Fanfic: Transgression ( Savirroni) mini Web — Finalizada | Tema: Savirroni

O mundo de Maitê estava de cabeça pra baixo. Não podia acreditar no que o médico havia lhe dito. Deixou Anahí no hospital com Dulce e foi pra mansão do amigo do seu sogro, onde estava toda sua família. Contou tudo que o médico havia dito, pra surpresa de todos e dela mesmo. Dulce sempre seria sua filha, mas agora sabia que sua amada menina podia morrer a qualquer momento. Sabia que tinha uma filha de 18 anos que nunca conheceu, que está em algum lugar do mundo. E não sabia se receberia apoio de sua família após a descoberta.

- Não importa o que aconteça, Dulce sempre será minha netinha. Minha menina amada e preferida, sem dúvidas. Ninguém nunca vai substituí-la. Pode haver uma menina sangue do meu sangue em algum lugar, mas nunca será tão minha neta como Dulce. E garanto que jamais lembrará tanto meu filho como Dulce. - Vitor falou com firmeza para felicidade de Maitê, e os outros concordaram.

- Com tudo que aconteceu, fica claro que o sangue é o menos importante Mai. Dulce é nossa netinha querida, nunca a deixaremos! - Maira completou.

- Ficaremos com vocês até a Dulce sair por fim recuperada desse hospital. - Alexandra disse. - Somos uma família Mai.

- Hoje, mais que nunca, posso dizer que tenho a melhor família do mundo! - Pareceu meio cena de novela, mas todos se abraçaram. O fato de terem descoberto que Dulce não tinha o sangue deles não alterou em nada o amor que sentiam pela menina.

- Agora, acho que o mais apropriado é procurarmos... mi-minha filha. Mas, porque preciso na verdade achar os pais dela, que devem ser os pais de Dulce e poderão salvá-la.

Tudo foi quase automático após Maitê contar tudo. Os avós da menina pegaram seus celulares e passaram a ligar para seus contatos, contratando os melhores detetives do México, dando todas as informações que podiam. Informaram então a família, que os dois voltariam pro seu país, mas que em breve estariam de volta com alguma noticia. 

Os dias começaram a se passar e nenhuma noticia, nada de encontrarem a família verdadeira de Dulce. E ela por sua vez, voltou a consciência e já havia até saído da UTI. Voltaria em breve com as sessões de quimioterapia e radioterapia, para pelo menos o câncer não agravar. O momento em que a menina viu a mãe, foi lindo. Chorou e abraçou-a matando toda a saudade que tinha dentro de si. Ficaram conversando por um bom tempo, mas Dulce não tinha coragem de tirar a touca na frente de Maitê, sem contar que ela era puro osso, e parecia cada vez mais magra. Conversou com toda sua família, mas ninguém havia comentado ainda sobre ela não ser filha de Maitê.

Ao rever a mãe, Dulce percebeu que ficar com Anahí estava sendo errado. Amava-a de coração, e gostava muito de estar com ela e até mesmo fazer amor. Mas não podia continuar enganando sua namorada, ainda mais depois de ela ter sido tão perfeita, nos dois anos de namoro e principalmente quando elas descobriram a doença. Chamou a menina para conversar a sós, ainda no quarto do hospital.

- Oi amor.. - Anahí chegou e deu um selinho na menina.

- Oi Anie, eu queria falar com você, por isso te chamei - Anahí se sentou na cama ao lado da namorada, e permaneceu olhando-a - não quero que você fique triste comigo, longe de mim te fazer algum mal. O tempo todo que estivemos juntas foi maravilhoso, nunca poderia ter achado uma pessoa mais perfeita que você...

- Eu adoro poder cuidar de você Dul...

- Mas eu penso que - ela continuou - nós devemos terminar.

O silêncio permaneceu no quarto por alguns minutos, as duas se olhando nos olhos.

- Terminar?

- Sim. Eu te amo muito Anahí, muito. Mas aquela paixão já não existe. E quero de coração que você seja muito, muito feliz!

- É por isso mesmo Dulce?

- Sim Anie..

- Não é por causa da doença? Tem certeza? - Dulce fez que sim e a menina abraçou-a.

- Não fica chateada comigo.

- Claro que não meu amor - Anahí acariciou o rosto de Dulce e continuou - Só devo te pedir, que nunca se afaste de mim, eu não suportaria..

- Eu também não, isso nunca vai acontecer, não se preocupe.

- Eu te amo Dulce, e concordo com você.. Sobre não existir aquela paixão... Nosso amor é muito mais forte como amizade - suspirou - a questão é que não consigo pensar em estar longe de você, sinto uma necessidade muito grande de cuidar de você, mas como amiga!

- Sempre poderá cuidar de mim! - deu um beijinho na testa de Anahí - e namoricos só eu aprovando. - as duas riram. Na mesma hora Maitê entrou no quarto com um urso enorme e deu pra filha, sorrindo. Anahí disse que ia falar com Luca e saiu do quarto, deixando apenas as duas.

- Adorei Mai, lindo demais, obrigado.. - Dulce agradecia pela décima vez. 

- Vi ele e achei sua cara, trouxe pra você. - as duas riram.

- Mãe, vou raspar minha cabeça. - falou do nada.

- Que?

- Já não tenho mais quase nada de cabelo, está horrível. Você não vê porque estou sempre de touca, mas até raspada ficará menos feio do que esta.

Maitê abraçou-a com carinho, e tirou a touca olhando pela primeira vez a cabeça da menina desde a doença. Era realmente muito triste, dava vontade de chorar, mas Maitê sabia que não poderia deixar-se levar na frente da menina. Passou a mão carinhosamente pela cabeça dela, onde haviam pouquíssimas mechas de cabelo e continuou;

- Claro meu amor, se você quer isso, faremos. - Maitê beijou-a na testa - Sabe que cabelo cresce de novo, logo estará como antes. – Dulce confirmou.

- Você chama um cabeleireiro?

- Não é necessário pequena, as enfermeiras mesmo fazem isso.

- Certo, chame uma agora!

Maitê fez o que Dulce pediu, e chorou com ela enquanto a enfermeira tirava o que restava de cabelo da menina. A enfermeira tentou acalmá-las enquanto se davam as mãos. Confessou-lhes então, que 90% dos pacientes optam por raspar a cabeça, já que a queda do cabelo é consequência do tratamento. Quando a enfermeira terminou Dulce nem quis olhar-se no espelho. Apenas avisou que queria dormir um pouco, pois estava sentindo-se cansada. Maitê sentou-se na poltrona e observou a menina dormir.