Fanfic: Transgression ( Savirroni) mini Web — Finalizada | Tema: Savirroni

O caminho para casa foi um tanto tenso para Dulce, estava dividida em contar ou não contar para sua mãe. Ela olhou-a de relance, Maitê sorria sozinha enquanto dirigia. e foi nesse momento que Dulce decidiu guardar sua descoberta para si por um tempo. Ela não se sentiu muito confortável em ter que guardar uma coisa tão importante dentro dela por tanto tempo, isso ia angustia-la. Foi quando se lembrou de sua Mona, sim, ela já sabia desde muito tempo.. E certamente teria um conselho sábio para passar.

- Mãe?

- Oi? - Maitê olhou-a, sorrindo.

- O que você pensa de uma menina, ficar com outra menina? - ela arriscou.

- Que? - a pergunta pegou Maitê com surpresa, ela ficou um tempo quieta. Dulce conhecia a mãe, ela tinha escutado a pergunta - vamos comer amor?

Elas estavam entrando numa loja do McDonald's, Maitê jogou sujo, era o lanche preferido de Dulce. Elas estavam em uma mesa afastada, quando Dulce voltou a perguntar.

- Você não respondeu mãe.. - Maitê olhou se fazendo de desentendida, mas a filha repetiu - O que pensa de uma menina ficar com outra menina?

- Estranho.

- Só isso?

- Porque ta me perguntando isso agora? - falou irritada - ta gostando de uma menina?

Dulce ficou surpresa com a resposta da mãe, mas ainda mais pelo tom. Foram poucas as vezes que Maitê falara assim com ela.

- Você é lésbica Dulce Maria? - foi o necessário para todos olharem para as duas. Dulce simplesmente pegou sua bolsa e saiu sem nem olhar no rosto da sua mãe. Maitê caiu na mesa, e se perdeu em seus pensamentos mais uma vez. Nem terminou seu lanche, foi pro carro, Dulce não estava lá, deveria ter ido para casa de alguma amiga. Maitê entrou no carro e dirigiu até sua casa, deitou-se na sua cama cansado e começou a pensar no que sua filha havia lhe dito.

Em nenhum momento ela confirmou ser lésbica, e Maitê já duvidava do real motivo de ter se irritado. A verdade, é que não se irritou por Dulce ser ou não homossexual, mas sim pelo fato de ela poder estar gostando de alguém que não ela. Lembrou-se então, que apesar do que sentia e ainda não compreendia e muito menos aceitava, Dulce era sua filha e a amava como mãe apesar de tudo que as duas já haviam passado. Percebeu que a amava tanto, que preferia vê-la com outra pessoa mas feliz, do que sozinha e triste. Mas ser outra menina a pessoa de quem ela gostava, isso seria um pouco mais complicado. Maitê, apesar de não gostar muito da ideia, estava em uma situação parecida e não poderia julgar a filha pelo mesmo. Mas suas famílias eram muito tradicionais, e Maitê tinha medo das coisas que eles poderiam falar ou fazer com sua filha. Protegê-la, é tudo que Maitê almejava na vida.

Bateram na porta e Maitê mandou que entrassem, era Mariana. Mariana tinha 22 anos quando começou a cuidar de Christopher, tinha um filho com a idade dele. Christopher fora como um filho mesmo para ela, muitas vezes fora Mariana a amamentar Chris. Ele e Nicholas, filho de Mariana, foram grandes amigos. Cresceram brincando juntos, estudaram na mesma escola. Foi uma dor imensa quando perderam Christopher, perderam um filho e um irmão. Mas Nicholas assim como a mãe sempre foi espírita, e acredita também que Dulce seja seu velho amigo. Dulce desde que começou a falar se apegou bastante a ele, seu dindo e sua dinda, Marissa. Ambos pais de Luca, um menino um tanto levado e dois anos mais velho que Dulce. Marissa e Nick batizaram Dulce, assim como Maitê e Christopher batizaram Luca.

- Porque vocês brigaram minha menina? Dulce chegou e se trancou no quarto também..

- Ela esta bem Mari?

- Sim, sim. Apenas parecia um pouco revoltada, e não é muito normal ver vocês brigadas.

Maitê sorriu, agora estava um pouco mais tranquila. Apontou a cama para Mari que se sentou, e abraçou-a.

- Eu te amo, sabia Mari? Agradeço a Deus por ter lhe colocado na minha vida. A minha sogra por ter te mandando para morar comigo, e você por ter aceitado. - sua velha amiga deu uma gargalhada.

- Eu que agradeço a você minha menina, por deixar essa velha na sua casa, mesmo depois de não servir para nada.

- Não fale assim Mari, a muito tempo que você não é mais uma simples empregada, mas sim uma amiga da família. E sabe muito bem que você é a segunda mãe da minha filha.

- Sim, minha menina preciosa.

- Ai, vou lá conversar com ela Mari.

- Faça isso minha menina, e lembre-se que ela tem apenas 15 anos.

Maitê nem mesmo respondeu, apenas piscou para senhora mais velha e se dirigiu ao quarto da filha. Bateu na porta, mas como não obteve resposta abriu a porta lentamente. A porta do banheiro estava aberta, Dulce estava no banho, dava para escutar o chuveiro ligado. Maitê resolveu esperar a filha ali mesmo, sentou-se na cama e ficou olhando o quarto da filha, era lindo. Na cômoda ao lado da cama, tinha um porta retrato com uma foto de rosto dela com o Christopher. E uma do mesmo estilo, recente dela com a Dulce. Na parede lilás havia um mural enorme branco, tinha forma de coração. Havia varias fotos nele, na maioria eram apenas fotos dela com Dulce. Desde pequena Dulce sempre fora grande "fã" sua. Havia uma foto que tinha sido tirada no dia da morte de Chris. Ele havia insistido que Maitê devia fazer um buque, com a barriga grande. E eles fizeram, a foto que tinha no mural, mostrava duas imagens. Uma do Christopher do lado de Maitê segurando-a com uma mão pela cintura e com a outra mão acariciando a barriga de Mai e os dois olhando para câmera. E a outra era do Chris ajoelhado beijando a barriga de Mai, com ela o olhando. As imagens eram realmente lindas, Maitê sorriu lembrando-se do dia que havia tirado aquelas fotos.

- O que você esta fazendo aqui? Não quero falar contigo agora Maitê.

- Para com isso Dulce - Maitê olhou pra filha, que estava com os cabelos molhados e ondulados caídos pelos ombros, e enrolada apenas na toalha - a gente tem que conversar..

- Pra que mãe? Pra você chamar a atenção da vizinhança inteira, assim como fez no Mc?

- Não! Queria te pedir desculpas, você me pegou de surpresa e eu reagi errado - Dulce se surpreendeu com o pedido de desculpas. Maitê tinha um temperamento bem forte. - Bem errado..

- Hum.. - Maitê sorriu, e foi até a filha, abraçou-a.

- Desculpa? - falou olhando a menina nos olhos.

- Ta certo Mai.

- Vamos conversar sobre isso agora então - suspirou e sentou-se na cama, olhando Dulce. - está gostando de uma menina Dul?