Fanfic: Nightmare. | Tema: Terror, Horror, Monstro, Violência, Saga
Samantha descia as escadas da casa já preparada para partir. Viu as portas dos outros quartos fechadas e deu-se a entender que era a primeira a estar pronta. Até ver Nicolas. Ele estava escorado na sacada encarando a floresta. Recapitulou tudo o que aconteceu ontem, lembrou-se de tudo o que Nicolas havia feito. Percebeu que o mesmo provavelmente estava se sentindo culpado. Então, Samantha abriu a porta da sacada e andou lentamente até ele. Parou ao seu lado e observou sua cara, parecia pensativo. Ele havia notado sua presença ali, mas preferiu ficar calado e observar a floresta ser consumida pela neblina. "Bom dia.", ela disse encarando-o. Nicolas direcionou seu olhar a ela, olhou bem fundo nos seus olhos.
Bom dia. - Ele respondeu -
Está acordado a muito tempo? - Ela perguntou -
Nicolas bufou, parecia inquieto, sentia que deveria falar algo sobre ontem.
Me desculpa por ontem... - Ele disse em voz baixa e tímida -
Não creio que seja pra mim que dev-
Não creio que seja eu que deva pedir desculpas. - Ele a interrompeu como um trovão interrompe os sons de uma chuva caindo no telhado -
Samantha arregalou os olhos, não esperava aquela resposta. Nicolas voltou a encarar a floresta que se tornava branca devido a neblina e Samantha fez o mesmo. Ambos ficaram calados por minutos, sequer trocavam olhares. Até que Samantha tomou coragem novamente e voltou a encará-lo e Nicolas a respondeu com o mesmo olhar. Samantha o encarava com um olhar estranho, como se não o conhecesse. Nicolas a olhava com um olhar culpado e inquieto, seus olhos brilhavam.
Nunca tinha visto você daquele jeito... - Ela disse - Você deve amar mesmo a Jessica, não é? - Samantha ficou vermelha, completamente tímida -
Amar? - Disse Nicolas com uma de suas sobrancelhas levantadas - De que modo?
Você entendeu. - Ela respondeu evitando o olhar - O que você acabou fazendo ontem demonstrou isso.
Sim, eu a amo. - Ele respondeu voltando a olhar a floresta -
Samantha mudou sua expressão novamente. Parecia decepcionada. Deu as costas a floresta e encarou seu reflexo nas portas de vidro da casa.
Mas não do jeito que você acha. - Ele voltou a falar -
O quê? - Ela perguntou ainda encarando seu reflexo no espelho, porém mais animada -
Minha mãe faleceu no meu parto e meu pai estava sempre viajando a trabalho. - Ele respondeu - Conheci Jessica no jardim de infância. Eu estava chorando no pátio, vendo as outras crianças brincarem na educação física. Ela se sentou ao meu lado e perguntou o que estava acontecendo. Nunca tinha a visto antes, mesmo assim ela pareceu se importar mais comigo do que meu próprio pai. - Nicolas se calou por um instante. Samantha voltou a olhar para ele, viu que uma lágrima caía de seu rosto - A respondi dizendo que não queria voltar pra casa mais um dia e me sentar na mesa de jantar junto a uma empregada que nem ligava caso eu estivesse ali ou não. Estava cansado daquilo. Ela levantou minha cabeça e limpou minhas lágrimas do meu rosto. Tinha perguntado se eu queria jantar com a família dela naquele dia, e eu aceitei. Desde então, conheci cada vez mais ela e seus pais. Eles me tratavam como se eu fosse seu filho. Me tratavam melhor do que meu pai. - Nicolas apertou as cercas da sacada com força, afundando suas unhas na madeira - Desde então, a considero minha irmã. E Joffrey tem a coragem de fazer aquilo com ela? - Ele riu ironicamente e soltou as cercas - Sei que não tenho nada a ver com o relacionamento dos dois, mas me importo com a Jessica. Assim como ela se importou comigo.
Eu não fazia ideia... - Ela disse - Então não vê um futuro com ela?
Claro que vejo. - Ele riu - Me vejo indo visitá-la. Crianças abrindo a porta e dizendo: "Mãe, o tio Nicolas chegou", seria incrível.
Lembra daquela vez, na festa de Joffrey, logo depois da formatura? - Ela perguntou sorrindo -
Quer mesmo lembrar disso? - Ele perguntou com uma das sobrancelhas levantadas e a voz mais aguda -
Sim, Nicolas. - Ela o encarou com lágrimas nos olhos - Preciso de uma resposta, por mais idiota que ela seja. Nós ficamos bêbados e dormimos juntos. Acordamos assustados no dia seguinte e prometemos nunca contar aquilo pra ninguém. Achava que você não queria contar porque amava Jessica. Amar e não ser amada... aquilo me destruiu. Consequências do primeiro porre...
