim ou não para as opções que Alfonso lhe dava e dedicava os momentos livres com Ethan.
A porta do quarto foi aberta com um pouco de violência fazendo Anahí saltar da cama, ela sabia que não poderia ser Alfonso, pois o noivo tinha saído com Santana e Ethan estava na escola, e ninguém mais sabia o código de acesso do seu apartamento a não ser Emma.
Anahí conhece Emma desde que se conhece por gente, elas têm sido melhores amigas e compartilho desde o primeiro aniversário, até segredos como o primeiro beijo, o primeiro namorado, as loucuras com Maitê que ninguém além delas três sabiam. Anahí conhecia cada reação dela e cada expressão da amiga, mas naquele dia o que havia em seu rosto ia muito além de raiva ou mágoa.
- O que faz aqui? – Anahí perguntou sentando-se na cama. Emma fechou a porta e ligou a luz fazendo com que Anahí fechasse os olhos até que se acostumasse com a claridade. Enquanto isso Emma caminhou pelo quarto e abriu as janelas, ligou o ar condicionado e atirou o edredom que cobria Anahí para longe. – Emma, você ficou louca?
E quando ficou em pé para enfrentar a amiga, recebeu um tapa estalado no lado direito do rosto. A ardência fez seus olhos lacrimejarem ao mesmo tempo em que empurrava Emma como reflexo.
- Eu sou a sua melhor amiga, Anahí. – disse Emma , sua voz era tão séria que por um momento Anahí se perguntou se estava sonhando. – Eu vi você crescer sendo atormentada pelo seu pai, eu assisti você apanhar dele, lembra? Quando se impunha para defender Chris e Taylor, você não se importava de levar a culpa desde que seus irmãos saíssem ilesos. – ela continuou e Anahí sentiu-se atingida pelas palavras, então a ardência no rosto fora esquecida. – Eu vi você arquitetar grandes sonhos para a sua vida, mas nunca realmente realizá-los. Você sonhava em viajar o mundo, o que aconteceu? – ela deu um passo à frente, sua áurea era pesada fazendo Anahi sentir medo. – O que aconteceu com a minha melhor amiga?
- Emma, as pessoas mudam e eu precisei crescer cedo...
- Sim, eu sei que você precisou crescer cedo demais. Eu estava lá! Eu vi você cuidar dos seus irmãos quando sua mãe deveria fazê-lo, mas fazendo isso você sacrificou a sua infância e adolescência. Anahí, você já percebeu que está sempre colocando as pessoas em primeiro lugar? – por mais que não quisesse, as lágrimas já rolavam por sua face, Emma não deveria tocar em seu ponto fraco, Anahi estava tão cansada que muitas vezes desejou ir dormir e não acordar mais. Estava cansada, fraca, exausta do peso do mundo em suas costas. E Emma sabia disso. – Quando vai começar a se por em primeiro lugar também?
Anahí sentou na cama segurando a cabeça entre as mãos, assim como reprimia a vontade de gritar até seus pulmões implorarem por ar.
- Eu não queria ser assim, Emma. Eu juro que tentei mudar, deixar Alfonso e ficar com a única pessoa que seria capaz de me fazer feliz. Eu a amo tanto, tanto, tanto...
Emma abaixou-se de frente para Anahi e apoiou as duas mãos no joelho da loira.
- É mais simples do que parece, Anie. – suspirou e puxou levemente os braços da amiga fazendo-a olhar em seus olhos. Partia seu coração ver Anahí tão exposta e machucada, ver seu rosto vermelho e banhado pelas mesmas lágrimas que ela costumava enxugar na adolescência. – Dulce foi aceita na Filarmônica. – disse e viu Anahí liberar mais lágrimas. – Ela estará dando um concerto no Central Park no dia 20.
Dia 20? O dia do seu casamento?
Sim, destino, você é um filho da mãe.
- Eu fico feliz que ela esteja recomeçando a vida dela, quero mais do que qualquer coisa que Dulce seja feliz.
- Anahí, eu sou socar sua cara! – Emma exclamou e levantou massageando a têmpora. – Você não entende que uma nunca vai ser feliz sem a outra? Eu não sei o que diabos vocês duas tem, mas foram feitas uma para a outra, são a por/ra de almas gêmeas e tudo o que esses livros melosos dizem! Por que você tem que interferir no que o destino está tentando fazer? Apenas aceite, Anahí, aceite ser feliz e então Ethan também estará! Aceite a felicidade e tudo a sua volta estará bem.
- Emma... Não. – Anahí respirou com dificuldade.
Emma ficou observando Anahí definhar em dor e por um momento desejou jogá-la do quinto andar.
- Tudo bem, eu não vou mais me intrometer. – caminhou até a porta e a abriu, mas antes de sair virou-se novamente para Anahí. – Me avise quando for uma mulher de 40 anos infeliz desejando não ter cometido o mesmo erro duas vezes.
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06 dias até o casamento.
- Podemos começar com Bach, há tempos não usamos uma de suas autorias. – o jovem regente dizia e metade das pessoas presentes concordaram.
Um grupo de pessoas selecionadas estava em volta de uma grande mesa de vidro no Avery Fisher Hall; violinistas, organizadores, patrocinadores e Dulce discutiam sobre a apresentação no Central Park que aconteceria no dia 20, a mesma droga de dia em que seria o casamento de Anahi. Dulce estava presente por ser uma das mais famosas pianistas do país e pelo seu histórico com orquestras, mas por um lado Dulce sentia-se bem entediada com aquela conversa que tanto era discutida e nada era resolvido há quase três horas.
