Fanfic: O laço vermelho (adaptada AyD) Finalizada | Tema: Portinon
No capitulo anterior
- O que você tem a perder? – Anahí quase implorou com a voz pidona.
Dulce segurou o rosto de Anahí com as duas mãos e encostou suas testas.
- Tudo. – sorriu tristemente e a beijou.
Foi um beijo de saudade, de amor, de comprometimento e a promessa de um para sempre. Não houve língua, apenas um encostar de lábios que deu a certeza de que elas pertenciam uma a outra.
- Eu tenho medo do que você pode pensar amanhã, - Dulce disse quando cortou o beijo. – tenho medo de você acordar e sentir medo de estar comigo outra vez e eu não sei se...
- Case-se comigo então. – Anahi pediu esperançosa e Dulce travou.
20 de Dezembro de 2024. – New York, NY.
A pequena Rua 17th Century de ladrilhos do Brooklyn era contemplada pela brisa gélida que anunciava a chegada do inverno. Apesar do silêncio da rua, ao longe ainda era possível ouvir as músicas infantis do parque Coney Island e os gritos histéricos - abafados pelo vento -, daqueles que desafiavam a montanha russa. Mas, aquela noite não era sobre o morador de rua sentado sob uma coberta de lã buscando abrigo em baixo de um toldo de uma barbearia, ou sobre a mãe do outro lado da rua carregando o filho adolescente que provavelmente estava sobre efeito de drogas, nem sobre o homem que gritava incansavelmente com a mulher dentro da casa de número 109.
Tudo era sobre duas mulheres paradas na calçada inertes do mundo em que habitavam , procurando nos olhos uma da outra a moradia que sempre encontravam quando estavam juntas. Era sobre como a mulher menor ainda processava de boca entreaberta o pedido que acabara de receber.
- O que você disse? – o vapor que saiu de sua boca bateu contra os lábios secos, pelo frio, de Anahí.
A loira sorriu serenamente e abraçou o corpo de Dulce com delicadeza para protegê-la do frio.
- Eu sei que parece precipitado depois de tudo o que aconteceu. Mas, Dulce... – suspirou subindo suas mãos para segurar o rosto de sua amada. – Nós já esperamos tempo demais para estarmos juntas. Eu amo você e você me ama, isso é o suficiente para nós. – sorriu e passou o polegar nos lábios cheios de Dulce – Apenas deixe-me colocar uma aliança de ouro em seu dedo, gosto do simbolismo e se isso significar que somos oficialmente uma da outra, então que seja. Podemos fazer uma cerimônia pequena, eu ainda não...
- Anahí. – Dulce chamou repousando o dedo indicador nos lábios da loira. – Você está divagando. – viu Anahí fechar os olhos vencida e aplicou um selinho demorado. – Eu aceito.
E antes que se dessem conta, estavam mais uma vez se beijando sem se importarem com o local. Nada importava naquele momento, elas estavam noivas. Elas estavam juntas. Elas eram apenas uma.
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Elas precisavam decidir o que fazer a partir de agora, e nada mais justo que voltar ao apartamento de Anahí e avisar aos demais sobre o ocorrido dessa noite, elas sabiam que todos, principalmente Emma e Santana, estariam arrancando os cabelos sem noticias delas. E ainda havia Ethan, o menino inocente que não fazia ideia do que estava acontecendo a sua volta, e novamente, só de pensar no garoto o coração de Dulce aqueceu como um bom copo de chocolate quente em uma manhã de nevasca. Ela finalmente entraria na vida de Ethan como sua mãe, e naquela noite ela não tinha ganho apenas sua Anahi.
Ela tinha uma família agora.
Anahí deixou Dulce no Central Park e de lá Dulce seguiu em seu carro pelas ruas que nunca dormem de New York. No meio do caminho Dulce decidiu verificar as mensagens no celular e não ficou surpresa quando encontrou o total de 5 mensagens de voz.
"Dulce, você já se apresentou? – ela a voz de Maitê. – Nós acabamos de saber sobre o cancelamento do casamento, eu juro que não sabia de nada. Anahí deve estar ai agora, certo? Nós estamos chegando, não saiam dai."
"Dul, eu levei sua mãe e sua irmã para casa e agora estou no apartamento de Anahí. Vocês já se resolveram? Me ligue assim que puder. Beijos, Taylor."
"Ok, vocês não estão no Central Park e a apresentação já acabou. Onde diabos vocês se meteram? Espero que não tenham ido comemorar em algum motel e nos deixado aqui nessa aflição. Nos avise assim que ver esta mensagem." – Zoe parecia a mais tranquila delas apesar do sarcasmo na voz.
"Dulce María Espinosa Savinon! Onde você pensa que está? Se vocês não aparecerem aqui agora, eu juro que a última coisa que você vai ver na sua vida será a perseguida de Anahí, porque eu mesma terei o prazer de costurar, ouviu bem? Eu sou cardíaca, querida, não posso ficar nervosa assim, acha que eu mereço ficar curiosa? – Emma praticamente gritava. Pode-se ouvir um barulho estranho do outro lado da linha. – Solte meu celular, Lopez. Eu ainda não acabei de dizer o quanto eu as amo..." – e a ligação foi encerrada.
"Geeeeeeeeeeeeene! É sério, apareçam logo, ok? Eu preciso muito dormir e suas amiguinhas resolveram usar meu apartamento como hotel. Fora que a Emma vai abrir um buraco no chão se continuar andando de um lado para o outro xingando. Sei que vocês devem estar se reconciliando em algum canto dessa cidade, espero minha voz não ter atrapalhado o coito, mas apenas salvem a minha noite. Beijos de alguém que está entediada, Santana."
Dulce riu da preocupação e curiosidade de suas amigas. Elas teriam uma boa surpresa quando chegassem ao apartamento, mas tudo o que ela mais precisava naquela noite era o silêncio de sua casa e a presença de Anahí e Ethan.
Não demorou muito até estarem em frente ao prédio. Anahí e Dulce desceram de seus respectivos carros e se encontraram no saguão trocando olhares que diziam tudo: A partir daquele momento, tudo mudaria. Deram-se as mãos e entraram no elevador, Dulce não pode evitar um sorrisinho idiota quando se lembrou de seu ato impensado de beijar Anahí naquele ambiente meses atrás.
- Sei muito bem o que está se passando nessa cabecinha de vento. – a voz de Anahi fez o sorriso de Dulce aumentar. O elevador subia lentamente pelos andares deixando aquele pequeno momento reservado apenas para as duas. – A primeira vez que foi ativa comigo.
