Fanfic: Os opostos — Portinon | Tema: Portinon

   POV ANAHÍ

   - Dulce María, sai logo daí. - Tentei pela décima vez. Já estava a mais de meia hora tentando fazer ela sair do banheiro.

   - Onde eu tava com a cabeça quando quis mudar a cor do cabelo? Por que você deixou, Anahí? - A voz saiu abafada de dentro do cômodo.

   - Deixa eu ver, pelo menos. Anda, não pode ter ficado tão ruim assim. 

   - Não.

   - Dulce María, abra já essa porta ou... 

  Não precisei completar a frase. Vi o trinco da porta girar e mal consegui achar ar em meus pulmões. Meu queixo literalmente caiu ao ver a figura agora com algumas mechas loiras saindo de dentro do banheiro. Dulce queria mudar a cor do cabelo e fazia um tempo que queria mudar. Sugeri loiro já que por fotos eu vi que ela já tinha pintado de preto e vermelho antes de deixá-lo cor de bronze. Agora o tom loiro lhe caía perfeitamente bem. Reprimi o desejo de agarrá-la alí mesmo. Ela pareceu perceber que eu estava olhando demais.

   - Ficou estranho, não foi? Eu sabia! - Ela disse cortando meus pensamentos e indo até o espelho enorme que havia no meu quarto.

   - Não ficou estranho coisa nenhuma, ficou... - Fui até ela lhe abraçando por trás e apoiando o queixo em seu ombro. - Perfeita.

   - Sério? - Ela me olhou através do espelho com a testa franzida ainda sem se convencer por completo.

   - Sério. Agora vem aqui. - Virei-a de frente pra mim e embrenhei meus dedos pelos fios loiros e molhados dela. - Me beija.

  Não precisei pedir duas vezes. Minha boca já estava sendo tomada pela dela num beijo lento, apaixonado. Suas mãos me abraçaram pela cintura. Nos separamos sem pressa com selinhos demorados.

   - O que vamos fazer hoje, princesa? Tenho o dia livre. - Ela acariciou meu rosto com as costas da mão direita.

   - Contanto que eu esteja com você podemos fazer qualquer coisa. - Respondi num sussurro dando-lhe outro selinho.

   - Eu tenho umas idéias, se é que você me entende... - Ela me deu um sorriso safado e mordeu meu maxilar.

   - Hm, entendo... Sabe que você loira assim fica ainda mais sexy? - Balbuciei próximo ao ouvido dela.

  Foi o sinal verde. Uma de suas mãos foram até minha bu/nda enquanto a outra segurava meu rosto assumindo o controle do beijo que se iniciou a partir dalí. A intensidade das carícias aumentou e eu já estava extremamente excitada. Peguei Dulce pela gola da blusa puxando-a com força e joguei o corpo perfeito na minha cama já sentando em sua bacia. Fizemos amor uma, duas, três vezes... a tarde inteira. Eu estava exausta, porém não poderia estar mais satisfeita. Era incrível como nos superávamos nesse quesito a cada dia que passava. Eu sempre queria mais dela, era irresistível. Dulce conhecia cada parte do meu corpo e sabia com maestria me levar à loucura. Éramos perfeitas juntas, disso eu não tinha dúvidas.

  Depois de tudo, tiramos um cochilo por algumas horas. Acordei primeiro do que ela e fiquei observando-a dormir. Parecia uma criancinha levada. Com aqueles cabelinhos loiros então... Ela estava de bruços e totalmente entregue a um sono pesado. O rosto pressionado contra o travesseiro apertava sua bochecha levemente contra o mesmo fazendo com que se formasse um biquinho lindo nos lábios gostosos. Sorri retirando uma mecha de cabelo dos seus olhos e me inclinei beijando-lhe a têmpora. Desci pelo rosto, nariz, boca, até chegar ao queixo e suguei muito de leve. Ela franziu a testa brevemente antes de abrir os olhos castanhos.

   - Anie? A quanto tempo está acordada? - Falou levantando a cabeça do travesseiro.

   - A algum tempo. Tava te vendo dormir. - Lhe acariciei a testa.

   - Que horas são?

   - Seis da tarde.

   - Tô com preguiça... - Ela enfiou o rosto novamente no travesseiro confortável me arrancando uma risada baixa.

   - Ok, preguicinha. Vou lá embaixo fazer algo pra gente comer. - Selei nossos lábios novamente e desci pra cozinha.

