Fanfics Brasil - Capítulo 3 - PARTE 1 Volta para Mim - Adaptada vondy TERMINADA

Fanfic: Volta para Mim - Adaptada vondy TERMINADA | Tema: Vondy - Christopher e Dulce


Capítulo: Capítulo 3 - PARTE 1

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DULCE



ESTOU DEITADA NA CAMA, olhando para o teto, brincando com o colar com pingente de coração que minha mãe me deu. Enquanto mexo nele, não consigo parar de pensar em Christopher. Será que me enganei a respeito do olhar dele? Sinto um frio na barriga ao pensar na possibilidade de estar certa. Mas, em seguida, vem a realidade. Visualizo meu pai encarando Christopher pela janela e apontando a pinça de churrasco para ele. Ora, já há uma infinidade de obstáculos no caminho sem levar em conta a quantidade de armas e utensílios de churrasco que meu pai tem. Enterro a cabeça debaixo do travesseiro. Nunca vou saber como é beijar Christopher. Aliás, nunca vou ter um namorado antes dos 30 anos e jamais vou perder a virgindade. Vou ser como as freiras que nos dão aula de religião na escola. Talvez seja melhor eu tirar as medidas para fazer um hábito e acabar logo com isso.



Eu não contei ao Christopher sobre as brigas com meu pai por causa da faculdade. Aliás, chamar de “briga” seria exagero. Ninguém briga com meu pai. Ele decreta, nós obedecemos. Meu pai tem transtorno de estresse pós-traumático, diagnóstico que Alfonso e eu fizemos extraoficialmente, pois ele se recusa a se consultar com um “médico da cabeça” ou falar sobre seus problemas. Precisamos pisar em ovos por medo de deixá-lo estressado ou irritado, o que basicamente acontece uma vez a cada hora. Até o som do apito de uma chaleira é capaz de provocar um acesso de raiva, por isso todos os nossos telefones ficam sempre no modo silencioso.



Quando meu pai tem um de seus ataques, é como se um tornado assolasse a casa. Ele nunca bateu em nós, mas já destruiu muitos móveis. Agora eu o ouço lá embaixo, na saleta, assistindo ao jogo, ocasionalmente soltando um xingamento ou grito de vitória. Estou ansiosa, com o estômago contraído, como se estivesse prestes a passar por um teste de vida ou morte. Com pesar, percebo que sempre me sinto assim quando ele está em casa. Não sei como minha mãe consegue agüenta, por que ainda não se separou dele. Se eu estivesse no lugar dela, já teria feito isso há tempos. Prometo solenemente a mim mesma nunca me casar com alguém das Forças Armadas. Não posso fazer isso após ver a destruição presente na minha família.



Uma batida à porta me sobressalta. Tiro a cabeça de baixo do travesseiro. É meu irmão, Alfonso. Olha para trás, entra no meu quarto e fecha a porta silenciosamente.



– Oi – diz ele, deixando-se cair ao meu lado na cama. – Tudo legal?



– Tudo. – Eu me sento de pernas cruzadas e dou de ombros. – Você sabe.



Ele consente. Ele sabe. Aniversários, Natal, Ação de Graças são sem dúvida os dias mais tensos do ano na nossa casa. A presença de Alfonso ajuda, pois ao menos dividimos o fardo e podemos nos revezar no amparo à minha mãe. Quando ele não está aqui, tudo cai sobre meus ombros, e acho que Alfonso se sente culpado por isso. Meio acanhado, ele me entrega um presente muito bem embrulhado.



– Feliz aniversário.



Pego o embrulho com curiosidade.



– O que é?



 – Eu comprei lá no Sudão.



Arqueio as sobrancelhas. Nem consigo imaginar que tipo de shopping eles têm lá. Abro o presente com dificuldade. Meu irmão e eu passamos a vida aprendendo a deixar o quarto impecável ao fim do dia, a fazer a cama como se nos preparássemos para uma inspeção diária – o que de fato acontece. O papel de embrulho está bem justo, perfeitamente liso, como um lençol sobre a cama do dormitório de um fuzileiro. Levo quase cinco minutos para abri-lo.



– Um iPhone? – pergunto, maravilhada, quando enfim consigo retirar o papel.



– É. Não mostre para o papai – fala Alfonso, sem necessidade.



Até parece que eu mostraria. Meu pai é um opositor ferrenho das redes sociais, dos smartphones, de qualquer tecnologia que não seja destinada ao uso militar. Ele desconfia instintivamente de qualquer coisa que não entenda. No topo da lista estão as mídias sociais, seguidas de meninas adolescentes. Ele não me permitiu ter uma conta no Facebook e, só recentemente, concordou em me dar um celular (do tipo tijolo, o mais básico existente no mercado). Ainda por cima, estabeleceu uma condição: eu só poderia usá-lo para emergências. O homem da loja olhou para mim com uma pena normalmente reservada às vítimas de calamidades humanitárias. A única coisa boa é que ele não descreveu o que seria uma emergência, então toda conversa com Mai agora começa com “Mai, é uma emergência”.



 – Você comprou isto no Sudão? – pergunto, notando que é a versão mais recente, mas não veio numa caixa, muito menos com manual.



Ele dá de ombros.



– Comprei desbloqueado e instalei uns aplicativos para você.



Eu vou passando a tela.



– Candy Crush? Angry Birds?



– Pois é, para todas as aulas chatas que você vai ter que assistir na faculdade.



– Obrigada – agradeço, dando um tapinha no ombro dele.



– De nada – diz ele, e retribui o tapinha.



Passamos um tempo sem dizer nada. Alfonso parece diferente nos últimos tempos, em especial após esta última missão: mais velho, mais introspectivo, fatigado. Ele agora mal sorri, e nem me lembro da última vez em que o ouvi dar uma gargalhada ou contar uma piada, o que é estranho, porque Alfonso sempre foi piadista – o garoto que colava adesivos à prova d’água com as caras dos professores em todas as privadas da escola, o responsável por embrulhar o carro do diretor em papel-alumínio e por organizar toda a turma do sexto ano para matar aula um dia inteiro. Acho que ele deixou de pregar peças mais ou menos na mesma época em que meu pai começou a perder a cabeça.



Eu nunca falei isto para Alfonso, mas o meu maior pesadelo – sem contar sua morte – é um dia ele voltar e começar a se comportar igual ao meu pai. O dia em que ele e Christopher se alistaram foi um dos piores da minha vida. Mas eu sorri, como sempre, e fingi estar feliz. Agora quero lhe perguntar sobre o Sudão, sobre o trabalho, o que viu lá, mas sei que Alfonso pode não me contar muita coisa e tenho a impressão de que ele nem quer falar sobre isso.



– Quer ver um pouco de TV? – pergunto.



Torça para Alfonso dizer que sim, pois não tive a oportunidade de passar muito tempo com ele desde que voltou. E é meu aniversário.



– Não posso. Vou sair com a Annie.



Ele dá um sorriso como quem pede desculpas e fica de pé.



Tento disfarçar minha decepção. Então está decidido. Vou apenas ficar aqui deitada me sentindo uma coitadinha, pois quem é que passa a noite do décimo oitavo aniversário sozinha no quarto, jogando Angry Birds num telefone com todas as configurações em árabe, usando um pingente em forma de coração dado pela mãe? Ah, é mesmo, alguém que não tem vida. Nem a perspectiva de vir a ter.



– Como está a Annie? – pergunto, sorridente, embora esteja melancólica.



– Está bem – responde Alfonso, e seu rosto imediatamente se ilumina



Ele e Annie já namoram há três anos. Conheceram-se pouco antes do seu alistamento. Annie era garçonete do restaurante preferido dele, especializado em carnes. Alfonso gastou quase todas as economias em filés e gorjetas, tentando convencê-la a sair com ele, até que ela cedeu. Meu irmão é o que se pode chamar de persistente. Minha mãe diz que ele não aceita um “não” como resposta. E parece que o relacionamento deu certo, ainda que os dois só se vejam mais ou menos a cada nove meses. Alfonso sai do quarto. Sem dúvida vão passar a noite transando. E nem é o aniversário dele, penso com rancor.