O sorriso de Dulce morreu e ela lançou um olhar mortal para Anahi que não poupou uma gargalhada. Ela realmente não sabia brincar com fogo, não horas depois de terem reatado. Dulce girou o corpo ficando de frente para Anahí e deu três passos até ela prensando-a novamente na parede de metal com o corpo. Anahí engoliu em seco e observou atentamente cada linha de expressão da mulher a sua frente que agora tinha a respiração contra a sua.
- Quando estivermos a sós, eu vou cuidar direitinho de você, Portilla. – ela sussurrou seriamente sem desconectar seus olhos dos azuis. E então deu um sorrisinho cafajeste quando viu sua amada tão entregue. – Mas, fique tranquila, eu te ajudo a sair da cama na manhã seguinte.
As portas do elevador finalmente se abriram revelando o apartamento de Anahí. Dulce rapidamente saiu deixando Anahi totalmente sem fala ainda encostada na parede, os olhos perdidos em imagens que sua mente criou.
Ela tinha se esquecido de como Dulce poderia ser uma boa provocadora.
- Finalmente! – ouviram o berro de Emma que estava sentada no sofá, mas quando as viu pulou do mesmo até parar em frente às mulheres. Maitê e Santana tomavam vinho na mesa da sala de jantar e Taylor e Zoe brincavam no tapete com um Ethan em seu pijama de dinossauros.
- Oh, - o garoto abriu o sorriso mais sincero do mundo quando viu Dulce. Seus olhos azulados brilharam fazendo o coração de Dulce saltar indiscutíveis vezes. – tia Dulce! – ele gritou e passou por Emma correndo se jogando nos braços da mulher que ajoelhou no chão. – Que saudade, tia. Eu fiquei com medo de não ver mais a senhora...
Anahí apareceu logo atrás comovida com a cena. Todas estavam agora reunidas em torno de Dulce assistindo as lágrimas escorrer em seu rosto enquanto uma mão abraçava o corpinho de Ethan e a outra afagava os cabelos cacheados. Dizem que nos apaixonamos apenas uma vez na vida, mas Dulce poderia afirmar que todos estavam errados, é possível apaixonar-se pela pessoa com quem você escolhe dividir o resto de sua vida e pelo milagre gerado desse amor.
Dulce nunca se sentiu tão sortuda.
- Eu voltei por vocês, pequeno. – Dulce disse com a voz abafada contra o pescoço do menino. Quando eles se separaram, foi uma grande surpresa ver os olhos de Ethan lacrimejados. – Eu amo tanto vocês que não poderia ficar longe, nem de você e nem de sua mãe.
Ethan sorriu segurando o rosto de Dulce com as duas mãozinhas.
- Isso quer dizer que a senhora vai ficar com a gente?
- Eu tenho uma coisa melhor, - falou astutamente pegando o garoto no colo e se levantando. Ela viu como todas assistiam emocionadas a cena e não perdeu tempo em poupar discursos. Sentiu os braços de Anahí rodeando sua cintura e recebeu um beijo em seus cabelos como incentivo. – O que acha de ir morar com a tia Dulce, uh?
Zoe e Maitê começaram a rir alegres, Taylor chorava silenciosamente e Emma soltou um ganido. Santana estava em seu canto observando tudo atentamente, ela estava muito feliz por Anahi e Dulce, mas parte de si sentia muito por Alfonso. Ethan abriu a boca e a tapou com as mãozinhas, seus olhos rapidamente procurando por Anahi que sorriu, sua felicidade no momento não precisava ser contida.
- Mommy? – ele pediu manhoso e todas olharam para Anahí. – Por favor? Eu prometo tomar banho sozinho e não chupar mais chupeta se a senhora deixar.
Anahí se fez de indignada e fechou a cara cruzando os braços.
- Ethan Puente Portilla. – assistiu o menino olhar em desespero para Dulce. – Eu não vou permitir enquanto não ganhar meu beijo de boa noite.
Dulce passou o garoto para os braços de Anahí que recebeu um abraço apertado e um beijo estalado no rosto.
- Boa noite, mommy! Te amo, te amo, te amo... – ele repetia arrancando risadas das mulheres. – E agora?
Anahí fez suspense torcendo o nariz e fingindo pensar. Ela estava aproveitando o momento, há anos não se sentia tão completa e alegre como agora, era quase como se o seu coração pudesse explodir.
- Tudo bem, nós vamos morar com a Dulce. – beijou a testa de Ethan e recebeu outro abraço, agora mais forte e eufórico de seu filho que não parava de comemorar.
Ethan puxou Dulce pelo pescoço unindo assim suas duas mães e não parava de falar sobre tudo o que fariam juntos.
-... E andar a cavalo, nadar na piscina e... Oh, eu posso ter um cavalo?
- Sim, meu amor, você pode ter um cavalo. – respondeu Dulce. – E deixe-me adivinhar, você vai chamá-lo de Rex?
- Sim! – ele riu. – Podemos ir agora?
Anahí deixou o menino no chão e ajoelhou segurando os dois bracinhos do garoto para que ele prestasse atenção.
- Nós vamos o mês que vem, ok? Mamãe precisa resolver algumas coisas antes. Agora você vai pro seu quarto brincar porque a mamãe vai ter uma conversa de gente grande com suas tias.
- Eu sou grande, mamãe! – ele exclamou cruzando os braços.
- Ethan! – Anahí fechou a expressão e o garoto descruzou os braços vencido. – Se despeça de suas tias.
Após beijar cada uma das mulheres presentes na sala, demorando-se em um abraço com Dulce, Ethan correu para o quarto deixando o silêncio abraçar a sala do apartamento. Dulce e Anahí estavam lado a lado e tinham todas as atenções voltadas para elas, como se esperassem a confirmação de algo que todas sabiam que era real.
- Sim, nós estamos juntas. – disse Anahí.
Zoe, Maitê, Taylor e Emma se abraçaram em comemoração, elas riam e davam gritinhos como se fosse a melhor noticia que tinham recebido em anos. E talvez fosse. Dulce não se limitou em puxar Anahi pela mão para que sentassem no sofá, mãos entrelaçadas e sorrisos espontâneos.
- Eu esperei tanto por isso, o casal que eu juntei. – Maitê dizia sem parar, gabando-se por te ajudado no encontro das duas garotas no inicio de tudo. – Vocês merecem, parabéns.
E após receber o cumprimento de cada uma, e um tapa da cabeça de Emma, todas estavam sentadas nos sofás e poltronas esperando ansiosamente pela história. Anahí sabia que precisava ser a primeira a falar, pois ninguém além de Santana sabia o que havia se passado com Alfonso horas antes do casamento.
- Eu fiquei fora de mim depois que escolhi me casar com Alfonso. – explicou, o silêncio se estabelecendo entre elas. – Era como se eu estivesse entregando apenas o meu corpo, pois minha alma continua pertencendo à Dulce. – olhou para Dulce e recebeu um sorriso de conforto. – Eu não sabia que não seria capaz de fazer isso até ontem, quando acordei com o peso de um casamento que eu não queria. Não era justo, é loucura recusar o amor. – disse e seus olhos se perderam na mesinha de centro, lembrando-se do ocorrido do dia anterior.
Flashback.
O vestido de noiva parecia tão apertado em seu corpo agora, como se não pertencesse a ela, como se gritasse para que o arrancasse e nunca mais olhasse para trás. Já estava atrasada para o cabeleireiro, mas isso não importava mais, ela não poderia usar um vestido para se casar se não fosse com Dulce. Não seria real. Não há votos se eles não serão apenas de sua Dulce e o pior de tudo era se dar conta de tudo isso em cima da hora. Anahí sentia-se a pior pessoa do mundo tendo machucado seu amor mais uma vez, os calafrios que percorriam seu corpo só por imaginar seu sim sendo de outro eram o aviso que ela precisava para cair em si.
Viu a silhueta de Alfonso surgir na porta pelo reflexo do espelho e virou-se para contemplá-lo em seu terno. Ele estava lindo, um homem deslumbrante que qualquer mulher teria o prazer e a sorte de casar-se. Anahí girou o corpo e ambos se olharam profundamente, eram amigos o suficiente para saber o que pensavam quando algo assim acontecia.
- Você não vai, não é? – ele perguntou com a voz baixa, quase rouca.
E por mais que sua razão implorasse pelo sim, pela primeira vez Anahi estava disposta a seguir seus sentimentos.
- Não. – respondeu Anahi e abaixou a cabeça envergonhada.
O silêncio que prosseguiu foi a forma de um dizer ao outro que sentiam muito pela situação em que estavam. Alfonso recostou-se ao batente da porta e fechou os olhos processando que seu pior pesadelo tinha se concretizado. Ele estava sozinho e de coração partido.
- Bom... Alguém sairia de coração partido nessa história. – ele sorriu tristemente e Anahí arriscou olhar em seus olhos, a dor de ser deixado estava lá, e ainda sim o rapaz estava sendo respeitoso.
- Eu sinto tanto, Alfonso. Eu não queria...
- Anahí! – ele se aproximou e a segurou em seus ombros para que Anahi olhasse em seus olhos. Havia sinceridade neles. – Eu não poderia deixar que você entrasse naquela igreja sem o brilho nos olhos que só existe com outra pessoa. Eu a amo demais para deixá-la fazer isso, então não peça desculpas. – franziu o cenho e limpou com o polegar uma lágrima que escorria pela bochecha da mulher. – Eu não vou mentir e dizer que estou feliz, porque não estou. Está doendo demais e eu provavelmente vou chorar como uma criança quando estiver sozinho. – respirou fundo. – Você ama outra pessoa, vá buscá-la.
Anahí o abraçou o mais forte que pode, nunca duvidou do caráter de Alfonso e estava certa. Sua emoção não podia ser contida naquele momento, era como uma enxurrada de sentimentos preenchendo seu peito e a deixando sem fôlego.
- Então... – limpou o rosto quando quebrou o abraço. – O que acontece agora?
Alfonso deu de ombros.
- Alguém precisa avisar que não haverá mais casamento, eu faço isso. Depois disso partirei imediatamente para a França. Não, - intercalou quando viu Anahi protestar. – eu não acho que posso ficar um minuto a mais no mesmo ambiente que você sem me arrepender do que estou fazendo agora. – os olhos avermelhados e tristes de Alfonso quebraram Anahi por inteira. – Foi um prazer conhecê-la, Anahi. Obrigado por ter preenchido meu coração por todos esses anos. – sorriu e beijou a testa de Anahí carinhosamente. – Eu vou indo... Você tem uma apresentação para assistir.
E sem dizer mais nada, deu as costas com a promessa silenciosa de nunca mais voltar.
Fim do Flashback.
Ao finalizar a história, não se conteve em lágrimas. Sentiu quando braços finos rodearam seu corpo, ela sabia que Dulce María, estava respeitando sua dor de perder um grande amigo, todas naquela sala sabiam, inclusive Santana que chorava em seu canto silenciosamente.
- O galã de novela, tem minha admiração. – disse Emma recebendo aprovação das outras. – O importante agora é que vocês finalmente podem voltar a namorar e reconstruir o que deixaram para trás, certo?
À menção da palavra namorar, Anahí e Dulce trocaram olhares cúmplices e Anahí riu enxugando as lágrimas. Elas ainda não tinham contado a melhor parte, havia tanta coisa a ser feita no momento que por um momento sentiu-se perdida.
- Por que eu sinto que elas estão escondendo algo? – comentou Maitê com um olhar de acusação.
Zoe ergueu a sobrancelha intrigada e Taylor cruzou os braços.
- Uh, digamos que Dulce e eu decidimos pular algumas etapas. – Anahi coçou a cabeça e viu a confusão estampada no rosto das amigas. Dulce apertou sua mão em sinal de conforto. – Nós vamos nos casar no próximo mês.
Emma, que estava em pé devido a comemoração da volta de suas amigas, caiu para trás no sofá e foi contida por Zoe. Maitê abriu a boca o mais largo que pode e Taylor estava estática. E, pela primeira vez na noite, Santana riu alto.
- Casamento? – Maitê parecia incrédula. – Minhas bichinhas vão casar? Isso é demais pra mim.
- Eu estou grávida!
Silêncio.
Um longo silêncio.
O grito veio de ninguém mais e ninguém menos que Emma.
Todas as cabeças se voltaram em choque para ela que se encolheu no sofá timidamente. Mal haviam se recuperado da primeira notícia e já levaram um soco no estômago de Emma. A atmosfera pesou e o silêncio mais ainda, era como se ninguém compreendesse o que estava acontecendo.
- Eu... Eu não contive a emoção do momento, desculpe. – Emma, que estava em pé devido a comemoração sobre a volta de suas amigas, sentou timidamente no sofá. – Estou grávida de 1 mês e Daniel ainda não sabe, mas, por favor, mudem de assunto antes que eu entre em pânico.
O silêncio ainda tomava conta da sala assim como a paralisia havia se apossado das mulheres presentes. Dulce apertou a mão de Anahi pedindo que a noiva mudasse o assunto e quebrasse a tensão criada intencionalmente.
