Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy
Atônito, Christopher fitou o homem do outro lado da mesa. Ele previra o que o conde ia pedir, mas ouvir as palavras ditas assim tão rudemente... o fazia duvidar do que ouvira.
– Milorde ficou maluco?
O conde não parecia tê-lo escutado e ficou ainda mais animado com a própria ideia.
– Será perfeito! Ela sempre gostou de camaradas como o doutor, que escrevem tratados sobre o cuidados com os dentes e coisas do gênero. Ela respeitará o que o doutor lhe disser.
– Veja bem – Christopher se ofendeu. – Nunca escrevi um tratado em minha vida e muito menos a respeito de cuidados com os dentes...
– O doutor só terá de explicar a ela – o conde continuou, como se Christopher não houvesse falado – o assunto sob um ponto de vista científico. Ela gostará de ouvi-lo discursar. Diga-lhe como nosso casamento tem sentido, já que somos da mesma classe social. Ouvi dizer que esse tio com quem ela deveria ficar é um par do reino ou coisa assim. Por isso não há motivo...
– Lorde Glendenning – Christopher, determinado, interrompeu o conde –, sou um médico, não um casamenteiro. Não o ajudarei a coagir essa jovem.
O conde não era um homem inteligente. A boa aparência o privara da necessidade de raciocinar para conseguir o que desejasse, pelo menos na maioria das vezes. Christopher conhecia muito bem esse tipo de homem. Metade dos estudantes de Oxford era como Glendenning. Frequentavam a universidade porque os pais e os avós haviam estudado lá e não porque tinham sede de aprender.
Mas ao contrário dos colegas que Christopher conhecera, o conde tinha um traço de esperteza, um sentido animal de sobrevivência. Deve ter sido isso e nada mais sofisticado que fez o conde expressar o comentário seguinte.
– É uma lástima, realmente. Eu esperava vê-la fora da cabana antes que as chuvas da primavera começassem. Não podia fazer nada quando os pais dela estavam lá, mas esta será a primeira primavera em que ela ficará sozinha e com aquele... problema... Não tenho certeza de que será correto deixá-la isolada... sem ninguém...
Christopher relutou em fazer a pergunta óbvia, por saber que o conde lhe dava corda, mas não resistiu.
– Problema? A que exatamente milorde está se referindo? A jovem dama tem alguma... dificuldade?
– Bem, eu não queria dizer nada – Glendenning desculpou-se. – Muito menos para o doutor. Quero crer que não há nada alarmante ou, pelo menos, é o que me parece. Mas desde que voltou para cá, ela tem agido de maneira... um pouco estranha.
Christopher passou a língua pelos dentes.
– A senhorita Saviñon tem agido de maneira estranha... – Christopher repetiu.
– Sim, mas nada de muito assombroso. Fora o fato óbvio de que ela voltou para cá, fugindo de quem deveria estar cuidando dela, sabe-se lá por quê. Na verdade, desde que retornou... Ela vem se comportando com estranheza...
– Porque ela não quer se casar com milorde? – Christopher se manteve inexpressivo.
– Sim... mas também por outras coisas. Perambular pelo cemitério no meio da noite, fazendo anotações em um caderno. Esse tipo de atitude.
Christopher arregalou os olhos.
– Fazendo anotações. Em um caderno. No cemitério. No meio da noite.
– E isso não é tudo. Ela também fica andando pela aldeia depois que escurece, com o mesmo caderno que usa no cemitério. Vai de casa em casa, escrevendo coisas. Depois se tranca no quarto dos fundos da cabana, recusando-se a receber quem quer que seja. Não se sabe o que ela faz lá. Deve ser algo bem inocente, mas sabe como as pessoas falam...
Glendenning tornou a sacudir os ombros enormes antes de continuar.
– Sabe como é, as pessoas falam, e tenho que lhe confessar que não me sinto muito bem, sabendo que uma jovem mora sozinha e que a época das enchente está chegando. Os invernos aqui em Skye são brandos, mas não é nada agradável quando a neve das montanhas começa a derreter. E se as capacidades mentais da jovem... realmente estiverem afetadas, nunca me perdoarei se a encontrarmos congelada ou morta por afogamento. Não quero ser o portador de uma notícia dessas aos pais dela...
– Certo.
Christopher procurou manter a voz firme. Não queria demonstrar a excitação que sentia. Era possível que Glendenning estivesse exagerando para obter sua cooperação. Mesmo que uma parte do que o conde dizia fosse verdade, eles poderiam estar diante de uma mulher efetivamente perturbada. Por que uma mulher deixaria o amor e a segurança de seus parentes queridos para viver sozinha em um lugar como Skye? E para andar pela aldeia, isso sem mencionar o cemitério, na calada da noite?
O coração de Christopher disparou. Será que a senhorita Saviñon viria a ser sua primeira paciente?
Bem, se a mulher era tão desequilibrada, por que Glendenning desejava se casar com ela?
– Ora, isso devia ser óbvio – o conde respondeu quando Christopher fez a pergunta. – Eu a amo.
Simples assim. Três palavras pequenas, mas carregadas de uma abundância de informações. Era comovente a devoção daquele homem a uma mulher que precisava de cuidados médicos. Pareceu a Christopher que se tratava de uma neurótica. E passear no escuro era provavelmente o resultado de uma demência.
Quando contasse o caso para Pearson e Shelley, eles ficariam loucos de inveja. Ainda assim, Christopher não pretendia demonstrar entusiasmo. Glendenning estava apaixonado por essa mulher.
– Suponho – Christopher disse com cautela – que não haverá nenhum transtorno se eu a visitar, milorde, para assegurar-me da gravidade de sua doença.
Glendenning bateu palmas com as mãos enormes, e o ruído, que lembrava um trovão longínquo, fez que alguns pescadores que estavam dormindo gemessem.
– Soube que o doutor era o homem certo para o trabalho – o conde se entusiasmou – assim que o vi pela primeira vez.
Acontece que, quando o conde viu Christopher Uckermann pela primeira vez naquela manhã, ele estava desmaiado sobre o bar da taverna local. Christopher preferiu não lembrar seu empregador desse fato e disse:
– Se milorde me disser onde posso encontrar água quente, mudarei de roupa, tomarei um banho e farei a barba...
Autor(a): leticialsvondy
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E assim foi. Algumas horas mais tarde, Christopher montava um corcel peludo e fogoso, trazido especialmente da estrebaria do conde para uso pessoal do doutor, segundo palavras do jovem estribeiro que o trouxera. O rapaz, que afirmou se chamar Rob por causa de um antigo rei, foi designado como guia de Christopher, cargo que exerceu sem se pronunciar, com exceção ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43
Já acabou? Naaaaaaaaaao
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capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16
Aaaaaaah,continua logoooo
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ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04
Vc voltou *-*
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ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59
Poxa, abandonou? :(
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wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33
OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??
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wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31
ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa
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wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30
Continua... Leitora nova e estou amando.
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heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01
Contt 😍😍
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Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32
Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^
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millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10
Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa