Fanfic: Transgression ( Savirroni) mini Web — Finalizada | Tema: Savirroni

Já faziam duas semanas que tudo havia acontecido, e ha apenas dois dias Maitê estava em casa. Apesar da insistência de sua mãe para passar um tempo em sua cidade natal junto aos seus pais, Maitê insistiu em ficar na sua casa, seu lar. O cansaço ja a consumia, Dulce não era uma criança muito chorona, mas era um bebê e necessitava de atenção 24 horas por dia. Além disso, Maitê insistiu em arrumar as coisas que anteriormente haviam pertencido ao seu marido. Pensou em doar tudo, mas apesar de saber que era egoismo de sua parte não conseguiu. Sua casa era grande, por isso prefiriu arrumar tudo em um quarto e trancá-lo. Assim pelo menos quando sentisse saudade poderia voltar e ver, sentir, tudo aquilo que um dia fora de seu amado. Mas em especial, guardou um colar de Christopher que os dois tinham igual. Era como um amuleto para ambos, nunca tiravam do pescoço. Era um colar de ouro, com um pingente de coração, se você conseguisse abrir-lo encontraria uma foto com os dois juntos, felizes e sorrindo. Haviam comprado juntos no seu primeiro aniversário de namoro. Colocou em seu pescoço junto com o seu, fechou a porta com chave e foi para o quarto de Dulce. Sentou-se na próxima a janela, viu que sua filha ainda dormia calma, e repitiu mais uma vez, o que fez durante as duas semanas.. chorou.

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Maitê estava sentada em uma cadeira no quintal, olhando sua filha andar de balanço. Sorria contente, no dia seguinte Dulce completaria 6 anos, e logo em setembro iria para escola. Maitê ouviu um barulho e virou o rosto, era sua sogra e sua empregada.

- Alexandra, Mariana, sentem-se - Maitê sorriu inocentemente e apontou as cadeiras.

Mariana era sua empregada, mas era muito mais que isso, se tornou uma grande amiga. Maitê conheceu ela aos seus 15 anos, logo que conheceu Christopher. Mariana criara Chris, e agora criaria a filha dele. Assim que tudo aconteceu,  sua sogra, pediu a Mariana que passasse a morar com Maitê que era muito nova e desconhecia muitas coisas sobre como cuidar de um bebê. Mariana ainda muito abalada com a morte do seu filinho de coração aceitou e passou a morar com sua "netinha", como ela chamava Dulce. Alexandra foi tão presente quanto pode na vida de Dulce, e seu marido era um avô babão. Dulce ria o tempo todo quando estava com ele.

- Trouxe um chá para você, minha filha. - disse Mariana, já entregando uma xícara a Maitê. Elas já estavam sentadas e por um momento permaneceram em silencio olhando Dulce.

- Ela é linda - falou a vó da menina enquanto voltava o olhar para Maitê - e agora Mai, já sabe a quem ela puxou?

- Depende - ela falou com certo humor - Eu diria que fisicamente não tem nada a ver comigo. Mas também não puxou muito ao Chris. A não ser é obvio por ser tão linda... E os cabelos castanhos.

- E o jeito, a risada, o sorriso, o olhar. - Completou sua sogra, Maitê suspirou perdida em pensamentos.

- É... Eu não entendo Alexandra, como ela pode ser tão parecida com o pai se nunca conviveu com ele. Até mesmo manias são as mesmas.

- Vai ver que é a genética.. - falou sorrindo, mas Maitê nem a olhava.

- Eu não sei. Mas isso tudo me abala muito, nunca o esqueci... nunca deixei de o amar. E às vezes dói a ver fazendo exatamente as mesmas coisas que ele fazia, mas ela nem sabe.

- Você sente saudade menina, isso é normal.

Já passavam das 22 hrs, quando Maitê conseguiu colocar Dulce na cama. Cobriu-a, e sentou-se na ponta da cama como de costume.

- Deita comigo mãe.. - a menina pediu, e Maitê deitou ao seu lado, se cobrindo com ela. Dulce a abraçou - eu te amo mais que tudo Mais, você é tudo pra mim!

