Fanfics Brasil - Capítulo-01 Duque Apaixonado AyA

Fanfic: Duque Apaixonado AyA | Tema: Adaptada Ponny


Capítulo: Capítulo-01

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Anahi-


 


 


 


O demo ainda dormia. Anahi Portilla estava espremida contra a janela da carruagem. O fazendeiro a seu lado literalmente resfolegou, jogando o considerável peso sobre ela. Cada movimento vinha acompanhado de um horrível cheiro de peixe amanhecido, misturado com suor.


Ela olhou novamente para o homem sentado à sua frente. Mesmo dormindo, o rosto pálido, de feições finas e nariz aristocrático, era arrogante. A simples lembrança dos frios olhos azuis que a fitaram ao entrar na carruagem, em Londres, lhe causava arrepios. As feições dele lembravam as de Satanás no quadro Paraíso Perdido que seu pai tinha na biblioteca de casa. Com certeza se tratava de um típico cidadão londrino, preguiçoso, inútil, beberrão, presunçoso, conquistador, fruto degenerado de anos de cruzamento da espécie.


Anahi engoliu em seco. Seu tio era um nobre, afinal. E se ele fosse tão frio quanto aquele sujeito?


O cocheiro fez uma curva para entrar no pátio de uma estalagem. Anahi se retraiu para esquivar-se ao toque desagradável da volumosa coxa de seu vizinho, e o movimento brusco fez com que ela batesse o cotovelo no painel de madeira abaixo da janela da carruagem. Ela apertou os lábios para sufocar um gemido de dor, mas era tarde demais. O dorminhoco à sua frente acordara.


Os olhos azuis e frios brilhavam de raiva. O sujeito fitou-a, e o olhar profundo passeou lentamente desde uma mecha Loira que ela sentia cair sobre a testa, descendo até o decote do vestido simples. O lábio superior se curvavanum leve sorriso malicioso. Anahi tinha vontade de desaparecer atrás da cortininha da janela.


Até mesmo o gordo fazendeiro ficou sem-graça.


Felizmente, a porta da carruagem se abriu naquele momento.


— Green Man! — gritou o cocheiro. — Melhor descerem para esticar as pernas.


Antes de descer, o mal-encarado olhou mais uma vez na direção de Anahi.


Quando ele saiu, o vizinho de assento soltou um longo suspiro, que, no fundo, expressava a mesma sensação de Anahi.


— Que alívio — o fazendeiro murmurou, espremendo-se ao sair pela portinhola da carruagem.


Anahi esperava ansiosa por sua vez. Estava sentada desde a partida de Liverpool, e tinha a impressão de que seu corpo inteiro estava dormente. Quando o cocheiro lhe estendeu a mão, ela aceitou agradecida e esticou as pernas sobre o chão de pedra.


— A senhorita está bem? — Um par de pequenos olhos castanhos a fitaram com preocupação, por sob espessas sobrancelhas escuras.


— Sim, obrigada. Estou bem. — Ela soltou a mão do homem para retirar duas moedas da bolsinha, que desapareceram entre os dedos carnudos do cocheiro.


— Espero que alguém a venha buscar — disse ele, embolsando a gorjeta.


Anahi olhou ao redor e puxou o cordão da bolsinha.


— Tenho parentes que moram aqui perto.


— Ótimo. — O homem tocou na aba do chapéu. — Bem, então, boa noite, senhorita. — Ele se aproximou e acrescentou, baixando a voz: — Se eu fosse a senhorita, manteria distância daquele sujeito que estava na carruagem... o grã-fino.


Anahi meneou a cabeça.


— Certamente.


— O gordo fede a peixe. Mas o grã-fino... — O homem balançou a cabeça. — Ele cheira a...


— Coisa maligna. Eu sei. Espero nunca mais vê-lo.