- Nós decidimos não esperar. – continuou Anahi, sua mente ainda entorpecida pela notícia. E, novamente, todas as cabeças estavam de volta a si. – Eu não quero passar mais tempo sem ser a esposa de Dulce.
O clima era muito tenso, era possível ouvir Ethan brincar no quarto e a perna de Emma bater impacientemente no sofá.
- Então tá. – disse Maitê batendo as mãos e assustando uma Zoe estática ao seu lado. – Nós vamos para casa agora, precisamos processar os acontecimentos de hoje e nada melhor que um bom sexo para relaxar. – puxou a esposa pela mão e despediu-se de casa uma, parando em Emma para abraçá-la mais firmemente. – Amo você, sua chata. – Emma resmungou e empurrou Maitê, ela estava corada. – E vocês, - apontou para Anahí e Dulce – Eu estou tão feliz. Vocês merecem ser feliz.
- Obrigada, Mai. Nós devemos muito a você. – Anahí abraçou a amiga com um sorriso no rosto.
Taylor também levantou fingindo olhar a hora no celular, mas ao contrário das outras, abraçou Emma sem cerimônia.
- É hoje, viu. – Emma xingou empurrando a garota também. - Eu também vou antes que jogue uma de vocês por aquela sacada.
Aos poucos, uma a uma foi se despedindo até restar apenas Santana, Anahí e Dulce na sala. Santana não tinha se pronunciado o tempo todo, estava respeitando o momento que suas amigas precisavam e a falta que sentiria de seu irmão.
Anahí voltou-se para Santana na sala de jantar e sorriu caminhando até ela.
- Você vai ficar? – perguntou, um pouco mais aliviada pela tensão de momentos antes.
Santana deu de ombros.
- Eu criei uma vida aqui, branquela. Tenho minha boate que está crescendo, tenho Brittany e planos em New York.
- Você pode ficar aqui se quiser. – disse Anahí. – Depois do casamento eu vou me mudar, você pode ficar no apartamento.
Santana assentiu e abraçou Anahi transmitindo a ela conforto e paz.
- Parabéns pelo noivado. – Santana, assim como Emma, não era uma pessoa de muitos abraços. Mas, os poucos que ela se limitava a dar eram os mais verdadeiros, fortes e puros que alguém poderia ter o privilégio de receber. – E, Dulce, - olhou para Santana que estava um pouco mais atrás assistindo a cena. – chute a bun/da dela quando for preciso.
Dulce riu e se aproximou sendo recebida no abraço.
- Eu vou fazer muito mais que isso, Santana, acredite. – brincou.
- Ah, não. – Santana revirou os olhos. – Eu não mereço ouvir isso em plena madrugada, façam-me o favor.
Contrariada, Santana saiu resmungando sobre ser dócil uma vez na vida e receber provocações em troca. Dulce e Anahí apenas assistiram a mulher desaparecer no corredor até serem tomadas pelo silêncio novamente. Elas gostavam daquilo, o silêncio era uma forma antiga de elas conversarem intimamente pela troca de olhares. Anahí puxou a noiva pela cintura e juntou seus corpos, ela nunca se acostumaria com os calafrios de seu corpo sempre que Dulce estivesse por perto.
- Enfim a sós. – sussurrou bicando os lábios cheios de Dulce. – O que você prometeu que faríamos mesmo?
Dulce riu extasiada pelo momento e não perdeu tempo em distribuir beijos pelo rosto que ela tanto amava. Anahí era seu alvo de adoração, tudo nela se transformava em perfeição. A loira não era dona de um corpo atlético e barriga definida, pelo contrário, ela era uma mulher normal com um corpo normal que só a deixava ainda mais perfeita do jeito que ela era e sem e envergonhar disso.
- Agora você vai descansar de um dia cheio, Portilla. – apertou o nariz de Anahi carinhosamente. – E eu vou para casa fazer algumas ligações, afinal, eu saí correndo da apresentação. – riu entrelaçando os braços no pescoço de Anahí. – Promete que quando eu acordar de manhã não terá sido um sonho?
- Eu escolhi você, Dulce. E eu escolheria de novo e de novo até o fim dos meus dias.
No conforto do abraço que compartilhavam, na troca de calor, de sentimentos, a forma como podiam nitidamente sentir o coração uma da outra, Dulce e Anahí trocaram juras de amor que nem mesmo o tempo seria capaz de destruir. Elas se amavam, e mais ainda, elas eram melhores amigas, aquele amor havia se tornado imortal ainda no auditório de Juilliard com Dulce tocando Titanic e Anahi colocando os olhos sobre ela pela segunda vez.
Lá fora os primeiros flocos de neve caíam anunciando a chegada oficial do inverno.
Mas, como sempre, tudo era sobre Anahí e Dulce.
Estava escrito.
24 de Dezembro de 2024. – New York, NY.
POV Dulce.
Felicidade é a definição de se estar vivo. Você percebe isso quando começa a perder tudo o que está a sua volta. Tudo é temporário, mas a felicidade... A felicidade é uma manhã de domingo assistindo ao nascer do sol na praia. Um jantar em família com a casa cheia. Felicidade está nas estrelas que trabalham duro toda a noite para não deixar que a imensidão escura do céu nos assuste. E enfim, felicidade está em compartilhar esses momentos com alguém que, mesmo sabendo que há o risco de se perder junto ao tempo, estará lá quando você acordar.
Anahí era a minha pessoa.
E eu a amava com cada partícula que formavam quem eu sou.
Depois que fui embora do apartamento de Anahí minha vida tomou um rumo diferente do esperado. Eu liguei para Jonathan e expliquei por cima os acontecimentos. Ele alegou ter ficado chateado apenas pelo chato de eu não ter visto a explosão do publico ao término da rapsódia. E, de fato, ele tinha razão. Na manhã do dia seguinte meu rosto estava em todas as bancas e a CNN fez questão de transmitir um trecho da apresentação dizendo o quão orgulhosos eles estavam pelo meu retorno. Imediatamente marquei uma reunião com a equipe e tomei uma decisão por mim e pelo meu futuro: Eu não seria mais uma artista solo, já provei desse trunfo e confesso que não foi a melhor parte da minha vida. É solitário e para pessoas que estão dispostas a deixar tudo pela música, ao contrário de mim que tinha prioridades agora que estava noiva. Ficou decidido que eu seria a pianista principal da Filarmônica de New York e um tipo de maestrina reserva. Essa ideia me agradou muito, pois assim faria o que eu mais amava sem sair de perto das pessoas que eu também amava.
