Fanfic: Os opostos — Portinon | Tema: Portinon

  POV DULCE

   - Err... sua mãe? - Arregalei os olhos ainda deitada.

   - Sim, anda logo! - Anahí disse já saindo de cima de mim e se encaminhando pra porta.

  Eu estava ainda meio desnorteada com tudo que aconteceu lá no banheiro e com o que quase aconteceu aqui se não fosse a mãe de Anahí chegar. Suspirei pesadamente tentando não demonstrar irritação por ter sido interrompida. Segui Anahí em direção à sala e vi uma mulher sentada no sofá abrindo umas malas e colocando coisas no chão. Ao ver Anahí, ela sorriu e correu pra abraçar a filha demoradamente. Sorri ao ver a cena. Depois de um tempinho ela finalmente me notou alí.

   - E você é...? - Ela ainda sorria. 

   - Ah, desculpe. Sou Dulce María Savinon. Muito prazer, Sra. Portilla. - Estendi a mão pra ela educadamente.

   - Dulce María Savinon? A capitã do Batalhão que Anahí tanto fala? O prazer é meu em conhecê-la finalmente. - Ela apertou minha mão e sorriu mais ainda.

   - Mãe, eu preciso te contar uma coisinha... - Anahí olhou pra mim e depois pra mulher à minha frente com uma expressão ansiosa no rosto.

   - Contar o que? Não me diga que você se meteu em outra confusão e por isso a capitã Savinon está aqui. Anahí, minha filha... 

   - Não, mãe! Não é nada disso! - Anahí a interrompeu.

   - É que eu e Dulce... A senhora não quer se sentar?

   - Ah claro. Sentem-se também. Vejo que assunto é importante. - A Sra. Portilla sentou-se no sofá maior enquanto eu e Anahí nos sentamos no menor ao lado da mesma.

   - Ok. - Anahí começou. - Mãe, eu e Dulce nos aproximamos muito nos ultimos meses, até porque com a senhora longe eu fiquei muito sozinha. 

   - Não estou entendendo onde você quer chegar, filha.

   - Estamos namorando, Sra. Portilla. - Falei firme acabando com o mistério. Nunca fui um exemplo de paciência e queria ir direto ao ponto.

   - Namorando? - A atenção da Sra. Portilla se voltou pra mim. Ela não parecia brava, só surpresa um pouco confusa.

   - Exatamente. Estou namorando sua filha e espero que a sra esteja de acordo com isso porque eu realmente gosto muito dela. - Falei sinceramente. Era hora de abrir o jogo.

   - Ok... - Ela olhava de mim pra Anahí e de novo pra mim. Parecia tentar entender. - Filha é isso mesmo que você quer?

   - É sim, mãe. Eu quero muito ficar com a Dulce. Ela me faz bem e... Eu a amo mãe. Amo de verdade. 

  Aquelas palavras me atingiram como uma pancada. Ela me amava. Ela realmente me amava. Anahí nunca havia me dito nada assim e nem eu pra ela. No meu caso, eu queria ter plena certeza dos meus sentimentos antes de falar algo tão importante. 

   - Você a ama. O que me diz disto, capitã Savinon? - A Sra Portilla se dirigiu a mim.

   - Sinceramente? Eu estou um pouco surpresa aqui mas... Anahí é essencial na minha vida, Sra Portilla. Eu não me imagino mais sem ela e eu seria capaz de protegê-la contra qualquer coisa. Eu nunca deixaria que nada nem ninguém a machucasse mesmo que essa pessoa fosse eu.

   - Era o que eu precisava saber.  - Ela disse sorrindo novamente. Anahí me olhava como se houvesse algo diferente em mim, como se eu fosse desaparecer a qualquer minuto. Segurei forte a mão dela passando segurança. 

  Conversamos ainda por um tempo sobre coisas sem importância até que notei ser meio tarde e resolvi ir pra casa. Anahí foi comigo até meu carro que estava estacionado do lado de fora da garagem de sua casa.

   - Então... Te vejo amanhã? - Estávamos de mãos dadas. Eu encostada no capô do carro e ela de frente pra mim.

