Fanfic: Volta para Mim - Adaptada vondy TERMINADA | Tema: Vondy - Christopher e Dulce

Alfonso pigarreia e observa o grande grupo à sua volta.

– Eu... Nós... temos duas notícias para dar.

 Há um burburinho. O pai dele continua imóvel, encarando os dois com cara feia.

 – Annie e eu vamos nos casar.

 Há uma breve pausa.

Todos parecem aguardar a reação do pai de Dulce antes de se manifestarem. Alfonso aproveita o silêncio:

 – E estamos esperando um filho.

O silêncio se alonga, então dou um grito de júbilo e começo a aplaudir com força. Felizmente, todos acompanham. As mulheres se adiantam e os cercam. Olho para Savinon, não mais o rei rodeado de vassalos e, sim, uma estátua isolada na periferia. Ele encara Alfonso com uma expressão de total desprezo. Deixando a taça numa mesa, marcha em direção à casa. Paralisada ao meu lado, Dulce também o observa.

Bom, pelo menos ele não está fazendo cena. Poderia ser pior. Mas então Alfonso olha ao redor e, ao ver o pai se afastando, sai atrás dele a passos largos.

Porra, o que ele está fazendo?

– Você não tem nada a dizer? – pergunta Alfonso, segurando o pai pelo braço e obrigando-o a parar. – Absolutamente nada? Nem mesmo “Parabéns, filho, é uma notícia maravilhosa”?

Sinto vontade de arrastar Alfonso para longe. É como ver uma criança no zoológico cutucar o leão por entre as barras, mas por alguma razão não consigo me mexer.

O pai se volta para ele com uma expressão tão clara de desapontamento que sinto o impulso de me interpor entre eles para proteger Alfonso

– O que há para dizer? Você parece determinado a arruinar a sua vida sempre que possível.

Todos ficam em silêncio. É isto que querem: drama. As esposas de olhos arregalados prestam atenção, mordendo os lábios de euforia. Isto vai lhes render semanas de material para fofoca. Alfonso está cara a cara com o pai, o maxilar latejante, as narinas infladas; parece estar pronto para ir às vias de fato. Então, finalmente dou um passo à frente para tirá-lo de lá, mas Annie chega antes de mim. Ela o segura pela mão, afastando-o com mais dignidade do que eu seria capaz. Alfonso lança um último olhar para o pai, com tanto ódio que eu me encolho e recuo. Em seguida, ele se vira e começa a acompanhar Annie.

– Venha – murmuro para Dulce, indicando-os com a cabeça.

Quero que saibam que estamos ao seu lado. Quero protegê-los de todos os olhares e fofocas. Sei que Alfonso vai precisar de alguém com quem desabafar. Mas Dulce sai andando na direção contrária. Eu me viro e a vejo parar bem na frente do pai.

– Por que você é tão babaca? – pergunta em voz alta.

Todos viram a cabeça, ansiosos pelo segundo round.

 Merda. Dulce, o que você está fazendo?

 – O que foi que você disse? – ruge Savinon.

 – Eu perguntei por que você tem que ser tão babaca.

 Todos prendem a respiração, em choque, imóveis.

– Vá para dentro – vocifera o pai dela, ficando vermelho.

 Dulce balança a cabeça, com um brilho perigoso nos olhos.

– Vá para dentro AGORA! – urra ele.

Alguém arqueja. Alguém deixa um copo cair. Os garçons estão paralisados, segurando as bandejas. A mãe de Dulce emite um som entre um gemido e um soluço. Merda. Preciso fazer alguma coisa. Dou um passo à frente e ponho a mão nas costas de Dulce.

– Vamos – murmuro o mais baixo possível, tentando afastá-la. Mas Dulce se enrijece ao sentir meu toque. Está com a respiração acelerada, sua boca é uma linha reta de fúria.

 – Tire a mão dela – manda Savinon com a voz sibilante.

Seu rosto está em chamas e ele luta para manter a compostura. Sei que, se não houvesse umas trinta testemunhas ao redor, ele avançaria no meu pescoço. – Entre – ordena de novo para Dulce. – Vá para o seu quarto.

Dulce apenas o encara, trêmula. Parece estar congelada, incapaz de falar e de se mover. O pai levanta a cabeça, vê que todos o observam e segura Dulce pelo braço. Ela solta um gemido abafado. Eu me interponho entre eles imediatamente. Sem pensar, puxo o braço dele e fico na frente de Dulce, sentindo o sangue latejar feito um tambor nos meus ouvidos.

– Acalme-se – sibilo.

– Tire as mãos de mim – retruca ele com a voz ríspida, ficando mais vermelho.

Olho para baixo e percebo que estou segurando seu braço com força.

– Não até você se acalmar.

Ele se desvencilha de mim com uma sacudida violenta do ombro.

– Saia da minha casa. Quem foi que o convidou?

Fico parado, os pés grudados ao chão. A raiva atravessa meu corpo como eletricidade. De repente, somos só Savinon e eu frente a frente, e todos os demais se esvaem em meio à paisagem. Entro nesse estado quando assumo o posto de atirador de elite. Sinto uma calma sombria

Levo alguns segundos para me dar conta de que Dulce está me chamando. Está atrás de mim, com as mãos nos meus braços, me puxando para trás.

