Fanfics Brasil - Capítulo 5 (PARTE 3) A Dama da Ilha(adaptada)

Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 5 (PARTE 3)

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E assim foi. Algumas horas mais tarde, Christopher montava um corcel peludo e fogoso, trazido especialmente da estrebaria do conde para uso pessoal do doutor, segundo palavras do jovem estribeiro que o trouxera. O rapaz, que afirmou se chamar Rob por causa de um antigo rei, foi designado como guia de Christopher, cargo que exerceu sem se pronunciar, com exceção do momento em que apontou para o castelo Glendenning, obviamente, como o ponto mais elevado da aldeia, que não passava de um amontoado de choupanas em ruínas que se alinhavam ao lado do ancoradouro. O castelo parecia uma ave de rapina empoleirada em um penhasco a sessenta metros acima do nível do mar.



Christopher virou o pescoço ao passar pela fortaleza e percebeu que não se tratava de uma visão muito convidativa. O sol da manhã afugentara o nevoeiro da noite anterior e foi possível avaliar os arredores que formavam uma paisagem interessante. A neve cobria tudo, desde o telhado de colmo da Lebre Ferida até as torres do castelo, com o gelo se acumulando onde ela começava a derreter. As poucas árvores que apareciam tinham os ramos cristalizados, refletindo a luz fria do sol. No caminho para a aldeia, era possível ver muitas ovelhas com uma fina capa de gotas de gelo colada no manto de pele.



Apesar de tudo, Christopher estava satisfeito com a decisão de ter ido para Skye. As pessoas eram simples, com exceção da problemática senhorita Saviñon e, por certo, da senhorita Dulce, uma beldade irritante. Skye era uma tranquilidade quando comparados aos pacientes londrinos, que com frequência contestavam seus diagnósticos, insistindo que doenças simples eram muito mais dramáticas ou exóticas. Os que sofriam de amigdalite, teimavam que era malária, e os que tinham uma indigestão convenciam-se de que sofriam de uma rara doença cardíaca. Christopher não esperava ter projeção no bairro londrino de Mayfair. Mas em Skye teria oportunidade de provar seu verdadeiro valor como médico.



Rob o levou por uma subida que se afastava do castelo e da aldeia. O terreno era irregular e rochoso, embora fosse uma estrada, ou melhor, uma trilha por onde os cavalos seguiam como se a ela já estivessem acostumados. A população local era pequena, resumindo-se a uma centena de pessoas desde que a epidemia do último verão ceifara a vida de um terço dos habitantes do local. No pátio da igreja, havia um folheto amarelado ainda preso a uma árvore escura e desfolhada, com um aviso aos paroquianos de que o cemitério estava lotado e não seriam permitidos mais enterros individuais, somente coletivos.



No entanto, nem mesmo essa lembrança sombria de morrer do verão anterior – que também atingira Londres, embora nenhum de seus pacientes houvesse contraído a cólera, doença devastadora que atingira as populações mais pobres – diminuiu sua expectativa. Inalou o ar puro com cheiro de sal e o achou muito mais agradável do que a atmosfera impregnada de fuligem de Londres em consequência da queima do carvão. Era ali que Deus preferia que Suas criaturas vivessem e não nas cidades, atiradas umas contra as outras. Sentiu pena de Pearson e Shelley, que àquela hora deviam estar a caminho da primeira visita e, na certa, ficariam presos no trânsito da manhã.



– Lá está a Cabana do Riacho – o garoto afirmou.



Christopher olhou para onde Rob apontava e viu uma cabana encantadora, aninhada em um local no qual, no verão, certamente passava uma enchente, mas que, no inverno, era simplesmente um riacho de seis metros de largura, com uma correnteza rápida, sobre o qual se estendia uma ponte de madeira apenas suficiente para a passagem de um cavalo e nenhum tipo de veículo. Um local perfeito para uma moradia. Christopher puxou as rédeas do cavalo e parou.



– Essa paisagem parece uma pintura.



O garoto também deteve seu animal, mas não se mostrava impressionado. Um telhado de colmo não era nenhuma novidade para ele, que passava a maior parte do inverno tremendo debaixo de um. O riacho, que lembrava uma fita de prata, também não o enternecia.



– É. – Rob cutucou o pônei com o calcanhar. – O fogo está aceso – disse, mostrando a espiral de fumaça que saía da chaminé. – Poderemos tomar uma xícara de chá.



Em instantes os cascos do pônei atravessaram as pranchas de madeira da ponte. Christopher seguiu seu guia e refletiu que a Cabana do Riacho dificilmente seria o local preferido por uma demente. Nunca vira local mais alegre e esplêndido. Em contrapartida, o castelo de Glendenning, com suas torres antigas e a atmosfera de melancolia sombria, seria o lugar ideal para uma louca.



Rob apeou da montaria e, com passos confiantes, foi até a porta da frente. Christopher desmontou e não pôde deixar de notar o pátio bem cuidado, com os jardins cobertos de neve, uma horta com talos mortos de um tomateiro, um canteiro que parecia ser de plantas medicinais e outro canteiro que deveria ser de flores. Refletiu que a loucura podia assumir várias formas, um lunático podia ter um belo jardim e, ao mesmo tempo, manter em segredo os males de seu distúrbio. Pessoalmente não conhecera nenhuma louca, mas Pearson cuidara de uma condessa italiana que tinha o hábito infeliz de atrair pombos em seu sótão, onde ela os desmembrava e comia, crus. Pearson escrevera uma dissertação sobre o caso, que fora apresentado e muito bem recebido em um encontro médico.



Enquanto Rob batia na porta, Christopher pensou na possibilidade de escrever um artigo sobre a infortunada senhorita Saviñon. A necrologia era uma neurose incomum. Nunca ouvira falar de indivíduos patologicamente perturbados fazendo listagem de mortos, um sintoma que na certa fascinaria seus pares, pelo menos os integrantes da comunidade médica. Não tinha muita esperança de impressionar Natália. Seria mais provável deixá-la enojada e doente. Mas se ele desse um jeito de curar essa jovem... Quem sabe?



Quando a porta da cabana se abriu, Christopher não viu nenhuma mulher perturbada, mas sim o olhar lúcido e hostil da dama conhecida como senhorita Dulce.



Só então ele percebeu que fora enganado.




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Autor(a): leticialsvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 18



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  • capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43

    Já acabou? Naaaaaaaaaao

  • capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16

    Aaaaaaah,continua logoooo

  • ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04

    Vc voltou *-*

  • ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59

    Poxa, abandonou? :(

  • wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33

    OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??

  • wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31

    ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa

  • wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30

    Continua... Leitora nova e estou amando.

  • heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01

    Contt 😍😍

  • Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32

    Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^

  • millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10

    Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa


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