Fanfic: Domando o coração (ayd adaptada) finalizada | Tema: Portinon

POV Anahí

Dulce dormiu depois de um tempo e eu permaneci acordada velando seu sono. O dia havia sido cheio, mas eu não consegui pregar o olhar. Minha cabeça girava e pensava sobre milhões de coisas relacionadas a nós duas. Eu a amava, não tinha duvidas disso, mas eu também sabia que não iria conseguir viver na cidade. Talvez eu pudesse até tentar, mas as coisas iriam começar a da errado novamente, era como se a força do destino me levasse para a fazenda a cada acontecimento na cidade. Ouvi batidas na porta e olhei para o relógio. Quatro e quarenta da manhã. Poderia ser Vero com noticias. Tirei Dulce, cuidadosamente, dos meus braços e caminhei até a porta, ao abrir eu tive uma surpresa. Angelina estava ali parada.

- Sei que talvez eu seja a ultima pessoa quem você queira ver, mas eu vim falar sobre algo importante, porém antes... Como ela está? – realmente vi preocupação em seus olhos.

- Ela está abalada emocionalmente, mas fisicamente está bem. – respondi.

- Você me culpa certo?

- Você mesma disse que armou para ela se encontrar com o Austin, como não quer que eu te culpe? – falei sincera.

- Eu apenas fiz os dois se encontrarem, não a obriguei a beijá-lo, nem mesmo sabia que ele era um estuprador em série Anahí. Eu sempre joguei para ganhar e você foi a primeira coisa que eu perdi. Não vim aqui discutir sobre as coisas do passado, realmente me sinto mal por isso ter acontecido com ela, nenhuma mulher deveria passar por isso. – ela parecia sincera.

- O que veio fazer aqui?

- Eu vim te entregar isso – Ela tinha duas cartas na mão. – Cristopher falou comigo sobre Dulce querer se demitir e veio me pedir para facilitar as coisas. Primeiro, eu ouvi sua conversa com ela no Hall do hotel a alguns dias e uma coisa preciso dizer, Dulce não ganhou o cargo de editora chefe por conta do Mahone, eu quem a coloquei lá, porque eu conheço o trabalho dela e sei que ela é mais que competente para tornar nossa revista na número um da Alemanha – Eu me senti orgulhosa de Dulce e uma idiota ao mesmo tempo. Eu sabia que ela trabalhava muito, mas ainda assim a acusei. – Austin Mahone era apenas um dos investidores, ele não tinha nenhum poder de decisão nisso. Segundo, depois de mim Dulce é a única que poderia comandar essa revista, foi minha melhor assistente e sei que daria a vida pela revista, me sinto até honrada de dar a ela esse emprego.

- Por que não diz isso a ela? – eu cruzei os braços.

- Porque eu preciso dizer isso pra você. – ela me estendeu os dois envelopes. – O envelope amarelo tem uma passagem para Alemanha e a carta para ela assumir o cargo que sempre quis. A carta branca é a carta de demissão que ela queria. Eu sei que se eu fizesse isso, ela pegaria a carta branca, não porque quer deixar a revista, mas porque quer provar que ama você e é capaz de largar tudo para ficar com você – Arregalei meus olhos e lembrei do momento em que estávamos no vestiário. Tudo nela dizia que ela queria ir, mesmo ela dizendo que não iria se eu pedisse.

- Ela quem deveria fazer essa escolha.

- Sabemos o que ela vai escolher, mesmo no fundo querendo outra coisa. – Eu peguei os envelopes – O vôo dela sai no mesmo horário que o seu vôo para Nova York, você tem até as onze para decidir, eu vou voltar mais cedo para Nova York, então só saberei quando pousar lá. Pense bem, você tem o futuro da mulher que ama nas mãos. – Ela deu as costas e saiu andando.

- Angelina! – a chamei e ela parou – Se fosse você no meu lugar, o que faria? – ela ficou pensativa.

- O Brad já esteve no seu lugar e ele escolheu me deixar ir. – ela estava sendo sincera.

- E o que aconteceu?

Ela abriu os braços, sorriu e deu de ombros – Nunca vou encontrar um homem que seja como ele na cama – nós duas rimos, mas logo paramos – O que é nosso, o mundo gira, o vento sopra, mas sempre volta pra nós. – Ela piscou e saiu andando.

Entrei no quarto e fiquei mais confusa ainda. Eu quero muito ficar com Dulce, queria de verdade, mas no fim sabia que mesmo voltando para Nova York ela não iria comigo para a fazenda. Minha cabeça estava saindo fumaça quando percebi que já passavam das sete da manhã e eu não havia dormido nada. Guardei os envelopes na minha jaqueta e pedi o café da manhã. Me sentei ao lado da minha Candy, e acariciei seus cabelos. Ela parecia tão tranqüila dormindo.

- Acho que sou egoísta demais pra te ver partir assim – sussurrei. – Por que tudo que eu amo tem que ir embora? – senti meus olhos queimarem, eu estava preste a chorar, mas a batida na porta atraiu minha atenção.

Recebi o café da manhã e decidi acordar Dulce, tinha todo aquela burocracia chata de fazer check out e ainda ter que fazer check in no aeroporto, quase todos iriam embora hoje também e o local certamente ficaria um caos. Me aproximei da minha morena e beijei seu rosto.

- Candy, sei que você está cansada bebê, mas está na hora de acordar. – Acariciei seu rosto. Preguiçosamente ela se espreguiçou na cama, senti falta de vê-la assim. Daria tudo para que pudéssemos voltar ao tempo em que ela estava passando férias na fazenda.

- Que horas são? – ela falou sonolenta.

