Fanfic: Transgression ( Savirroni) mini Web — Finalizada | Tema: Savirroni

Enquanto olhava Dulce dormir, Maitê pensou pela primeira vez o que poderia causar o fato de Dulce não ser sua filha. Não havia contado nada a menina ainda, preferiu esperar uma resposta do seu pai que ainda estava no México, pra depois sim contar a ela. Deu-se conta então, que não havia mais motivos pra ela não poder ficar com Dulce. Uma onda de felicidade a dominou, ao perceber que todos aqueles momentos de amor que havia passado com ela poderia se tornar realidade novamente. Mas de repente a doença, a família, Anahí, e todos os aspectos negativos vieram a sua cabeça como um balde de água fria. Percebeu que antes de qualquer coisa sua menina, seu amor, teria que superar essa maldita doença. A família seria outro problema, será que aceitariam o relacionamento das duas depois de tudo que aconteceu? E Anahí? Maitê não podia causar tamanho desgosto a uma menina tão boa quanto ela. E o principal.. a Dulce. Será que a esquecera? Será que a amava? Será que a desejava? Será que estaria disposta a ficar com ela, mesmo depois de todas as coisas que havia feito?

A verdade é que de alguma forma, desde o princípio, é como se fosse para as duas estarem juntas. Chris voltou pra ela como Dulce, como sua filha, que por determinação do destino havia sido trocada na maternidade. Tudo se encaixava para que ambas não se perdessem e pudessem ficar juntas, sem que seu laço sanguíneo as impedisse. Mas agora que ela havia descoberto isso poderia perder seu amor novamente para uma doença. Afinal, esse tal de destino era amigo ou inimigo?

Seu celular tocando tirou-a de seu devaneio, atendeu rapidamente para não acordar Dulce e saiu do quarto. Era uma ligação do México.

- Oi!

- Filha? Encontramos! - o coração de Maitê acelerou.

- Encontrou minha filha, pai?

- Não meu amor, a história é longa. Estou no aeroporto, Vitor esta comigo. Em algumas horas estaremos ai. Tenho que ir, te amo.

E ele desligou deixando-a com o coração na mão; Será que sua filha fora encontrada? Será que Dulce poderia ser salva? As horas se passaram tão lentamente quanto possível. Mona estava no hospital com Maitê, Anahí e Luca no aeroporto e o resto da família em casa aguardando a chegada de Vitor e de Nick.

Era tarde quando eles pousaram, e chegaram extremamente cansados. Um homem com cerca de 40 anos desceu com eles. Anahí e Luca os receberam, e por pedido deles os levaram diretamente para o hospital. Chamaram Maitê, e foram para um café com ela enquanto os mais jovens foram pro quarto de Dulce.

Maitê abraçou com força seu pai e seu sogro, e cumprimentou o homem que veio junto com eles, sentaram-se em uma mesa e começaram a conversar.

- Não foi fácil Maitê, mas conseguimos... Em parte. - José falou.

- Então? - eles apontaram pro homem que estava com eles.

- Bom Maitê, meu nome é Fernando. - falou o homem de meia idade, muito bonito, moreno de cabelos grisalhos com olhos castanhos - e-eu.. Essa era minha família.

Ele falou com a voz fraca, e apenas mostrou uma foto a Maitê. Na foto tinha uma mulher de cabelos e olhos negros, estava grávida. Uma menina com cerca de 14 anos, e outra menina no colo de Fernando, essa com cerca de 2 ou 3 anos. Maitê olhou a foto por cima apenas e voltou a olhá-lo sem entender.

- Perdi minha família há 5 anos, em um acidente de carro.

- Nossa, eu sinto muito. Sua família era linda.

- Era sim... - Maitê olhou pro seu pai.

- Mas e quanto a minha filha, e a Dulce?

- Olhe bem a foto Maitê. - seu pai respondeu.

Maitê procurou na foto, e de repente uma lágrima escorreu pelo seu rosto. A menina que aparentava uns 14 anos, era extremamente parecida com ela. O cabelo escuro e ondulado, o nariz e a boca eram iguais. Os olhos de Christopher... Maitê tapou a boca com a mão e escondeu um soluço.

- Era minha filha? - ele fez que sim com a cabeça. E mostrou uma foto de Dulce, que mais cedo José havia dado a ele.

- E essa é a minha, certo? - apenas agora Maitê notava a semelhança.

- Não estou me sentindo bem. - ela sussurrou, era muita coisa pra sua cabeça. Pediram um suco para ela que tomou lentamente, tentando se recompor.

- Eu posso ver a menina? - Fernando perguntou.

- Não, ainda não! Nem falei com ela... - Maitê levantou-se um tanto assustada.

- Não tem problema Maitê, se acalme, tudo bem.

- Você é compatível? Poderá salvar minha menina?

- Ainda não sabemos Mai - seu pai tentou acalmá-la. - vamos ir falar com médico e tirar uma amostra de sangue.

- Certo, vamos logo que eu vou falar com ela.

Maitê saiu na frente deles, e foi direto pro quarto de Dulce. Mandando todos saírem sem explicar nada. Dulce que já estava acordada e conversando com os amigos se assustou.

- O que houve Maitê? - ela perguntou quando apenas as duas estavam no quarto.

- Preciso te contar uma coisa - Maitê sentou na cama e segurou a mão da menina.

- Fale.

- Vou ser bem direta. - respirou fundo e começou - logo que eu soube que você estava doente eu vim correndo, você sabe. Preocupei-me muito, afinal você é tudo pra mim, sabe disso. Quando estava em coma, o médico me falou que uma solução para sua doença era um transplante de medula óssea, alguma coisa que não entendi muito bem, mas topei é claro. Era pra salvar minha menina, e eu por ser sua mãe tinha mais chances de ser compatível. Ai ele tirou uma amostra de sangue pra ver se realmente poderíamos fazer o transplante, e descobriu que na verdade eu não sou sua mãe de sangue - ela fala sem respirar, o choque de Dulce era notável - vai ser um choque pra você meu amor, queria te poupar desse pesadelo, mas conforme nossa situação eu não posso. Concluindo, não entendi bem como aconteceu, e agora a pouco resolvi que nem mesmo quero saber, o fato é que quando você nasceu, de alguma maneira foi trocada na maternidade.

- Isso é uma pegadinha? - Dulce estava chocada. - uma piada?

- Não, é verdade!

- Meu deus.. - as palavras entraram em sua mente, mas era muito difícil acreditar - então a vó não é minha vó? O vô não é meu vô? Meu pai não é meu pai... nada é nada?

- Todos já sabem Dulce, e a reação deles foi muito bonita. Todos disseram que independente do que acontecesse, você sempre seria sua netinha amada.

- Verdade? – Maitê fez que sim, Dulce chorava baixinho. - Mas isso é tão estranho Maitê, e minha família...

- Eu sei, mas eles te amam igual à sempre, talvez até mais.. Tanto que seus avôs correram pro México, para ir atrás da sua.. Verdadeira família. Pra ver se alguém é compatível.

- Eu tenho outra mãe? E outro pai? Outros avós? - a menina estava tremendo, nervosa. Bateram na porta, e entraram eram seus avôs com Fernando. Apresentaram-no como amigo. Dulce tratou de se acalmar, e percebeu que o homem chorava.

- Estou tão lamentável assim? - Dulce perguntou e ele sorriu.

- Não, você é linda. Linda demais. - a menina ia retrucar, mas Maitê se apressou em falar.

- Você me fez uma pergunta antes deles entrarem Dulce, Fernando é a resposta dela.

- Ahn? - Maitê sabia que ia doer falar, mas era necessário.

- fermento... é seu pai verdadeiro.

Dulce olhou-o chocada. Nem mesmo chorou, era coisa demais pra um dia só. Maitê falou e saiu do quarto com pressa, seu pai a seguiu. Dulce ainda na cama pediu para Fernando se aproximar mais.

- Eu, já volto - José saiu com pressa.

Fernando se aproximou da filha e abraçou-a com cuidado, chorou. Ela lembrava muito sua filha menor e sua mulher, assim como Maitê lembrava sua menina mais velha. Acabara de saber que tinha uma filha viva, e ela estava a um passo da morte. Era realmente triste, mas ele faria tudo que pudesse para salvá-la. Quando se afastaram, Dulce sorriu.

- Tenho uma mãe?

E então os dois passaram um bom tempo conversando, Fernando explicou tudo que havia acontecido a Dulce. Falou sobre sua vida, sobre a mãe dela, sobre seus irmãos. Dulce também falou da sua vida. Contou que acreditava em reencarnação,e que acreditava ser o Christopher, falou porque e seu pai demonstrou-se muito compreensivo. Falou sobre sua opção sexual, contou tudo que se lembrava. Seu pai mostrou-se muito orgulhoso ao saber que ela estava em Oxford. Ambos ficaram conversando até Maitê voltar com o médico.

-  O resultado saiu. - ela disse.

- Do que? - Dulce perguntou confusa.

- Se ele é compatível - Maitê respondeu.

O médico abriu o resultado em frente a todos, mas sua feição não foi boa.

- Não é. - ele disse simplesmente.

Não deu tempo nem de Maitê se desesperar, Fernando se adiantou.

- Uma filha minha, é possível que seja compatível...

- Sim, se for preciso eu mesmo tenho um filho com ele! - Maitê falou.

- NÃO! - todos olharam pra Dulce que gritou. Até ela se assustou.

- O que foi? - Fernando perguntou.

- Maitê não vai ter um filho com você e pronto!

- Se precisar eu... - Maitê quem tentou voltar a falar.

- SE ACALMEM! - o médico gritou, todos estavam falando ao mesmo tempo, ninguém entendia mais nada. Com ele todos se aquietaram. - Fernando, acredito que só teria chances, se você tivesse um filho com a mesma mãe de Dulce...

- Eu tenho! - todos olharam pra ele - Quando houve o acidente, minha filha mais nova não estava no carro. Estava no hospital, ela tem asma crônica e estava em crise. Eu estava com ela.

- Onde ela está? - o médico perguntou e Maitê e Dulce o olhavam ansiosas.

- Tava passando as férias na casa da avó, que mora no anterior. Porque o ar puro para ela faz bem!

- Você pode trazer ela?

- Se for pra salvar Dulce,  peço para minha sogra vir com ele agora mesmo.

- Então faça isso! - Maitê quase gritou e o abraçou feliz. Sua menina tinha grandes chances de sobreviver.