Fanfic: Os opostos — Portinon | Tema: Portinon

 POV. ANAHÍ

  Estacionei o carro na vaga de sempre e segui apressada na direção do prédio onde eu tinha a primeira aula. Sou estudante de Medicina e estou a pouco mais de um ano de me formar.   Nesse período, mas aulas se intensificam, as provas nem se fala. Eu sempre quis isso desde pequena quando me machucava enquanto brincava e eu mesma fazia questão de me fazer um curativo. Sempre gostei de cuidar das pessoas, de ser útil, de fazer diferença. Vou ser a primeira médica da família, minha mãe Blanca é empresária. Meu pai? Bom, eu não tenho contato com ele desde que eu tinha 4 anos. Ele se separou da minha mãe e desde então somos só nós duas.  Posso dizer que sou uma garota independente, mas não foi assim sempre. Ainda estou tentando me organizar, até porque logo vou ser uma médica formada, tenho que me virar sozinha.   Eu ia pensando nisso ao andar pelos corredores na direção da sala de aula. Estava tão distraída nos meus pensamentos que só notei que havia me chocado contra algo quando bati com a bu/nda no chão. Olhei pra cima com raiva e vi que eu tinha trombado com alguém. Uma garota. Levantei já pronta pra dizer umas grosserias quando ela levantou o rosto e me olhou. Nossa. Ela era absurdamente linda. O cabelo meio avermelhado na altura da cintura, os olhos castanhos escuros marcantes, a boca carnuda, e um rosto delicado, porém fascinante... ai Anahí, pára. 

   - Tudo bem aí? - Fiquei paralisada por cerca de 3 segundos pela voz dela. Era meio rouca, sexy. Me puni mentalmente por pensar besteira de novo.

   - Ah sim... quer dizer, não... é que... - Gaguejei que nem uma idiota. Que droga. - Eu só estava distraída, desculpe. - Consegui concluir.

   - Não, magina. Eu sou Dulce María. - Ela estendeu a mão pra mim.

   - Anahí. - Segurei a mão macia com a minha livre. - Você não é aluna daqui, é? 

   - Não. Estou resolvendo umas coisas. Ah, talvez você possa me ajudar.

   - Ah, ok.

   - Você conhece esse rapaz? - Ela tirou uma foto de dentro da jaqueta preta que estava usando e estendeu pra mim.

- Olha, ele não me é estranho, mas não posso te dar certeza. O campus é muito grande nem sempre consigo guadar os nomes e rostos da pessoas por aqui. - Respondi sinceramente.

   - Ah, claro. É que tive informações de que ele trabalhava aqui como zelador.

   - Informações? Você é policial ou algo assim? - Perguntei já me arrependendo por ser tão metida.

   - Na verdade sim, mas isso não vem ao caso. Eu estava indo na reitoria quando esbarrei com você, eu nem deveria estar aqui, estou no horário de trabalho então... Até mais, Anahí. Foi um prazer. - Ela disse já passando por mim.

   - Tchau... - Eu disse meio sem entender ainda. Ela não tinha cara de quem era policial. Tinha o que, uns vinte e poucos anos? Meio nova pra ser capitã. E o que a polícia fazia aqui no campus? Que merda, Anahí! Pare de se meter onde não deve e vai pra aula.

POV. DULCE

  Perdi tempo falando com aquela garota. Eu nem devia estar aqui me expondo desse jeito. Mas há fortes indícios de que o irmão de Brian, Matt, trabalha nesse campus como zelador. Matt foi preso uma vez por tráfico de drogas, assim como o irmão mas aguarda julgamento em liberdade. Porém algo me diz que ele me pode ser útil. Meu pensamento saiu do meu objetivo por um instante ao lembrar da garota do corredor. Não sei porque fiquei conversando com ela. Talvez porque a beleza dela meio que me chamou a atenção e eu não sou de ferro, claro que percebi que ela era linda. e parecia ter ficado sem graça enquanto falava comigo.  Mas não tenho tempo pra isso agora. Tenho trabalho a fazer. Parei meu trajeto pelos corredores pra perguntar a uma senhora onde ficava a sala do reitor. ela me indicou o caminho e continuei. Parei diante de uma porta envernizada com os dizeres: 'Reitoria'. Bati duas vezes e entrei.

   - Com licença. - Me anunciei ao abrir a porta que dava pra uma sala ampla.

   - Pois não. Quem deixou a senhorita entrar? - Um homem de meia idade, lá pelos seus 60 anos não pareceu muito feliz ao me ver entrando assim na sua sala.

   - Não creio que eu precise de autorização. Capitã Savinon, preciso de algumas informações. - Encurtei a conversa e mostrei o distintivo. Logo a expressão do homem mudou de surpresa pra preocupação.

   - Algum problema? - Ele perguntou apreensivo.

   - Não, não se preocupe. Só gostaria de fazer algumas perguntas. Como por exemplo...  - Tirei a foto do bolso da jaqueta - Este homem trabalha aqui?

   - Sim, ele é zelador do bloco G.

   - Será que eu poderia falar com ele? - Soou mais como uma afirmação do que como pergunta.

   - Sim, claro. Vou mandar chamá-lo. - Respondeu ele já pegando o telefone e mandando alguém do outro lado da linha chamar Matt. 

  O reitor me disse que ele já estava a caminho e me pediu pra esperar alguns minutos. Detesto ter que esperar, mas não tive muita opção. Não demorou muito e já estavam anunciando pelo telefone na mesa do reitor que o rapaz estava esperando do lado de fora.

   - Ele já está aqui. Vou deixa-la conversar com ele a sós, então pode usar minha sala.

   - Obrigada, reitor. - Agradeci enquanto ele já se encaminhava pela porta.

  Pra minha frustração, a conversa com o tal Matt não foi tão proveitosa como eu esperava. Segundo ele, Brian não havia mantido contato com ele fazia mais de um ano, ou seja, como aquilo não era um interrogatório formal, eu não poderia pressiona-lo.  Saí da sala do reitor aborrecida por ter perdido meu tempo. Percorri os corredores compridos em direção ao estacionamento parando só por um segundo pra olhar a figura que estava sentada embaixo de uma das enormes árvores do campus. A garota do corredor. Como era mesmo o nome dela? Fiz esforço pra lembrar mas não consegui. Enquanto tentava lembrar, olhava pra ela e andava na direção do meu carro estacionado a alguns metros de onde ela estava.  A garota parecia distraída lendo um livro grosso, tinha a testa enrugada como se estivesse tentando se consentrar ao máximo. De repente ela ergueu a cabeça e os olhos dela encontraram os meus. O olhar dela...e que olhos azulados, sei lá não era qualquer finalidade de azul...era diferente... Algo nele não me deixava desviar.  Percebi o que eu estava fazendo e desfiz o contato visual. Que inferno, eu não tenho tempo pra isso. Entrei no carro e dei a partida pegando o caminho de volta pra delegacia.