Como em 1 mês eu estaria, e isso ainda me parece inacreditável, me casando com Anahí e a tendo sob o mesmo teto com Ethan, decidi preparar-lhes uma surpresa para o natal, que seria comemorado na minha antiga casa. E assim passaram-se 2 dias. Emma decidiu passar o natal conosco e ligou para Daniel solicitando sua presença. Maitê e Zoe trariam seus pais, Taylor convenceu Dave a ficar e Anahi exigiu que Marichelo viesse.
E pela primeira vez em tantos anos, aquela casa estaria cheia outra vez.
As nuvens haviam tomado conta do céu, a tarde estava nublada e um pouco fria, mas nem isso impediu Anahi de me puxar pela cintura enquanto caminhávamos pelo jardim congelado do rancho e me prensar contra uma árvore.
– Idiota! - acusei dando uma chave de braço nela, mas Anahí sempre foi mais forte e conseguiu me enlaçando pela cintura outra vez. - Eu amo a sua voz, amo sua forma de ver o mundo, e pela primeira vez tenho certeza de que estou fazendo a coisa certa.
Recebi um beijo carinhoso na testa. Anaby tinha esse poder sobre mim, ela sabia como conseguia me afetar e não poupava esforços para fazê-lo.
– Eu esperei tanto para ter você assim, outra vez.
Encostamos nossas testas e fechamos os olhos.
– Último ano de faculdade, eu estou pronta para dar o primeiro passo na minha carreira solo. Você se mantem incomunicável, mas eu nunca perco a esperança de uma ligação sua no meio da noite. Cada vez que toco é como se tivesse você ao meu lado, vendo seu sorriso e seus olhos brilhantes, mas quando a música acaba e eu abro meus olhos, você não está mais lá e eu me lembro que perdi a única pessoa que me fez sentir mulher de verdade. - terminei com dificuldade, minha voz está embargada e meus olhos fechados com mais força que o natural pelas lembranças. Sinto os lábios de Anahí nos meus, e isso me faz parecer que o mundo desapareceu por alguns instantes.
– Eu te encontrei outra vez. - assegura Anahi tirando uma mecha de cabelo do meu rosto. - Ou você me encontrou...
Nós rimos.
– Vocês me dão nojo. - a voz de Emma Watson soou alto no jardim.
Ela, Santana e Brittany, que chegavam de mãos dadas, acenaram como se não tivessem interrompendo nada. Anahí murmurou um "só pode ser brincadeira" no meu ouvido e eu precisei prender o riso de seu desespero.
Santana tinha sua costumeira ironia na expressão de nojo e Brittany um ar risonho para nós.
– É muito bom vê-las juntas. - disse Santana sentando-se em um dos bancos do jardim com Brittany. – Foi bom acompanhar desde o começo, quando Anahí discursou no casamento de Emma.
– Ah, o casamento... Não me lembre, Satã. - dramatizou Emma levando a mão à cabeça ao sentar-se ao lado do casal. - Meus convidados nunca mais me verão com os mesmos olhos.
Anahí chutou neve em Emma que xingou. Eu a puxei para nos juntássemos as outras e a ajustei a touca em sua cabeça, ela me agradeceu com um selinho demorado, recebendo, dessa vez, a desaprovação de Santana que abraçou Brittany e escondeu o rosto.
– Você me ama, você não vive sem mim, sempre foi assim. - falou Anahi dando tapinhas de leve na cabeça de Santana que riu exageradamente.
– Não brinque com isso, Portilla! - disse ofendida. - Ontem à noite sabe com o que eu sonhei? Saaaaaabe o que eu sonhei? - Brittany abafou o riso e virou o rosto para que ninguém visse sua reação. Anahí ergueu uma sobrancelha enquanto sentava em outra cadeira e eu sentei em seu colo, totalmente curiosa. – Que faziam fanfics sobre nós!
Abri a boca, mas não disse nada me perguntando se Santana estava andando demais com Emma.
– E o que eles escreviam? - perguntou Emma com um brilho misterioso nos olhos.
Santana fez uma careta, como se lembrasse do que tinha sonhado.
– Bom, o problema daquelas fanfics era os autores insistirem que Anahí é ativa, por favor! - lançou um olhar entediado para a minha Anahí, que retribuiu com um sorrisinho falso. – Emma costumava ser santinha, foi nessa parte que o sonho ficou estranho. Eu era sempre a latina gostosa que fica com a Britt. - Brittany deu um beijo na bochecha da namorada e olhou para nós com doçura enquanto Emma fingia vomitar. - Algumas dessas fanfics descrevem o sexo até mesmo melhor do que é na vida real, mas foi nojento ter que ler sobre vocês duas transando. – e apontou para nós. Anahí revirou os olhos e me apertou em seus braços como se pedisse ajuda, mas Emma ria maleficamente da situação.
- Vocês não deveriam estar se arrumando para a festa, tipo, bem longe daqui? – perguntou Anahi.
- Nós viemos deixar o presente de Ethan que Alfonso mandou pro meu endereço. – se explicou Emma levantando-se e caminhando pelo jardim. - Mas, como podem ver, tenho coisas mais importantes para fazer, como procurar a caixa de cereal que a Savinon sempre esconde.
E foi assim que nos deixou totalmente confusas acompanhando sua deixa.
- Emma sempre sendo educada. – suspirou Brittany. – O presente está no carro, eu vou buscá-lo.
Balancei a cabeça em entendimento e depois de mais algum tempo no jardim nós entramos atrás de Emma. Então o resto da tarde passou rápido na companhia de nossas melhores amigas que se prontificaram em nos ajudar nos últimos pratos que levaríamos para a casa de minha mãe.
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Já era noite quando os últimos convidados chegaram. Minha mãe e Claudia tinham montado uma enorme árvore de natal e organizado todos os presentes em baixo desta, a decoração estava linda como eu me recordava ser nos tempos de adolescente. Eu estava tão orgulhosa por ver minha mãe finalmente aprender a controlar a depressão, sorrir por ter a casa cheia e ser tão educada com nossos convidados. Ela estava feliz, e isso também me deixava feliz. Ethan usava um casaco de lã vermelho, calça de moletom preta e botas também de lã, além de uma touca de panda com duas bolinhas pensando ao lado da cabeça, era a coisa mais fofa do mundo. Ele brincava com os aviões de brinquedo de Adam na sala. Daniel, Dave e o pai de Maitê conversavam naturalmente no sofá enquanto assistiam TV. Cláudia estava com Blanca, (Maira mãe de Maitê) e Marichelo na cozinha terminando o peru. Majte, Zoe, Santana, Brittany, Emma e Taylor conversavam animadamente com suas respectivas bebidas na mesa de jantar.
Eu estava em meu antigo quarto terminando de me arrumar. Não que o moletom vinho, a calça jeans e a bota preta fossem me deixar deslumbrante, mas eu precisava ao menos estar apresentável essa noite.
Meu corpo enrijeceu quando senti braços quentes envolverem meu corpo e me apertarem. Anahí apoiou o queixo em meu ombro e analisou nosso reflexo no espelho, tão perfeitas, tão certas uma para a outra.
- Nós fizemos tantos planos nesse quarto. – ela sussurrou contra meu ouvido e eu me senti arrepiar. – O destino sempre nos leva para o mesmo lugar.
Me apertei a ela com mais força, nunca me cansaria de tê-la por perto ou dizendo coisas como essa.
– Você está incrível. – eu disse.
– Eu te amo. – Anahí respondeu quase ao mesmo tempo, e eu senti toda a certeza na voz dela. Virei-me ainda em seus braços e a agarrei pela nuca beijando-a delicadamente, sugando seu lábio inferior, e pensando em como aquilo era bom. Anabiy gemeu entre o beijo me fazendo sentir desejos inapropriados para o momento subir quente por meu corpo. - Dulce...
Eu invadi sua boca novamente com necessidade, eu sabia que ela também sentia o mesmo, talvez até mais. Anahí cravou as unhas em minha cintura e me empurrou com força até a escrivaninha onde eu sabia que se não parássemos agora, seria tarde demais. Ela, por outro lado, parecia excitada demais para se importar com os convidados lá fora esperando por nós. O beijo estava gostoso demais para ser quebrado e meu corpo rígido demais para ser separado do de Anahí, mas eu precisava de mais, eu precisava ter aquela mulher, e gemi em senti satisfação quando Anahí pressionou seu quadril no meu com necessidade, como se não fosse o suficiente.
– Vocês estão se comendo? - um balde de água fria foi lançado, literalmente, contra nós quando ouvimos a voz impaciente de Maitê do lado de fora do quarto. - Porque se estiverem, eu exijo que Dulce saia imediatamente, ou os convidados irão notar.
- Pu/ta que pariu! – xingou Anahí e eu entendia sua frustração. Era engraçado o fato de Anahí estar louca para ser passiva por mim desde nossa última vez em que, como sempre, fomos interrompidas por Emma e Santana. – Já vamos!
- Amor. – chamei delicadamente e me aproximei outra vez dela, deslizando minha mão vagamente por seu corpo até parar em sua intimidade por cima da calça jeans que usava. Ela ofegou. – Onde está precisando ser tocada? Aqui? – ela assentiu e eu me aproveitei de sua vulnerabilidade para desabotoar o botão e o zíper da calça. Anahí ficou tensa, mas não conteve minha mão quando instintivamente a deslizei por dentro da calcinha até chegar em sua intimidade que ansiava por mim completamente molhada. – Isso tudo é por mim, bebê? – perguntei e ela assentiu outra vez. – Você gosta quando eu faço isso, bebê? – comecei a estimular seu clitóris um pouco mais rápido, sua calça limitava meus movimentos e nós estávamos sem tempo.
- Droga! – ela exclamou ofegante e fechou os olhos.
Empurrei seu corpo com o meu até que ela estivesse prensada contra a parede. Eu estava perdendo a cabeça com aquela mulher, meu corpo todo gritava por ela, meu centro pulsava pedindo por alívio, pelo corpo que eu amava.
Deixei que minha mão livre passeasse por seu abdômen por baixo do casaco de lã, sentindo sua pele quente como num dia de verão e lisa como seda. Meus lábios correram até os dela com necessidade, e Anahí tremeu quando chupei sua língua com volúpia fazendo de minha boca a moradia de seus gemidos descontrolados.
- Dentro. Por favor... – ela implorou contra meus lábios e eu obedeci. A penetrei com dois dedos, eu ia o mais fundo que conseguia sentindo o tecido esponjoso que aprendi ser o ponto G de Anahí. – Jesus.
Eu não estava mais sendo gentil, não com aquela mulher gemendo tão gostosamente em minha boca. Anahí agarrou os cabelos em minha nuca com força e cravou as unhas no meu ombro. Mais duas estocadas e ela se desfez abafando o grito no meu pescoço. Estávamos ofegantes e abraçadas na mesma posição. Tirei minha mão de sua calça e dei um beijo delicado em sua bochecha direita. Aproveitei o momento para correr até o banheiro e lavar minhas mãos.
- Sei que não é muito, mas da pra aliviar até termos tempo. – brinquei pincelando seu nariz com a ponta do dedo quando retornei ao quarto. Anahí sorriu ainda corada e me assustou quando agarrou minhas pernas e ergueu meu corpo fazendo com que eu ficasse pendurada em suas costas. – O que está fazendo, em?
- Nós precisamos descer. – sorriu fechando os olhos e começou a caminhar comigo em seu colo pelo quarto até a porta.
- Não vou descer no seu colo, Anahi, me solte! – exigi e me agarrei em seu tronco quando ela abriu a porta do quarto e começou a descer comigo pela escada. – Eu vou morrer, socorro.
A sala ficou em silêncio que nos viu na ponta da escada na posição em que estávamos. Eu tenho certeza que fiquei mais vermelha que um pimentão e acabei escondendo meu rosto com as mãos.
- Mommy? – a voz de Ethan fez com que eu virasse o rosto para vê-lo nos olhando confuso. – O que a senhora está fazendo com a tia Dulce?
- Ooooh, você é muito novo para saber o que elas estavam fazendo. – brincou Santana, claramente bêbada.
Revirei os olhos e fui colocada novamente no chão quando as pessoas voltaram a cuidar de suas vidas.
- Eu te odeio. – resmunguei apontando o dedo ameaçadoramente para Anahi, mas ela apenas deu de língua ao se afastar para cumprimentar as pessoas.
Faltava meia hora para meia noite, Emma dançava uma música natalina com Santana pela sala, as duas eram as mais bêbadas e engraçadas da noite. Maitê tinha um gorro de Papai Noel que arrumou sabe-se lá onde e andava conversando com todo mundo. Zoe , Brittany e Taylor fofocavam no sofá e os mais velhos papeavam em uma rodinha próxima à lareira. Cláudia correu até onde eu estava e me abraçou.
- É tão bom ver a casa cheia, não é? – ela parecia muito feliz e apontou para nossa mãe que sorria enquanto conversava com Marichelo. – Olha só a mamãe, interagindo e sorrindo. Eu senti falta disso.
