Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy
Pela segunda vez em vinte e quatro horas, Christopher Uckermann foi despertado de seu sono profundo de maneira rude.
E pela mesma mão, como não demorou a entender.
– Vamos, Uckermann – disse o conde, impaciente –, não temos a noite toda.
Christopher, enrolado em várias mantas, piscou por causa da luz da vela e ficou confuso. Por alguns instantes, não sabia onde se encontrava.
De repente, sua memória voltou. Estava no castelo de Glendenning por ter impedido que o conde obrigasse Dulce a deixar a Cabana do Riacho e porque não havia acomodações razoáveis na aldeia.
O dispensário também não oferecia condições de moradia. O recinto precisava de uma boa limpeza, camadas de tinta e uma visita do limpador de chaminés antes que a umidade se colasse definitivamente às paredes.
Ainda assim, o dispensário, úmido e com cheiro de mar, teria sido preferível às acomodações oferecidas pelo conde, que ele acabou aceitando. O quarto que lhe fora destinado era grande, mas gelado. O fogo da lareira não alterava a baixa temperatura, e ele foi forçado, enquanto escrevia algumas palavras para a mãe e as irmãs na enorme escrivaninha que ficava em um dos cantos, a usar luvas, chapéu e cachecol, encolhido como um pobre secretário de alguma peça teatral.
Natália ficaria espantada com a determinação dele. Indeciso? Ele? Jamais.
Mas não houve escolha. Seria aquilo ou juntar-se a Glendenning naquele hall horroroso onde o conde ficava polindo a maldita espada, acompanhado dos cães mal-cheirosos. Christopher tinha coisas melhores a fazer do que ficar observando Glendenning se coçar e admirar o próprio reflexo na lâmina da família.
As cartas não tinham sido bem feitas. Era muito difícil escrever com luvas, mesmo com as pontas dos dedos para fora. Mas a tarefa fora cumprida, e as cartas estavam empilhadas à espera de um mensageiro que a levasse para o correio. Havia também uma para Pearson e
Shelley, contando as aventuras vividas em Skye, sem omitir detalhes, nem mesmo em relação às calças usadas por Dulce Saviñon. Embora houvesse passado a noite apenas escrevendo as cartas, Christopher estava cansado.
Talvez fosse a atmosfera marinha. Ou a umidade das paredes do castelo. Fosse como fosse, largou-se na cama enorme de dossel com a cobertura rasgada e adormeceu de imediato. Não ficou nem um pouco feliz por ter sido acordado algumas horas mais tarde, no meio da noite, por seu anfitrião.
– Vá embora – Christopher resmungou, tirando as pontas da manta das mãos do conde.
Sonolento, esqueceu que Glendenning era seu empregador e que o conde não sabia que estava acordando de modo rude o oitavo marquês de Stillworth.
Lorde Glendenning – muito bem agasalhado, o que tornava evidente que ele pretendia sair, embora dentro do castelo estivesse tão gelado quanto fora – não se ofendeu.
– Mexa essa carcaça preguiçosa, Uckermann. Isto é, se quiser ver a prova da insanidade mental da senhorita Saviñon.
Aquilo o convenceu. Christopher não pulou da cama, mas desistiu de tentar rastejar de novo para dentro dos cobertores.
– Como é? – ele perguntou com voz rouca de sono.
– O doutor me ouviu. – Glendenning pegou o calção de Christopher que estava em uma poltrona próxima. – Vista isso e pegue seu capote. Esta é uma noite de lua cheia, quando Dulce costuma andar pelo cemitério.
Glendenning deixou o calção na cama e virou-se, levando a vela.
– Não é insanidade mental – o conde resmungou para si mesmo, foi até a lareira onde só havia brasas. – Veremos!
Christopher entendeu que o comentário se referia à sua afirmativa durante o almoço de que Dulce não sofria de insanidade mental, apenas de uma teimosia exagerada. Tal ponderação irritou o conde e o fez acusar o doutor de ter cedido aos encantos da jovem.
– Ela é desse jeito – ele havia declarado com o dedo em riste, por cima do rosbife. – Ela é capaz de encantar, mas posso lhe garantir que ela não é isso tudo, pelo menos na cabeça.
Christopher largara o garfo e se impacientara.
– Glendenning, só porque ela não quer se casar com milorde, não quer dizer que ela deve ser internada em Bedlam.
– O doutor verá – o conde resmungou, entre goles de cerveja. – Eu lhe mostrarei, e o doutor comprovará.
Christopher apenas sacudiu a cabeça. Se havia alguém em Lyming que tinha a mente perturbada, com certeza não se tratava de Dulce Saviñon.
