Fanfic: Domando o coração (ayd adaptada) finalizada | Tema: Portinon

 POV Dulce

O frio estava cada vez mais castigando Berlim. Acho que aquele estava sendo o inverno mais frio que já presenciei na cidade. Fiquei vendo alguns flocos de neve caindo pela janela do meu quarto, era realmente muito bonito. Quando decidi sair do quarto, vi Maitê toda enrolada num coberto super grosso, deitada na sala.

- Parece até que mora no pólo norte. – Falei brincando.

- Essa cidade supera Nova York. – Maitê reclamou.

- Eu esqueci que você é a garota californiana. – Me sentei ao seu lado e roubei um pouco da coberta.

- Emma ligou. – Maitê avisou. – Ela quer vir passar uma semana aqui.

- Isso é bom, desde que ela se casou e eu me mudei, não conseguimos mais passar mais do que algumas horas uma na companhia da outra.

- Eu me sentia tão só naquele apartamento. – Maitê fez beicinho.

- Dramática. Nem posso imaginar quantas pessoas você levou para lá.

- Eu não sou uma va/dia. – Maitê deu um tapa de leve no meu braço.

- Você só gosta de curtir a vida.

- Essa fase acabou. – A encarei.

- Não...não... você encontrou alguém? – Comecei a pular. – Por que não me contou sua traidora?

- Porque eu não sei ao certo o que está acontecendo.

- Me conta.

- Eu a conheci num pub.

- É uma mulher? – coloquei as mãos na boca de maneira surpresa.

- Ah para de se fingir, porque você sabe que eu gosto das duas coisas.

- Mas você só dizia que com mulher nunca iria ter um 'relacionamento' – fiz aspas com os dedos.

- Deixa eu terminar. – Ela ficou de frente pra mim. – Então a gente se conheceu, na verdade eu acabei derrubando bebida nela sem querer. Ela estava falando alemão e eu não estava entendendo nada, quando ela finalmente parou de falar e eu tive chance de me desculpar eu travei.

- Por quê?

- Dulce ela é muito linda, você não tem idéia. Ela é a mulher mais linda que eu já vi na minha vida, tirando eu é claro. Ela é modelo, mas não daquelas esqueléticas, ela tem um corpo de matar qualquer um. Dulce céu, ela me deixou louca. Ela sabia que me tinha nas mãos e ficou jogando comigo a noite inteira.

- Vocês transaram?

- Não, ela apenas me deu um selinho e o número dela. Eu só não liguei como uma desesperada no dia seguinte porque consegui me controlar, mas eu precisava ligar para ela. Marcamos de nos ver novamente naquele pub e nos beijamos de verdade naquele dia, mas ela disse que não era mulher de ir para cama assim, que eu teria que fazer melhor do que estava fazendo. Eu to pirando Dul.

- Eu entendo ela. Por ser modelo e ser muito bonita, as pessoas sempre vão querer sair com ela pelo que ela aparenta ser e nunca pelo o que ela realmente é. Ela deve achar que você só quer transar.

- Ela é inteligente, engraçada e super bonita, claro que eu quero transar com ela. – Revirei os olhos. – Se puder quero transar com ela todos os dias.

- Repete isso! – Comecei a ficar eufórica. Maitê nunca falou aquilo de ninguém, para ela era sempre viver o dia de hoje e depois pensar no amanhã.

- Não!

- Você ta...

- Não se atreva! – Eu fiquei quieta.

- Você está gostando dela! – Falei bem rápido.

- Não... sim... eu não sei. – Ela bufou.

- Está sim! – Corri até o telefone. – Toma, liga para ela.

- Por que eu deveria ligar agora?

- Chama ela para jantar.

- Mais assim do nada.

- Claro Maitê. Olha trate ela como você gostaria de ser tratada. Se lembra quando namorava o Siope e ficava esperando ele ligar para você do nada e dizer que sentia saudade? – Ela assentiu. – Ela também deve ficar assim. Quando gostamos da pessoa, ficamos pensando o dia inteiro se ela pensa na gente, vai dizer que você não pensa?

- Penso sim.

- Ela já te mandou alguma mensagem tipo "estava aqui tomando um café e lembrei de você, porque é a cafeteria que você adora"?

- Não foi bem assim, mas ela mandou uma mensagem sobre ter passado em frente ao pub em que saímos e nos beijamos.

