Fanfic: Os opostos — Portinon | Tema: Portinon

  POV ANAHÍ

  Eu ainda estava tremendo da cabeça aos pés pela cena toda. Dulce falava com os policiais explicando o que havia acontecido. Daniela já tinha sido levada ao hospital, Dulce bateu tanto nela que a deixou inconsciente. 

   - Mais calma? - Maitê chegou ao meu lado.

   - Um pouco. Eu só quero ir pra casa. - Respondi.

  Estávamos do lado de fora do barzinho esperando Dulce e Poncho saírem. Cristian e Nathalie já tinham ido embora e levaram minha colega de sala pra casa dela depois de me ajudarem a manter a calma. Maitê não saiu de perto de mim um segundo sequer.
  
   - Que vad/ia miserável, essa Daniela. Foi muito bem feito o que a Dul fez. - Maitê falou.

   - Só queria que ela saísse logo. - Falei olhando pra entrada do estabelecimento.

   - Anie, vocês estão juntas de novo ou o quê? - Maite perguntou ficando de frente pra mim.

   - Eu não sei, acho que sim, mas... Ah Mai, não sei. 

   - Olha lá, eles estão vindo. - Ela apontou.

  Dulce e Poncho saíram olhando pros lados até que Maitê levantou o braço mostrando onde estávamos. Eles vieram até nós e Dulce se colocou ao meu lado direito envolvendo minha cintura delicadamente.

   - Vem, vou te levar pra casa. - Ela falou.

  Acenti e coloquei minha cabeça em seu ombro sentindo o cheiro bom e conhecido. Olhei pro braço que ela usava pra me abraçar e vi que sua mão estava manchada de sangue.

   - Dul, o que é isso? - Me afastei tentando ver, mas ela colocou a mão pra trás.

   - Nada. - Respondeu rápido, o que não me convenceu. Segurei seu braço e puxei pra mim notando a manga da sua jaqueta molhada. Levantei o tecido grosso sentindo meu corpo voltar a tremer ao ver o antebraço dela banhado em sangue e um corte pequeno, porém bem profundo no local.

   - Meu Deus, Dul! Você está ferida, onde foi isso? - Segurei seu braço com mais força fazendo-a sugar o ar entre os dentes. 

   - Aquela filha da pu/ta rasgou minha jaqueta preferida com o canivete, foi isso. - Ela respondeu simplesmente. - Vou lá exigir que ela me dê outra.

   - Pára de brincadeira, Dulce María. Isso é sério, vamos num hospital fechar esse ferimento.

   - Anahí, daqui a pouco ele fecha sozinho, relaxa. - Ela disse sem dar importância.

   - A médica aqui sou eu ou você? - Contestei. - Anda, não discute.

   - Ai, que inferno... Imagina quando você se formar, vai ficar insuportável de chata. - Dulce brincou.

  Avisamos a Poncho e Maitê aonde iríamos e ambos quiseram ir com a gente. Insisti em levar Dulce no meu carro mesmo ela teimando que não precisava. Poncho foi no dela com Maite.

  Chegando no hospital, fomos atendidas rapidamente e logo Dulce saiu da emergência com uma faixa discreta no antebraço.

   - Satisfeita? - Ela disse impaciente erguendo o braço enfaixado à altura dos meus olhos.

   - Muito. - Sorri de lado. - Agora vamos.

   - Tá, vou te deixar em casa. 

   - Err... Dul... - Comecei meio incerta. - Você poderia, tipo...

   - O quê?

   - É que eu não queria dormir sozinha e minha mãe não tá em casa, então... Dorme na minha casa hoje?

  Aquele sorriso radiante que só ela sabia dar ganhou o rosto perfeito e eu sorri de volta involuntariamente.
  Seguimos pra minha casa em meu carro. Poncho ficou com o carro de Demi e disse que deixaria lá no dia seguinte.
  Só levou alguns minutos até minha casa. O sorriso bobo em meu rosto insistia em permanecer. Apesar do que houve na boate, era como se as coisas estivessem se encaminhando pros seus lugares novamente. Olhei rapidamente pra figura distraída ao meu lado notando que ela lutava contra o sono enquanto olhava pela janela. 

   - Tô com fome. - Dulce resmungou quando fechei a porta da sala atrás de mim. Fui andando na frente pra acender as luzes.

   - Vou te preparar algo, vem. - Chamei indo pra cozinha.

   - Anie, espera. - Ela disse apressando o passo e minha direção fazendo-me parar pra encará-la.

  Dulce chegou bem perto de mim e abraçou minha cintura. Fechei os olhos diante do toque. Encostei nossas testas e beijei seus lábios delicadamente. Ela me apertou mais contra si e sorriu antes de segurar minha nuca puxando-me pra um beijo de verdade. Nossas línguas entravam em perfeita sintonia durante o ato. Beijá-la era como flutuar, eu não sentia meus pés no chão. Nos afastamos sem pressa com alguns selinhos.

   - Dul, o que isso significa? - Perguntei ainda abraçada a ela.

   - Significa que eu te amo e não quero mais ficar longe de você. - Ela sussurrou.

   - Mas você disse...

   - Eu sei o que eu disse, e é tudo verdade. Mas eu vou ter que arrumar outro jeito de ficarmos em paz de uma vez por todas, mas abrir mão de você eu não posso.

   - Tá, mas...

   - Mas nada, Anahí. Tudo aconteceu por minha culpa. Se eu não tivesse sido tão cabeça dura e planejado uma missão daquela, você não teria ficado tão assustada e não teria ido atrás de mim. Hoje, depois do que aquela maldita quase fez com você, só me fez abrir os olhos pra merda que eu estava fazendo. Eu te amo tanto, tanto...

   - Eu te amo muito mais. - Respondi sorrindo de orelha à orelha puxando-a pra um novo beijo.

  Jantamos tranquilamente e depois subimos pro quarto. Conversamos muito e matamos a saudade, até o sono chegar.

   - Vou dormir pelada. - Dulce disse séria.

   - Ah, mas não vai mesmo. Você não faria isso comigo. 

   - Porque não, vai me atacar no meio da noite? - Ela disse erguendo uma sobrancelha.

   - Com certeza.

   - Agora é que durmo pelada mesmo. - Falou abrindo um sorriso safado.

   - Dulce María! - Ri lhe dando um tapinha no ombro. - Tem pijama seu no meu closet.

   - Ah, verdade. Você guarda eles? 

   - Sempre guardei.

   - Tem roupas suas no meu closet lá em casa. Nunca ousei mexer, me ajudava a ter esperança de que você voltaria logo pra mim. - Ela disse suspirando.

   - Eu nunca fui embora. - Deitei sobre ela. - Não me deixa nunca mais, promete?

   - Prometo pelo que você quiser. Não vou te deixar sozinha nunca mais, princesa.

  Tomamos banho juntas e fizemos amor na banheira. Claro, tomando cuidado com o curativo no braço de Dulce. Deitei em seu peito sentindo o cheirinho de bebê que eu tanto amava e sabendo que ela era minha outra vez. Dulce me aconchegou em seus braços de forma protetora e beijou o topo da minha cabeça com carinho. Tudo estava tão perfeito que eu tinha medo de acordar e perceber que tudo não passava de um sonho.