Fanfic: Os opostos — Portinon | Tema: Portinon

   POV ANAHI

  Acordei com os primeiros raios de Sol entrando pela enorme janela do meu quarto. Meus olhos demoraram um pouco pra se acostumar com a claridade. Virei o corpo pro lado esquerdo esperando encontrar o corpo perfeito dormindo comigo mas o espaço ao meu lado estava vazio. Estranhei a ausência e olhei pro relógio em cima do criado-mudo. Eram 7:30. Levantei e escovei os dentes saindo do quarto em seguida. Passei pelo corredor e sorri ao ver a camiseta branca jogada no chão de qualquer jeito. As lembranças da noite anterior vieram à minha mente. Apanhei a peça de roupa e senti o cheiro doce e suave de bebê que exalava do tecido. Mas outro cheiro me chamou atenção. E vinha da cozinha. Algo parecido com... Comida? Ri baixo já imaginando o que eu iria encontrar. Dito e feito. Ao descer as escadas e passar pela sala pude avistar a figura bem feita de costas concentrada no fogão.

   - Merda. - Ela xingou baixo pra si mesma. Coloquei a mão na boca abafando a risada.

  Era notável o quanto ela era desajeitada. Ela estava vestida com uma das minhas blusas xadrez. Virei a cabeça de lado tentando ver por baixo da blusa. Sorri de novo ao notar que ela usava uma calcinha box preta do Batman. Fala sério, minha namorada era um absurdo de sexy. Nesse momento ela virou com a frigideira na mão e me viu escorada no balcão da cozinha. 

   - Pu/ta merda, amor... Que susto! - Ela colocou a mão livre sobre o peito e respirou fundo. 

   - O que você tá fazendo, criatura? 

   - Tô fazendo café da manhã pra você, oras. O que mais parece? - Ela falou revirando os olhos e sorrindo de canto. 

   - E como está indo aí? - Estiquei o pescoço tentando ver a bandeja que ela cuidadosamente tentava arrumar.

   - Não sei bem, mas... - Ela pegou uma rosa branca que estava em cima do balcão. - Está pronto. Vai pra mesa que eu vou te servir.

    Eu estava achando aquilo muito hilário e fofo ao mesmo tempo. Que eu saiba Dulce nunca foi de cozinhar, muito menos pra outra pessoa. Na casa dela era sempre eu que cozinhava, isso quando eu comprava ingredientes pras receitas, porque ela só comprava comida pronta. Sentei na mesa redonda esperando ela terminar de arrumar tudo. Logo ela veio com uma bandeja charmosa onde tinha fatias de pão integral, queijo, peito de peru e ovos mexidos. Numa taça grande tinha suco de laranja e no canto esquerdo um jarrinho com a rosa branca que eu havia visto.

   - Você fez isso sozinha? - Perguntei admirada.

   - Fiz. - Ela abriu um sorriso de orelha a orelha toda orgulhosa.

   - Vamos ver... - Peguei uma fatia do pão e coloquei um pouquinho de cada coisa nela fechando com outra fatia por cima. Mordi um pedaço generoso.

   - E aí, tá bom? - Ela parecia insegura.

   - Tá perfeito, meu amor. Você faz um ovo mexido melhor do que eu. - Falei continuando a comer. - Vem, come comigo.

  Tomamos café animadamente e conversamos bastante. Estar alí com Dulce era tão maravilhoso que eu não saberia descrever. Depois do café fomos correr no parque, quer dizer, ela foi correr. Eu fiquei lendo na beira do grande lago que tinha por lá. Depois almoçamos e ficamos vendo tv abraçadas no sofá.

   - Bebê, já são 14:00, vamos nos atrasar pro churrasco na casa da Mai. - Lembrei de repente.

   - Nossa, é mesmo. Vamos nos arrumar.

  Dulce foi tomar banho, depois eu fui. O tempo estava quente, o que era bom pra um churrasco. Não demorei muito e já saí em direção ao closet. Vesti uma blusa de mangas curtas e tecido fino toda branca. Escolhi um short jeans comum e chinelos. 

   - Amor, você já tá... - Parei ao me deparar com a silhueta à minha frente ajustando a alça do biquini vermelho que usava. - Dulce María, aonde você pensa que vai com esse biquini minúsculo?

   - Hã? Esse? Não é minúsculo coisa nenhuma. - Ela virou de frente pra mim com os braços abertos.

