Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy
– Aí está o problema. – Várias cabeças grisalhas se sacudiram. – Tirá-lo desse vento. Alguém precisa avisar a senhorita Dulce.
– Já foi feito – um homem desdentado garantiu. – Mandei o menino chamá-la, assim que vi Stuben afundar.
– Bom rapaz. – O pescador mais velho suspirou. – Bem, eu o seguro pela cabeça e você, pelos pés. Pronto? Um, dois e já!
Christopher ficou em pé. O vento gelado lançava jatos de sal para todo lado enquanto os homens de mãos encarquilhadas seguravam o corpo do homem e o levantavam. Então a procissão solene se moveu bem devagar até a construção mais próxima, a mesma que Christopher esperava que fosse uma taverna.
Christopher, sozinho no cais, relanceou um olhar ao redor. Atingida pelas ondas e pelo vento, a balsa chocava-se ruidosamente contra a lateral do ancoradouro. Suas sacolas e a arca ainda estavam na embarcação. Ele era o único passageiro, isto é, além das garrafas vazias do barqueiro que rolavam de um lado para outro. Exceto pelos amigos do defunto e de um bando de gaivotas, nada mais havia por perto. Christopher não contava que viessem esperá-lo, pois a comunicação com o continente era péssima, mas pelo menos poderia haver alguém para carregar a bagagem...
Bem, pouco importava. Afinal, houvera uma morte. Supôs que, por enquanto, seus pertences estariam a salvo. Embrulhou-se melhor na capa – embora o tecido incrustado de gelo pouco servisse para protegê-lo do frio – e seguiu atrás do cortejo do defunto. Caminharam rumo à única construção visível através do nevoeiro e, que, pelas luzes que apareciam nas janelas, prometia pelo menos um bom fogo.
Christopher acompanhou os passos dos homens, e quando um se queixou de cansaço, ele segurou a cabeça do morto.
Nisso, outro pescador apertou o peito do homem e se afastou. Christopher teve que segurar não apenas a cabeça, mas também o tórax do morto.
Um terceiro pescador se curvou, atacado por uma alarmante tosse espasmódica. Não demorou muito para que Christopher jogasse o barqueiro nas costas, sob gritos de incentivo e aplausos dos camaradas. Felizmente, esse fato não chegaria ao conhecimento de Natália. Sua morte teria sido romântica, mas essa situação em particular não.
Ele cambaleou em direção à taverna – era mesmo uma taverna, embora o nome na placa que balançava ao vento não fosse encorajador – Lebre Ferida. Mas assim que a porta foi aberta, Christopher mergulhou em uma onda de calor seco que recendia a cerveja e ficou aliviado que, o que quer que fosse aquilo, a Lebre Ferida era no mínimo quente, seca e estava aberta.
O lugar estava cheio de gente. Um dos homens que o acompanhavam anunciou que Stuben havia se embriagado novamente e caíra na água, de onde o estranho o retirou. Houve um murmúrio coletivo de excitação, seguido por uma torrente de movimentos, quando os homens se apressaram a tirar os canecos do caminho das mulheres que se preparavam para colocar um pranchão sobre vários bancos que alguém arrumou perto da lareira.
– Ponha-o aqui – ordenou uma mulher volumosa de avental imaculado e touca. – Bem aqui, na mesa.
Christopher aquiesceu, embora mesa não fosse o termo que ele escolheria para descrever a estrutura improvisada onde ele deixou o defunto. No mesmo instante, a mulher se apressou a tiraras roupas encharcadas do barqueiro, dando ordens em voz alta.
– Anahí, traga uma garrafa de uísque! Maeve, os lençóis estão no armário de cima. Nancy, na cozinha dos fundos há uma caçarola com água quente. Pegue-a e traga alguns panos. Já mandaram avisar a senhorita Dulce?
– Mandei o garoto atrás dela – um dos pescadores assegurou.
– Ótimo – A mulher ficou satisfeita.
De novo a senhorita Dulce?, Christopher pensou. Quem seria essa moça? E que nome horrível! Sua opinião era partilhada pelos amigos Pearson e Shelley, que haviam declarado que Dulce era o nome mais odioso, talvez com exceção de Megan. Haviam decidido, quase com certeza, que qualquer mulher batizada com o nome de Dulce teria queixos múltiplos, dentes centrais exageradamente grandes e fisionomia cavalar. E durante a investigação não muito científica da veracidade daquela teoria, esperavam que alguém provasse o contrário.
As roupas do barqueiro foram retiradas, e ele ficou exposto, nu, diante dos que se encontravam na Lebre Ferida – o que, Christopher reparou, incluía as criadas, sendo algumas delas muito jovens. Era espantoso que as moças não pareciam chocadas diante do corpo masculino em trajes de Adão. Mesmo quando ele foi submetido à indignidade de ser envolvido em panos tirados de uma vasilha com água quente que Nancy segurava, nenhuma dessas jovens empedernidas das Terras Altas lançou um segundo olhar sobre ele.
– Hum – Christopher conseguiu balbuciar depois de parar de tremer, ao mesmo tempo em que o morto era coberto dos pés à cabeça com roupas quentes.
A mulher, na certa a dona do local, olhou-o de viés e então disse:.
– Maeve, não fique aí parada como uma tonta. Tire as roupas molhadas do cavalheiro e cubra-o com uma manta.
Christopher ficou alarmado quando a tal moça caminhou em sua direção. Recuou depressa e ergueu as mãos.
– Hum, não, não. Não é... quero dizer, estou bem. De verdade. Senhora, penso que alguém deveria dizer-lhe que esse homem...
Mas Christopher, cujas visitas anteriores à Escócia haviam se limitado a expedições esporádicas de caça, durante as quais tivera pouco ou nenhum contato com os nativos, não estava preparado para se defender da determinação ingênua de uma típica criada gaélica. Em segundos, Maeve tirou sua capa e o casaco, o que o fez suspeitar que ela estava acostumada a tirar a roupa de fregueses relutantes... com propósitos inequívocos.
Quase a ponto de recorrer à violência, Christopher não teve como deter Maeve de seu objetivo, que parecia ser deixá-lo nu como o defunto que estava diante deles... Pelo menos até ele se encontrar no outro lado do recinto, literalmente encurralado em um canto, sem colete nem camisa, enquanto sentia um par de dedos ansiosos e prontos para soltar-lhe o calção...
– Isso já basta. – disse Christopher, apertando os pulsos da moça que pretendia despi-lo.
Maeve piscou e olhou para cima, com expressão travessa e nada envergonhada.
– Ela disse que era para eu tirar suas roupas molhadas – a criada o lembrou.
– Eu sei – Christopher disse. – Bem, se você não se importa, gostaria de ficar com minhas calças.
Autor(a): leticialsvondy
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– Não acho que deva fazer isso – Maeve contestou. – O senhor pode ficar com dor de garganta. – Ou com reumatismo – disse outra voz feminina. Foi então que Christopher notou os olhares embevecidos da jovem Nancy, a que recebera ordens para trazer água quente. – Isso mesmo – Maeve disse com firmeza. &ndash ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43
Já acabou? Naaaaaaaaaao
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capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16
Aaaaaaah,continua logoooo
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ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04
Vc voltou *-*
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ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59
Poxa, abandonou? :(
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wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33
OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??
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wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31
ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa
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wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30
Continua... Leitora nova e estou amando.
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heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01
Contt 😍😍
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Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32
Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^
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millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10
Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa