Fanfic: Domando o coração (ayd adaptada) finalizada | Tema: Portinon

 POV Anahí

Há dois dias Dulce se foi e a única coisa que eu fiz foi ficar perdida em meus pensamentos. Revivendo milhares de vezes nossa ultima conversa e como eu pude agir daquela forma. Não era eu... Não era... quem era aquela pessoa? Por que eu me transformava naquilo? Eu gritei com ela, mas porque eu via de uma forma diferente? O que estava realmente acontecendo comigo. Decidi escrever uma carta para Dulce, porque com certeza não conseguiria ligar para ela. Afinal eu só chorava. Com muito esforço tentei explicar para ela como me sentia confusa, não em relação ao que sentia por Claudia porque nunca me confundi em relação a isso, mas sim em relação a uma enxurrada de sentimentos. Talvez quando ela perguntou eu não tenha me explicado bem ou só quisesse magoá-la por ser uma idiota, mas eu nunca senti nada por outra mulher nesses quatro anos. Nenhuma delas tinha olhos castanhos da cor de chocolate, cabelos lindos que caiam perfeitamente sobre seus rostos, sorriso de menina moleca que encantava qualquer pessoa, nenhuma delas nunca seria Dulce Maria Savinon, por isso eu jamais poderia olhar para outra mulher dessa forma.

- Anahí? – A porta se abriu e a claridade do corredor fez meus olhos doerem. Era Cláudia. Eu não queria falar com ninguém, só queria ficar no meu canto.

- Cláudia eu preciso ficar sozinha. – Eu falei ao fechar a carta. Me levantei e andei até a porta. Precisava ir a cidade levar aquela carta e colocar na caixa de correio.

- Anahí você está péssima,você...

- Claro que estou péssima, minha noiva me deixou. – Ela ficou me encarando por um tempo. – Eu preciso ir a cidade Cláudia. – Tentei passar por ela, mas ela me impediu.

- Precisamos conversar.

- Sobre o que?

- Não se faça de desentendida. – Ela cruzou os braços.

- Não estou me fazendo, é que realmente não tenho nada para conversar com você.

- E sobre nosso quase beijo no piquenique.

- Quase.Beijo. – Falei pausadamente e gesticulei. – Não aconteceu nada.

- Não aconteceu nada? – Ela falou nervosa. – Essas duas semanas foram o que então.

- Duas semanas de confusão emocional...

- Se estava confusa é porque não amava a Dulce

- EU A AMO. – gritei.

- E por que fez tudo isso com ela?

- Eu não... sei... – comecei a caminhar pelo corredor. Eu estava confusa. Minha cabeça dizia uma coisa, mas todos afirmavam outra. EU sabia que eles jamais mentiram, mas na minha cabeça eu não havia sido tão ruim assim com ela, mas eu sabia que havia a magoado profundamente. Fechei o semblante e voltei a encarar Cláudia. – Você é uma garota inteligente, bonita, a pessoa que ficar com você vai ser muito feliz, mas eu nunca senti nada por você.

- Iamos nos beijar. – Os olhos dela estavam cheios de lagrimas.

- Ia ser algo vazio, porque tudo que não envolva Dulce em minha vida é vazio pra mim – Um estalo alto e a lateral esquerda do meu rosto começou a arder.

- Dulce nunca mais vai voltar para você, sua idiota. Espero que se afogue nas suas próprias lagrimas. – Ela saiu andando rápido.

Eu apenas segui meu caminho para sair de casa, mas quando desci as escadas, vi Harry e minha mãe sentados no sofá da sala. Eles cochichavam algo que eu não consegui ouvi.

- Anahí! – Harry se levantou. Eu não sabia do que se tratava, mas eu tinha que levar logo aquela carta.

- Eu vou sair.

- Vem aqui filha. – Minha mãe abriu os braços para que eu a abraçasse.

- Mãe eu preciso mandar isso para Dulce. – Eu apontei para a porta.

- Anahí vem logo. – Ela continuou com os braços abertos. E eu a abracei forte, acabei chorando mais um pouco. – Filha, precisamos falar com você. – Ela se sentou e puxou de leve meu braço para me sentar. Eu encarei o Harry sem entender.

- Anie... – ele coçou a nuca. – Bom você sabe que eu sou meio matuto em relação a algumas coisas e o Ucher que é estudado. – Eu assenti. – Depois daquela discussão entre vocês, eu conversei com ele e falei sobre algumas coisas. Disse para ele que essa não era a primeira vez que você ficava assim. Desde que a vovó Grace morreu, toda vez que algo que mexia muito com seu emocional você ficava assim, isolada, grossa e nem se quer media o que falava. – Abaixei o olhar. Ele estava certo.

- Eu posso ter negligenciado isso filha, porque simplesmente tenha preferido ignorar suas e te deixar isolada do que tentar buscar uma solução.

- O que vocês estão querendo dizer? Que eu estou doente? Que eu estou louca? – Me levantei rapidamente do sofá.

- Calma filha. – Minha mãe se levantou e me fez voltar a sentar.

- Não Anie. – Harry coçou novamente a nuca. Um sinal claro que estava nervoso. – Eu não sei como te dizer isso, mas achamos que você precisa de ajuda profissional. Quer saber... eu vou chamar o Ucher tia, eu não sei como falar. – Harry saiu de casa correndo.

- Mãe eu não to doente.

- Você está filha. – Minha mãe acariciou meus cabelos. – Eu não percebi o quanto foi chocante para você ver sua avó morrer, eu te negligenciei.

- Não vamos falar disso.

- Esse é um sinal, você quer se esquivar dos assuntos que poderiam te ajudar a melhorar, a morte da sua avó.

- EU NÃO QUERO FALAR DISSO! – Eu coloquei as duas mãos nos ouvidos. Ela tirou minhas mãos de lá de maneira suave.

- Você vai ter que falar Anahí. Me diz como sua avó morreu Anahí...

- Numa cama de hospital. – Eu ia me levantar, mas minha mãe me impediu.

- A verdade Anahí...

- Eu não sei...

- Você sabe Anahí, você estava lá... como ela morreu?

- Dormindo...

- Você foi passar o dia com ela...

- Eu não quero saber ... eu não quero lembrar...

- Olha pra mim querida. – Minha mãe segurou meu rosto. – Não foi culpa sua. Desculpa não ter prestado atenção nisso, desculpa não ter notado que você precisava de ajuda e não precisava ficar sozinha.

- O que vai acontecer agora? – Eu a abracei. – Eu ainda preciso ir atrás de Dulce.

- Você precisa se cuidar antes, para poder então cuidar de Dulce, porque nesse estado você só vai piorar a situação. Quando vê-la o que você vai fazer? Implorar?

- Sim.

- Ela não vai te aceitar de volta só por isso, você tem que mostrar que mudou e está disposta a não errar mais e fará de tudo para isso.

- Eu só quero a minha Candy, aqui comigo. – Voltei a chorar.

- Quando você encontrar a verdadeira Anahí, você vai atrás dela e conversa com ela.

- E para onde eu vou agora?

- Para um local que vão te ajudar e cuidar de você.

- Você quer me mandar para um hospício? – Sai de perto dela.

- Não filha...

- Você quer me internar? – Coloquei a mão na boca.

- Não Anahí, é uma clinica de reabilitação, mas não um hospício. – Cristopher falou da porta.

- Eu não vou.

- Então você perderá a Dulce para sempre, porque mesmo que ela te aceitei nesse estado, um dia você vai fazer as mesmas coisas e ai tudo vai acontecer novamente – Ele falou tranqüilo.

- Não estamos falando isso para o seu mal Anie. Só queremos que você volte ser aquela Anahí e continue sendo ela. – Harry falou tranqüilo.

- Eu não quero ir! Eu não estou louca. – Eu estava confusa, eu sabia que era melhor pra mim, mas eu não queria porque eu não estava louca.

- Ninguém está te chamando de louca, mas é normal pessoas que passam por um trauma desenvolverem certos problemas. – Cristopher falou tranqüilo. – Vamos fazer o seguinte, vamos a cidade, você envia a carta e vai pensando durante o caminho sobre essa decisão, se você quer se tornar uma pessoa melhor ou não. E quando voltarmos você nos conta. Se a resposta for sim, todos nós vamos com você. Fechado?

- Eu... – Olhei para minha mãe que tinha lagrima nos olhos. – Tudo bem. – Soltei um suspiro.

- Vamos, pega o carro. Mari você vai a cidade com a gente?

- Eu vou esperar vocês aqui.

Eu soltei um longo suspiro, andei até minha mãe e a abracei. Nós duas choramos, ela pedia desculpas diversas vezes por ter me negligenciado e eu apenas dizia que estava tudo bem, não tinha como ela saber, nem eu mesma sabia o que estava acontecendo comigo.

- Você pode preparar a minha mala mãe? – Ela me olhou espantada. – Eu vou para esse lugar.

[...]

- Olá meu nome é Anahí... – Todos daquele circulo me olharam e acenaram.

- Anahí você quer nos falar mais um pouco sobre você? – Doutor Curtis falou.

- Não! – Era meu quarto dia ali, eu realmente não queria falar nada. A vida era minha não queria compartilhar com ninguém. Mal eu falava com ele no consultório.

- Tem certeza, nos diga o que você faz na fazenda.

- Eu cuido dos cavalos, eu domo os cavalos. Só isso.

- Como assim doma os cavalos? Tipo naquele filme O encantador de cavalo? – Um homem chamado Trenty falou. Ele era jogador compulsivo.

- Não, é mais emocionante, eu monto em cima deles e seguro firme as rédeas, e tento não cair, até eles ficarem calmos.

- Isso não é maltrato aos animais? – Regina falou. Ela tinha mania de limpeza e organização. Ela usava luvas e sandálias descartáveis, não gostava que ninguém tocasse nela.

- Não, não machucamos os cavalos.

- E por que está aqui Anahí? – O doutor aproveitou a brecha para perguntar.

- Eu... – Travei, não conseguia falar.

- Vamos lá. – Trenty me incentivou.

- Você consegue. – Os outros falaram.

- Desde que minha avó faleceu, eu não consigo lidar com emoções fortes, eu perco controle, fico agressiva e perdida, tenho crises existenciais e eu acabei perdendo o grande amor da minha vida... – Abaixei a cabeça.

- Você já deu o primeiro passo e isso já é uma grande coisa. – O doutor Curtis sorriu.

[...]

Eu estava deitada naquele divã. No inicio eu ia lá três vezes por semana e tinha terapia em grupo duas vezes por semana. Finais de semana eu recebia a visita da minha mãe, do Harry e as vezes do Ucher e da Ellie. Eles estavam me ajudando muito e isso era o que me fazia a cada dia mais buscar uma melhora. Dulce ligava para minha mãe as vezes e ela me dizia como a Dulce estava. Ela não perguntava por mim e minha mãe não insistia em falar, até porque ela sabia que somente eu poderia me desculpar e tentar resolver tudo.

- E como acha que Dulce vai reagir quando souber?

- Eu não quero contar para ela. – Falei tranqüila. – Eu já passei três anos indiretamente a pressionando para largar tudo e ir morar comigo, não quero que ela se sinta na obrigação de me desculpar só porque eu tenho um transtorno de personalidade.

- Infelizmente essa foi a evolução do seu estresse pós traumático, mas você deve conversar com ela sobre isso.

- Eu vou apenas dizer a ela sobre minha confusão emocional, que não se tratava de Claudia nem nada, e sim de mim mesma. Eu... fiquei perdida dentro mim, dentro de uma enxurrada de sentimentos confusos e arrebatadores. – Soltei um suspiro.

- Eu só posso lhe aconselhar em dizer a ela sobre o que você passou e que a realidade para você era um tanto distorcida.

- Eu não quero que ela me desculpe porque eu estava...

- Esta. – ele me interrompeu e corrigiu.

- Doente.

- Anahí já conversamos que você precisa continuar com o tratamento, se não toda a evolução desses dois meses e meio vão por água a baixo.

- Eu não vou parar, mas não é algo que eu queira dizer a ela agora. Não quero que ela ache que estou usando a minha doença para poder amenizar as coisas que eu fiz.

- Eu entendo seu lado, sei que não irei conseguir mudar sua forma de pensar agora, mas espero que no momento certo conte a ela, porque não é certo esconder isso dela. – Doutor Curtis falou tranqüilo. – Hoje é seu ultimo dia aqui na clinica e você disse que iria para Berlim, não poderei de acompanhar por lá, mas vou lhe indicar uma ótima médica. Ela está terminando seu PhD. Seu nome é Zoe Saldanha, espero que me mantenha informado sobre sua evolução, mesmo não sendo mais minha paciente eu adoraria conversar com você. – Ele sorriu. Ele era um homem realmente bom, se interessava por seus pacientes e fazia sempre o possível para poder ajudar.

- Pode deixar doutor, eu vou te manter informado.

- Boa sorte Anahí. – Ele apertou minha mão.

"Próxima parada Berlim." – Pensei assim que peguei meu comprovante de liberação da clinica.

[...]

Eu ponderei muito entre ir ou não a casa de Dulce, mas tomei a decisão de encontrá-la em outro lugar, acho que a surpresa seria minha aliada, porque ela não iria fugir ou fechar a porta na minha cara. Então por quatro dias, eu ia para uma praça que ela adorava. Chegava lá as oito e só saia as oito da noite, quando não tinha certeza que ela não iria mais aparecer. No quinto dia eu estava perdendo as esperanças e se ela não aparecesse eu iria até sua casa. O dia estava frio e eu decidi tomar um café numa das cafeterias que ficavam ali perto. Não demorei muito para voltar e meu coração errou a batida quando a vi sentada, naquele banco de sempre. Em suas mãos estava uma das cartas que eu lhe enviei. Andei até o banco e me sentei ao seu lado.

- Oi. – Falei um pouco baixo, mas sabia que ela ouviu. Eu estava com medo de ter demorado demais, mas eu precisei desse tempo, para poder me redescobrir e ser uma pessoa melhor para ela. Voltar ser a Ani dela.