- Que? - Maitê olhou pra sua filha um pouco assustada, as vezes Dulce fazia isso. Chamava a mãe pelo nome, ou por algum apelido carinhoso. Maitê se assustou, era isso que Christopher falava sempre. Ela queria chorar mais não podia, abraçou sua filha e disse que a amava também, quando falou sua voz ainda saiu um tanto falha - Amor, a mamãe prefere q-quando você me chama de...  mãe!

Mas Dulce nem se deu ao trabalho de responder, agarrada na mãe ela já dormia. O dia tinha sido cansativo e amanhã ela teria uma grande festa. Maitê apenas a observava, e acariciava seu rosto.

Dulce era tudo que ela mais amara na vida. Amava-a como filha, que era o amor mais lindo que existi no mundo, mas sempre sentiu que existia algo a mais que não sabia como explicar. Nem mesmo entendia tal sentimento. Por muitos dias, e meses chorou a morte de seu marido, na verdade nunca a superou. Maitê apenas vivia, e atualmente a única coisa que lhe dava vida era Dulce. Se estava com ela, era como se tudo estivesse bem. Sua menina tinha uma luz interior inexplicável, todos ao seu redor sentiam. 

Porém, algumas coisas incomodavam Maitê às vezes. Ela não saberia dizer se era uma obsessão sua ou se era real, mas todos alegavam perceber o mesmo; Dulce, apesar de ser apenas uma menina, tinha todo o jeito de Christopher. A maneira de olhar para Maitê, o brilho no olhar, o jeito que ela mordia o lábio, sorria, falava. Ninguém podia explicar. Dulce não negava ser filha dele, nem mesmo em relação à Maitê. Dulce era um grude, se a convidavam para ir em algum lugar ela apenas aceitava se sua mãe fosse junto. Novas amizades para Maitê não eram bem aceitas também.. Da mesma forma que Christopher era ciumento, Dulce não podia ver sua mãe de conversas e sorrisos com nenhum homem ou mulher. Maitê até mesmo se acostumara, certamente nunca pensou em outro parceiro para sua vida. Assim como estava, ela e sua filha, estava perfeito.

A festa de Dulce fora linda, muitas crianças, muitos convidados, muitos presentes. Mira tinha feito questão de convidar todos os amigos da família, assim como Alexandra. Com os anos as duas haviam se tornado grandes amigas, e juntamente a Maitê organizaram a linda festa. As crianças sem duvidas eram quem mais se divertiam, a festa cheia de brinquedos, balões, a decoração temática, tudo estava perfeito. Mas foi no final da festa, na hora de cantar os parabéns que todos se assustaram. Dulce subiu em uma cadeira atrás da mesa do bolo, para poder ficar na altura, enquanto sua mãe se posicionou ao seu lado. Todos começaram a cantar parabéns e Dulce sorria e pulava feliz, mas de repente se aquietou e distraiu-se olhando para a parede espelhada que havia perto. Quando terminaram com a salva de palmas, e perceberam a distração da menina, começaram a chama-la para apagar a vela, como tradição. Mas ela simplesmente olhou para todos e colocou a mão no peito, como Christopher fazia quando ia falar em publico. Maitê  apenas engoliu em seco e a chamou, mas Dulce nem notou e começou:

- Agradeço a todos convidados presentes, já que hoje é um dia tão especial.. - a menina olhou para mãe e pegou sua mão, deu aquele sorriso que fazia Maitê esquecer qualquer coisa ruim e continuou - talvez o mais importante da minha vida..

Maitê não sabia o que fazer, não sabia se corria, se gritava se chorava, simplesmente não sabia. Como ela podia fazer isso? Dulce repetia as palavras e os gestos de Christopher na festa em comemoração ao seu casamento. Todos na festa estavam calados, apenas observando. A mãe de Chris chorava, e foi levada pra fora.

- Antes de qualquer coisa, quero dizer Mai, que nunca amei ninguém como te amo e que hoje..

- DULCE MARIA! - Maitê gritou alto, a menina olhou-a assustada e caiu desmaiada nos braços da mãe.