- Viu, ela gosta de você. Liga pra ela e a convida para jantar.

- Mas assim de surpresa?

- Nada melhor do que poder sair da rotina numa quarta feira sem graça. – Fiz uma careta e Maitê saiu correndo para o quarto.

Fiquei pensando no que eu disse para Maitê sobre ser surpreendida por quem se gosta e pensei em Anahí, fazia quatro dias desde o dia da cafeteria. Desde aquele dia nunca mais nos vimos e eu nem tive noticias dela. As vezes me pergunto se ela realmente desistiu. Quando o relógio marcou 18:23 pm, Maitê saiu toda arrumada e perfumada, desejei-lhe sorte e fiquei ali deitada no sofá. Zapeei alguns canais, mas não tinha nada de bom na Tv. Comecei a ficar com fome e percebi que não tinha nada na geladeira. O jeito seria sair para jantar, porque não queria comer pizza sozinha, parece estranho uma pessoa preferir ir sozinha para um restaurante do que comer uma pizza em casa, mas comer pizza me lembrava Anahí. Algumas vezes durante a semana quando nos falávamos por skype eu comprava pizza e ela também, só para parecermos mais próximas, pedíamos até o mesmo sabor.

Terminei de me vestir e sai de casa. Iria jantar num restaurante japonês que ficava na esquina de casa. Durante o caminho tive a leve sensação de que estava sendo seguida, por isso olhei para trás algumas vezes, mas não vi ninguém. Quando entrei no restaurante, tirei o pouco de neve que estava no casaco e me dirigi a moça da recepção.

- Boa noite. – A atendente sorriu.

- Oi. – Eu quase saltei quando vi Anahí entrar quase correndo no restaurante. – Quer ir comer uma pizza comigo?

- Não, eu vou comer comida japonesa.

- Hai! – Anahí se virou para a atendente. – Toshiba Subaru temaki sushi? – Eu fiquei sem reação. Eu realmente não esperava que ela fizesse aquilo.

- O que? – A recepcionista falou.

- Nitendo Samsung sumo flango!

- Me desculpe. – Sai empurrando Anahí do restaurante, antes que ela pudesse falar mais alguma besteira.

- Você está doida? Agora como eu vou jantar lá?

- É, parece que agora você terá que aceitar meu convite para comer pizza.

- Eu posso ir para outro restaurante.

- Que tal um italiano, eu andei treinando meu sotaque olha só. Pizza peperonni marguerita e espagueti.

- Idiota! – Eu a empurrei de leve.

- Você está rindo, então vale a pena ser idiota. – Uau aquilo me pegou desprevenida. – Uma amiga me apresentou um local onde tem um ótimo rodízio.

- Uma amiga?

- Sim, se não for você só quero amizade.

- Alguém já falou que suas cantadas são péssimas.

- Essa é a minha maior qualidade.

- Cantadas ruins?

- Elas fazem você rir, eu adoro ver você sorrindo, então é uma qualidade. – Anahí piscou para mim. – Está com frio?

- Por que vai me abraçar?

- Era para ser uma surpresa, mas você estragou.

- Seria estranho alguém que conheci a poucos dias sair me abraçando assim. – Touché. Eu a deixei sem resposta.

- Você ganhou. – Ela guardou as mãos dentro do casaco. Anahí estava sem chapéu, ele deu lugar a uma touca de lã que também a deixava linda. – A pizzaria fica na outra rua, quer pegar um taxi a neve está aumentando.

- Vamos caminhando, assim você me conta mais sobre você e sua vida na roça.

- Eu tenho um aras.

- hummm rica. – Falei de maneira divertida.

- Se não for do seu amor, eu dispenso a riqueza.

- Ahh Anahí, eu to me esforçando para não dar meia volta.

- Tudo bem vou parar com as cantadas. – Ela sorriu. – Minha vida na roça é normal, é meu sustento. Crio meus cavalos e agora terei que tomar conta das terras dos meus pais, meu pai faleceu a três meses.

- Eu sinto muito. – Eu já havia dito aquilo, mas era estranho ouvir da boca de Anahí, porque nas ultimas semanas que passei na fazenda ela evitava, de todas as maneiras, aquele assunto.

- Foi onde tudo começou a desandar na minha vida. – Anahi ficou pensativa. – Mas me conte, você trabalha com o que aqui em Berlim?

