Fanfic: Transgression ( Savirroni) mini Web — Finalizada | Tema: Savirroni

Já haviam se passado dois anos desde que Dulce saiu de seu país para estudar na Inglaterra. Atualmente falava muito pouco com sua mãe, que nunca havia ido visitá-la. E Anahí havia virado além de tudo sua melhor amiga, brigas eram raras. E ambas se destacavam em suas classes na faculdade. Fizeram muitos amigos por lá, isso fazia com que Dulce pensasse menos na mãe. Fora, é claro, o tempo que tinha que passar estudando e fazendo pesquisas.

Maitê entrou em depressão desde que sua menina amada fora para outro país. Alexandra, reagiu muito melhor do que ela esperava a respeito do relacionamento dela com sua filha. No dia seguinte a viajem de Dulce, a Ex- sogra foi a sua casa e ambas conversaram muito sobre o que havia acontecido. Alê nunca havia sido tão amiga quanto naquele momento, e Maitê agradecia muito por isso. Desabafou realmente, contou tudo que sentia, toda sua confusão. Contou do centro espírita e do fato de acreditar que Dulce era a reencarnação do seu amado falecido marido. Alexandra mostrou-se realmente ser sua melhor amiga, e ficou ao lado dela o tempo todo.

A maioria das pessoas pensa que depressão é apenas uma pessoa que inutilmente tem vontade de se matar, que não quer nada da vida, ou até mesmo na maioria das vezes, que a pessoa está querendo apenas chamar atenção. Enganam-se elas, pessoas com sintomas depressivos devem ser tratadas por médicos e muitas vezes necessitam de remédios. Assim como, os sintomas e reações de cada um, é bastante diferenciado. A maneira que Maitê encontrou de esquecer da vida e parar de viver, foi o trabalho. Regressou a empresa antes do tempo que havia tirado de licença, e passou a viver no seu escritório. Sua casa servia apenas de hotel à noite, e ela dormia pouco. Apenas trabalhava. Seus pais, seus sogros, Mariana... Todos tentavam anima-la e convida-la para sair, mas nada adiantava. Maitê trabalhava de segunda a segunda o dia inteiro. A diferença foi notada dentro da empresa, os lucros aumentaram radicalmente, mas ninguém estava se importando com isso, Seus familiares queriam apenas que ela voltasse à vida. Alexandra muitas vezes quis ligar para Dulce e falar o que estava acontecendo, pedir para que a menina voltasse... Mas Maitê havia proibido todos de fazer isso. E muitas vezes Maitê se viu no aeroporto... Muito dinheiro foi gasto em passagens não utilizadas para Londres. No impulso Maitê decidia ir, ou no impulso ela desistia de ir, não se sabe ao certo.

- Dulce, vamos... - Anahí chamava carinhosamente a namorada que estava na cama, e não levantava. - Sua primeira aula é em trinta minutos amor.

- Eu não vou ir.. Não me sinto bem. - ela que estava de barriga para baixo e olhando pro outro lado, virou para Anahí.

- Dul, tuas olheiras aumentaram. O que esta acontecendo? - Anahí puxou as cobertas de Dulce, e olhou o corpo da namorada, assustando-se. - Amor, os roxos... não saíram, aparece cada vez mais..

- Você vai se atrasar pra primeira aula Anie...

- Eu não vou ir, nós vamos em um médico.

- Não quero, não vou...

- Eu já pedi muitas vezes, mas não estou mais pedindo Dulce, agora estou dizendo que nós vamos! - Anahí passou a mão pelo corpo dela, acariciando-a - Não percebe que me preocupo com você?

- Eu sei disso meu amor, mas é que...

- Não tem essa, não mais. Levante-se e se vista que nós vamos ir agora mesmo.

Não há duvidas que Dulce relutou até não poder mais, mas diferente das outras vezes Anahí não desistiu, e levou-a. Há alguns meses Dulce começou com uma forte dor de cabeça, ficou fraca, parou de comer, desmaiava em meio as aulas.. Ia pra enfermaria, colocavam-na no soro e apenas isso. Nunca aprofundaram-se para saber do que se tratava, apenas mandavam a menina comer mais. Anahí insistia diariamente para que a namorada fosse a um médico, mas Dulce era teimosa. Agora, basicamente obrigada, ela estava sentada em frente ao médico da universidade, ao lado da sua namorada.

- O que duas meninas lindas fazem aqui? - ela era conhecido em toda universidade, e era considerado um exemplo para muitos dos estudantes de medicina de Oxford.

- Essa menina aqui.. - Anahí apertou a mão de Dulce - Fazem uns dois ou três meses que diminuiu a alimentação. Desmaia com frequência. Olha as olheiras... - apontou - E tem marcas roxas por todo corpo. Ela mal se bate e fica toda roxa.

- E você não fala? - ele estava mais sério agora e perguntava a Dulce, que estava com a feição bem cansada.

- Por mim eu nem estava aqui..

- Mas está, então aproveita...

- Sim, então, é tudo isso que minha namorada falou. E tenho bastante dor de cabeça também.

- E porque não come?

- Eu nunca fui de comer muito, mas não venho sentido muito apetite, ando tão cansada...

- Estresse da faculdade?

- Talvez, mas acho que a aula me desestressa - ela sorriu levemente.

- Deita ali na maca, para eu te examinar.

Com ajuda de Anahí ela deitou-se e o médico passou a examina-la. Ele examinou cada pedaço do corpo de Dulce, olhou com cuidado os roxos. Examinou seus olhos, ouvidos, sua garganta. Escutou seu coração e sua respiração. Ele esfregava a testa pensativo, e prescreveu alguns exames para ela.

- Faça agora mesmo, estou prescrevendo com urgência. Façam todos eles e assim que ficar pronto voltem aqui.

- Mas o que o senhor acha que é? - Anahí perguntou preocupada.

- Ainda não sei, vou poder dar o primeiro diagnóstico apenas com os resultados desses exames.

Entregou a receita para menina mais velha, e elas saíram do consultório com um "até logo". Foram imediatamente para o guinche de exames, e eles já coletaram o sangue de Dulce, e encaminharam-na para tomografia, exame no qual ela também realizaria.

- Deixe o esparadrapo por pelo menos meia hora - a enfermeira falou, percebendo que a menina estava inquieta querendo tirá-lo. Enquanto Dulce recolocava sua blusa após a tomografia, a enfermeira puxou Anahí e pediu - Leve-a para comer alguma coisa bem gostosa, ela parece tão fraca. E divirta-a um pouco antes de voltar... - falou pras duas - o exame fica pronto em.. cerca de 3 ou 4 horas, já que está prescrito com urgência.

- Certo.. - elas saíram, e Anahí extremamente abatida e preocupada procurou fazer o que a enfermeira havia recomendado. Apesar de estar na faculdade, onde elas moravam, Anahí levou a namorada para o seu carro, e saiu.

- Onde vamos Anie?

- Comer naquele restaurante que você ama, e depois, podemos dar uma volta no shopping, que você acha?

- Nossa, assim vou querer ficar fraquinha mais vezes. - ela sorriu.

Anahí fez Dulce comer bastante, alegando que sabia que ela amava aquela comida. Conversaram sobre tudo enquanto elas comiam, o engraçado da faculdade era que sempre havia uma história nova para contar. Depois como Anahí havia dito, foram ao shopping. Assistiram um filme, comeram sorvete, e fizeram compras é claro. Depois ainda compraram alguns DVD's para assistirem quando tivessem tempo. Anahí dera conta do recado, e como a enfermeira havia pedido, fez sua namorada se divertir tanto quanto podia.

Já haviam se passado mais de 6 horas quando elas voltaram à parte hospitalar da universidade. Foram pegar o exame, mas a enfermeira informou-as que o médico ja tinha o feito, e aguardava-as no consultório.

- Voltaram? - ele falou calmamente, enquanto ambas entravam na sala.

- O senhor mandou, né - Dulce falou mais animada.

- Pois é.. - ele estava mais sério que pela manhã.

- Então? Já olhou os exames? - Anahí quem perguntou, e o doutor confirmou - e?

- Dulce María... - ele respirou fundo e continuou - conforme tudo que você me trouxe, e aos seus sintomas, eu levantei uma suspeita. Mas não podia ter certeza sem os exames. Porém eles me confirmaram o que eu temia. Vou ser bem direto, o que você tem é leucemia. - as duas nem piscavam com o choque, nenhuma reação foi detectada e o médico continuou. - Como você já deve saber, leucemia é uma doença... um câncer, no sangue.

Anahí, ficou sem chão, começou a chorar baixinho. Ao contrario do esperado, foi Dulce quem apertou a mão dela tentando acalma-la. O doutor explicou tudo sobre leucemia, assim como o que ela teria que fazer dali pra frente. Dulce não entendia, não aceitava. Ele mostrou os exames a ela, explicou que as plaquetas deveriam estar acima de 200 mil, enquanto estavam abaixo dos 100 mil. Sua leucemia estava um tanto avançada, ela teria que começar com a quimioterapia e a radioterapia o mais rápido possível.