Fanfic: Os opostos — Portinon | Tema: Portinon

POV DULCE

   Eu não conseguia parar de beija-la. Os lábios dela eram como imãs, eu não queria parar por mais que o ar começasse a ser fazer necessário. A mão dela passeava sobre meu braço esquerdo com cuidado provavelmente pra não me machucar ou algo assim.

    - Então, namorada... Qual será nosso primeiro ato como um casal de verdade? - Me afastei minimamente da boca pequena e sussurei pra ela.

    - Como sua namorada, exijo que cale a boca e me beije como estava fazendo agorinha. - Ela sussurou de volta com a voz sexy. Não exitei em obedecer e capturei os lábios convidativos com vontade. Eu teria beijado Anahí por mais tempo se não fosse a porta se abrir e eu ouvir um pigarro leve.

    - Err... Atrapalho? - Era Poncho. Ele tinha um sorriso de lado e estava claramente se divertindo com aquilo.

   - Atrapalha, Alfonso. - Sorri de volta. Anahí se afastou mais de mim descendo da cama e sentando na poltrona que estava bem ao lado.

   - Dulce María tenha modos. - Ela sorriu tímida pra Poncho. - Não atrapalha não, sargento.

   - Gostei dela. Você devia escuta-la mais, Dul.

   - Vá se fu/der, Herrera - Retruquei recebendo um olhar indignado de Anahí. - Desculpe.

  Vi que Anahí prendia o riso assim como Poncho e acabei rindo, levando eles junto comigo.

   - Com licença... - A enfermeira entrou no quarto com uma bandeja. - Hora de comer alguma coisa. 

   - Pode deixar que eu cuido disso - Anahí se escalou. A enfermeira sorriu e saiu do quarto.

   - O que tem aí? - Alfonso desembrulhava a embalagem descartável. - Sopa.

   - Eca! Nem morta eu como essa porcaria de hospital. - Falei já me zangando.

   - Ah vai comer sim. Deixa de criancisse, Dulce María. Anda. - Anahí já abria o potinho e mergulhava a colher no recipiente. Aquilo tinha um aspecto horrível.

   - Não quero, já disse.

   - Você não tem querer. Abre a boca. - Ela já encaminhava a colher até mim.

   - Não. - Retruquei firme fechando a cara.

   - Dulce María, ou você abre a boca ou eu te enfio essa sopa à força goela abaixo. - ela estreitou os olhos me encarando. Não tinha saída naquelas condições.

   - Que inferno! Me dá isso aqui. - Esqueci completamente do ferimento no ombro esquerdo e estiquei o braço tentando alcançar o pote nas mão da garota. Impossível ignorar a pontada que senti no local, me fazendo fechar os olhos com força e me encolher.

   - Dul, o que foi? O que você tá sentindo? - Anahí largou o pote de sopa na mesinha de lado e arregalou os olhos pra mim. - Fala, Dul! Onde tá doendo?

   - Calma, eu só esqueci do curativo e doeu o ombro. Tô bem.

     - Vou chamar a enfermeira. - Poncho já ia se levantando do sofazinho mais atrás da poltrona de Anahí.

   - Não! Não precisa, sério. Já passou. - Me acomodei melhor nas almofadas.

   - Dá pra você ficar quieta? Assim você vai quebrar os pontos e pode infeccionar o ferimento. Sou estudante de medicina, sei do que estou falando. Agora por favor, se aquiete e coma. Por mim.

   - Tá booooom... Que droga.

   - Olha a boca suja, Dulce Maria. - Ela falou em tom autoritário enquanto Poncho  se dobrava de rir da minha cara.

     Depois que eu comi tudo (mediante muitos protestos, é verdade), ficamos os três conversando sobre coisas aleatórias. Eu ainda não acreditava que estava namorando com Anahí. Eu achava que podia ser tudo um sonho e eu acordaria a qualquer momento. Por muito tempo eu me julguei segura o suficiente pra não me apegar a ninguém, mas ela quebrou qualquer barreira que eu pudesse impor.

   - Ainda não tô acreditando muito nessa conversa da Dul. Vocês estão namorando mesmo? - Ele sorria ao perguntar pra Anahí.