Nicolas arregalou os olhos e a estranhou. Nunca pensou ouvir aquilo de Samantha, ainda mais quase chorando.
Você sempre me odiou. - Ele respondeu - Fingi que não gostei porque achei que você não tinha gostado!
Eu queria que você pensasse que eu te odiava. - Ela riu e limpou as lágrimas de seus olhos com as costas da mão - Mulheres são estranhas Nicolas, devia saber. - Ela se calou por um instante e pensou no que Nicolas havia respondido - "Fingi que não gostei" - Ela repetiu com um sorrido adorável no rosto - Então você gostou, não é?
Nicolas queimou de vergonha. Seu rosto ficou completamente vermelho e, na tentativa de escapar de tanta vergonha, voltou a encarar a floresta.
Que idiotice. - Ele riu - E só vamos descobrir isso agora... Talvez estejamos ligados pelo fio vermelho.
Fio vermelho? - Ela perguntou -
Sim. - Ele respondeu voltando a encará-la, agora sem vergonha alguma - Faz parte da mitologia japonesa. É um fio vermelho, que liga duas pessoas. A história conta que essas duas pessoas ligadas estão destinadas a ficar juntas, não importa o que aconteça, não importa o obstáculo ou pessoas que encontrem. O fio é indestrutível, e nada pode arrebentá-lo.
É, parece cabível para nós. Afinal, somos complicados, né? - Ela sorriu e encarou a floresta -
Nicolas fez o mesmo. E assim ficaram minutos calados, apenas curtindo o momento. Nicolas expirou lentamente, vapor saía de sua boca devido ao frio.
Lembra do que me perguntou quando fomos religar a energia? - Ele perguntou de repente -
Sim, o que tem? - Ela respondeu -
Já que estamos colocando as cartas na mesa, por que não contar? - Ele disse encarando a floresta mais seriamente - Pode parecer idiotice, ou frescura, mas eu estava mal. Não me alegrava com nada, não me divertia em festas, odiava meu trabalho, odiava estudar e, principalmente odiava as pessoas ao meu redor. Parei de me alimentar adequadamente, passava dias sem comer nada. Cheguei a pensar em suicídio. "Hmpft" - Ele bufou - Sempre fui tão positivo, não sei por que fiquei daquele jeito. Mas foi horrível, Sam. Não tentei me suicidar, isso admito. Talvez porque não tivesse coragem ou não encontrar um motivo do por que estar tão pra baixo daquele jeito. Mas minha falta de alimentação causou um desmaio no trabalho. Acordei dois dias depois, senti alguém segurar minha mão. Era Jessica e, logo atrás dela, estava Joffrey. Ambos sorriam pra mim, alegres por eu estar acordado. Tinham chegado no hospital seis horas depois de terem recebido a notícia de que eu estava mal. Mesmo morando em outra cidade vieram tão rápido, e por uma coisa tão estúpida que nem eu sabia o motivo de estar acontecendo, mas aconteceu. Achei que tal coisa nunca aconteceria comigo, fui idiota.
Todos nós temos nossos problemas, Nicolas. - Ela disse - E só nós podemos entendê-los.
Tem razão. - Ele bufou - Mais tarde vou falar com Joffrey e Jessica, pedir desculpas a eles. Por mais que ele tenha sido um babaca, estava lá pra me ajudar.
Faça isso. Vai se sentir melhor. - Ela disse - Vai fazer ele se sentir melhor. Aliás, dê uma chance a ele de se explicar.
Eu vou. - Ele disse andando até o lado de dentro da casa -
Eram pouco mais de sete horas da manhã. Todos já estavam meio a estrada caminhando para chegar a torre de vigia. A neblina tomava conta da floresta e, consequentemente, tudo ao seu redor. Mal podiam ver os picos das montanhas. Estavam agasalhados, com calças compridas e casacos pesados de tanto tecido. Talvez, por restar de dia, pareciam menos tenos, conversavam tranquilamente, porém, não paravam de olhar ao redor tentando ver algo através da neblina. Andavam separados em pequenos grupos. Joseph liderava o caminho segurando um mapa e Jessica e Samantha ao seu lado. Anthony e Nicolas carregavam mochilas com precauções e Lauren vinha com eles logo atrás. E, por último, afastado de todos, vinha Joffrey. Ele olhava fundo para dentro da floresta, tentava evitar qualquer contato com os outros, andava cabisbaixo, como se não devesse estar ali. Seu olho direito estava roxo, usava um band aid no nariz e tinha um arranhão na bochecha esquerda. Além disso, usava ataduras debaixo da camisa para seu ferimento no ombro. Lauren o notou. O olhou de cima a baixo. E, sem que Nicolas e Anthony percebessem, parou de andar, esperou Joffrey alcançá-la e começou a andar ao seu lado. Quando percebeu que Lauren estava ali, Joffrey deu um breve sorriso, mesmo assim, continuou parecendo triste. Ele voltou a olhar floresta adentro.
E então? - Disse Lauren em voz baixa - Como você está?
Mal. - Ele respondeu rapidamente - Mas acho que não posso me queixar, né? - Ele olhou para Lauren e deu outro breve sorriso - Lauren... sendo sempre gentil. Ás vezes me pergunto do por que de você ser assim.
Sério? - Ela perguntou animada - Adoro quando perguntam! Pergunte!
Então tá. - Ele disse com uma de suas sobrancelhas levantadas - Por que é sempre tão gentil?
É uma ótima história. - Ela começou a contar olhando para o céu nublado - Aconteceu quando tinha acabado de entrar no ensino médio. Estava indo pra escola, passando na frente de um beco. Uma pequena garotinha andava na minha frente com sua mãe. E então, ela parou. Começou a puxar a manga da blusa da mãe, tentando levá-la para o beco. Por curiosidade eu parei e fui olhar o que era. Era um gatinho filhote. A menina implorava para que a mãe o ajudasse, para que pelo menos desse comida a ele. Depois de muita imploração, a mãe tirou um pacote de bolinhos... eu acho, - Ela apertou os olhos - e jogou no chão para o gatinho. Achei aquela ação linda, então fui perguntar a menina do por que se importava tanto com o gatinho. - Ela riu e direcionou seu olhar para Joffrey - A resposta dela foi breve, sincera e confiante. "O que custa?" ela me respondeu. Pode parecer idiotice pra você, mas disse tanta coisa com pouquíssimas palavras. Fiquei pensando naquela resposta durante dias, e não sei por que pensava tanto naquilo. Foi então que percebi que a inocência de uma criança poderia mudar o mundo.
E por que acha isso? - Ele perguntou -
Porque são gentis. - Ela respondeu sorrindo - Já mudei a expressão de várias pessoas apenas com uma frase, Joffrey. "Como foi seu dia?" - Ela começou a citar - "Esse chapéu fica lindo em você." "Adorei o que fez no cabelo." E realmente, o que custa? - Ela sorriu novamente - Desde então venho levando uma frase em minha cabeça. "A inocência de uma criança pode ser a genialidade de um gênio." - Ela puxou as mangas e o mostrou uma tatuagem em seu anti-braço com a mesma frase - E então, o que custa fazer algo bom?
Nada. - Ele respondeu sorrindo com o canto da boca -
Ambos ficaram calados observando os outros andarem em sua frente. Lauren direcionou seu olhar novamente para Joffrey e perguntou:
Já falou com ela?
A expressão de Joffrey mudou novamente. Era como se todos os seus problemas tivessem voltado a sua mente.
Desculpa, não é da mi-
Fui. - Ele disse a interrompendo - Ela estava dormindo no quarto de Nicolas, mas como esperado, não quis atender a porta.
Você realmente a traiu, Joffrey? - Ela perguntou cautelosamente - Pergunto porque não acredito que faria isso.
Sim. - Respondeu Joffrey com um olhar triste e culpado - Mas não do jeito que vocês pensam. Foi na festa de um amigo nosso, o Mike. Fiquei bêbado e acabei beijando uma garota, mas ficou só nisso, juro! - Ele arregalou os olhos - Dois dias depois recebi uma mensagem da mesma garota. Ela começou a me chantagear. - Ele riu ironicamente - A vadia sabia que eu tinha... condições. Começou a pedir dinheiro e, em troca, não contaria nada pra minha namorada. Isso se estendeu por meses, até dar no que deu.
Você é muito idiota, Joffrey. - Ela disse - Por que não contou a Jessica?
Fiquei com medo dela não entender. - Ele respondeu direcionando seu olhar triste ao chão - Fiquei com medo de estragar tudo... assim como agora.