- Que tal usarmos O fantasma da Ópera como abertura? As pessoas adoram e não seria algo desconhecido para apresentarmos. – um dos patrocinadores sugeriu. – Eu sugiro também que tenhamos um elemento surpresa, algo que as pessoas não esperam e que as façam lembrar desse dia.
Blá, blá, blá.
- Que tal uma rapsódia original? – Dulce disse e teve todos os olhares voltados a ela. Estava cansada da mesmice de sempre e se eles queriam inovar, teriam sua ideia. – Estamos sempre usando outros compositores, por que não algo nosso? Vamos dar algo para essas pessoas se lembrarem, algo que elas não conheçam, mas que gostem quando ouvir.
Os homens e mulheres na mesa trocaram olhares indagando uns aos outros sobre o assunto.
- Eu não tenho uma rapsódia pronta e não acho que consigo montar uma a tempo para ensaiarmos. – disse o regente com o olhar preso em Dulce, que deu de ombros. – A menos que seja você.
O burburinho na mesa recomeçou e Dulce arregalou os olhos.
- O que?
- Sim, eu assistia suas entrevistas na época. Você disse que escreveu uma rapsódia e que tinha o sonho de apresentá-la como maestrina. – os olhares correram até Jonathan, o regente, que encarava Dulce com um pequeno sorriso singelo. – As pessoas não sabem sobre a volta de Dulce para a filarmônica, podemos usá-la como elemento surpresa quando subir no palco como maestrina. Eles a amam e sentem sua falta, como não poderia ser um momento a ser lembrado?
Como uma partida de ping pong, todos viraram a cabeça novamente para Dulce que tinha a boca entreaberta sem saber o que dizer. Ela estava a um passo de realizar um de seus sonhos e isso a deixava totalmente assustada.
- E então Dulce? – o patrocinador perguntou tirando Dulce dos devaneios.
- Eu... Eu escrevi ainda na faculdade, - ela não sabia o que dizer, sentiu vontade de chorar, mas se conteve. – acho que posso fazer alguns ajustes e lhe apresentar até amanhã.
Jonathan sorriu ainda mais e piscou para Dulce como se dissesse que estava orgulhoso dela.
- Muito bem, já temos o ato de abertura e o elemento surpresa... – o assunto continuou, mas Dulce estava perdida entre suas emoções.
We'll do it all everything, on our own
We don't need anything, or anyone
Ela estava sendo obrigada a seguir em frente outra vez com a diferença de que agora ela não se fecharia para o mundo. Anahí tinha feito a escolha dela, e por mais que a ferisse como agulhas estar longe de sua loira e de Ethan, ela seguiria na direção certa, ou na que ela achava que era a certa. Dizem que precisamos errar até conseguir acertar, então era isso que Dulce faria.
If I lay here, if I just lay here
Would you lie with me
And just forget the world
Maitê, Zoe, Emma, Brittany, Santana e Taylor seriam as madrinhas, portanto as mulheres provavam os vestidos rosa bebê na Kleinfeld, enquanto Anahí era medida por uma estilista para o vestido de casamento. Ethan estava sendo cuidado por outra estilista, ele entraria com as alianças, portanto usaria um terninho branco.
- Nem por sexo grátis que eu vou usar esse vestido, olha isso! – Santana segurava o vestido na frente do corpo indignada com o tamanho. – Britt, diga a elas que falta pano nisso...
Brittany revirou os olhos e puxou Santana para um dos provadores. Maitê ajudava Zoe com o zíper de seu vestido, Taylor resmungava com a vendedora sobre o preço e Emma desviou sua atenção dos saltos para olhar Anahi que parecia distante olhando-se no espelho.
I don't quite know how to say how I feel
Those three words are said too much
They're not enough
Dulce caminhava de um lado para o outro em uma sala parecida com uma sala de aula com a diferença de que era 3 vezes maior. Os músicos ensaiavam sua rapsódia e nada no mundo poderia lhe dar mais orgulho.
- Veja, esse é o Quinto trítono musical, mudança chave aqui e aumenta com os oboés... – ela explicava, na sua mente não havia espaço para mais nada.
I don't quite know how to say how I feel
Those three words are said too much
They're not enough
04 dias até o casamento.
Anahí abriu a porta do escritório pela insistência de Alfonso do outro lado, ela só não esperava encontrar Marichelo Portilla segurando uma bolsa na frente do corpo e olhando-a esperançosa. Alfonso estava logo atrás da mulher segurando duas malas, ele sorriu para Anahí e ela soube que tudo era armação do rapaz.
- O que a senhora está fazendo aqui? – Anahí perguntou com um pouco de receio. Marichelo abaixou a cabeça e entrou no escritório sem ser convidada. Alfonso, sentindo-se de fora, deixou as malas no canto e saiu em silêncio. – Enrique veio também?
- Não, ele está com Chris em Miami. – a mulher respondeu e analisou o escritório antes de se voltar para a filha. – Eu o deixei. - Anahi abriu a boca em choque e se aproximou da mãe preocupada. – Você deve estar se perguntando o porquê de eu ter feito isso depois de tantos anos.
Anahí negou com a cabeça e escorou-se na mesa cruzando os braços.
- Eu parei de me fazer perguntas há muito tempo.
Marichelo observou a filha. Tão jovem e tão abalada por uma vida injusta, uma vida que ela poderia ter ajudado a ser melhor se não fosse submissa ao homem com quem se casou.
If I lay here, if I just lay here
Would you lay with me
And just forget the world
Forget what we're told
Before we get too old
Show me a garden
That's bursting into life
- Quando eu conheci seu pai...
- Mãe, eu fico feliz que esteja aqui, mas sinceramente? Eu não quero ouvir sobre como a senhora o conheceu.
- Quando conheci o seu pai eu era apaixonada por outro homem. – Marichelo continuou como se não tivesse sido interrompida. Ela caminhou até um quadro na parede com um retrato de Anahí segurando um Ethan ainda bebê nos braços. – Nós éramos muito pobres e sua avó havia acabado de ter outro filho, seu tio Ben. Eu ainda me lembro da noite em que cheguei em casa após uma noite maravilhosa com Adrian, meu pai estava na sala com um homem e um garoto que aparentava ter minha idade. Todos me olharam e algo me dizia que as coisas mudariam dali em diante. – a mulher suspirou e voltou a caminhar pelo escritório, Anahí ouvia tudo atentamente. – O homem era o Sr. Portilla e seu herdeiro. Seu avô entregou minha mão ao garoto arrogante e marcou o casamento para o mês seguinte. Eu chorei dias e dias por ter que me separar de Adrian, nós até mesmo decidimos fugir juntos, mas na noite em que nos encontraríamos próximo ao riacho da fazenda...
Let's waste time chasing cars
Around our heads
I need your grace
To remind me, to find my own
Anahí franziu o cenho quando viu Marichelo parar de falar e seus olhos se perderem como se revivesse aquele dia.
- O que houve? – perguntou ansiosa.
A mulher a olhou e suspirou. Caminhou até a filha e segurou suas mãos.
- Seu avô me encontrou e me bateu de cinta a noite toda até que eu estivesse à beira da inconsciência. – contou e Anahí sentiu o ar lhe faltar pelo horror que estava ouvindo. – Eu deixei Adrian esperando e nunca mais o vi. Ele deve ter pensado que eu desisti do que nós tínhamos.
- Mas, a senhora disse que amou Enrique. – Anahí indagou ao se lembrar das palavras da mulher na última vez em que esteve em Miami.
- Existem muitas maneiras de se amar alguém, filha. Eu aprendi a amar seu pai com o tempo, houve carinho e companheirismo entre nós, por mais que não pareça. – acariciou o rosto da filha com o amor e arrependimento que sentia. – Ás vezes eu me pergunto o que teria acontecido se eu tivesse conseguido fugir naquela noite, se Adrian e eu... Se nós teríamos ficado juntos, se teria funcionado.
If I lay here, if I just lay here
Would you lie with me
And just forget the world?
All that I am, all that I ever was
Is here in your perfect eyes
They're all I can see, I don't know where
Confused about how as well
Just know that these things will never
Change for us at all
Anahí desencostou-se da mesa e afastou sua mãe a segurando pelos braços.
- O que a senhora quer me contando essa história agora?
- Eu fui omissa em muitas coisas, Giovanna. Eu não fui sua mãe quando você precisou, não me opus quando Enrique colocou sua felicidade em jogo e escondi uma traição. Você é o meu bem mais precioso junto com Chris e Taylor, eu não posso mais vê-la jogar sua vida no lixo agora que é uma mulher independente. Ver você nessa linha de fogo, mesmo que de longe, me deu coragem suficiente para ser uma mulher de verdade também e deixar seu pai.
Marichelo estava defendendo o que Anahí sentia por Dulce ou ela bebera Whisky demais?
- A senhora está...
- Cansada? Sim, muito. – Marichelo a cortou depositando um beijo no rosto da filha e caminhando até a porta. – Eu te amo, não esqueça isso.
If I lay here, if I just lay here
Would you lie with me
And just forget the world?
20 de Dezembro de 2024.
Dia do casamento.
POV Narrador.
- Como eu estou? – perguntou Claudia rodando em seu vestido azul claro.
- A mesma coisa de sempre. – Dulce respondeu. Ela tinha prometido à irmã que a levaria ao Central Park na manhã da apresentação para vê-la ensaiar. – Já sabe o que fazer? Ficar quieta, só falar quando for perguntada, nada de namorinhos e muito menos tocar nos instrumentos.
Cláudia revirou os olhos e entrou no carro.
- Você poderia ser um pouco mais amável agora que vai ficar famosa outra vez. – cruzou os braços e virou o rosto para o vidro.
Dulce suspirou arrependida pela grosseria e acenou para Blanca que as assistia da varanda.
- Desculpe, eu só estou sobrecarregada demais. – amenizou o tom de voz e manobrou o carro para fora do terreno. – Acha que mamãe vai mesmo?
- Sim, eu tenho certeza dessa vez. – cantarolou a menina enquanto fuçava no CD-Player do carro. – Taylor vem buscá-la perto das nove, eu até a ajudei a escolher um vestido.
Blanca tinha parado de ir aos concertos da filha quando Fernando faleceu. A depressão a afastou tanto de Dulce como de Claudia que estava se tornando uma dona de casa muito cedo para o gosto de Dulce. Ela pensou muitas vezes em levar Claudia para morar com ela no rancho, mas deixar Blanca não era uma opção e a mulher não deixaria aquela casa por nada. Ao contrário de Dulce que não voltaria a morar naquele lugar para não ser assombrada pelas memórias de seu pai.
- Eu espero que sim.
- E então, eu soube que hoje é o casamento de Anahi também.
Dulce trancou a mandíbula e apertou o volante com força. Ela tinha se proibido a pensar sobre isso, aquele nome tinha sido banido de sua mente à força. Ela precisava ser forte, não pensar nos olhos azuis, não pensar nos olhos azuis, não pensar nos olhos azuis...
E então ela pensava nos olhos azuis.
E que em poucas horas eles pertenceriam oficialmente à outra pessoa.
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Anahí dormira abraçada com Ethan naquela noite. Ela não tinha conversado muito com Alfonso ao longo da semana e por mais que amasse o rapaz como seu melhor amigo, não conseguia ao menos fingir estar feliz por se entregar a ele. E Alfonso estava mais calado que o normal, vivia falando ao telefone e na hora de dormir não puxava assunto como sempre fazia, eram como dois estranhos vivendo sob o mesmo teto.
- Mommy? – chamou o garoto no pijama de dinossauro e meias. Ele assistia aos desenhos da manhã enquanto Anahi o abraçava o mais forte que podia.
- Uhn? – ela murmurou ainda sonolenta.
- A tia Dulce não vai mais me dar aula? – a menção de Dulce fez o corpo de Anahí estremecer. – Agora é outra moça que me ensina piano e eu tô com saudade dela.
Como mentir para uma criança inocente sobre algo que o envolvia também? Parecia que aquele sofrimento nunca iria acabar, pois cada vez que olhasse para Ethan veria Dulce no garoto.
- Ela precisou fazer uma viagem, filho.
- Seria legal ter a tia Dulce como minha mamãe também. Eu sinto falta dela e dos abraços de urso que ela me dava. – ele sentou na cama e olhou para a mãe que não tinha suportado a dor e agora chorava. – Por que a senhora tá chorando? Sente falta dela também? – Anahi assentiu com a cabeça incapaz de dizer qualquer coisa. – Eu prometi que ia pedir pra senhora ir morar lá na casa dela comigo pra gente andar sempre de cavalo, mas eu esqueci e agora ela foi viajar, né? – ele fez um bico triste e aconchegou-se ao peito da mãe.
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O Central Park estava tão cheio quanto Dulce se lembrava nas últimas vezes em que esteve ali. Suas mãos suavam e estavam gélidas como no dia do teste, mas agora era diferente, agora ela estava por conta própria. Emma, Taylor, Maitê, Zoe, Santana e Brittany não puderam estar lá por serem as madrinhas de Anahí, mas prometeram ir a todos os outros shows e Dulce estava grata por isso. Ter apenas sua mãe e Claudia na plateia era o que mais importava. Quando Taylor buscou Blanca, em um favor para Dulce que estaria ocupada se preparando, a Portilla mais nova parecia sem graça, ela mal trocou palavras com Dulce além de boa sorte e que a amava. Sabe, as pessoas não precisam estar com medo de ela surtar aquela noite caso o casamento fosse mencionado, Dulce não tinha enlouquecido, na verdade ela tinha bloqueado todas as suas emoções para estar única e exclusivamente ali.
Ser aplaudida era um dos grandes prazeres de ser musicista, mesmo que ela tivesse aceitado o plano de entrar no palco apenas quando fosse apresentar sua rapsódia para causar mais impacto ao público, mas enquanto assistia, enquanto via centenas de celulares acesos acompanhando a música e o coro da plateia acompanhando o coral seu coração acelerava.
Então por que algo em seu coração lhe dizia que ainda faltava algo?
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A igreja estava decorada com lírios e rosas fazendo a mistura do branco e vermelho ser leve para o ambiente. Os convidados conversavam em burburinhos enquanto ainda faltava 1 hora para o inicio da cerimônia. Marichelo e Chris, que tinha chego de viagem naquele dia, mantinham-se em silêncio sabendo que aquele não era o lugar em que Anahí queria estar.
- Eu juro que se eu ver algum fotógrafo babaca tirando fotos minhas eu vou rodar a bolsinha na cara deles. – Emma reclamou enquanto ajustava o vestido na altura dos seios na salinha de reuniões. Elas estavam à espera de Taylor que tinha se comprometido em buscar Anahí também.
- Isso se eles te enxergarem, né amiga. – brincou Santana e recebeu um tapa na cabeça de Emma – Meu coque, chaveirinho!
Emma tentou avançar contra Santana, mas foi barrada por Maitê.
- Jura que vocês vão querer se atacar no dia do casamento da Anahí? Respeitem pelo menos o garoto. – e todas olharam para um Ethan com o cabelo penteado de lado e usando o terninho branco, ele brincava com alguns bonecos no sofá.
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Taylor assistiu Anahí sair pelo saguão do apartamento e sorriu ao ver o que a irmã vestia.
- Onde está Alfonso? – ela perguntou e abraçou Anahí com força.
- Já foi para a igreja. – Anahí avisou e entrou rapidamente no carro.
- Você está linda, mana. Eu sempre vou apoiar sua escolha.
As irmãs trocaram olhares significativos e sorriram.
- Fifth Avenue. – Anahí avisou e a caçula concordou.
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Quando Dulce foi anunciada, as pessoas vibraram gritando seu nome fazendo com o que o coração de Dulce vibrasse. Estar, finalmente, em cima de um palco depois de tantos anos era como realizar-se inteiramente. Era seu sonho ser maestrina ao menos uma vez na vida, e ali estava ela sendo capaz de mostrar a outros jovens que sempre seria possível realizar sonhos se não desistissem deles. A surpresa maior foi ver a grande pianista Dulce María Savinon subir no palco, mas não dirigir ao piano e sim ao pequeno degrau de regente. As pessoas comentaram e cochicharam perguntando-se se ela seria capaz de comandar uma filarmônica.
Jonathan lhe entregou a batuta com um sorriso alegre e a abraçou desejando boa sorte.
Dulce nunca esteve tão nervosa em sua vida.
Tudo ficou em silêncio e Dulce fechou os olhos esquecendo tudo a sua volta.
- Isso é por você, pai. – sussurrou ela antes de erguer a batuta e dar inicio ao espetáculo.