E suas suspeitas se confirmaram, quando alguém entrou em seu quarto às duas da manhã e declarou que fariam um passeio até o cemitério. No entanto, Glendenning era seu anfitrião, além de empregador, e parecia ser relativamente são. Christopher suspirou, saiu da cama quente e vestiu as roupas frias.
Meia hora mais tarde, ele estava agachado atrás do muro da igreja, tremendo de frio e desejando jamais ter saído de Londres, onde nunca havia sido chamado para visitar cemitérios no meio da noite. Sua avaliação a respeito de Lorde Glendenning teria sido correta? O conde o arrastou para a noite lá fora, que poderia ser a mais fria do ano, e não parecia se sentir desconfortável, apesar de estar usando um kilt e, como Christopher, estar sentado sobre a neve. Christopher teria duvidado da humanidade do conde, se ele não lhe tivesse oferecido o uísque de uma garrafa que tirara de dentro da capa, embora a bebida não afastasse o frio.
Glendenning não tremia nem parecia cansado. Ele estava quieto, sentado, observando as lápides que lançavam sombras alongadas na neve, sob o luar. O conde seria um daqueles espectros sanguessugas de origem germânica sobre os quais Pearson lhe falara? Eles eram impermeáveis à temperatura. Glendenning teria provocado a saída para morder seu pescoço e chupar-lhe o sangue?
Não parecia provável. Ele poderia ter sugado o sangue de Christopher dentro do castelo. Além do mais, os vampiros, ainda de acordo com Pearson, não comiam com a voracidade do conde. Eram frugais e seletivos na alimentação.
Glendenning não era um vampiro. Mas isso não significava que não fosse um tolo, como Christopher também devia ser, pois o acompanhava. Afinal, o que estariam fazendo naquele local?
Christopher não era supersticioso e não esperava ver nada naqueles túmulos, mas havia algo... insólito no ar. Talvez fosse o silêncio quebrado de vez em quando pelo piar de uma coruja. Elas não eram atraídas pela morte e pela epidemia? Em Lyming, havia o suficiente...
“Dulce seria uma vampira?”, Christopher perguntou a si mesmo. Seria isso que Glendenning tentava provar? Era improvável. Vampiros sofriam combustão espontânea sob a luz do sol, e Dulce continuava inteira depois de ficar ao sol nas ameias, naquela manhã. De fato, ela brilhava e os cabelos vermelhos refletiam os raios solares...
Glendenning assustou-o ao pôr a mão em seu ombro.
Christopher, envolvido nas lembranças de Dulce e esquecido de onde se encontrava, afastou a mão do conde.
– Se milorde fizer isso de novo, irei embora.
– Psiu – Glendenning sussurrou. – O doutor ouviu aquilo?
Christopher ouvira.
– Milorde está se referindo à coruja?
– Ah, eu pensei...
– Era apenas uma coruja.
Christopher estava convencido de que era o conde que precisava de cuidados médicos. Nada havia ali, exceto um frio de matar e o cheiro de fumaça que vinha da chaminé da casa do vigário. Como Christopher invejava o vigário! O religioso, sendo escocês e não inglês, não poderia chamar-se vigário. O mais provável era que fosse um pastor. Christopher, mesmo sem muita paciência com a igreja, não teria se importado de ser um pastor aquecido em uma cama, com uma mulher gorda a quem se aconchegar e esperar um café quente pela manhã. Nem mesmo isso Christopher tinha para esperar. A cozinheira do castelo Glendenning era tão pouco talentosa quanto dura de coração.
Christopher mergulhou na mais terrível das depressões, convencido de que cometera o pior erro de sua vida ao ter ido para Lyming. Imaginou o que Natália pensaria se ele entrasse na sala de estar dos pais dela na semana seguinte e dissesse:
– Perdão, você estava certa. A profissão de médico não é boa. Se você ainda quer ser Lady Stillworth, vamos a Stillworth Park, onde nos tornaremos Lorde e Lady Stillworth até o fim de nossos dias.
Nisso, Glendenning cutucou-o com o cotovelo e apontou.
Autor(a): leticialsvondy
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Christopher observou a direção do dedo não muito limpo do conde e teve uma visão que fez seu sangue esfriar, o que não seria difícil, pois ele mesmo estava quase congelado. Viu uma silhueta encapuzada que se movia rapidamente por entre as lápides. O coração de Christopher disparou, porque ele tinha certeza de que ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43
Já acabou? Naaaaaaaaaao
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capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16
Aaaaaaah,continua logoooo
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ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04
Vc voltou *-*
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ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59
Poxa, abandonou? :(
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wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33
OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??
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wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31
ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa
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wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30
Continua... Leitora nova e estou amando.
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heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01
Contt 😍😍
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Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32
Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^
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millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10
Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa