Fanfics Brasil - Todo pesadelo tem um fim. Nightmare.

Fanfic: Nightmare. | Tema: Terror, Horror, Monstro, Violência, Saga


Capítulo: Todo pesadelo tem um fim.

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Já fazia mais de quinze minutos que corriam em direção a ponte. Estavam com suas roupas rasgadas e sujas, machucados, músculos doídos e ofegantes de tanto cansaço. A Lua e as estrelas continuavam ali, observando-os. Pela primeira vez, não havia vento. As folhas das árvores estavam imóveis. O clima era tão tenso e silencioso que conseguiam escutar as sirenes ao longe, ecoando pela floresta. Joffrey liderava o caminho com a lanterna de Karen, iluminando tudo o que podia da estrada em sua frente. Seus machucados estranhamente não doíam mais, a adrenalina e desespero que sentia ignorava a dor. 


Logo atrás dele vinha Jessica. Olhava para os lados, encarava a escuridão que fazia dentro da floresta procurando qualquer movimento suspeito. Atrás dela vinha Samantha carregando a escopeta com cuidado. A pressionava em seu peito, tinha todo o cuidado para não fazer aquela coisa disparar. E por último, corria Nicolas. Com a lanterna mais fraca, seguia os outros iluminando floresta adentro. Movia a lanterna para a esquerda e a direita, alternando entre a floresta que os cercava.


Foi então, rápido como um flash, um vulto negro atravessou a estrada. Tão rápido que os quatro nem tiveram tempo para parar de correr e tentar se proteger. E com ele, Joffrey foi arrastado para a floresta á direita de todos, sumindo na escuridão. Foi tão rápido e inesperado que aconteceu em menos de dois segundos. Foi aí que perceberam que a criatura estava mais cautelosa, mais esperta. Dessa vez, não se movia sobre as árvores, logo não fazia barulho. E se não fazia barulho, o grupo de amigos nem imaginaria que ela estivesse por perto. Depois de ver tudo passar como um flash, Jessica avançou em direção a floresta, planejava ir atrás de Joffrey. Mas antes que pudesse sair da estrada, Nicolas a agarrou pelo braço.


 


O que caralhos tá fazendo, Nicolas? - Ela perguntou tentando se soltar furiosamente. - A gente tem que ir atrás dele. - Os gritos de Joffrey começaram a ecoar pela floresta. -


 


Você não vai. - Respondeu Nicolas encarando a floresta escura. Parecia tentar entender melhor de onde os gritos vinham. - Eu vou. Me dá a escopeta, Sam. - Ele acenou com a mão chamando Samantha. -


 


Você acha que a gente vai deixar você ir sozinho? - Perguntou Samantha segurando a escopeta com ainda mais firmeza, negando o pedido de Nicolas. - Fumou algo antes de sairmos de casa, foi? 


 


Ela tem razão, você não vai sozinho. - Concordou Jessica. -


 


Vocês sempre agem por instinto, né? Nunca pensam sobre nada? - Ele fechou os olhos e balançou a cabeça. - Não podemos ir todos. Lauren precisa de ajuda, não sabemos quanto tempo mais ela pode aguentar. E quanto mais tempo discutirmos, mais tempo estaremos perdendo.


 


Então eu vou! - Disse Jessica determinada.-


 


Seja realista Jessica, eu sou mais rápido que você. - Ele pegou na mão de Jessica e a entregou a lanterna. Em seguida, soltou seu braço e pegou a escopeta de Samantha. Samantha o entregou sem resistir, sabia que Nicolas estava certo.-


 


Então é isso? - Perguntou Samantha receosa. - Você vai entrar nessa floresta tentando se suicidar?


 


Não, não é só isso. - Ele sorriu - Vocês vão correr como nunca correram antes. E então, vão chegar ao resgate sãs e salvas. Lauren e Anthony precisa de vocês. Não os desapontem, ok? - Ele começou a caminhar em direção a floresta. -


 


Nicolas, espera. - Jessica segurou seu braço. Quando Nicolas a olhou, a viu de cabeça baixa.- Você vai voltar, né? - Ela perguntou levantando sua cabeça. Seus olhos estavam cheios de lágrimas.- 


 


É claro que vou. - Ele respondeu sorrindo. - Ainda tenho muitas coisas pra esclarecer. - Ele olhou pra Samantha. Jessica alternou olhares entre os dois, entendeu sobre o que Nicolas estava falando e, em seguida, sorriu. Samantha queimou de vergonha e lentamente caminhou até ele. Segurou o rosto de Nicolas e o encarou por alguns segundos, os olhos do mesmo arregalaram. E então, ela aproximou seu rosto ao de Nicolas e o beijou. Foi rápido e suave, além de verdadeiro. Quando se afastaram, se encararam durante alguns segundos até que Nicolas virou-se novamente para a floresta, dando as costas para as duas.- Eu vou indo então. Nos encontramos daqui a pouco. - Ele disse caminhando até a floresta. As duas continuaram na estrada de mãos dadas, vendo Nicolas desaparecer na escuridão.


 


Nicolas caminhava na floresta escura se guiando apenas pelo rastro que as pernas de Joffrey fizeram enquanto era arrastado. Se perguntava a velocidade em que a criatura estava arrastando Joffrey, pois seguia o rastro a mais de dez minutos. Suas esperanças de achar Joffrey já não existiam mais, estava considerando dar meia volta e voltar para a estrada. Mas não podia fazer isso, sempre que pensava em tal coisa, a cena de Joffrey o salvando vinha em sua cabeça. Ele o devia uma e se não pagasse sentiria-se culpado pelo resto da vida.


Parou de caminhar por um instante. Se perguntava no que estava se metendo. Olhou para cima e viu o céu estrelado junto a Lua. Estavam ali, encarando-o, julgando-o ou torcendo por ele. "Voltar, né?", ele murmurou fechando os olhos lentamente. Abaixou a cabeça e a balançou rapidamente. "Quem eu quero enganar?", ele riu receoso, "Até vocês sabem que a chance de eu voltar são quase nulas". E então, depois de uma grande inspiração e sem esperança alguma, gritou pelo nome de Joffrey pela milésima vez. Mas dessa vez teve uma resposta. Seu nome ecoou pela floresta, não tinha dúvida. Era Joffrey. Começou a correr esquivando de galhos, plantas e troncos em direção ao rastro e tal voz.


Joffrey continuava a ser arrastado pela criatura. Era tão rápido que podia comparar a velocidade com a de um carro. Olhou para cima e viu a mão negra arranhando seu punho esquerdo enquanto o puxava. Estava desde o começo dando socos naquela mão, mas ela parecia não sentir nada. E enfim, parou. Foi lançado pelos braços. Suas costas se chocaram contra o tronco de uma árvore. Gritou de dor e depois deitou-se no chão. Cruzou os braços e acariciou as costelas, tentando aliviar a dor. 


As árvores ao seu redor começaram a balançar violentamente. Sabia do que se tratava, então se levantou mesmo sentindo dor. Seus músculos tremiam, não sabia se era por medo, cansaço ou dor, só os sentia tremer. Enquanto se levantava, notou que não tinha um dos tênis calçados, provavelmente saiu de seu pé enquanto era arrastado pela floresta. Com a mão direita pressionando o lado esquerdo da barriga, começou a caminhar na direção que seu rastro vinha. Sentia sua meia molhar enquanto pisava no chão repleto de terra e folhas úmidas. 
Mal deu três passos com uma de suas pernas mancando e sentiu algo passar por trás dele. Tão rápido quanto o que aconteceu na estrada. Sentiu um leve empurrão em suas costas e logo a sentiu molhar. Tirou a mão direita da barriga e a levou até as costas. Um corte em diagonal a preenchia. Rasgando seu casaco e blusa juntos. Mas Joffrey não parava de caminhar. "Ignorar ela é idiotice", ele pensou, "mas como vou lutar com algo tão rápido? Sequer vou conseguir olhar nos olhos dela! Se e eu não tivesse perdido a maldita lanterna...", ele resmungou. As árvores continuavam a balançar junto de seus galhos. Joffrey parou e, com as costas sangrando, inspirou profundamente. Ele escolheu lutar.
Escutava atentamente o balançar de folhas e galhos. Passava seu olhar entre as árvores, observando todos os movimentos que a criatura fazia. Foi então que ouviu um som diferente, um som ainda mais violento vindo de sua direita. Girou a cabeça e direcionou o olhar de onde o som vinha. E ali estava a criatura. Com seus olhos vermelhos sendo encarados por Joffrey, ela estava no ar, já tinha saltado até ele. Embora estivesse imóvel, não havia como para em pleno ar, então o salto da criatura continuou. Apesar de ter tentado, Joffrey não tinha sido rápido o suficiente para esquivar. A criatura se chocou com Joffrey e os dois foram lançados ao chão á quase dois metros de onde estavam.