   - Não é minúsculo? Como não, olha isso! - Segurei ela pela cintura virando-a de costas pra mim. - É fio dental! Ah não.

   - Meus biquinis são todos assim, eu não vejo problema.

   - Mas eu vejo! Vou ter que passar a festa toda de orelha em pé pra que nenhuma engraçadinha ou engraçadinho dê em cima de você. 

  Dulce riu alto e me abraçou pela cintura. Fechei os olhos reprimindo o desejo de joga-la na cama. Ela estava muito gostosa naquele pedaço de pano.

   - Não pecisa se preocupar com nada, minha princesa. Eu não vou olhar pra ninguém a não ser pra você. - Beijou meu rosto depois meus lábios. - E onde está o seu biquini pra eu fazer uma vistoria?

   - Tá na bolsa. E ele é decididamente maior que o seu. - Respondi sinceramente.

   - Ótimo. Agora vamos senão daqui a pouco Maitê liga atrás de nós. - Ela vestiu uma camiseta rosa bem clarinho e um short jeans branco curto e com alguns rasgos. - Tô pronta. 

  Chegamos na casa da Maitê mais ou menos 20 minutos depois. Era tudo muito espaçoso. Interfonei do portão que logo foi aberto revelando uma Maitê sorridente no seu biquininho micro azul marinho. 

   - Finalmente! - Ela veio me abraçar e logo em seguida abraçou Dulce. - Venham, tá bombando lá dentro.

  Ela não exagerou quando disse que estava bombando. Atravessamos a ampla sala de estar e fomos em direção à area da piscina que também era bem grande. Toda a galera da faculdade estava lá. Os gêmeos Ograid faziam uma competição com doses de tequila enquanto Tracy Tompson dava em cima do barman. Cumprimentei as pessoas enquanto seguia Maitê em direção ao deck. Cadeiras de praia e mesinhas estavam estrategicamente colocadas à beira da piscina. Fomos guiadas pra uma mesa onde já estavam Emma, Alyson e Daniela. 

   - Olha só quem chegou. - Maitê nos anunciou pras demais que sorriram e nos cumprimentaram. Senti Dulce apertar o braço ao redor da minha cintura. Sentamos em uma das cadeiras, pois cabia perfeitamente nós duas. Dulce passou o braço pelas minhas costas me aconchegando a ela.

   - Gente, essa é a Dulce. Namorada da nossa Anie - Maitê falou se dirigindo à Alyson e Daniela.

   - Já nos conhecemos uma vez não é, Dul? - Daniela respondeu olhando pra ela.

   - Sim, eu me lembro. - Ela respondeu em um tom formal.

  A tarde passou voando e todos se divertiram muito. Aos poucos a maioria foi indo embora, restando apenas alguns bebuns falando bobagem uns com os outros e nós, claro.

   - Então, Anie... Me conta. - Daniela já estava meio alterada por conta da quantidade de vodka que havia tomado. Maitê e Alyson não ficavam pra trás. Emma, como sempre, continuava sóbria assim como eu e Dulce. - Como conheceu a Dul?

   - Ah, nos conhecemos no campus da faculdade. Ela estava lá de passagem e tal. Depois teve o dia em que ela me salvou do assalto...

   - Nossa, sério? - Daniela fingiu admiração. - Bom, parece que a nossa capitã aqui é a melhor. Ninguém tem a menor chance perto dela.

   - Essa é a intenção. - Dulce respondeu com a voz firme tomando um gole do seu refrigerante. - Anie, vou ao banheiro. Já volto, tá?

   - Tá bom, amor. Sabe onde fica? - Perguntei.

   - Na verdade não.

   - Eu vou com você, Dul. Vou na cozinha mesmo, te mostro o caminho. - Alyson se escalou. Estranhei o ato, mas deixei pra lá. Dulce deu de ombros e a seguiu pra dentro da casa.

   - Cuidado, Anahí - Daniela falou debochadamente. - a Aly é uma pegadora de namoradas alheias. 

   - Dani, limpa sua boquinha. - Maitê interveio falando arrastado por conta da bebida. - Tá escorrendo o veneno.

  Emma riu, mas eu não achei graça. Olhei na direção da casa esperando ver Dulce, mas nem sinal. Levantei da cadeira decidida a ir atrás da minha namorada.

   - Ei, Anie. - Emma segurou meu braço. - Não cai na pilha dela.

   POV DULCE

   - Alyson, tem certeza que não quer que eu chame alguém? - Eu já estava impaciente.