  Minha mãe estava como sempre, viajando. Dulce não queria me deixar sozinha um minuto sequer, por isso sempre estávamos juntas, seja na minha casa ou na dela. Eu amava seu cuidado comigo mesmo sabendo que ela tinha muito trabalho. Eu também tinha que estudar, as provas de fim de semestre estavam próximas e se eu não quisesse repetir disciplinas, teria que ralar. Maitê e Emma viriam hoje pra estudarmos. Dulce adorava as minhas amigas, então não se importava. Ela até se prontificava a fazer pipocas separando entre salgada pra mim e Maite e doce pra Emma. Minha namorada é perfeita, eu sei.  Eu estava mais afastada de algumas pessoas naquele campus, principalmente de Alyson e Daniela. Nada me tira da cabeça que se pudessem, aquelas piranhas adorariam me separar da Dulce. Vale ressaltar também que depois do que aconteceu no churrasco na casa da Maitê, eu ainda quis tirar satisfação com Alyson, mas Dulce e as meninas me impediram, me explicaram o que houve e eu me senti uma idiota por duvidar. Se eu não tivesse ficado tão cega pelo ciume e o medo de perder minha garota pra outra pessoa, nada de ruim teria acontecido. 

   - Anie? No que tá pensando? - Dulce estava escorada com os braços cruzados sobre o peito na parede entre a sala de jantar e a cozinha.

   - Ah, você desceu. As meninas devem estar chegando, tô fazendo um frango grelhado com salada e não faça essa cara, você vai comer sim. - Me apressei pra dizer vendo-a ensaiar um protesto contra minha salada.

   - Vou comer o frango, a salada não. - Falou emburrada. Eu ia retrucar mas nesse momento a campaínha tocou. Dulce foi atender.

   - E aí, capitã? Nossa, e esse cabelo? Tá linda! - Ouvi a voz de Maite na porta cumprimentando Dulce. - OW ANAHI, NEM PRA VIR ME RECEBER NA PORTA, É ISSO MESMO?

   - Maitê pára de gritar. - Era Emma, dessa vez. 

   - Ah, aí está você. - Elas me avistaram na cozinha e Maitê veio até mim beijando o topo da minha cabeça levemente. Emma fez o mesmo. - Hmmmm, jantar?

   - Nada demais, só um frango grelhado com salada porque essa senhorita passa o dia inteiro comendo bobagem naquele departamento e ainda se recusa a comer comida de verdade. - Estreitei meus olhos na direção de Dulce que já ia saindo de mansinho da cozinha. - Volte aqui, Dulce María.

   - Droga. - Ela parou no meio do caminho e voltou rindo. Todas nós rimos junto.

  O jantar foi ótimo. Maite fez Emma se engasgar com suco de morango enquanto Dulce reclamava que nem uma criança pela salada que coloquei em seu prato. Terminamos de comer e Dulce foi lavar a louça enquanto eu e minhas amigas estudávamos. Logo depois minha namorada apareceu com as pipocas e refrigerante. Estávamos entretidas na matéria quando a campaínha tocou novamente. Dulce levantou-se do sofá e foi atender. Logo voltou pra sala trazendo pela mão um Poncho bem envergonhado.

   - Olha só quem resolveu aparecer. - Ela sorria.

   - Poncho? Nossa, que milagre! - Levantei do carpete indo cumprimenta-lo. Ele me deu um breve abraço e um beijo na testa. 

   - Oi gente... Na verdade eu vim buscar a Maitê. - Ele disse corando.

   - Ah é? - Dulce deu um soco de leve em seu braço fazendo todo mundo rir, inclusive Maite.

   - Qual é, sua nanica. Vim te ver também, mas aproveitei que Maitê estaria aqui e ficamos de ir ao cinema... Mas e esse cabelo loiro?  - Falou ele bagunçando os cabelos de Dulce.

- Seu idiota! - Dulce riu alto do comentário de Poncho e todas acompanhamos. 

- Tô brincando... ai! - Ele protegeu a cabeça dos tapas que ela tentava lhe dar. - Tá uma gata, cabeção.

  A bagunça tava completa. Poncho era muito divertido e realmente era como um irmão pra Dulce. Eu ficava feliz que ele estivesse interessado em Maitê. Os dois pareciam tímidos um na frente do outro. Primeiro sinal de que tem algo mais que só interesse. Conversamos, comemos pipoca com refrigerante, tiramos muita onda um com a cara do outro e quando demos conta, já estava bem tarde. Os pombinhos desistiram de sair pra ficar com a gente, então estenderam a visita por mais um bom tempo. Foi a noite mais divertida que eu tive em anos. Tudo estava bem, tudo estava perfeito. Por enquanto.