Seus olhos piscavam rapidamente, tudo o que via eram as folhas úmidas jogadas ao chão e o começo dos troncos das árvores. E novamente, com os músculos tremendo, Joffrey se levantava com os braços e joelhos contra o chão. Levantou a cabeça e viu aqueles pés negros com suas garras encravadas na terra úmida e macia. Quando tentou levantar ainda mais a cabeça para olhar nos olhos da criatura, tudo o que viu foi a mão da criatura avançando em direção ao seu rosto. Enquanto Joffrey estava de joelhos, a criatura agarrou seu rosto, sua mão preenchia quase ele todo. Joffrey instantaneamente segurou o punho da criatura e o empurrou contra seu rosto. Mas era forte de mais, as garras da criatura perfuravam a cabeça e o maxilar de Joffrey, negando soltá-lo a qualquer custo. Logo o sangue começou a escorrer pelo seu pescoço. 


A criatura o levantou no ar. Suas pernas balançavam inutilmente procurando algum apoio. Suas mãos continuavam a empurrar o punho da criatura. E assim ficou por alguns segundos. Ouvindo a pesada respiração da criatura que brincava com ele como uma criança brinca com a comida quando não está com fome. Temia seu fim, mas sabia que seria ali. Não aceitava aquilo de jeito nenhum, pensava em tudo o que ainda tinha para fazer em sua vida e, acima de tudo, pensava nas desculpas que ainda não tinha pedido á Jessica. Mas o que ele poderia fazer? Enfraqueceu as mãos e soltou o punho da criatura. Parou de balançar as pernas e as soltou imóveis no ar. Tudo o que lhe restava era esperar por uma morte rápida e indolor, mesmo que, pensando no fim dos outros, sabia que era improvável. Joffrey fechou seus olhos lentamente e pensou em Jessica, pensou em tudo o que havia feito e tudo o que ainda queria fazer ao lado dela. Lágrimas escaparam de suas pálpebras fechadas e escorreram pelo seu rosto junto ao sangue. 


E então ouviu a voz de Nicolas ecoando pela floresta e chamando seu nome. Joffrey arregalou os olhos com determinação e voltou a empurrar o punho da criatura. Era a última esperança, a famosa luz no fim do túnel. Abriu a boca e quando a voz para responder Nicolas estava prestes a sair, sentiu algo encravar em sua barriga. A criatura encravou suas garras em Joffrey para evitar que ele conseguisse responder Nicolas. Suas mãos perderam toda a força que faziam enquanto tentavam tirar a mão da criatura de seu rosto e, sem a vontade de Joffrey, largaram o pulso da criatura. Logo, se chocaram com o resto de seu corpo imóvel. Joffrey golfou sangue, pintando seus lábios pálidos e seu queixo com um vermelho carmesim.


A criatura tirou as garras de sua barriga violentamente. A visão de Joffrey ficava turva, seus olhos reviravam e suas pálpebras fechavam involuntariamente. Cerrou os dentes com raiva, não aceitava aquele fim. Só restava fazer uma coisa com a força que ainda lhe sobrava. "Nicolas!", ele gritou com seu corpo imóvel ao ar. Sua voz ecoou por segundos pela floresta. A criatura rosnou e, em seguida,  perfurou sua barriga violentamente e rapidamente mais três vezes. Joffrey golfou ainda mais. Fechou os olhos e aceitou que era seu fim. "Agora sim, coisa escrota", ele disse para a criatura com a voz fraca, cuspindo sangue a cada sílaba. E enfim, ainda levantado no ar, deu sua última respiração.