   - Estamos sim. - Anahí retribuiu o sorriso. Ela parecia feliz. Eu queria que ela estivesse sempre assim.

   - Não sei como você tem coragem, Anahí. Essa aí é um pé no saco. - Ele brincou.

     - Alfonso, você não tem mais o que fazer além de envenenar minha namorada contra mim não? Amor, não escute o que ele diz. - Falei em meio a risos.

   - Você me chamou de amor? - Ela voltou a atenção completamente pra mim com um sorriso lindo no rosto.

   - Chamei... - Respondi meio incerta.

  Ela não disse nada, só me puxou pra um beijo apaixonado segurando meu rosto com as duas mãos.

   - Dá pra vocês pararem com isso? Tem gente aqui.

      - Mas não por muito tempo. Alfonso, preciso que volte pro departamento e cuide de tudo por mim. Vá pra casa descansar e amanhã nos falamos. Ainda tenho que te passar umas instruções sobre como proceder com Matt McBaine. Aproveite e me dê notícias do Cristian.

   - De acordo com Smith ele está bem. Já sai amanhã do hospital. E você tem razão, preciso descansar e você mocinha... Se cuide pra que fique boa logo e saia daqui. - Ele disse vindo em minha direção e me dando um beijo na testa. Anahí que estava na poltrona ao lado, sorria com a cena. - Tchau, irmãzinha. Cuide dela, Portilla.

   - Pode deixar. - Anahí respondeu. Ele sorriu pra ela e saiu do quarto.

   - Você está bem mesmo? - ela me analisou preocupada. - Se sentir dor, incômodo ou dificuldade pra respirar, me avise imediatamente.

   - Relaxe, Anie. - Ri da preocupação dela.

      - É sério, Dul. Você levou um tiro, dê graças a Deus por estar aqui.

   - Dou graças a Deus por estar aqui... com você. - Apertei a mão dela que segurava a minha. - Vem cá.

  Ela sentou ao meu lado na cama e se debruçou sobre mim envolvento minha cintura num abraço leve e apoiando a cabeça no meu peito. Adormeci com ela alí abraçada comigo.

   5 dias depois...

   POV ANAHÍ

   - Calma aí, capitã. Pequenos passos. - Eu ajudava Dulce a entrar no seu apartamento. Uma das minhas mãos estava firme na sua cintura e a outra segurava a mão direita dela.

   - Tô bem, Anahí. Não estou aleijada nem nada do tipo. - Ela retrucou emburrada.

   - Cala a boca e senta logo nesse sofá. - A guiei até o sofá da sala. - Fique quietinha, vou só preparar o quarto pra você. Já que você me emprestou as chaves mais cedo pra eu buscar seus documentos, tomei a liberdade de trocar os lençóis todos e a roupa de cama. Dei uma geral por aqui também.

   - O que eu faria sem você...? - ela sorri pra mim num misto de gratidão e ironia. Ri da cara que ela fez.

   - Só estou cuidando de você, sua chata. Eu sou...

   - 'Estudante de medicina, sei o que estou fazendo'. Eu já sei disso. - Ela falou divertida.

   - Exatamente. Portanto vou te levar pro quarto. Você precisa descansar.

  Os dias que se seguiram pra que Dulce se recuperasse totalmente passaram voando. Eu me revezava entre as aulas da faculdade de manhã, cuidar da minha namorada e estudar pras minhas provas. Poncho e Cristian foram vê-la nesse meio tempo e me deram uma mão com ela sempre que tinham tempo livre.  Eu estava tão feliz com Dulce, acho que nunca senti nada assim por ninguém. Era um sentimento puro, avassalador e que só aumentava com o passar dos dias.  Ela era uma teimosa e sempre que eu dava as costas, já queria sair da cama ou ir no supermercado. Ela simplesmente era muito cabeça dura, mas só me fazia ficar mais apaixonada . Eu estava feliz como nunca pensei que um dia estaria. Eu a queria mais do que qualquer coisa nesse mundo. Meu coração era dela. Agora eu sabia disso.