Fanfic: Eu já estou morto!? | Tema: comédia
Saindo do cemitério, uma criança empolgada falava com seu pai.
— Papai, eu vou escrever um livro que faça as pessoas sorrirem!
— É mesmo? Falou tem que fazer em.
— Sim! Eu juro que vou fazer uma historia muuuuuito boa. Aí vou virar o melhor escritor do mundo!
— Há há há. Estou ansioso para ler essa historia, Enzo. – Respondeu o adulto, colocando a criança em cima de seus ombros.
Os dois riam juntos enquanto caminhavam, observando o por do sol. Essa era a memória mais importante que Enzo tinha.
Nove anos depois...
Clash
— Toma essa, esqueleto!
Em um quarto cuja única fonte de luz vinha de uma televisão, estava um jovem de 21 anos, sentado, com um controle de vídeo game na mão.
Slash
— Ah, essa foi por pouco. Sorte que guardei uma poção.
Ele jogava o ultimo lançamento da serie “Dragon Fantasy LXVIII”. Já fazia cinco dias que ele só fazia isso. Os únicos momentos em que ele parava eram na hora de ir ao banheiro e na de dormir. Quando ficava com fome, ele pedia para algum restaurante entregar comida.
Tam tam tãrammm
—Boooa, upei de nível! Agora já da pra enfrentar o chefe.
Esse era Enzo Rodrigues, mais conhecido como M.M.Gibson, escritor da serie de livros “Lenda do solstício”. Que jogava concentrado. Fazia meses que ele estava enrolando para escrever o ultimo volume da sua serie. Depois que seus livros fizeram sucesso (nem tanto assim), ele não foi mais o mesmo. Ao invés de trabalhar, ele ficava gastando seu tempo jogando, comprando coisas inúteis pela internet e assistindo os episódios novos das series que acompanha. Em outras palavras, ele se tornou um vagabundo.
Wa há há há há...
— Certo, cheguei nele. Dessa vez vou te matar sua tartaruga nojenta!
Sua editora sempre tinha que lhe cobrar para enviar o material, mas em todas as vezes, ele dava a desculpa de que “está empenhado escrevendo e quer ter certeza de que está bom antes de enviar”, isso quando não ignorava as ligações. Sua vida agora é isso, escrever quando dá vontade, ou perto do prazo acabar, e gastar o resto do tempo vivendo do bem bom. Um estilo de vida invejável.
Clash
— Boa, esse foi crítico. He he, desse jeito vou finalmente passar dessa dungeon.
Piri piri, piri piri
Um toque musical se misturou aos sons da TV, era seu celular tocando. Dando uma espiada na tela, ele viu quem era e ignorou. Depois de um tempo, o telefone parou, mas voltou a tocar logo em seguida.
— To quase terminando essa batalha, sinto muito, mas não tem pause aqui. – ele falava para si mesmo. Mas o celular não parava de tocar. E na quinta vez...
— Ô caramba, o que você quer? Estou concentrado em um trabalho importante aqui. Desse jeito não vou conseguir progredir. – Do jeito que ele falava, parecia até que estava escrevendo.
— Enzo, isso lá é jeito de falar comigo? – A voz que vinha do outro lado era do seu editor, Gabriel.
— Ah, foi mal... É que assim vou perder a concentração e meu progresso vai pro saco.
— Só estou ligando para te lembrar de que o prazo acaba em alguns meses. Você ainda não mandou nenhum material e por isso todos aqui estão me cobrando... – ele respondia de forma melancólica.
— Desculpa, mas eu quero fazer as coisas sossegado e no meu tempo. A conclusão é o momento mais delicado e importante de uma historia. Quero ter certeza de que tá tudo em ordem antes de mandar.
— Eu sei disso, mas é importante enviar uma prévia. Desse jeito posso te ajudar caso você precise.
— Não senhor. Um mestre não pode enviar um material meia boca. E eu não sentiria como se fosse minha criação, caso alguém desse palpites.
— Mas...
— Que bom que você me entende. Estou em uma parte crucial aqui, então vou desligar antes que eu me perca ok? Ok, tchau.
—Espe-
Tu tu tu tu...
Essa era uma conversa recorrente entre os dois, mas quem sofria as consequências era o editor.
— Ufa, ainda bem que não isso não afetou a batalha.
Enzo colocou o celular de lado e continuou jogando como se nada tivesse acontecido. Mas não demorou nem 2 minutos e o celular tocou de novo. Dessa vez ele estava P da vida.
—EU JÁ FALEI QUE-
— Já falou que o que, Enzo? – Dessa vez, a voz do outro lado era a de uma mulher, Sabrina, a ilustradora de seus livros.
— Glup. O-oi, como vai Sabrina? – Aquelas poucas palavras fizeram sua espinha gelar, ela era a única pessoa da qual ele tinha um pouco de respeito. Não, do qual ele tinha medo.
— O Gabriel me disse que você não quer mandar o roteiro, é isso mesmo?
Sua voz era calma, mas Enzo sabia que esse jeitinho escondia a fúria de um monstro.
— N-Não é isso não. É que ainda não me sinto confiante para mostrar o manuscrito. Ele não está muito bom ainda.
— Não se preocupe. Se estiver ruim a gente melhora ele juntos. Se estiver bom, eu posso começar a desenhar e o trabalho não acumula. Como da ultima vez, sabe?
— Isso aconteceu mesmo? Eu nem lembrava ha ha ha.
— Ah, mas eu lembro. Passei noites em claro desenhando sem parar. Acabei a ultima ilustração duas horas antes do prazo expirar e depois disso, eu dormi por 2 dias inteiros de tão exausta.
— He he he... – Sentindo o perigo, ele só conseguia rir de nervoso.
— O que é engraçado?
— N-n-ada. Eu só pensei em um momento cômico para colocar na historia.
— Nossa, que bom. Parece que está indo bem então. Você pode me enviar a piada junto com o que já escreveu.
— Sobre isso...
— Vou passar na sua casa semana que vem e aí discutimos mais sobre o livro.
— Ah, mas...
— Estarei esperando. Compre bolo para comermos. De chocolate tá? Até mais.
— Espe-
Tu tu tu tu...
Na tela da TV tinha a frase “Você Morreu”. Enzo soltou seu celular e ficou refletindo sobre a situação em que ele se meteu. Ele tinha uma semana para compensar cerca de três meses de vagabundagem, se não, sua ilustradora o mataria. Após inúmeros cálculos sobre os possíveis cenários futuros ele chegou a conclusão de que, “fodeu”.
— Droga, apelar pra rainha demônio não vale. Se eu te ver, Gabriel, vou te levar pro inferno junto comigo.
Como não havia o que fazer se não começar logo ele se ergueu e acendeu a luz do quarto para procurar pelo notebook, mas o que ele viu, parecia a cena de um filme pós-apocalíptico: montes de caixas de pizza e marmitas empilhados, embalagens de salgadinhos doces e latas por todos os cantos, o chão quase não era visível devido a camada de sujeira.
— Caraca, isso aqui tá um lixo, tem coisa pra todo lado. Melhor dar uma limpada antes de começar, se a Sabrina ver isso, ela vai saber que fiquei perdendo tempo.
Pegando um saco, ele começou a recolher o lixo. Por sorte, as únicas coisas que tinham no quarto eram embalagens e não restos de comida. Depois de longos trinta minutos de catação, ele conseguiu se livrar de toda a bagunça, suando com o esforço.
— Arf. Limpar cansa muito. Agora é só colocar isso lá fora e começar a escre...-.— Abrindo a porta do quarto, ele viu que ainda tinha muito lixo espalhado por toda a casa, tinham restos de comida até na escada.
— Ah não, assim não dá. Amanhã eu ligo para uma faxineira. Gah, que pesado.— Erguendo o saco de lixo que quase tampava sua visão de tão cheio, Enzo andava, descendo as escadas, com cuidado.
— Melhor ir devagar. Se eu cair daqui vai ser bem feeieEIIUOOOAAAAHHH
Ele não viu uma garrafa de vidro que estava jogada em um degrau e acabou pisando nela, perdendo o equilíbrio e caindo. Nesse momento, tudo ficou em câmera lenta, e sua vida começou a passar diante de seus olhos: O dia em que ele nasceu; o dia em que ele decidiu virar escritor; o dia em que ele publicou seu primeiro livro; o ultimo jogo que ele tinha zerado; e agora, sua queda. Ele não sabia se estava alucinando ou não, mas no topo da escada, ele podia ver um ser encapuzado, além de ouvir uma risada sinistra, junto com as palavras:
— Pfff. Que otário.
Antes de se chocar contra o chão, um último pensamento passou pela sua mente, seu único arrependimento: - Que merda. Eu nunca vou saber como “Dragon Fantasy LXVIII” acaba.
TUM
......
— Hmmmm, aaiii... — Estirado no chão, Enzo gemia de dor. Mesmo que a queda tivesse acontecido a poucos segundos, ele não se lembrava o porque de estar deitado ali.
— Eu apaguei de sono? Não lembro o que estava fazendo...
— Moço, você caiu das escadas.
Alguém tinha respondido a sua pergunta, era uma voz feminina, mas o rapaz não tinha se dado conta e seguiu respondendo.
— Ah verdade, pisei numa garrafa e despenquei da escada...
— Isso mesmo, e agora você está morto.
— Ah é, eu morri pro chefão... ESPERA AÍ!! O QUE?
— Infelizmente, seu corpo não resistiu à queda. Mas não se preocupe, vim aqui te levar para o céu.
Só depois de ouvir essas palavras que Enzo voltou para si. Olhando para o lado, ele viu seu próprio corpo deitado, com um saco de lixo rasgado em cima da cara. Ele ficou parado olhando para o defunto e para a menina loira que estava ali. Assim, Enzo começou a passar pelos cinco estágios da morte. Primeiro, Negação:
— E-E-E-EI, Eu to sonhando né?
— Não é sonho, moço.
— Sim, isso só pode ser um sonho. E você é parte do meu sonho. Ahh que alívio.
Ele ignorava o que a menina dizia, que o olhava de forma inocente.
— Dizem que é só se beliscar que você acorda... Ué? Não tá funcionando...
— Viu, não é um sonho.
— Pare de falar essas coisas, subconsciente maldito. Já sei, quando você cai no sonho, você acorda.
Enzo subiu na mesa da sala e se jogou de costas no chão. O resultado foi apenas dor e um pouco de falta de ar.
— Acho que não era alto o suficiente... Já sei! A escada!
— Moço, por favor, pare. Mesmo morto você ainda pode sentir dor.
Ele subiu as escadas correndo e pulou de lá de cima, sem medo. Dessa vez:
— AAHHHH QUE DOORRR!!!
— Viu, eu falei. A alma não tem uma forma física, mas pode sentir as mesmas coisas que o corpo.
Dessa vez, a ficha tinha caído. A garota falava a verdade.
.— Não pode ser, eu morri. Morri mesmo. Eu morri caindo da escada da minha casa...
— Que bom que você aceitou sua morte. Bom, vamos indo?
Ele não estava pronto para aceitar sua morte, Segundo estágio, Raiva:
— QUE PORCARIA É ESSAAAA!!??
—AAAHHHHH, POO OR FAVOR SE ACAA ALMEE E! – Dizia a menina sendo sacudida pra lá e pra cá igual um boneco.
—QUE RIDICULO, CAIR DA ESCADA POR CAUSA DE UMA GARRAFA? EU TENHO 21 ANOS E ESSE VAI SER O MOTIVO DA MINHA MORTE?? NÃO, EU ME RECUSO A ACEITAR ISSO. EI, VOCE!
Agora ele tinha parado de sacudi-la e olhava bem nos fundos de seus olhos, com o rosto serio. A garota estava tonta e respondeu insegura.
— S-sim!??
Terceiro estágio: Barganha.
— Você é a morte né? Você só pode ser a morte. Me traga de volta a vida. Tem varias coisas que eu ainda quero fazer, e eu ainda sou virgem po. Pelo menos me deixa morrer de uma maneira mais digna. Coopera comigo aí.
— Me desculpa moço. Eu não sou a morte, mas mesmo que fosse, é impossível para alguém voltar a vida depois que a ligação entre corpo e alma é cortada. Me desculpe mesmo.
Enzo soltou a menina e andou para um canto da sala, deitando em posição fetal.
— Moço?
Quarto estágio: Depressão.
—Eu morri. Não acredito que morri. Eu sou um virgem de 21 anos que morreu caindo da escada da própria casa. Isso vai virar noticia e motivo de piada com certeza. Já estou até vendo essa historia virar um meme...
— Moço. Pense pelo lado positivo. Ao menos você não vai ter mais que sofrer dos males deste mundo. Você foi uma boa pessoa e, portanto, irá pra o céu.
Quinto estágio: Aceitação.
— Ah, entendo, eu vivi uma vida plena não é?
— Isso mesmo, assim como eu você se tornará um anjo. Não é legal?
— Anjo... Parece bom. Posso finalmente descansar em paz, adeus prazos e cobranças.
— Como anjo você vai trabalhar guiando as almas para o outro lado.
— Ahh, trabalhar como um anjo... trabalhar?
— Isso, quando eu morri ganhei essa função. Vamos, vai ser divertido.
A garota, com um sorriso no rosto, estendeu o braço em direção a Enzo e ele se aproximou dela, colocando as mãos em seus ombros.
— TRABALHAR!!?? SÉRIO QUE VOU TER QUE TRABALHAR DEPOIS DE MORTO? QUE PIADA É ESSA!!??
E de volta ao segundo estágio.
— AAAAHH AAH, SEE ACAAA ALLMEE! – E de novo ela era sacudida pra frente e pra traz. – NÃAAO FUU III EUUU QUE EE FII ZZ A ASS REE EEGRAASS!
— ENTÃO CHAMA QUEM FEZ! EU QUERO FALAR COM O GERENTE. ESSE SERVIÇO TÁ MUITO PORCARIA. CHAMA ELE QUE QUERO RECLAMAR!!
— VEE TERANOOO OOO! SO COOO RRROOO!
Como se os céus respondessem ao seu chamado, um raio de luz divino iluminou a casa. De lá, desceu um anjo de cabelos cacheados e dourados, que vestia um roupão branco, igual o da menina. Suas asas eram enormes e ele emanava uma aura serena. A garota se soltou de Enzo e se escondeu nas costas do ser celestial.
— O que foi, Flora?
— Esse moço ficou me sacudindo e gritando comigo. Me ajude por favor, ele está me dando medo. – Dizia a garota com voz de choro e espiando de traz dele.
— Hummm. Entendo...
O anjo olhou para o espirito atormentado, como se o analisasse. Enzo não demorou a descontar sua indignação.
— Ei, você que é o responsável desse negocio? Eu não me lembro de ter mandado currículo pra ser mensageiro de Deus. Que droga é essa em?
— Ora, você acha que ir para o céu é tão fácil? Para receber o “descanso eterno”, você deve se esforçar. Aqueles que não foram bons o suficiente, devem trabalhar guiando boas almas, até que possam receber o direito de entrar no paraíso. Essas são as regras.
Ele falava como se toda a calma do mundo estivesse contida em suas palavras, mas mesmo um anjo não era capaz de diminuir o descontentamento de um humano idiota.
— Que regra porcaria é essa? Ninguém nunca me falou desses termos nas entrelinhas. Exijo reembolso! Quero reviver agora!
— Isso é impossível. Quando a ligação entre corpo e alma é cortada, não resta mais o que fazer.
— Viu, eu te falei a verdade moço. – A garota dizia meio tímida atrás de seu superior.
— Calada estagiária! Isso é ridículo! E todas as pessoas que acordam depois de acharem que elas estavam mortas?
— Isso é só engano por parte dos humanos. Nesses casos a ligação não foi rompida, apenas suspensa.
— Isso não faz sentido, esse negocio de vida e morte é cheio de falhas. E olha o modo como eu morri, não tenho direito de uma morte mais digna não?
— Não somos nós que decidimos como você morre. Foram suas próprias ações que o levaram até esse fim. Se você morreu assim, a culpa é toda sua.
Esse foi um modo educado de dizer que Enzo tinha morrido daquele jeito por ser um idiota, e isso tinha pegado bem na ferida.
— Agora vamos, o trabalho lhe aguarda.
— Me recuso!
O rapaz estava começando a irritar o anjo. Geralmente as pessoas suplicam por suas vidas por terem assuntos inacabados, mas ele era apenas chato.
— Se eu for agora, vou deixar muitas coisas para trás. Tenho muitos jogos que quero jogar, series que preciso terminar de ver, também quero ter uma namorada, e...- Ele olhou para sua estante de livros, onde estavam suas publicações – preciso terminar meu livro.
Os dois seres divinos se entreolharam, aquela súbita mudança de comportamento tinha sido uma surpresa para ambos.
— Então você é um escritor, moço?
— Sim, meu pseudônimo é M.M.Gibson, eu escrevi a ”Lenda do solstício”.
— SÉÉÉÉRIOOO??
A menina tinha pulado de trás de seu protetor e agora estava de frente para o espírito. Seus olhos brilhavam como os de uma criança diante de seu ídolo.
— Eu sou fã desses livros. Não acredito que você é o autor. Me conta como termina. Por favor, por favorrrr.
Ele se assustou com a reação dela, primeiro porque ele não imaginava que anjos liam romances de mortais, e segundo porque ninguém nunca tinha reagido assim diante dele, então ele estava meio sem jeito.
— Errmm... bem, eu ainda não decidi o final.
— Nããão, como assim? Pensei que você já tinha pensado em tudo. Eu preciso saber como termina.
Aquelas palavras tinham feito uma engrenagem girar em sua cabeça. Em sua inocencia, ele enxergou uma oportunidade. Terceiro estágio, barganha:
— Bom, sabe como é né. Eu estava escrevendo a ultima parte inspirado, acho que estava chegando no clímax da historia. Mas ai esse infeliz imprevisto aconteceu, e agora ninguém nunca vai saber do final, e isso me corta o coração.
— Essa nããão. Ahhh, veterano, não tem nada que você possa fazer? Ou outro anjo?
´ — É veterano, não deixe os meus fãs se decepcionarem comigo. (quero terminar meu jogo).
— Infelizmente, não há o que fazer.
Ela com cara de choro, e ele fingindo cara de choro, tentavam encontrar uma brecha no contrato.
— Poxaaa, não da mesmo?
— É, não da mesmo?? (não quero morrer como um idiota.)
— Como eu disse, não dá.
— E agoraaa? Eu queria muito saber sobre o final...
Enzo estava entrando em desespero, tinha que ter um jeito, mesmo que fosse uma jornada para encontrar um monstro místico e realizar um pedido, ele queria fazer o que fosse para reviver. O veterano já estava impaciente
— Chega de enrolação, agora você se tornará um anjo.
Em uma ultima tentativa, Enzo falou com toda a sua vontade.
— Não, eu não posso me tornar um anjo ainda. Um escritor que abandona sua obra é como um Deus que abandona sua criação. Não posso aceitar isso tão fácil! (Me recuso a escapar de um trabalho pra ter que começar outro mais difícil).
Aquela frase deixou uma marca nos dois. Flora agora o olhava com mais admiração ainda, enquanto seu superior:
— Ora, vejo que você tem um forte senso de dever.
— Sim, não quero deixar minha historia pela metade, eu tenho um compromisso com meus fãs.
— Então, você realmente tem esse desejo de terminar sua obra a todo custo?
— Sim, eu tenho. (Então tem um jeito né seu safado).
Após pensar um pouco, o anjo lembrou de algo.
— Hummm. Bom, tem algo que você pode fazer.
— Por favor, me diga o que devo fazer, senhor. (Booooaaa. Vou me livrar dessa.)
— Como eu disse, é impossível reviver, mas você ainda pode ficar aqui por seis meses.
— Tudo bem, eu aceito. (Que meeerda, só seis meses. Bom, tenho que aproveitar esse tempo pra fazer tudo o que eu quero.)
— Então estamos de acordo. Você precisa completar seu livro em seis meses e ele tem que fazer sucesso. Caso falhe, tanto você quanto Flora irão para o inferno.
— Entendi, muito obrigado!... Espera aí. Inferno? (Eu ouvi a palavra inferno?).
— Além disso, como não é possível retornar ao corpo, você deverá fazer isso como um espírito.
— Espírito? (Tem algo de errado nisso).
— Está decidido. Espero que você demonstre sua convicção em sua obra. Estou indo agora. E Flora, você vai cuidar dele durante esse tempo, não nos decepcione.
A menina que tinha escutado tudo até agora calada, respondeu animada.
— Pode deixar veterano. Não precisa se preocupar, eu sei que ele vai conseguir.
— Espero que você atenda as expectativas de sua fã, escritor. Adeus.
E com essas palavras, Enzo e Flora observavam o anjo voltando para os céus. Quando a luz divina sumiu, a menina olhou toda animada para o rapaz.
— Que booom. Você vai conseguir terminar o livro. Acho que existe um jeitinho pra tudo né?
Ela dizia aquilo como se não entendesse a seriedade da situação.
— Ahh, ainda não me apresentei direito. Meu Nome é Flora, e bem... Espero poder te ajudar nesse tempo que ficaremos juntos. - Dizia ela com um largo sorriso no rosto.
Seu ídolo parecia distante, olhando para o lugar onde o anjo tinha sumido. E Flora, preocupada, perguntou.
— Moço? Está tudo bem?
Ele olhou para ela, dando um sorriso torto. Colocando as mãos em seus ombros ele disse:
— QUE PORRA EU FIIIIIZZZZZZZ!!!???
— AAAHH AA! SSEE E ACAAL MEEE.
Faltam seis meses para o fim do prazo.
Autor(a): tsuki_nishiha
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