Fanfic: Os opostos — Portinon | Tema: Portinon

POV DULCE

  Acordei atordoada e vi que era noite. Demorei alguns segundos pra me situar. Olhei ao redor e senti um peso sobre a minha barriga. Não precisei olhar pra saber que era Anahí. A garota tinha a cabeça apoiada em meu abdômen e enlaçava o braço esquerdo ao redor da minha cintura. Parecia ferrada no sono. Tirei-a de cima de mim com todo o cuidado. Ela resmungou alguma coisa e virou-se pro outro lado dormindo novamente.
  Levantei da cama sem fazer barulho e busquei meu celular que estava em cima da mesa do computador dela. Eram 22:00. Desci até a cozinha, peguei um iogurte de aveia e deitei no sofá da sala pra ver tv. South Park. Eu não cansava de ver aquele desenho. Fui desperta pelo toque do meu celular e quando vi o nome no visor, me sobressaltei.

   - Pronto. - Atendi ansiosa.

   - Dul? - A voz tão conhecida por mim falou do outro lado.

   - Mãe?

   - Você esquece que tem família, Dulce María? - A voz dela ganhou um tom sério.

   - Não, mãe! Eu... - Sentei no sofá me concentrando na conversa. - Aconteceu alguma coisa?

   - E precisa acontecer algo pra sua mãe te ligar? Você passou meses sem dar notícias, garota! - Ela ralhava me fazendo afastar um pouco o celular do ouvido.

   - Mãe, não é bem assim. - Suspirei pesadamente. - Mas desculpa, com o trabalho e tudo mais... Desculpa.

   - Faz isso porque sabe que eu não consigo ficar brava com você. - Ela riu. - Mamãe tá com saudades. Suas irmãs também.

   - E o papai?

   - Ele também, óbvio. Sempre pergunta por você.

   - Eu também morro de saudade de vocês. Tem uma pessoa que eu quero que conheçam.

   - Quem?

   - Minha namorada. Ela se chama Anahí.

   - Namorada? Quer dizer que finalmente meu bebê resolveu sossegar com alguém ?

   - Sim, mãe. Ela é incrível e eu a amo muito. Quero apresentar vocês a ela.

   - É só dizer quando estará livre que nós vamos aí te ver. 

   - Eu acho melhor levar Anahí até aí. Quero passar um tempo na minha cidade, quero que ela conheça o lugar onde cresci. Ela adora essas coisas.

   - Ah, que ótimo! Quando podem vir? - Minha mãe parecia feliz.

   - Não sei, Anahí está com muita coisa da faculdade pra fazer, mas vou tentar convencê-la a ir nesse fim de semana. Até pra ela descansar um pouco disso tudo.

   - Faça isso, filha. E olha, fico muito feliz por você. De verdade. 

   - Brigada, mãe. Então quando eu resolver com Anahí, ligo praí.

   - Vou ficar esperando. Boa noite, meu amor...Te amo muito. - Fechei os olhos quando ela disse isso. Eu realmente sentia falta da minha família.

   - Boa noite, mãe. Te amo mais. - E desliguei.

  Mesmo depois de alguns minutos do fim da ligação eu ainda tinha um sorriso bobo em meus lábios. Eu havia saído de casa ainda muito nova e contra a vontade da minha família. Desde pequena, sonhava em ser policial. Ajudar as pessoas, ser util. Fora a parte da adrenalina, de ter que lidar com o perigo todos os dias. Aquilo era o que me movia. Mas minha mãe achava tudo uma grande loucura, tinha medo por mim. Então quando passei pra academia do Batalhão de Operações Especiais, ela meio que surtou. Mas eu estava decidida e mesmo assim fui seguir meu sonho. Desde então, só fui ao Texas poucas vezes. Passo tempos sem falar com minha família e só agora vejo o quanto isso me fez falta. Eu tinha duas irmãs, Blanca, que tem o mesmo nome de minha mãe, e Cláudia. Eu era a irmã caçula. Blanca era a mais velha, uma mulher linda, amorosa, prestativa. Cláudia era a do meio tinha 26 anos e era doce, meiga e um pouco tímida. E meu pai, Fernando. Meu herói, a base de tudo que é sou e aprendi. Resolvi falar com Anahí, sobre isso no dia seguinte quando voltássemos pra casa. Subi novamente até o quarto e a encontrei ainda dormindo. Deitei ao seu lado e adormeci rapidamente.