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Taylor dirigia tranquilamente pela cidade, ainda faltava meia hora para o casamento, mas quem se importava, não é mesmo? Não quando sua irmã roía as unhas no banco do passageiro nervosa para o que estava por vir. Ela amava Anahi. Via na irmã mais velha um espelho e uma inspiração, nunca se esqueceria das vezes em que viu a irmã sofrer em seu lugar para protegê-la.
- E que os jogos comecem. – recitou Taylor em brincadeira.
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Com a igreja cheia e o Padre em seu lugar, todos esperavam pela entrada do noivo que estava prestes a acontecer a qualquer momento. As madrinhas da noiva já estavam posicionadas no altar segurando pequenos buquês e perguntando-se qual era a da demora de Taylor para dirigir em uma distância tão curta.
Quando as portas de madeira se abriram, as pessoas se levantaram e Alfonso entrou. Mas, ao contrário do que todos esperavam, ele entrou caminhando sozinho e com a expressão neutra. Quando o rapaz chegou ao altar, ele encarou a irmã e Santana assentiu.
- Não vai haver mais casamento. – ele anunciou para todos os convidados que logo começaram a fofocar surpresos. – Anahi e eu conversamos e decidimos em cima da hora que é melhor seguirmos nossas vidas separadas. Eu sinto muito pelo incômodo, mas a festa continua de pé para não desperdiçar a noite.
Todos estavam boquiabertos, apenas Santana sorria de canto orgulhosa da atitude do irmão.
- O que vai fazer agora? – Emma, a mais conformada, perguntou quando o rapaz se aproximou.
- Voltar para a França... Recomeçar minha vida.- ele disse timidamente e abaixou a cabeça.
- Valeu, Herrera. – Emma tocou em seu ombro e jogou o buque que segurava longe. – Agora eu vou correr porque essa novela eu não perco.
Maitê pegou o pequeno Ethan nos braços e saiu correndo com o menino, junto das outras mulheres, em direção ao único lugar em que Anahí poderia estar. Santana foi à única que ficou para observar os convidados esvaziarem a igreja com Alfonso que tinha sentado no degrau do altar.
- Você foi muito corajoso. – ela disse sentando-se ao lado dele.
Alfonso assentiu limpando uma lágrima.
- Amar requer sacrifícios. Aprendi isso com Anahi.
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O carro mal estacionou e Anahí já saltou para fora ajustando sua jaqueta de couro no corpo. O Central Park estava tão cheio, mas Anahi podia ouvir que o espetáculo já tinha começado. Ela esperou por Taylor que saiu do carro tirando os saltos e as duas deram as mãos para se embrenhar no meio da multidão.
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Dulce conduzia sua rapsódia com paixão e amor, tudo o que ela sempre deu para a música. Ouvir ao vivo sua própria composição era de tirar o fôlego, tanto que ela desejou que duas das pessoas que ela mais amava no mundo estivessem ali. De certa forma, Fernando estava com ela, ele sempre estaria, mas Anahí neste exato momento estaria dizendo o seu sim, o sim que apagaria o passado perfeito que tiveram juntas.
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As pessoas não queriam abrir caminho, eram tantas que chegava a ser sufocante. Anahí precisou empurrar algumas delas e arrastar Taylor para que fizesse o mesmo ou se perderiam uma da outra no meio de tanta gente. Conforme se aproximavam, o som ficava mais nítido e o coração de Anahí acelerava mais.
- Anahi! – Taylor puxou seu braço quando finalmente chegaram à frente do palco e tiveram visão do que estava acontecendo. – É Dulce.
Ela apontou para o palco e Anahi abriu a boca quando viu sua menina comandando uma filarmônica. Era ela, os cabelos castanhos caindo em suas costas, o modo delicado de mover os braços, a postura ereta, Anahi conhecia cada parte daquele corpo, pois já o havia explorado tantas vezes com o seu amor.
De todas as vezes que ela teve vontade de chorar apenas por ver Dulce, aquela foi a primeira em que realmente se permitiu.
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Algo a incomodava, algo lhe dizia que o quebra cabeça estava se movendo mais uma vez enquanto seu corpo e sua alma eram dominados pelo final da harmonia. E então Dulce abriu os olhos, e mesmo que aquele não fosse o momento para as palmas, ela ouviu. Ao longe e fraco por conta da distancia do palco para a plateia, mas ela ouviu. E uma lágrima escorreu em seu rosto. Comandada pelo coração que insistia em lhe dar pressentimentos.
Dulce se virou.
E, no meio de tantas pessoas curiosas que assistiam em silêncio a finalização de sua música, estava uma mulher de olhos tão azuis quando o céu.
E ela a aplaudia.
Como na primeira vez.
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- Pare com isso, estamos passando vergonha! – Taylor bateu em seu braço obrigando-a a parar. Anahí não desviou os olhos dos de Dulce, mas sentiu seu coração se apertar quando viu que, ao finalizar a música, Dulce correu do palco.
- Aonde ela vai? – Anahi perguntou para si mesma e começou a desviar-se das pessoas outra vez até pular a grade de proteção e correr até a parte de trás do palco.
- O que pensa que está fazendo? – um segurança a parou bloqueando seu caminho. – Você não pode estar aqui!
- Dulce María Savinon, eu preciso ver Dulce Savinon... – Anahi dizia forçando passagem, mas o segurança era mais forte e a empurrou para trás.
Anahí havia perdido Taylor de vista e agora não sabia como falar com Dulce. Ela precisava encontrar a sua menina, ela precisava dizer tudo antes que fosse tarde demais. Seu celular vibrou e Anahí viu que era uma mensagem de sua irmã:
Taylor: Sua retardada, onde pensa que está?
Anahí: Eu procurei por Dulce, mas não me deixam passar.
Taylor: Hum... Eu encontrei Blanca e Cláudia, elas disseram que Dulce deve estar indo para o The Village neste momento.
Flashback:
"- Eu gosto de vir aqui sempre preciso fugir um pouco, - começou a pequena enquanto caminhavam em uma calçada escura. – é um dos poucos lugares que consigo me conectar de verdade."
Fim do Flashback.
Anahí: Leve elas para casa, eu vou atrás de Dulce.
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Dulce abriu a porta do club em prantos. Sua noite estava sendo perfeita até aquela maldita com os olhos azuis mais lindos do mundo estragar tudo. Por que ela tinha que fazer isso? Por que ela não estava na droga daquele casamento aceitando ser de Alfonso? Anahí sempre atormentaria seu coração, era como se fosse uma sina, como se ela tivesse nascido para ter o coração quebrado por Anahí de novo, de novo e de novo...
- Por que eu tenho a impressão de que vocês usam este lugar como refugio uma da outra? – Eli parou bem a frente da mesa em que Dulce havia ocupado. Ele segurava uma xícara de cappuccino para Dulce sem ela ter feito o pedido. Ele apenas sabia.
- Eu preciso que ela me deixe seguir em frente. – Dulce murmurou para si mesma, os olhos perdidos em um lugar qualquer.
Apesar de cheio, dessa vez o The Village não era desconfortável para Dulce, quando ela se prendia no próprio mundo o que havia ao redor se tornava um nada.
- Talvez isso não seja uma escolha dela, querida. – Eli piscou e saiu para atender outras mesas.
Dulce não entendeu o que ele quis dizer, mas não quis pensar sobre o assunto. Sentia-se envergonhada por ter deixado tudo daquela forma, mas o susto que levou, o choque que percorreu seu corpo foi maior e a trouxe para o único lugar que a refugiaria do mundo lá fora.
A banda parou de tocar e os músicos se retiraram do palco, a luz do mesmo diminuiu e foi possível ouvir zunido da caixa de som sendo conectada a um violão. Quando as luzes acenderam novamente, Dulce prendeu a respiração.
- Boa noite a todos... – disse Anahí timidamente quando sentou em um banquinho segurando um violão preto nas mãos. – Eu nunca cantei em público antes, então espero que relevem dessa vez. Essa é uma música que eu compus para uma pessoa que eu tenho machucado a um bom tempo, mas que só agora eu fui capaz de me libertar por ela e por mim. – os olhos azulados buscaram pelo club até encontrar uma Dulce com as mãos tapando a boca. Então ela deu inicio a melodia e todos pararam de falar para ouvir. – Hoje eu acordei sozinha lembrando de como aconteceu. Talvez nunca faça sentido o que houve entre você e eu, porque tudo o que vem volta, porque tudo o que entra sai. – Anahí não tinha olhos para mais nada que não fosse uma Dulce banhada em lágrimas a poucos metros. Sua voz estava ofegante pela rapidez que dirigiu e por correr até o palco e pedir para tocar, mas tudo valia a pena se ela estivesse lutando por Dulce. - Hoje você pode me ver, amanha talvez não me veja mais. Qual é o sentido de escolher o seguro se o certo sou eu e você no futuro? Não consigo entender o que eu deixei de fazer se tudo o que penso é sobre você. Não tenho controle, o tempo é ligeiro, na estrada de amor nós fomos só passageiros. E antes de tudo eu só venho lhe pedir... Onde estiver, pense em nós, lembre como foi quando ficamos a sós, as jurar de amor que eu te dei, não desiste de tudo porque eu não errei, onde estiver pensa em mim, o meu amor não vai ter fim, tudo o que viveu do meu lado estará para sempre guardado em mim... – finalizou recebendo aplausos das pessoas e um olhar indignado de Dulce. – Eu amo você, Dulce. – falou ainda no microfone, e quando levantou e deixou o violão com um dos musicistas, viu Dulce levantar para sair do Club.
Não, não daquela vez.
Anahí saltou do palco e correu atrás de Dulce que já tinha saído pelas portas duplas. Ela viu Dulce correr com as mãos ainda cobrindo o rosto e as lágrimas e não hesitou em correr atrás, pedindo para que ela parasse, buscando coragem em seu íntimo para fazer o certo dessa vez.
- Dulce, eu preciso que você me ouça... Dulce! – gritou, mas Dulce não parava. As ruas do Brooklyn estavam mal movimentadas e escuras, seria um cenário assustador se a situação em si já não fosse. – Dulce... Por favor... Você ainda vai me amar amanhã de manhã?
E como se o Sol tivesse encontrado a Lua, os vulcões entrado em erupção e uma explosão de estrelas...
Dulce parou.
Anahí conseguiu alcançá-la praticamente sem ar. Dulce virou e estremeceu ao ter Anahi tão perto, tão real, de repente toda a raiva que sentia se dissipou.
- Dulce eu errei tantas vezes com você, por favor, me dê mais uma chance para que eu possa acertar dessa vez. – disse totalmente ofegante. – Eu deixei Alfonso, eu não me casei, eu não sou de outro porque eu sempre serei sua. Eu sou sua, Dulce. Por favor, seja minha também.
- Eu te odeio tanto, Anahí! Eu chorei noites por você, eu me acabei por te amar e fui humilhada quando você o escolheu! Você quebrou o meu coração de todas as formas que ele poderia ser quebrado.
Ouvir aquelas coisas não era fácil, mas Anahí não esperava menos. Ela sabia que tinha errado, sabia que tinha sido uma filha da pu/ta com Dulce, mas não desistiria agora. Nem agora, e nem nunca.