Jessica continuava a correr pela estrada ao lado de Samantha. E então, ela parou de correr, virou-se e encarou floresta adentro. Samantha parou logo em seguida e pôs a mão sobre o ombro de Jessica. O balançou levemente, mas não obteve resposta de Jessica. Ela continuava a encarar fixamente a floresta escura. 


 


Jessica? - Ela a chamou balançando seu ombro com um pouco mais de força. - O que aconteceu? - Jessica balançou a cabeça para os lados e piscou os olhos repetidamente. -


 


Não é nada, - Ela respondeu voltando a olhar para a estrada. - só tive um mal pressentimento, sei lá. 


 


Eles vão ficar bem, tá? - Disse Samantha puxando-a pelo braço para que continuassem a correr. - Mas nós temos que ir.


 


Enquanto isso, Nicolas parava de correr. Depois de mais de meia hora correndo, havia chegado no fim do rastro. Estava de pé em frente a uma poça de sangue que refletia a Lua e as estrelas. Colocou a coronha da escopeta no chão e abaixou-se apoiando nela. Abriu a mão direita e molhou a ponta de dois dedos no sangue, formando pequenas ondas que momentaneamente deformaram a Lua que ali refletia. Estava quente, então deduziu que era recente. 


"Cheguei tarde?", ele perguntou a si mesmo enquanto se levantava. Não sabia como prosseguir dali. Então, girou a cabeça e começou a olhar seu redor silenciosamente. Um suave vento corria ali, batia nas brechas dos troncos e formava um baixo assovio, se chocava com as folhas e causava um leve farfalhar. Abaixou a cabeça e pensou em dar meia volta, mas foi quando viu um rastro de pequenas gotas no chão. Agora, sabia pra onde prosseguir. 


Começou a seguir o rastro de sangue que manchava folhas, troncos e o chão com um vermelho carmesim. Olhava ainda mais atentamente para a floresta, tentando enxergar algo num breu infinito. Talvez, no fim das contas a Lua realmente estivesse torcendo por ele, afinal, sua luz era a única coisa que iluminava o caminho de Nicolas. "Eu sou bem idiota, deveria voltar", ele murmurava enquanto andava pela floresta escuro.


Parou de caminhar num instante, praticamente paralisou. A única coisa que se movia eram seus olhos castanhos, deslizavam-se encarando partes da floresta. O motivo de tal parada era o violento balançar de galhos e troncos de árvores. Conseguia escutar ao longe, mas se aproximava cada vez mais. "Não pode ser o vento", ele pensou, "não tem como ser". Jogou suas costas contra uma árvore e ali ficou escondido, prestando atenção no som que se aproximava. 


Lembrou dos raros momentos que seu pai passava com ele. Eram raros fins de semana, a maioria caçando na deserta floresta de sua cidade. Seu pai lhe ensinara tudo o que precisava saber sobre atirar em veados quando tinha cerca de 16 anos. Sabia que não estava prestes a atirar em veados, mas já era alguma coisa. "No final, você serviu pra algo, não é, velho?", ele murmurou enquanto os sons do balançar de árvores ficavam cada vez mais altos e próximos.


Não demorou muito para que as árvores balançassem ao seu redor. Nicolas sabia o que significava, a criatura provavelmente já sabia onde ele estava. Saiu de onde estava escondido e começou a caminhar, ignorava tudo o que acontecia ao seu redor. Quando parou de caminhar, estava entre duas árvores. "Você só vai atacar por trás, ou pela frente", ele disse como se falasse com a criatura, "e então, qual vai ser?".


As árvores continuaram a balançar. Nicolas levantou a escopeta e começou a mirar onde balançavam. E então, segundos depois, pararam de balançar. Foi repentino, logo, não achou que a criatura tivesse ido embora, afinal, se tivesse ido os sons diminuiriam, mas ele sumiram por completo. Não esperava por aquilo, então começou a mirar para lugares aleatórios por pleno desespero. Foi quando notou que uma sombra caía sobre ele. Tampava toda a luz que a Lua fazia. Levantou a escopeta e mirou para cima. E lá estava a criatura, caindo sobre ele. Nicolas, em desespero, disparou. Atingiu o ombro direito da criatura, quase arrancando todo o seu braço magrelo fora. Muito embora não foi o suficiente para impedi-la de cair em cima dele. Nicolas foi completamente surpreendido. A criatura não atacou pela frente e nem por trás, e sim por cima.


A criatura caiu por cima dele e tapou seus olhos com sua mão esquerda. Tentava mexer seu outro braço, mas o tiro de Nicolas foi o suficiente para a impedir disso. Seu braço mantinha-se junto ao corpo apenas por uma pequena quantidade de músculo que não tinha sido destruída. Nicolas sentiu seu peito molhar. O sangue da criatura escorria pelo corpo da criatura até o peito de Nicolas, sujando-o com uma cor roxa. Nicolas movia seus braços e mãos pelo chão procurando a escopeta, mas ela não estava perto de seu corpo. A criatura ficou ali, em cima de seu corpo enquanto rosnava. Olhava para os lados, procurando o que fazer. Afinal, não conseguia mover um braço e se tirasse a mão do rosto de Nicolas, ele poderia encará-la.


A criatura então parou de olhar para os lados e olhou para Nicolas. Ficou assim durante cinco segundos. Abriu a boca e rosnou, parecia sorrir enquanto o fazia. Percebendo que não conseguiria recuperar a escopeta, Nicolas começou a empurrar a mão da criatura, tentando tirá-la de seu rosto. Um bafo quente aproximou de seu pescoço e queixo. Era a criatura, aproximou seu rosto ao pescoço de Nicolas com a boca aberta, deixando a amostra seus dentes negros e afiados. 


Mesmo sem ver, Nicolas notou o que ela planejava. Usou sua mão direita para tentar afastar o rosto da criatura, segurando seu queixo. Num movimento rápido e feroz, a criatura o mordeu, arrancando três dedos do lado direito de sua mão. Nicolas afastou a mão e gritou de dor. Seu grito ecoou por toda a floresta enquanto sua mão jorrava sangue neles, no chão, plantas e árvores ao seu redor. A criatura voltou a aproximar seu rosto ao de Nicolas, e o mesmo tentou novamente afastá-lo usando sua mão esquerda. Dessa vez empurrava o rosto da criatura na altura da testa. Ao perceber isso, desceu mais sua mão sobre o rosto da criatura e, numa tentativa desesperada de fazer algo, usou seus dedos para furar seus olhos. 


Naquele momento se surpreendeu, seus olhos eram quentes como brasa e duros como pedra. Afastou os dedos e tentou furá-los diversas vezes, mas foi em vão, eram praticamente inquebráveis. Um vento forte bateu, causou um alto farfalhar de folhas. Nicolas desistiu. Voltou a afastar o rosto da criatura pela testa e novamente foi mordido. Dessa vez, ficou sem seu punho. Gritou ainda mais de dor. Sujava ainda mais o seu redor com o vermelho carmesim de seu sangue. 


A criatura voltou a aproximar seu rosto ao de Nicolas. Ao sentir sentir de novo seu bafo quente, Nicolas tentou afastar seu rosto com o que restou de suas mãos. Mas já não tinha força pra nada, a criatura apenas o ignorou. Abriu a boca soltando um bafo ainda mais quente e o mordeu. Encravou seus dentes na garganta de Nicolas e ali ficou por cinco segundos, sentindo o gosto de seu sangue quente. Depois disso, deu uma arrancada violenta, deixando apenas um buraco jorrando sangue no pescoço de Nicolas. A criatura tirou sua mão do rosto de Nicolas e se levantou. Ficou ali encarando-o, vendo-o golfar sangue enquanto tentava respirar. 