Anahi sorriu para o cocheiro e entrou na estalagem. Era uma construção sólida e aconchegante. A luz e o som de vozes escapavam pelas janelas. Era possível ouvir até mesmo o tilintar dos utensílios de prata e das canecas, misturado às gargalhadas dos homens no salão principal. O aroma de cerveja e carne assada penetrou-lhe nas narinas, mas seu estômago se contorceu em protesto. Estava cansada demais para comer. Tudo que precisava era de um quarto e de uma cama quentinha onde pudesse se deitar.


O estalajadeiro ajeitou os cabelos oleosos e comprimiu os lábios, fitando Anahi quando ela se aproximou do balcão da recepção. Ela respirou fundo e levantou os ombros. Não tinha tempo a perder com cara azeda.


— Preciso de um quarto para passar a noite, por favor.


— Não temos nenhum.


— O senhor deve ter pelo menos um! — Afinal, ela não poderia aparecer na casa do tio àquela hora da noite. — Partirei logo cedo. Vim visitar meu tio, o conde de Westbrooke.


O homem riu com escárnio.


— Ah, o conde é seu tio? E eu sou sobrinho do príncipe! Vá andando, moça. Conheço o seu tipo e não gosto de gente como você na minha estalagem.


Anahi arregalou os olhos.


— O senhor não pode estar pensando que eu... que eu sou...


— Eu sei o que você é, rapariga, e lhe peço que saia da minha estalagem o quanto antes.


Nesse momento, um homem alto e ruivo entrou no saguão. O brutamontes atrás do balcão fez uma reverência.


— Pois não, milorde? O senhor precisa de algo?


— Parece-me que está faltando um pouco de compaixão nesse seu coração de pedra, Jake — disse o homem com voz pastosa, sem tirar os olhos de Anahi. — Você não teria coragem de enxotar essa pobre donzela no meio da noite, teria?


— O senhor conheça essa sirigaita, milorde? — O estalajadeiro olhou desconfiado para Anahi, que obviamente não conhecia seu salvador.


— Bem, ainda não fomos formalmente apresentados, mas eu estava esperando por ela. — O homem se aproximou para escorar na parede. As palavras tinham um forte odor de bebida. O lorde Moreno certamente tinha esvaziado uma garrafa de conhaque.


Anahi deveria ter ficado apavorada, mas havia algo de familiar no sujeito. Ela estudou discretamente os olhos castanhos e o sorriso torto. Talvez fosse parecido com um dos tantos jovens que procuravam seu pai para discutir sobre política, e juntos emborcar canecas e mais canecas de ponche de rum.


— Acompanhe-me, senhorita — disse o estranho. — O quarto fica por aqui. — Ele seguiu na direção da escadaria e se apoiou no corrimão.


O sujeito só podia estar confundindo-a com outra pessoa. Mesmo assim Anahi o seguiu escada acima e ao longo do corredor, cansada demais para dizer qualquer coisa. Com certeza a pessoa que o acompanhante moreno estava esperando não chegaria mais àquela hora da noite, e se chegasse, certamente entenderia a situação e não se importaria de compartilhar o quarto, por uma noite, apenas.


Finalmente o sujeito encontrou o quarto que estava procurando. Ele abriu a porta e se afastou para que Anahi pudesse entrar. Ela parou na soleira. Havia algo que precisava ser esclarecido.


— Este não é o seu quarto, é, senhor?


O homem recostou o ombro largo contra o batente e sorriu. Era impossível ficar imune ao brilho jovial daqueles olhos, ainda que fosse um brilho de embriaguez. E para completar, ainda havia aquelas covinhas nas bochechas. Anahi sorriu em resposta.


— Não, o meu fica no fim do corredor.


— Ah. — Anahi tentou disfarçar o desconforto ao sentir o hálito de conhaque.


— Nesse caso, muito obrigada. — E entrou no quarto. Mas o sujeito continuou parado no mesmo lugar, impedindo-a de fechar a porta, a menos que resolvesse esmagar os dedos do atrevido. — Agradeço muito, milorde.


Ele assentiu com um aceno de cabeça.