  Acordei com o despertador tocando alto. Odeio despertadores. Estiquei o braço pro meu lado direito e arranquei o pequeno aparelho da tomada jogando-o longe em seguida. Ouvi um riso baixinho e rouco preencher meus ouvidos.

   - Quanta delicadeza... - Sorri pelo comentário de Anahí e me virei de frente pra ela. - Bom dia, minha vida.

   - Bom dia. - Falei esticando o pescoço até alcançar seu rosto depositando um selinho rápido nos lábios que ainda sorriam.

  Anahí tomou banho primeiro e eu fui em seguida. Ela já estava totalmente vestida com um vestidinho floral e um colete por cima que ia na altura do busto. Sorri maliciosamente ao vê-la se abaixar pra pegar um livro que havia caído no chão deixando a calcinha de renda branca aparecer. Virei a cabeça de lado pra ver melhor e mordi o lábio sentindo o desejo me invadir. Mas eu não podia me atrasar pro trabalho, então tratei de ir até o closet saindo de lá já completamente vestida com uma calça preta bem apertada, salto e uma camisa branca. Deixei metade dos botões abertos revelando boa parte da camiseta preta justa. Ao sair do closet, Anahí já não estava no quarto. Desci em direção à cozinha e a encontrei no fogão fazendo panquecas. Ela estava absurdamente linda naquele vestidinho de tecido. Não consegui me conter e fui até lá colocando uma de minhas mãos em sua cintura sem me encostar em seu corpo. 

   - Ai que susto... - Ela se sobressaltou e colocou sua mão livre em cima da minha. - Senta lá que já tô terminando de fazer o café.

  Não respondi a ela. Mordi mais uma vez os lábios tentando a todo custo me controlar, mas foi impossível. Minha mão direita ainda estava em sua cintura enquanto a esquerda foi até o meio das coxas compridas e subiu levantando o vestido de Anahí e deixando sua calcinha completamente à mostra. Apertei meu corpo contra o dela ainda por trás e beijei o pescoço descoberto por conta do rabo de cavalo frouxo que ela usava.

   - Dul... Isso não é hora de...ahn...de... - Ela não conseguia terminar a frase depois que sentiu minha mão direita ir até o espaço abaixo de seu umbigo e acima de sua intimidade apertando-a mais a mim. Meus dedos brincavam com a renda da calcinha pequena. - Não se atreva...

   - Não me atrever a que? - Sussurrei em seu ouvido sentindo-a estremecer em meus braços.

   - Eu estou atrasada e você não vai me seduzir agora. - Ela saiu do meu abraço, mas não sem antes empinar o quadril e se esfregar levemente em mim. - Agora vai pra mesa porque você já me fez queimar uma panqueca. Eu devia fazer você comê-la.

   - Eu queria comer outra coisa, mas se é assim... - Dei de ombros usando o tom mais sexy que consegui e a olhei a tempo de ver seu maxilar travando e ela fechar os olhos com força como que reprimindo algo. Sorri marotamente ao ver aquilo. - Isso é por tentar me seduzir ontem, eu tinha que te dar o troco. Mas fique sabendo que hoje à noite você não me escapa, Portilla.

   - Eu que o diga, Savinon. - Ela sorriu de lado.

  Comemos rapidamente e saímos no meu carro. Deixei Anahí na porta do campus. Ela retirou o cinto e se inclinou pra me abraçar pelo pescoço. Retribuí beijando-lhe no ombro e usando a mão que não estava no volante pra acariciar sua nuca.

   - Se cuide no trabalho e não se meta em encrenca. Fique longe de tiroteios, homens tarados, bandidos perigosos, mulheres oferecidas e não tome muito café. 

   - Se cuide você também, nada de ficar sem comer e estudar mais do que o necessário, nem pense em falar com estranhos, não dê cabimento pra supervisora da secretaria, ela fica de olho em você que eu sei. Ah, e dê um beijo nas meninas. Te amo, boa aula. - Falei me separando do abraço e trazendo-a pela nuca para um beijo.

   - Te amo, até mais tarde. - Ela me deu mais um selinho antes de sair do carro. Ainda tive tempo de avistar Emma alcança-la e a garota de cabelos ruivos acenou pra mim. Acenei de volta, buzinei uma ultima vez e segui meu caminho pro departamento.