Apertei Cláudia em meus braços e beijei o topo de sua cabeça.
- As coisas estão voltando ao normal. – eu disse convicta e procurei Anahi com os olhos. Ela tentava conter uma Maitê que insistia em querer enfiar o dedo no bolo. Sorri com a cena, eu a amava demais e nunca me cansaria de dizer isso. Aquele sorriso era o motivo dos meus batimentos cardíacos se alterarem. – Venha, vamos para a mesa.
Não foi fácil conseguir reunir todos em volta da mesa, os mais bêbados precisaram levar uma bronca por isso e Daniel não parecia nem um pouco feliz em ver sua esposa xingar Anahi de passiva na frente de todos. Minha mãe pediu para que eu fizesse o discurso, ela não se sentiria confortável falando para todos.
(Play naMúsica: You're still the one da Shania Twain)
When I first saw you, I saw love
And the first time you touched me, I felt love
And after all this time, you're still the one I love
- Boa noite. – eu disse e todos responderam animados. Emma um pouco mais animada que o normal. – Eu não posso medir em palavras o quão feliz e agradecida estou por vocês estarem aqui. Principalmente vocês que vieram de outras cidades.
- Amém, irmão! – Emma ergueu a taça e todos riram.
Looks like we made it
Look how far we've come my baby
We might took the long way
We knew we'd get there someday
- É importante que essa casa esteja cheia, pois todos nós somos uma família, sabe? Cada pessoa aqui tem sua importância em minha vida, alguns de longa data, outros que tive o prazer de conhecer esse ano. – suspirei e olhei para Emma. – Em breve nossa família estará maior, não mesmo, Emma? – Emma riu descontrolada e recebeu aplausos e os parabéns de todos na sala. – E acho que algumas pessoas acompanharam minha vida desde o inicio da minha carreira... Vocês sabem que eu não tive um caminho muito fácil a morte do meu pai. – me segurei para não chorar, falar dele era como mexer no meu ponto fraco. – Tudo o que tenho hoje sou eternamente grata à ele e a minha mãe. E sei que hoje ele está aqui, comemorando o natal ao nosso lado. – sorri e abracei minha mãe de lado, ela tinha ficado triste então decidi que era a hora de mudar o rumo do discurso. Olhei para Ethan que estava no colo de Anahí ao meu lado e sorri. – Esse ano, quando eu pensei que tudo estava perdido, Deus me mostrou que sempre haverá aquela luzinha no fim do túnel. Eu recebi não só uma benção, mas uma enxurrada delas. – sorri mais ainda pegando o menino em meus braços. – Eu ganhei um filho, - Ethan ficou envergonhado e tampou o rosto com as mãos, mesmo sem entender sobre o que eu estava falando. – ganhei uma noiva. Minha mãe está muito melhor, minha carreira está finalmente no ponto certo e eu tenho os amigos mais valiosos ao meu lado. – olhei para cada pessoa naquela sala, eles importavam muito. – Eu quero que isso sirva de lição para cada um, nunca, jamais, pensem em desistir de algo que amam, no final sempre vai valer a pena. – ergui minha taça e todos me acompanharam. – Feliz Natal.
- Feliz Natal. – responderam todos brindando.
They said "I bet they'll never make it"
But just look at us holding on1
We're still together, still going strong
Nos abraçamos, choramos, comemoramos. Foi lindo assistir as pessoas que eu mais amava juntas naquela noite contemplando uma data tão linda como o natal. Eu já não me sentia tão viva assim desde meu último natal ainda naquela casa, tendo Anahí como minha namorada. O banquete foi repleto de conversas animadas e sorrisos sinceros, era um natal digno de ser compartilhado com a família.
Abri a porta da varanda e sair procurando por um pouco de ar. A música lá dentro ainda rolava solta, pois o pai de Maitê tinha encontrado uma sanfona antiga de Fernando e agora tocava animadamente para a maioria dos convidados que dançavam pela sala e riam como se não houvesse amanhã. Sentei-me na cadeira de balanço e abracei meu próprio corpo contemplando o céu estrelado. Eu sentia meu pai perto de mim, eu via seu sorriso e o orgulho que ele sentia pela pessoa que eu tinha me transformado.
(You're still the one)
You're still the one I run to
The one that I belong to
You're still the one I want for life
(You're still the one)
You're still the one that I love
The only one that I dream of
You're still the one I kiss goodnight
A porta da varanda foi aberta novamente e uma Anahi eufórica passou por ela com Ethan nos braços. Eu sorri com a cena, ambos usando toucas e os casacos de lã combinando. Eu poderia explodir de felicidade agora e não me importaria.
- Aqui está ela. – Anahi disse para Ethan, o menino esticou os bracinhos e passou para o meu colo. Eu o aninhei em meus braços vendo que estava sonolento. – Ele não queria dormir sem dizer boa noite para a tia Dulce.
Nós ainda não tínhamos explicado a real situação para Ethan, mas ele sendo o menino inteligente que sempre foi entenderia quando chegasse a hora. Dei um beijo no rostinho quente do menino e senti anah sentar ao meu lado.
- Boa noite, bebê. – sussurrei para ele.
- Nós não vamos abrir os presentes? – ele perguntou com a voz arrastada.
Ain't nothing better
We beat the odds together
I'm glad we didn't listen
Look at what we would be missing
Anahí passou o braço por trás de mim e o apoiou no encosto do banco.
- Amanhã de manhã eu te acordo cedinho e a gente abre, ok? - ele assentiu incapaz de dizer qualquer coisa, os olhos mal paravam abertos. - Amo você, pequeno. Feliz Natal.
- Feliz Natal, mommy. Amo você. – murmurou. – Amo você, tia Dulce.
Meu coração quase saiu pela boca naquele momento. Foi a última coisa que Ethan disse antes de cair em um sono profundo em meus braços, então eu pude olhar manhosa para Anahi e vê-la rir da minha reação.
They said "I bet they'll never make it"
But just look at us holding on
We're still together, still going strong
- Se está assim com ele dizendo que a ama, quero só ver quando chama-la de mamãe. – ela brincou e meu coração deu outro salto.
- Eu acho que posso ter uma falência cardíaca nesse momento. – comentei. – Será que alguém notaria se eu começasse a gritar que amo vocês dois?
Anahí olhou para trás observando pela janela a festa dentro de casa e balançou a cabeça.
- Eles mal notariam se um deles desmaiasse.