Nicolas nem sequer deu o trabalho de olhar para a criatura, sabia que iria morrer de qualquer jeito. Seu olhar foi diretamente para o céu, ou melhor, para a Lua. Ela ainda o encarava, mas dessa vez sua luz morria. A visão de Nicolas se perdia num imenso breu, seu corpo perdia as forças. Não demorou muito para que Nicolas estivesse deitado em cima de uma poça de sangue. Quando tudo se apagou, quando perdeu toda a visão que lhe restava, Nicolas morreu afogado pelo próprio sangue.


Samantha e Jessica finalmente pararam de correr. Seus corações desaceleravam a cada segundo que passava, estavam aliviadas. Diante da ponte, viam os oficiais de polícia correr em sua direção com lanternas e armas, vinham resgatá-las. Do outro lado da ponte estavam as viaturas e ambulâncias, sendo impedidas de passar por um gigantesco tronco de árvore caído na estrada. Minutos depois estavam sentadas em uma das ambulâncias. Com cobertores nas costas, observavam as luzes das lanternas dos policiais enquanto procuravam por seus amigos floresta adentro. Ficaram ali até o dia amanhecer. Na manhã seguinte foram encaminhadas para um hospital na cidade.


Então, três anos se passaram. Fazia quase um ano que as investigações tinham sido canceladas. A polícia concluiu que com certeza foram assassinados, mas não pela criatura que Samantha e Jessica descreviam, e sim por alguém, mas não se sabia quem. Todas as descrições da criatura foram consideradas exagero por causa do medo e desespero que as duas amigas sentiram. 


Anthony foi encontrado morto ao lado de sua irmã. Tinha os olhos furados, torso perfurado e um dos braços fora do corpo. Sangue foi encontrado no que restou porta e paredes ao redor dela do quarto em que estavam. Sendo assim, a polícia concluiu que Anthony lutou para evitar que o assassino entrasse no quarto. Lauren morreu naquela madrugada de hemorragia causada por seus ferimentos. 


A cabeça que o grupo de amigos encontraram na floresta era de Barry e só foi recuperado graças a Samantha e Jessica, pois contaram todos os detalhes. O corpo de Barry e Karen foram enterrados em frente ás suas respectivas torres. Hoje nenhum guarda florestal trabalha lá.


Os corpos de Joffrey, Joseph e Nicolas nunca foram encontrados. A polícia os considerou desaparecidos ou mortos.


A história do grupo de amigos apavorou a pequena cidade cujo se encontrava perto da floresta onde ocorreu o incidente, apavora até hoje. Depois de tudo aquilo, a criatura acabou entrando para o folclore local, colocando medo em caçadores e campistas. Sua lenda diz que a criatura é um tipo de protetor da floresta, podendo matar quem a faz mal. O turismo e acampamento na floresta diminuíram em mais de 80%. Um monumento em memória aos falecidos foi construído na beira de uma estrada onde passam carros de viagens. Samantha e Jessica vão levar flores até o monumento todo ano. 


A família de Joffrey nunca mais visitou a casa novamente. E com isso, os moradores locais passaram a dizer que agora a criatura mora ali.


Samantha e Jessica passaram por muita terapia no primeiro ano depois e tudo ter acontecido, mas hoje vivem normalmente.


Jessica reformou a casa de Nicolas, mas deixou o quarto do mesmo intocável . Hoje mora lá com Marcos, seu marido. Ela está gravida de três meses e, caso o bebê for menino, colocará o nome do filho de Nicolai. 


Samantha mora na mesma cidade que Jessica. Está namorando e morando com Lucian à seis meses. Ele é professor de química.


As duas montaram uma ONG para crianças órfãs em sua cidade junto com outras pessoas. Samantha é a professora de Educação física das crianças e Jessica trabalha lá como médica. Na ONG, ensinam as crianças com a mesma vontade que Anthony tinha de aprender. As tratam com tamanha gentileza como Lauren as trataria. Ensinam que o dinheiro não é tudo, a família e amigos é mais importante, assim como Joffrey demorou, mas aprendeu. Tratam os problemas das crianças como os de Joseph deveriam ter sido, sem preconceito e com compreensão. O nome de sua ONG é "Waking up for a dream" e sua logo são duas mãos dadas mantidas por um fio vermelho.



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Autor(a): kaysouza

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