- Eu sei, eu sei... Caramba, como eu sei. – aproximou-se mais ficando a centímetros de Dulce que abraçava o corpo. – Eu amo você, eu quero uma família com você. Eu, você e o Ethan, o que acha? Podemos ter a nossa pequena Sarah também, eu não me importo. Vamos ter quantos filhos você quiser, é só me dar mais uma chance e eu prometo, Dulce, eu prometo que vou te fazer a mulher mais feliz do mundo.
Dulce hesitou. Estava com medo de ser enganada pelas inseguranças de Anahí outra vez, ela não sabia se aguentaria mais uma decepção ao mesmo tempo em que não sabia se aprenderia a viver sem aquela mulher a sua frente.
- Anahí...
- O que você tem a perder? – Anahí quase implorou com a voz pidona.
Dulce segurou o rosto de Anahí com as duas mãos e encostou suas testas.
- Tudo. – sorriu tristemente e a beijou.
Foi um beijo de saudade, de amor, de comprometimento e a promessa de um para sempre. Não houve língua, apenas um encostar de lábios que deu a certeza de que elas pertenciam uma a outra.
- Eu tenho medo do que você pode pensar amanhã, - Dulce disse quando cortou o beijo. – tenho medo de você acordar e sentir medo de estar comigo outra vez e eu não sei se...
- Case-se comigo então. – Anahí pediu esperançosa e Dulce travou.
25 de Outubro de 2060. – New York, NY.
Sarah fechou o diário quando ouviu a porta de casa ser aberta. Ela olhou para a mãe e sorriu segurando sua mão sobre a cama.
- No final de tudo foi a senhora quem ela escolheu. – a jovem disse e Dulce franziu o cenho. – Digo, foi Dulce quem Anahí escolheu...
Sarah era a única pessoa que Dulce ainda reconhecia, ela não se lembrava de mais ninguém, poucas vezes eram seus surtos de lembrança, mas cada dia que passava suas memórias morriam aos poucos e chagaria um dia em que nem mesmo de sua filha ela se lembraria.
- Espero que não esteja lendo pornografia para a mamãe. – aquela voz tão conhecida soou pelo quarto e Sarah sorriu deixando o diário de lado.
- O tempo passa e você continua o mesmo babaca, Ethan.
O rapaz que usava um terno preto, barba rala, cabelos curtos e um pouco cacheados entrou no quarto acompanhado de uma mulher que aparentava ter a mesma idade de Dulce. Ela usava uma roupa social e tinha olhos azuis e intensos.
- E eu espero que isso seja amor entre vocês dois. – a mulher brincou e deixou a mala que carregava no canto do quarto. Sarah pulou para cumprimentar a outra mãe que a abraçou fortemente. – Como você está, meu amor?
- Bem, eu tenho cuidado da mamãe desde que vocês viajaram. Ontem ela se lembrou de algumas coisas.
- Sério? – indagou Anahi surpresa e correu os olhos até Dulce que a olhava confusa. – Deixe-me ficar um pouco a sós com ela, ok?
Ethan deixou um beijo na testa de Dulce e agarrou Sarah pelo braço arrastando-a para fora do quarto. Anahí esperou até que estivessem sozinhas para tirar o blazer cinza e o deixar em cima de uma cadeira.
- Quem é você? – Dulce perguntou desconfiada e Anahí sorriu docemente.
- Sou sua nova enfermeira, Sarah me contratou para deixar a senhora feliz. – brincou e Dulce pareceu relaxar. Anahí olhou para o diário na cabeceira da cama e sorriu ainda mais. – Uhn, ela estava lendo a história de Anahí e Dulce? É um belo romance.
- Você o conhece? – Dulce perguntou feliz por alguém conhecer aquela história. Ela não era uma pessoa nervosa com estranhos, os médicos disseram apenas para não forçar sua memória dizendo que ela conhecia tal pessoa e que deveria se lembrar. Então sempre que Dulce se esquecia, Anahi fingia ser alguém para estar próxima a ela.
- Oh, sim. É uma história famosa, as pessoas hoje em dia se inspiram muito no amor que elas viveram.
Dulce ficou pensativa na cama e Anahí notou isso. A loira se dirigiu até a TV e a ligou procurando alguma coisa.
- Eu gostaria de ter tido um amor assim. – a voz de Dulce quebrou o silêncio e Anahí sorriu para si mesma.
- Quem sabe você não teve? – ela disse e quando finalmente encontrou o que queria, deixou a música tocar e se dirigiu até Dulce. – Sabe, dizem que vivemos muitas vidas. Você pode ter encontrado um amor assim em muitas delas.
Os olhos de Dulce brilharam.
- Você acha?
- É claro. – Anahí respondeu com amor e estendeu as mãos para ajudá-la a se levantar. – Dizem que essa foi a música que elas dançaram no casamento, o que acha de termos essa dança também? – por um momento Dulce pareceu desconfiada do pedido. – Fique tranquila, eu só gosto muito dessa música e nunca encontrei alguém que soubesse dançar. Sarah me disse que a senhora costumava dançar muito bem.
Á menção do passado, os olhos castanhos desviaram para algum lugar qualquer e suas mãos se conectaram.
- É, eu acho que costumava. – ela disse e levantou sendo guiada com cuidado por Anahí até o meio do quarto.
Dulce apoiou-se no ombro de Anahi passando seus braços por seu pescoço enquanto a advogada a abraçava pela cintura. A dança era muito lenta para acompanhar o ritmo de Dulce, mas nenhuma das duas se importava no momento. Era estranho olhar para as órbitas azuladas da enfermeira, algo nelas lhe trazia paz e confiança, assim como eram tão familiares.
- Seus olhos... - ela sussurrou confusa. – Sinto que já os vi em algum lugar. - o coração da advogada acelerou, era tão bom ter algo familiar para sua amada. – Você já se apaixonou?
- Sim, foi intenso e único.
- E o que aconteceu?
- Eu acho que ela se esqueceu de mim.
- Oh. – Dulce pareceu triste pelas palavras da enfermeira. Automaticamente sentiu necessidade de deitar sua cabeça no ombro da mulher e o fez, agora os corpos estavam unidos em um abraço aconchegante. Dulce não sabia, mas ela sentia saudade daquela mulher sem nem ao menos conhecê-la. – Você ainda a ama?
Anahí sorriu fracamente e beijou o topo da cabeça de seu amor.
- Para sempre.
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 74
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Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 19:25:00
Emii eu to lendo o começo todoo, na parte fofa, QUANDO ELAS NÃO ESTAVAM MAGOADAS E NADA ACONTECIAA, estou bem happy, porem quando chegar na parte da dor e sofrimento, eu paro de ler KKKKK
Emily Fernandes Postado em 06/10/2017 - 05:29:54
Ai Duda, CV e b+, kkkkk mas mesmo sabendo que a história mexeu com os seus nervos vc vai ler de novo. Cara, queria estar no seu lado só pra ver a sua reação, dentro da sala de aula. Kkkkkkkkk mas eu te entendo, eu chorei horrores com uma história Portinon tbm. Cara é sério pq CTA. Acabou comigo. A Tammy Portinon acabou comigo literalmente kkkkk.E tipo eu tbm estava lendo na sala de aula, tive que mentir até o pq do choro. Mas valeu a pena não é. Bjs
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Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 16:07:41
EMILYYYY EU NUNCA SOFRI TANTO EM UMA FANFICCCCCCC, EU ESTAVA LENDO NA AULA, QUANDO A DULCE MORREUUU EU TIVE UM ATAQUE DE ''não pelo amor de deus, nnnnnnn'' MDS, Eu sofri junto com a Dulce, e com a Anahi, ri da doçura do Ethan. MASS ELA MORREEUUUUUU AAAAAA NNNNN MDSS, EU TO MT DEPRESSIVA DPS DISSO. eu te convido para meu velorio, quando eu ja estiver morta por n ter aquentado um tiro desse. Te amo <3
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lika_ Postado em 02/10/2017 - 14:33:24
parabens Emily Fernandes a sua Fanfic foi perfeita o fim me fez segura muito para nao me debulhar em lagrimas
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Kakimoto Postado em 01/10/2017 - 11:52:23
MEUU DEEEUUUSSS AAAAAAAA, eu to no cap 32, em que esta a Dulce, Anahi, Ethan, Santana e Logan na sala de musica AAAAAAAA MEEUU DEEUUSS, EU TO MORRENDOOO
Emily Fernandes Postado em 01/10/2017 - 16:52:46
Bem se vc está estética assim, e pq vc está gostando Dudinha. Ahahaha Mas é agora que as coisas ficam mais intensa. Bjs mi amor te.quero.... Quero ver o seu comentário assim. Que terminar.
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ester_cardoso Postado em 19/09/2017 - 17:46:27
Obrigada sério mesmo, não tem como não te agradecer por nos proporcionar mais uma história maravilhosa dessas. Cara chorei muito tanto com o fim da fanfic, tanto com suas palavras. Vc não sabe o quão importante isso foi pra mim, sentir isso é realmente forte e saber q tem mais pessoas que compartilham desse sentimento nos dá força. Bebê vc é inspiradora, além de ser uma das pessoas mais perfeitas q conheço. Essa fic foi realmente muito lindaaa, me surpreendi muito. Claro q as vezes dava vontade de jogar o cell na parede, mas o amor q encontrei aqui é muito maior q eu imaginava. O final acabou comigo obviamente, mas essa é uma daquelas histórias q marcam, aquelas q guardamos no coração. Assim como guardamos pessoinhas especiais como vc, saiba q sempre q quiser estarei aqui, mesmo não nos conhecendo muito me importo com vc e importante é que estejamos sempre felizes. Beijos bebê <3 <3 Amo vc
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siempreportinon Postado em 17/09/2017 - 14:18:42
Simplesmente maravilhosa!!! Chorei bastante no decorrer da história, me tocou profundamente. Sem dúvida se tornou um dos meus xodós. Parabéns pela história, obrigada por nos presentear com belíssimas fics, espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei sempre!!!
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Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:57:06
PS apesar de não te conhecer pessoalmente, eu estou orgulhosa de você, continue assim você é uma linda,é muito especial vou sentir saudades da história, parabéns por mais uma fic finalizada anjo bjs
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Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:55:19
Meu Deus do Céu, eu meu Deus que história linda eu chorei demais lendo esses últimos capítulos,os votos de casamento delas foi a coisa mais linda do mundo,as lembranças os flash back né tudo, Deus Meu eu me sinto tao feliz apesar de tudo, porque tive um privilegio de conhecer essa história você nos deu as honra, de nos apresentar a ela e isso foi maravilhoso, eu queria ter dito tantas coisas sobre a história mas não dá não consigo porque enquanto escrevo cada palavra aqui, é uma lagrima a mais, foi uma linda história um amor tão lindo e magico foi maravilhosa Emy não consigo escrever mais chega rs. só mais uma coisa obrigada.
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Kakimoto Postado em 16/09/2017 - 13:32:12
Mdss, to acomulando mt, eu só vejo os comentarios falando que choraram mt e que eh mt emocionante, e eu já to gritandoo, mdsss, ME DA SPOILER EMII PFFF AAAA. ti amu
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laine Postado em 15/09/2017 - 14:36:10
Parabéns, estou sem palavras realmente foi muito lindo