  A garota estava sentada numa cadeira da cozinha espaçosa. Ao que me pareceu, ela tinha bebido demais e mal conseguia se pôr em pé.

   - Tenho. Vou no banheiro, você me espera? - Acenti a contragosto. Eu queria voltar logo pra piscina, não queria deixar Anahí lá com aquela idiota da Daniela.

  Alyson levantou cambaleante e foi até o banheiro. Durante uma fração de segundo em que me virei pra abrir a geladeira em busca de água, ouvi um barulho e me sobressaltei. Vinha do banheiro. Andei apressada na direção em que ouvi a pancada e entrei no cômodo dando de cara com uma Alyson sentada no chão. Um pequeno corte no supercílio sangrava denunciando que ela provavelmente caiu e bateu com a cabeça em algum lugar.

   - Alyson! Você está bem? - Ajoelhei ao lado dela. - Droga, olha só sua testa. Vem comigo, vamos dar um jeito nisso.

  Ajudei a garota a levantar passando seus braços pelo meu pescoço e sustentando seu corpo de lado. Guiei ela até a cadeira mais próxima. 

   - Que droga, tá sangrando... - Ela colocou a mão sobre o corte. - Dul, me ajuda aqui.

   - Espera, toma isso. - Tirei minha camiseta, já que estava com a parte de cima do biquini por baixo da mesma e amassei o tecido colocando sobre o ferimento dela. - Segura isso, vai ajudar a parar de sangrar. Vou chamar a Anahí, ela pode te ajudar e...

   - Não, fica aqui. - Ela me puxou pela barra do short. - Me ajuda a levantar, tô meio tonta.

  Alyson fez força na base do meu short puxando o tecido grosso pra baixo e revelando parte da calcinha do biquini que eu vestia. Segurei-a firme pela cintura sabendo que ela não conseguiria se locomover sozinha. A garota passou o braço livre ao redor do meu pescoço.

   - Vamos lá. No três. - Segurei-a mais firme torcendo pra que ela conseguisse andar sem cair. - Um...dois...

   - MAS QUE MERDA É ESSA QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI, DULCE MARIA? - Paralisei da cabeça aos pés ao ouvir aquela voz.

  Levantei a vista a tempo de ver uma Anahí furiosa. Seus olhos já não conseguiam conter as lágrimas. 

   - Anie? Amor, eu... - Tentei começar a falar.

   - Eu não quero saber de mais nada. Já vi tudo! - Ela analisou a posição em que eu me encontrava com Ashley. A garota puxando meu short e revelando minha calcinha enquanto com o outro braço agarrava meu pescoço. Sem falar que eu estava sem blusa.

   - Não é nada disso, Anahí. Me escuta.

  Ela até então parecia totalmente paralisada com a cena. Em seguida limpou as lágrimas agressivamente e veio em nossa direção arrancando Alyson de cima de mim com violência fazendo a garota cair de costas no chão.

   - SUA VA/DIA! EU VOU QUEBRAR A SUA CARA! - Ela partiu pra cima da garota. Segurei-a pela cintura antes que ela alcançasse seu alvo. - ME SOLTA!

   - Calma Anahí! Me deixa explicar, droga! - Eu tentava com dificuldade segura-la mas ela se debatia e arranhava meus braços.

   - Anahí! O que você tá fazendo, pára com isso! - Emma apareceu e me ajudou a contê-la.

   - Você! - Ela apontou o dedo pra mim. Seu rosto estava lívido de raiva e a voz distorcida pelo choro. - Eu não acredito que fez isso comigo... Você me traiu bem debaixo do meu nariz!

   - Não foi nada disso, amor!

   - NÃO SOU SEU AMOR POR/RA NENHUMA! - Ela gritou as palavras na minha cara. A essa altura Maitê e Daniela já estavam na cozinha também. - Se você me amasse não teria feito isso comigo, eu não quero te ver nunca mais! Nunca mais!

  Ao dizer isso, se soltou bruscamente de Emma e saiu correndo porta afora. Fiquei olhando atônita enquanto a via bater a porta atrás de si.

   - Dul, vai atrás dela! - Despertei com a voz de Maitê.

   - Maite eu não fiz nada, eu...

   - Eu sei! Vai! Corre atrás dela! - Ela disse impaciente jogando minha camiseta que estava no chão pra que eu me vestisse. 

  Não pensei duas vezes e corri feito uma bala na direção da saída.