– Christopher – repete ela, a voz baixa e premente. – Acho melhor você ir embora

As palavras me machucam, me tiram a calma. Ela está me mandando embora? Quando estou fazendo tudo o que posso para protegê-la? Eu me volto para encará-la, confuso, e me assusto com sua aparência aterrorizada. Atrás dela, avisto a mãe, com um lenço pressionado na boca, os olhos úmidos e turvos, parecendo uma criança perdida num parque de diversões. As pessoas me encaram, em choque. Merda. Dulce está certa. Preciso sair daqui.

– Certo – digo, a voz falha. – Não quero causar vexame.

Eu me desvencilho de Dulce. Estou bravo. Não só com o pai dela, mas também com ela, por me tratar como se eu estivesse errado. De cabeça erguida, caminho para a porta.

– E não volte a pisar nesta casa de novo nem dirija mais a palavra à minha filha – murmura o pai dela quando passo por ele. – Você não presta. Igual ao seu pai.

Ele poderia ter dito qualquer coisa a meu respeito e eu aceitaria, mas o insulto ao meu pai é a gota d’água. Eu me viro e rosno:

– Meu pai vale cem de você.

Sinto prazer ao ver a surpresa que toma conta do rosto de Savinon. Paro bem na frente dele, constatando que temos a mesma altura. Embora ele esteja dez escalões acima de mim, eu não me importo mais.

– Pelo menos meu pai assumiu os demônios dele. Pelo menos os enfrentou. Pelo menos não se considera um homem melhor do que ninguém, quando claramente não é.

O rosto de Savinon muda de vermelho para branco à medida que o sangue se esvai. Sei que estou agindo com imprudência, sei que pisei na zona de perigo, mas não paro, não posso parar. Agora estou embalado, após sete anos aguentando esse cara e vendo-o aterrorizar os filhos.

– Ele não deixa a mulher e a filha apavoradas quando estão perto dele! – grito. – Ele não despreza o filho nem o faz se sentir péssimo. Não controla a filha nem a obriga a andar pisando em ovos o tempo todo. Ele leva a vida tentando se redimir de todos os erros que cometeu, tentando honrar a memória da esposa, tentando ser o melhor pai, avô e homem que pode.

Paro para tomar fôlego. Há rostos borrados, atônitos, nos limites de meu campo de visão, mas procuro ignorá-los. Mantenho o foco apenas em Savinon.

– E olhe só para você – digo, apontando para ele. – Tem uma família maravilhosa, perfeita. Tem um filho de que deveria morrer de orgulho, porque é o melhor homem e o melhor soldado que eu já tive a honra de conhecer. E uma filha tão linda e tão incrível que eu fico sem fôlego toda vez que olho para ela, por quem andaria em brasas só para ver sorrir. E você nem nota que ela existe. Não se esforça para fazê-la sorrir. Você nem sabe o que a faz sorrir.

Vejo com satisfação Savinon abrir e fechar a boca sem conseguir falar à medida que minhas palavras o atingem como balas.

– Está vendo o medo que eles têm de você? – Balanço a cabeça com uma ponta de desgosto. – Você não os merece.

Savinon finalmente se recompõe e urra:

– Fora daqui!

– Christopher, saia, por favor.

Olho ao redor. Dulce está com os olhos baixos e lágrimas rolando pelo rosto. Não consegue me encarar. Só então me dou conta de que, em vez de ser seu defensor, o cavaleiro que chega para resgatá-la, eu fiz o pior possível: eu a humilhei na frente de uma plateia. Merda. Merda. Merda. Percorro os rostos que me rodeiam e vejo o deleite, a estupefação, o choque, o desastre completo que causei na festa. E ali, ali está a mãe de Dulce, estremecendo.

Abro a boca para dizer algo a Dulce – pedir desculpas, implorar que me perdoe –, mas minha mente se esvazia. O que foi que eu fiz? Pensei que estava melhorando a situação, mas tornei tudo mil vezes pior.

– Apenas vá.

Desta vez é Alfonso. Está me olhando com cara de bravo, embora sob a superfície eu note um pedido de desculpas e uma mensagem de alerta.

. – Deixe comigo, Christopher – diz, tenso. – Pode ir. – Ele indica a porta com a cabeça e acrescenta, baixando a voz: – Você só está piorando a situação.

Volto a olhar para Dulce, com o coração apertado, ciente o tempo todo de Savinon ofegando bem na minha frente, emanando ondas de ódio. Mas Dulce está aqui, fitando os pés, com os ombros trêmulos. Não posso deixá-la assim.

– Venha comigo.

 As palavras escapolem antes que eu possa evitar.

 – Não posso – diz Dulce.

Está com os olhos vermelhos, confusos, quase vítreos, como se não acreditasse que eu fosse capaz de pedir isso. Eu a encaro, tentando fazê-la entender que eu só queria ajudar, que a amo, mas ela baixa o olhar – é como se fosse a batida do martelo de um juiz. Com o coração dilacerado, giro nos calcanhares e saio marchando para a porta.

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CHRISTOPHER DEU UMA BOA LIÇÃO NO PAI DA DULCE, AMEI *_____* 

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