- Nada, eu pedi demissão a três meses atrás, para poder me casar, mas minha noiva e eu terminamos, agora estou desempregada.

- Sua ex-noiva é uma idiota.

- Nem sempre ela foi, mas quando terminamos ela estava agindo como uma.

- Eu sinto muito por isso. – Anahi falou sincera, eu podia ver nos seus olhos. – Mas agora você está comigo e não com ela, então vamos falar de outra coisa. Pretende voltar a trabalhar algum dia?

- Eu tenho pensado em escrever romances.

- Sério?

- Sim, eu escrevi um que o The New York Times está publicando, se chama O Domador de corações.

- Espera! Você é a Dulce María Savinon a editora chefe da Stylles Magazine?

- Sim. – Era idiota a gente ter aquela conversa, porque Anahi já sabia tudo de mim, mas era divertido, porque parecia que estávamos realmente nos conhecendo e que ela era realmente uma pessoa chata e insistente que queria me levar para sair de qualquer jeito.

- Você sabia que eu já fui modelo? – Ela começou a andar de costas, mas na minha frente. Fingi que a analisava. – Por baixo desses cinco quilos de roupa tem um corpinho bem sexy.

- Duvido! – Saiu automaticamente. Anahí parou e eu quase trombei nela.

- Eu posso te mostrar se você quiser. – Seus olhos ficaram mais escuros.

- Não obrigada, no momento só estou interessada na pizza.

- Nunca pensei que veria isso, uma mulher que prefere pizza ao meu corpinho sexy, você com certeza é perfeita. – Anahi parou na porta da pizzaria e abriu para mim.

- Obrigada! – Falei assim que passei. Ela me seguiu e sentamos numa das mesas ali.

Admito que foi engraçado comer com Anahi. Ela sempre fazia algumas palhaçadas para me fazer rir. Num desses momentos eu ri tanto que acabou saindo refrigerante pelo meu nariz. No primeiro momento Anahí ficou super preocupada cuidando de mim, mas logo depois caiu na gargalhada também. Quando terminamos fiz questão de dividir a conta com ela, que relutou, mas cedeu quando coloquei a minha parte na mesa e sai. Eu admito que andei devagar para ela me alcançar. Não demorou muito ouvi passos rápidos atrás de mim.

- Uhh quase não consegui chegar. – Ela falou ofegante. – É falta de educação sair assim sabia?

- Você não me deixaria pagar metade da conta assim.

- Eu convidei...

- Chega desse assunto. – Levantei a mão fazendo ela parar de falar.

Fomos andando em silencio até a porta da minha casa. Eu não sabia ao certo como me despedir dela, sinceramente eu queria que ela entrasse comigo e a gente ficasse se beijando no sofá, mas não podia ser assim tão fácil. Maitê estava certa, eu deveria ser a mudança que eu queria ver.

- Obrigada pelo convite, a pizza estava ótima. – Eu ia entrar, mas ela segurou de leve meu braço.

- Candy... Dulce eu gostaria de saber se você não gostaria de sair comigo na sexta, eu também tenho um lugar super legal para te mostrar.

- Eu não sei.

- Pensa com carinho. Eu vou estar te esperando as 20:00 no parque, naquele mesmo banco onde nos encontramos pela primeira vez. – Anahi levantou o braço de uma forma estranha.

- O que foi?

- Droga! – Ela ficou procurando pelo chão. – Espera aqui eu já volto. – Ela saiu correndo pela rua como se estivesse procurando algo, foi só então que quase no fim da rua se abaixou e pegou algo do chão. Ela voltou correndo e eu não consegui segurar o riso. – A rosa que eu ia te dar caiu, era para ser tipo um truque de mágica. – Ela coçou a nuca, depois de me entregar a rosa.

- Eu amei, ela é linda. – Levei a rosa ao nariz para cheirar.

- Boa noite Dulce. – Anahí veio se aproximando, eu sabia que ela iria me beijar, meu coração estava batendo rápido, era como se fosse nosso primeiro beijo. Senti minha boca secar, quando seu hálito quente tocou meu rosto, mas antes dela tocar meus lábios eu coloquei a rosa na frente.

- Boa noite Anahi. – Falei e entrei correndo, fechando a porta atrás de mim. Eu ainda não posso ceder aos seus encantos, Domadora de corações.