— Água — disse. — Aposto que está louca para tomar um banho.


— Obrigada, seria mesmo maravilhoso. — Lavar a poeira da viagem realmente era mais do que o sonhado. — Mas não quero incomodá-lo.


— Incômodo algum. — As covinhas ficaram ainda mais profundas. — Alfonso irá me agradecer por isso. Mandarei trazer a água.


— Quem é Alfonso ? — Anahi indagou, mas o novo amigo já tinha desaparecido no corredor.


Anahi encolheu os ombros e fechou a porta. O misterioso Alfonso que ficasse para o dia seguinte, quando sua mente estivesse mais descansada e preparada para decifrar todo aquele enigma. Em minutos, uma mocinha apareceu com água quente e uma toalha. Anahi esperou que ela saísse, e então se despiu. O calor da lareira aquecia o ambiente enquanto ela se livrava da maresia que pesava sobre o corpo e os cabelos. Após o banho, enquanto se enxugava, ela deu uma olhada nas roupas usadas. Durante os últimos três dias não pudera trocar por outras, limpas, e a idéia de voltar a vestir aquelas outra vez era insuportável. A solução foi pendurá-las para tomar um pouco de ar. Com sorte, estariam com uma aparência melhor na manhã seguinte.


Anahi sentiu um aperto no peito. Por que o pai tivera de insistir que ela viesse para a Inglaterra? Era incontável o número de vezes que ele falara mal da aristocracia inglesa, chamando-a de vírus letal da Inglaterra, de bando de idiotas.


Mas quando estava àbeira da morte, ele insistira e a fizera prometer que iria procurar o irmão dele, o conde de Westbrooke. Anahi suspirou, enquanto escovava os cabelos. Se ao menos a promessa tivesse lhe trazido um pouco de paz! Mas tudo o que trouxera fora ansiedade e aborrecimento. Depois que dera a notícia às irmãs Abington sobre a mudança para a Inglaterra, Anahi não tivera mais nenhum minuto de sossego e fora obrigada a ouvir até o último momento as duas senhoras tentando fazê-la mudar de idéia.


— Como Henrique pôde lhe pedir isso? — Clarissa, a mais baixa e robusta das duas, perguntou pela milésima vez quando Anahi fechou a porta da casa de seu pai pela última vez.


— O pedido foi feito em um momento de delírio — respondeu Abigail, a mais alta e magra, tocando na mão de Sarah. — Não é tarde para mudar de idéia.


Mandaremos um recado para o navio.


Clarissa concordou com tanta veemência que os cachinhos grisalhos balançaram sobre a cabeça.


— Seu pai morreu, Anahi. Agora você precisa fazer o que é melhor para você.


— O que acontecerá se você for para a Inglaterra e o conde não a receber?


Você estará sozinha, à mercê de homens inescrupulosos. — Abigail estremeceu.


— É verdade, Anahi — concordou Clarissa. — Você teve uma infância calma e tranqüila aqui na Filadélfia. Não tem idéia de como é o mundo. Só conhece os americanos, e os homens americanos pertencem a uma liga distinta daquela dos corruptos ingleses. São como água e óleo.


— Os ingleses são devoradores de mulheres — Abigail sussurrou.


— É verdade. Aqueles duques, condes e nobres em geral, eles acham que as mulheres são objetos.


Anahi balançou a cabeça para afastar as lembranças desconfortáveis. Era tarde demais para arrependimentos. Já estava na Inglaterra e esperava ser bem recebida pelo tio. Se não fosse...


Não, era melhor nem pensar nessa hipótese.


 


 


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Autor(a): ponnyayalove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 3



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  • jhulya__ Postado em 03/09/2019 - 14:39:24

    Coont, pensei que havia abandonado

    • hittenyy Postado em 03/09/2019 - 16:34:04

      Abandonei não gata,é que eu tinha me esquecido da senha do site kkk ai nao tinha como eu postar

  • melportilla Postado em 01/03/2018 - 12:48:55

    Continua plis


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