Fanfics Brasil - Capítulo 4 (PARTE 3) A Dama da Ilha(adaptada)

Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 4 (PARTE 3)

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– Verdade? – Christopher acompanhou um bocado de ovos mexidos que fora cuspido e descialentamente pela parede. – Não estou nem um pouco preocupado com minhas acomodações. Contanto que eu tenha um teto para me abrigar, está ótimo. Se o local estiver desarrumado...



– Não se trata disso – o conde garantiu. – É que ainda não pudemos nos livrar da atual moradora.



Christopher arqueou as sobrancelhas.



– Atual moradora, milorde?



– Sim. Ela é teimosa como uma cabra. Vê isto aqui? – Ele pôs o indicador na leve mancha púrpura sob o olho direito. – Foi ela quem me deu um soco a noite passada, sem o menor motivo.



Christopher largou o garfo e pensou que ele também gostaria de socar o rosto do conde.



– Pelo que entendi – Christopher falava num tom gélido, semelhante à água em que mergulhara no dia anterior – a moradia está incluída no cargo de médico da aldeia.



– Isso mesmo. – O conde sorveu ruidosamente a cerveja. – Isso mesmo.



– Então se o médico anterior já se foi – a voz de Christopher seria capaz de endurecer manteiga derretida –, como é que há alguém morando na cabana?



– Ah. – O conde sacudiu os ombros. – É a filha dele.



– Milorde está me dizendo – Christopher esperava ter entendido mal – que pretende deixar uma órfã ao relento?



– Órfã? – Disse o conde, zombeteiro. – Órfã uma ova!



Christopher teve certeza de que gostaria de atingir o olho esquerdo do conde, o que não seria difícil. Os dois deviam ter a mesma altura e o mesmo peso. Na universidade, Christopher enfrentara com sucesso rapazes bem maiores.



E nenhum deles usava saia.



– Escute aqui, Glendenning. – Christopher, aborrecido, jogou o guardanapo na mesa. – Não concordarei com isso, está entendendo? Milorde não vai atirar uma menina inocente na neve por minha causa. Se tiver de pagar por um quarto, eu o farei... Mas o que há de tão engraçado nisso?



– Ah, doutor... – o conde respondeu entre gargalhadas. – Jamais encontrei um homem como o doutor. Achei que essa espécie de homens havia morrido com a Távola Redonda!



– Por quê? – Christopher fitou-o com raiva. – Porque não admito um proprietário saudável que pretende deixar uma órfã ao relento para acomodar um médico que se propôs cuidar de seus polegares delicados?



Foi a vez de Glendenning atirar o guardanapo na mesa.



– Olhe aqui, Uckermann. Esse seu tom não está me agradando. Primeiro, machuquei bastante meu polegar e por pouco não arranquei a unha. Está vendo?



Christopher não se impressionou com o dedo que o conde exibiu diante de seus olhos.



– Em segundo lugar, não o contratei para ser meu médico particular. É verdade que depois do último verão tenho desconfiado de... algumas coisas desagradáveis. Mas eu o trouxe aqui para cuidar tanto dos aldeões quanto de mim. Em terceiro lugar, em relação à pobre órfã que o doutor pretende defender, eu lhe asseguro que ela não é órfã, que tem quase vinte anos e que não é nenhuma coitadinha. Ela é perfeitamente capaz de cuidar de si mesma, como a maldita mancha no meu olho pode comprovar.



– Milorde deveria pôr um pedaço de carne no olho – Christopher aconselhou em tom monótono. – Ajuda a desinchar. E mergulhar o dedo em água quente.



– Verdade? – Glendenning, surpreso, olhou o polegar machucado.– Sim, milorde. Eu lhe darei um pó para acrescentar na água. Será mais interessante se milorde mantiver o dedo enfaixado. Agora me explique. A que milorde se referiu ao dizer que ela não é órfã? Pensei ouvi-lo dizer que o senhor Saviñon havia morrido.



O conde sacudiu a cabeça e os cabelos negros esvoaçaram.



– Eu nunca disse isso. Saviñon está vivo e passa bem.



– Vivo e... – Christopher se interrompeu e fitou o conde. – O senhor disse que ele foi vítima da epidemia de cólera no verão passado.



– De certa forma, foi. – Glendenning tornou a dar de ombros. – Ele pegou a esposa, os filhos... e foi para a Índia. Foi para pesquisar... o que mesmo? Ah, sim. As origens da cólera asiática.



– Santo Deus – disse Christopher, incrédulo. – E deixou a filha para trás?



Glendenning revirou os olhos.



– Já vai recomeçar... Não, ele não largou a filha para trás. Ele a deixou aos cuidados do irmão dele em Londres. E ela, voluntariosa e mal-agradecida, voltou para Skye na primeira oportunidade em que conseguiu escapar.



Christopher o olhou sem entender.



– Voltou? Para Sky e? Por quê?



– Como posso saber? Ela não me disse. – O conde se inclinou para a frente. – Uma coisa eu sei: ela terá que desocupar a cabana agora. Quero dizer, agora que o doutor está aqui.



Christopher não se conformava. Um dos motivos pelos quais não se incomodou muito de deixar Londres foi por pensar que não veria mais homens como o conde... membros privilegiados da elite, que pensavam muito em si mesmos e muito pouco a respeito das pessoas por quem deviam ser responsáveis. Eram homens que viam com incredulidade e até com desprezo a ambição de Christopher de se tornar médico. Eles não podiam entender as razões de um homem de sorte, que havia nascido para ser marquês, querer estudar e ter uma profissão. Se fosse um segundo filho, até seria compreensível, mas Christopher era primogênito.



De nada adiantaram suas afirmativas de que era fascinado pela medicina, como ciência e profissão. Sua determinação em conseguir a licença médica se transformou em motivo de piada entre seus conhecidos, que se referiam, mesmo diante dele, àquela vontade de estudar como a Insensatez de Stillworth. Quando ele conseguiu seu objetivo e insistiu em ser chamado de doutor em vez de Lorde Stillworth, até Natália se opôs. O fato de Christopher ser marquês se sobrepunha à sua condição de médico.



Porém, para Christopher, o título que obtivera com muita dedicação e esforço era infinitamente mais precioso do que o herdado do pai, que quebrara o pescoço e morrera após a queda de seu cavalo preferido.



No entanto, era uma ironia que, em um lugar tão afastado como a ilha de Skye, Christopher não pudesse escapar da hipocrisia e do egoísmo da classe social à qual pertencia por nascimento e que, ao longo dos anos, passou a envergonhá-lo.



– Não aceitarei isso. – Christopher largou de novo o guardanapo não muito limpo que Anahí lhe entregara e mirou o conde com olhar fulminante. – Eu me recuso a permitir que milorde despeje essa mulher indefesa por minha causa...



Glendenning sorriu para ele.



– Abaixe a espada, Lancelot. Ou será Galahad? Tenho um bom motivo para querer que a dama em questão saia da Cabana do Riacho.



– Outra além de desocupá-la para mim? – Christopher fitou-o, desconfiado. – E que motivo seria?



– Simples. – O conde voltou a comer. – Quero que ela venha morar comigo. Será sua única opção – ele ergueu os ombros –, se ela tiver que sair da cabana.




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Autor(a): leticialsvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 18



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  • capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43

    Já acabou? Naaaaaaaaaao

  • capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16

    Aaaaaaah,continua logoooo

  • ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04

    Vc voltou *-*

  • ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59

    Poxa, abandonou? :(

  • wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33

    OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??

  • wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31

    ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa

  • wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30

    Continua... Leitora nova e estou amando.

  • heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01

    Contt 😍😍

  • Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32

    Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^

  • millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10

    Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa


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