- Quase oito. – ela soltou um gemidinho e se agarrou ao meu corpo – Eu pedi café da manhã, vem antes que esfrie.

Fomos para a mesa e tomamos nosso café sorrindo e conversando. Fiquei super feliz por ela estar melhor, fiquei com medo dela acordar deprimida pelo o que aconteceu. Antes de irmos tomar banho eu me agarrei ao seu corpo por um bom tempo. Eu não sabia o que fazer, por um lado eu queria que ela ficasse comigo e por outro queria que ela fosse atrás de tudo que ela batalhou.

- Anie, preciso tomar banho se não vamos perder o vôo. – ela falou abafado, por conta do meu abraçado apertado.

- Tudo bem – a soltei, soltando um suspiro junto – Eu vou ligar para Vero. – ela me deu um selinho e saiu. Peguei o celular e chamou umas dez vezes, até ela finalmente atender.

- Alô. – Sua voz de sono era terrível.

- Que disposição ein. – falei rindo – Começa a ajeitar tudo, nosso vôo sai as onze. – falei.

- Nosso vôo sai as onze – ela falou com alguém. – Eu não me importo... então ta bom... vou avisar a ela... Então Lucy disse que quer ficar mais um pouco em Paris.

- Então significa que você vai ficar também, entendi. Aproveitem suas transas internacionais – Vero riu.

- Nos vemos em Nova York, sapatão rei.

- Até. Vendedora de pochete. – desliguei o celular. Era bom ver Veronica e Lucy felizes, as duas mereciam.

- Então? – Dulce saiu do banheiro.

- As duas decidiram ficar um pouco mais em Paris.

- Sortudas – ela falou sorrindo.

- Podemos ficar também se quiser – a puxei para o meu colo e ela fez um carinha triste.

- Eu preciso voltar logo para pedir a demissão.

- Você pode fazer isso depois. – tentei argumentar.

- Eu preciso fazer isso logo. Se não acho que não terei coragem.

- Tudo bem – a soltei para ela se arrumar. Ontem o Ucher trouxe sua mala.

Fui tomar banho e deixei a água quente cair em cima de mim. Maldita seja a Angelina por me colocar nessa situação, bem que eu poderia entregar as duas a ela e dizer pra ela escolher, mas sabia que iria parecer como se eu a estivesse pressionando.

"Por que tudo na vida precisa ser tão complicado?" – pensei ao desligar o chuveiro. Sai do banheiro decidida a entregar a ela as duas cartas e mandá-la escolher, mas ela já não estava mais no quarto.

"Fui fazer nosso check out, você estava demorando muito. Me encontre na recepção"

Me arrumei, dei uma ultima olhada para vê se não esqueci nada e desci. Já não tinha mais unhas de tanto roer. O elevador parecia nunca chegar no térreo. Em uma de suas paradas Ucher entrou cheio de malas.

- Ah, oi Anahí – ele falou simpático.

- Oi – sorri para ele – Seu vôo sai que horas?

- As onze. Aposto que o seu também – ele sorriu.

- Sim... – eu estava aflita.

- Tudo bem? – ele perguntou preocupado.

- Está sim. – ficamos em silencio por um tempo – Ucher você trabalha com Dulce desde o começo certo? – ele assentiu – O quanto Dulce queria ser promovida, numa escala de um a dez. – ele ficou pensativo

- Doze – ele respondeu sorrindo.

- Você acha realmente que ela é feliz com o que faz?

- Anahí – ele colocou as mãos no meu ombro – Sinceramente, sim. Não importa o quanto ela reclame que trabalhou até tarde no dia seguinte, ela sempre chega no horário ou as vezes até antes no dia seguinte. Por que está me perguntando isso?

- Eu não quero que ela perca algo que ela ama. – Ele parecia ter entendido sobre o que eu falava.

- As vezes não podemos ter tudo o que queremos, quando queremos. Eu digo isso por mim, eu amo a revista, amo moda, mas eu amo ainda mais seu amigo caipira e não posso me dá ao luxo de perder isso, eu realmente não estou disposto a perder essa chance de ser feliz, de verdade, que a vida me dá.

- Você largaria tudo sem pensar, pra ir pra uma fazenda, cheia de mato, esterco de cavalo e monte de bicho? – ele fez uma careta.

- Se meu amorzinho estiver lá, sim. – ele falou convicto. O elevador chegou ao térreo e nos despedimos, ele iria fazer alguma coisa e eu fui em direção a Dulce. Dava pra vê-la de longe na fila, talvez fosse a bun/da.

Pegamos um taxi em direção ao aeroporto e cada vez mais a hora se aproximava, eu teria que tomar uma decisão. Fiquei tão perdida nos meus pensamentos que quando vi já estávamos no aeroporto. Senti um frio na barriga a cada passo que dava. Parei e segurei o braço de Dulce.

- Candy, posso te fazer uma pergunta?

- Sim claro. – ela me olhou sem entender.

- Se eu te pedisse em casamento, aqui e agora. Você largaria tudo sem pensar, pra ir pra uma fazenda, cheia de mato, esterco de cavalo e monte de bicho? – ela arregalou os olhos.

- Você está...

- É uma suposição, apenas responda.

- Eu... ham... – ela hesitou - ...Anahí que pergunta doida é essa? – Eu admito que estava um pouco decepcionada, mas não a culpava. Retirei os dois envelopes do bolso interno da jaqueta e estendi para ela.

- Angelina me procurou de madruga e me entregou esses envelopes. Ela pediu para eu decidir qual deles dá a você. O branco tem sua demissão, o amarelo sua promoção.