E então, a conversa foi levada mais adiante. A paisagem seu redor começou a mudar. Segundo Joseph, precisariam subir um grande morro e passar por dentro de uma caverna para então, continuar seu caminho. Já estavam subindo o morro. Era muito maior do que pensavam. Joseph seguia na frente e, em seguida, vinha Jessica, Anthony, Nicolas, Joffrey e por último, Lauren. A direita de todos estava uma enorme queda. Tudo o que tinham para evitar cair era uma velha cerca de madeira. Ao olhar para baixo, mal viam os topos das árvores devido a tanta neblina. Na sua esquerda estava uma parede de pedra e rochas, apenas alguns matinhos cresciam ali. Estavam cada vez mais altos e cada vez mais cegos por conta da neblina. Andavam calados e com medo de cair daquele lugar, afinal, chovia no dia anterior então o caminho estava escorregadio. Joffrey andava atrás de Nicolas. Olhava suas costas com receio. Até que então, sentiu uma pequena pedra caindo em seu ombro esquerdo. Apenas limpou a poeira e a ignorou. Sentiu outra pequena pedra cair novamente logo depois, dessa vez em sua cabeça. Joffrey esfregou o cabelo e limpou a poeira e, logo depois, olhou para cima. Lá estava a criatura novamente, surgindo da neblina. Estava no ar, pulando em direção a Nicolas. Não havia como pará-la, mesmo se a olhasse, ela iria derrubar derrubar Nicolas. Joffrey então avançou. Gritou o nome de Nicolas e o mesmo virou. Nicolas viu a criatura vindo em sua direção, a menos de um metro do seu rosto. Sentiu um empurrão no peito e, consequentemente, deu alguns passos para trás. Era Joffrey, que agora estava em seu lugar. A criatura o empurrou, fez com que a cerca fosse quebrada com a força do impacto de seus corpos. Nicolas estendeu a mão para Joffrey, mas não adiantou. Tudo o que pôde fazer foi observá-lo cair dentre os troncos das árvores e sumir junto com a criatura dentro da neblina. A neblina se separou, formando um buraco onde caíram, mas logo em seguida se recuperou. Podia escutar os sons de galhos quebrando, galhos que Joffrey quebrava com sua queba. Sem que percebesse, todos estavam ali, ao seu lado. Escorados na cerca tentando ver algo morro abaixo, mas a neblina os impedia. Jessica parecia querer se jogar morro abaixo, havia se esquecido de tudo que Joffrey fez. Não se controlava, se debatia tentando se soltar de Joseph. Nicolas continuava a encarar a queda. Era pra ter sido ele, Joffrey salvou sua vida, e ele sabia disso. Carregando Jessica a força durante todo o caminho, chegaram na caverna que estava no mapa. Sentaram e começaram a discutir.
Não podemos deixá-lo! - Disse Jessica chorando - Não assim! Precisamos voltar!
Precisamos chegar na torre Jessica, - Disse Joseph agachado em sua frente - precisamos de ajuda.
Puta merda, puta merda! - Anthony murmurava andando em círculos pela caverna - Isso tá mesmo acontecendo?
Jessica tem razão, - Disse Lauren sentando ao lado de Jessica - precisamos voltar!
Não podemos voltar! - Disse Joseph - E se acontecer a mesma coisa com a gente?
Devemos voltar. - Disse Nicolas receoso enquanto encarava a entrada da caverna - Pelo menos alguns de nós precisa.
Tá dizendo pra nos separarmos de novo? - Perguntou Anthony parando de andar - Lembra do que aconteceu ontem, Nicolas? Tínhamos nos separado!
Porra! - Gritou Jessica se levantando velozmente - Vocês vão deixar um amigo pra trás assim? É sério? Ele já teria ido atrás de vocês! - Jessica andou até a saída da caverna e parou ao lado de Nicolas - Que se fodam! Se não quiserem ir, eu vou.
Eu também vou. - Disse Nicolas direcionando seu olhar culpado ao chão - Era pra ter sido eu, aquela merda de criatura pulou em mim e o idiota entrou na minha frente... babaca.
Tô dentro também! - Disse Samantha -
Ah, que se foda mesmo! - Disse Lauren andando até Nicolas e Jessica - Eu também vou!
Que se dane então, vamos! - Disse Anthony pegando sua mochila no chão -
Não. - Nicolas o refutou - Vão até a torre e expliquem ao guarda o que está acontecendo. Tragam-no aqui, assim vamos economizar tempo. - Nicolas ajeitou as alças de sua mochila no ombro e saiu da caverna -
Tenham cuidado. - Disse Anthony andando caverna adentro com Joseph -
Autor(a): kaysouza
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Já se faziam mais de uma hora caminhando depois que se separaram dos outros. Anthony parecia inquieto. A cada segundo que passava, apressava mais o passo, não via a hora de chegar na torre. Joseph tentava acompanhar seu passo, entendia o porque de estar daquele jeito, afinal, sua irmã foi pra onde a criatura estava. Até que finalmente tiveram sina ...
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