   - Farei o possível. - Puxei ela delicadamente e colei nossos corpos de modo que eu pudesse olhar naqueles olhinhos grandes e azulados, bem de perto. - Anahí...

   - Eu sei o que você vai dizer, e não precisa. 

   - Ah é? E o que eu ia dizer, sabichona? - Perguntei levantando uma sobrancelha.

   - Vai ficar toda chata porque eu disse aquilo lá dentro. Fique você sabendo que foi um lapso. - Ela desviou o olhar de mim envergonhada.

   - Um lapso? Ah é? Bom saber, Portilla. - Eu tentava não rir. - Então eu acho que você não vai se importar se eu sair daqui agora mesmo e...

   - Não! Não sai, fica mais um pouco... - Ela envolveu minha cintura com os braços finos.

   - Só se você me disser o que foi aquilo lá dentro. E não me venha com história de que foi um lapso. - A encarei.

   - Tá boooom. - Ela pareceu tomar coragem por um momento e baixou a cabeça. Vendo que ela estava nervosa, levei meu dedo indicador até o queixo dela e o levantei fazendo com que ela olhasse pra mim.

   - Fala pra mim, Anahí. Fala o que você tá sentindo no teu coração. - Acariciei o rosto bonito com a ponta dos dedos.

  Ela respirou fundo mais algumas vezes antes de sussurrar olhando bem dentro dos meus olhos.

   - Eu te amo.

   - Diz de novo. - Aproximei nossos rostos e senti o meu próprio esquentar.

   - Eu te amo, Dulce. Te amo como nunca amei ninguém. E eu tenho medo de que você me deixe, ou que tudo isso seja um sonho. Eu tenho medo de ficar sem você porque eu não sei o que eu faria. Você tem o meu coração e agora pode fazer o que quiser com ele. 

  Fechei os olhos quando ela terminou de falar. Eu estava nas nuvens. Ouvir aquilo, principalmente vindo dela... Era indescritível. Quisera eu saber me expressar o sufuciente pra que ela entendesse a forma como eu me sentia em relação a nós. Nunca fui boa em me expressar e sempre achei que amar uma pessoa significava fraqueza. A avalanche de sentimentos que eu estava sentindo me deixava confusa demais. Eu precisava organizar as idéias, mas uma coisa era certa: Meu mundo mudou da água pro vinho quando conheci Anahí. E ela é o meu mundo agora.

  Enquanto eu pensava em como dizer pra ela o que eu sinto, ficamos nos olhando. Eu admirei cada traço daquele rosto infantil, daqueles olhinhos de boneca, daquela boca linda. Concluí que eu não conseguiria formar uma frase sequer naquele momento então fiz o que mais me realizava. Segurei seu rosto entre as mãos e a puxei para um beijo mais do que apaixonado. Eu queria que ela entendesse o que eu estava sentindo só em nos beijarmos. Minha língua pediu passagem pra boca carnuda e não hesitei em explorar cada pedaço daquele local tão apreciado por mim. Anahí suspirou quando sentiu minha língua praticamente toda em sua boca e chupou o musculo com desejo agarrando minha cintura e colando nossos corpos. Ela correspondia ao beijo com o mesmo entusiasmo e aquilo só me instigava a continuar. Nos separamos ofegantes mas não antes de eu morder o lábio inferior de Anahí com carinho.

   - Ual. Isso foi... - Anahí sussurrou ofegante, a respiração batendo contra o meu rosto.

   - Eu sei. Agora preciso ir, princesa. Eu te ligo amanhã do trabalho. Fica bem, se cuida e qualquer coisa não pense duas vezes antes de me ligar. - Lhe dei mais um selinho e ela se afastou dando passagem pra que eu desse a volta no carro indo abrir a porta do mesmo.

   - Se cuida você também, tá? E Dul... - Ela chamou me fazendo virar pra ela com a mão no trinco da porta do veículo.

   - Oi, princesa.

   - Cuidado, por favor. Não se mete em perigo no trabalho e me liga mesmo. Eu te amo, não esqueça.

   - Não vou esquecer. -  Pisquei pra ela já entrando no meu carro com um sorriso bobo no rosto e dei partida.