(You're still the one)
You're still the one I run to
The one that I belong to
You're still the one I want for life
(You're still the one)
You're still the one that I love
The only one that I dream of
You're still the one I kiss goodnight
Nós rimos e o silêncio caiu sobre nós. Abraçadas no ventinho frio da noite, o pequeno adormecido em meus braços, a lua sendo nossa testemunha como tantas vezes. Era quase como ter um dejà vu.
- Sabe o que eu lembrei?
- Não ouse citar Morro dos ventos uivantes. – ela brincou e eu ri. – Sabe... Não seria estranho se eu te amasse para todo o sempre.
Deixe-me mergulhar fundo dos olhos azuis que tanto me embriagavam. Eles estavam lá me prometendo um para sempre seguro e cheio de amor. Estavam me prometendo dias de paixão e sexo ardente. Dança na chuva, beijos roubados, noites em claro...
- Feliz Natal, Anahí.
- Feliz Natal, Dulce.
Nos beijamos superficialmente e voltamos a assistir o espetáculo que a noite estrelada nos proporcionada tendo a certeza de que tudo ficaria bem.
Como eu disse, felicidade é uma noite de natal observando a neve ao lado de quem mais importa.
Observação do Destino.
Aquele seria o primeiro natal do resto de suas vidas juntas.
*************
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25 de Dezembro de 2024. POV Anahí Observei o dia amanhecer através das cortinas fechadas do antigo quarto de Dulce me perguntando se o sono tinha se esquecido de mim. Ou talvez eu apenas tivesse medo de fechar os olhos e me dar conta de que tudo não passou de um sonho, que mesmo 5 dias depois de ter pedido Dulce em casamento, a qualquer momento eu ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 74
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Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 19:25:00
Emii eu to lendo o começo todoo, na parte fofa, QUANDO ELAS NÃO ESTAVAM MAGOADAS E NADA ACONTECIAA, estou bem happy, porem quando chegar na parte da dor e sofrimento, eu paro de ler KKKKK
Emily Fernandes Postado em 06/10/2017 - 05:29:54
Ai Duda, CV e b+, kkkkk mas mesmo sabendo que a história mexeu com os seus nervos vc vai ler de novo. Cara, queria estar no seu lado só pra ver a sua reação, dentro da sala de aula. Kkkkkkkkk mas eu te entendo, eu chorei horrores com uma história Portinon tbm. Cara é sério pq CTA. Acabou comigo. A Tammy Portinon acabou comigo literalmente kkkkk.E tipo eu tbm estava lendo na sala de aula, tive que mentir até o pq do choro. Mas valeu a pena não é. Bjs
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Kakimoto Postado em 05/10/2017 - 16:07:41
EMILYYYY EU NUNCA SOFRI TANTO EM UMA FANFICCCCCCC, EU ESTAVA LENDO NA AULA, QUANDO A DULCE MORREUUU EU TIVE UM ATAQUE DE ''não pelo amor de deus, nnnnnnn'' MDS, Eu sofri junto com a Dulce, e com a Anahi, ri da doçura do Ethan. MASS ELA MORREEUUUUUU AAAAAA NNNNN MDSS, EU TO MT DEPRESSIVA DPS DISSO. eu te convido para meu velorio, quando eu ja estiver morta por n ter aquentado um tiro desse. Te amo <3
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lika_ Postado em 02/10/2017 - 14:33:24
parabens Emily Fernandes a sua Fanfic foi perfeita o fim me fez segura muito para nao me debulhar em lagrimas
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Kakimoto Postado em 01/10/2017 - 11:52:23
MEUU DEEEUUUSSS AAAAAAAA, eu to no cap 32, em que esta a Dulce, Anahi, Ethan, Santana e Logan na sala de musica AAAAAAAA MEEUU DEEUUSS, EU TO MORRENDOOO
Emily Fernandes Postado em 01/10/2017 - 16:52:46
Bem se vc está estética assim, e pq vc está gostando Dudinha. Ahahaha Mas é agora que as coisas ficam mais intensa. Bjs mi amor te.quero.... Quero ver o seu comentário assim. Que terminar.
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ester_cardoso Postado em 19/09/2017 - 17:46:27
Obrigada sério mesmo, não tem como não te agradecer por nos proporcionar mais uma história maravilhosa dessas. Cara chorei muito tanto com o fim da fanfic, tanto com suas palavras. Vc não sabe o quão importante isso foi pra mim, sentir isso é realmente forte e saber q tem mais pessoas que compartilham desse sentimento nos dá força. Bebê vc é inspiradora, além de ser uma das pessoas mais perfeitas q conheço. Essa fic foi realmente muito lindaaa, me surpreendi muito. Claro q as vezes dava vontade de jogar o cell na parede, mas o amor q encontrei aqui é muito maior q eu imaginava. O final acabou comigo obviamente, mas essa é uma daquelas histórias q marcam, aquelas q guardamos no coração. Assim como guardamos pessoinhas especiais como vc, saiba q sempre q quiser estarei aqui, mesmo não nos conhecendo muito me importo com vc e importante é que estejamos sempre felizes. Beijos bebê <3 <3 Amo vc
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siempreportinon Postado em 17/09/2017 - 14:18:42
Simplesmente maravilhosa!!! Chorei bastante no decorrer da história, me tocou profundamente. Sem dúvida se tornou um dos meus xodós. Parabéns pela história, obrigada por nos presentear com belíssimas fics, espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei sempre!!!
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Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:57:06
PS apesar de não te conhecer pessoalmente, eu estou orgulhosa de você, continue assim você é uma linda,é muito especial vou sentir saudades da história, parabéns por mais uma fic finalizada anjo bjs
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Gabiih Postado em 17/09/2017 - 12:55:19
Meu Deus do Céu, eu meu Deus que história linda eu chorei demais lendo esses últimos capítulos,os votos de casamento delas foi a coisa mais linda do mundo,as lembranças os flash back né tudo, Deus Meu eu me sinto tao feliz apesar de tudo, porque tive um privilegio de conhecer essa história você nos deu as honra, de nos apresentar a ela e isso foi maravilhoso, eu queria ter dito tantas coisas sobre a história mas não dá não consigo porque enquanto escrevo cada palavra aqui, é uma lagrima a mais, foi uma linda história um amor tão lindo e magico foi maravilhosa Emy não consigo escrever mais chega rs. só mais uma coisa obrigada.
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Kakimoto Postado em 16/09/2017 - 13:32:12
Mdss, to acomulando mt, eu só vejo os comentarios falando que choraram mt e que eh mt emocionante, e eu já to gritandoo, mdsss, ME DA SPOILER EMII PFFF AAAA. ti amu
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laine Postado em 15/09/2017 - 14:36:10
Parabéns, estou sem palavras realmente foi muito lindo