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Autor(a): dulckervondy_

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Menos de um minuto depois, o som de algo se chocando contra a janela me sobressalta. Saio da cama e atravesso o quarto. Alfonso... Ele sempre jogava pedras na minha vidraça nas noites em que saía escondido de casa, como um sinal para que eu descesse e destrancasse a porta dos fundos. Abro a janela e olho para fora. Talvez ele tenha esquecido a chave. Não ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 117



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  • anne_mx Postado em 09/09/2022 - 19:51:06

    Acabei de ler essa fanfic linda e envolvente e, com tantos anos nesse site, não sei como nunca tinha lido essa! Que coisa linda, cheia de sigificado, amo o fato de Vondy terem um amor tão forte e intenso, eu soube que o Poncho ia morrer no capítulo que li que a Annie tinha engravidado! Obrigada por essa história linda e sensível, a reconciliação do pai da Dul com o Christopher foi PERFEITA <3

  • rosasilva Postado em 14/12/2018 - 16:31:45

    mamae jesus chama o bombeiro

  • vondy14 Postado em 15/10/2017 - 01:26:09

    Parabéns pela história, não comentei muito mas acompanhei do início ao fim, adorei sua história.

    • dulckervondy_ Postado em 15/10/2017 - 15:54:20

      Obrigado, que bom que gostou da história, quem sabe você também não goste das outras ? hehehehe, obrigado por acompanhar, Bjus!

  • brun Postado em 15/10/2017 - 01:20:32

    ai senho, fico um dia sem ler e acabou . mais o resultado final foi muito bom amei , uma das melhores fanfics que eu ja lir , ela prende a atençao do leito . é finalmente eles voltaram e o fernando aceitou o christopher , e voltou a fala com o victor

    • dulckervondy_ Postado em 15/10/2017 - 15:53:27

      Fico tão feliz em vê que a história tenha agradado, realmente o final foi bonito ... a redenção do Fernando e a mudança dele foi linda *-*. Obrigado por ter acompanhado, Bjus!

  • erickasouto Postado em 14/10/2017 - 14:09:44

    Que lindooo!!! Sou sua mais nova fã. amei tudo. bjos.

    • dulckervondy_ Postado em 15/10/2017 - 15:52:01

      Obrigado por ter acompanhado a fic, Fico feliz que tenha gostado da história, Bjus!

  • aleaff Postado em 14/10/2017 - 01:42:27

    meu Deus.... aconteceu tanta coisa q eu to meio perdida.... amanhã eu volto ak depois de ter absorvido tudo mas aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhh q maravilhoso kkkkk

    • dulckervondy_ Postado em 14/10/2017 - 13:51:23

      Sim, realmente muita coisa aconteceu mas o bom é no final tudo se acertou não é ? obrigado por comentar e sempre acompanhar a fic, espero que o final tenha te agradado. Bjus, até a próxima !!

  • julianafontes Postado em 13/10/2017 - 20:09:45

    Queria informar que essa história me viciou demais!!! Acabei de ler em um dia e não paro de chorar. Amei amei amei

    • dulckervondy_ Postado em 14/10/2017 - 13:50:16

      Nossa, fico feliz que a fic tenha te agradado tanto assim. Obrigado por comentar e acompanhar. Bjus, até a próxima !

  • deia2017 Postado em 13/10/2017 - 18:08:51

    Agoniada pra saber o desfecho dessa história

    • dulckervondy_ Postado em 14/10/2017 - 13:49:24

      Espero que tenha gostado do dessfecho de tudo, Obrigado por comentar e ter acompanhado a fic, Bjus, até uma próxima!

  • tainara_vondy Postado em 13/10/2017 - 16:59:37

    Contínua

    • dulckervondy_ Postado em 13/10/2017 - 18:06:46

      Continuando lindona,Bjus!

  • vondyastalamuerte Postado em 13/10/2017 - 16:34:57

    Aaaaaaah que história foda &#128525;&#128525;&#128525;&#128525; continuaaaaaa pena que ta acabando </3

    • dulckervondy_ Postado em 13/10/2017 - 18:05:47

      é uma pena mesmo, Continuando,Bjus!


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