Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy
Dulce Saviñon alisou o cetim dourado de sua saia e fitou o jovem que estava em pé diante dela.
– Bem – disse ela, fingindo indecisão. – Não sei...
– Por favor, senhorita Saviñon. – O jovem bonito estava muito bem trajado com casaco e calção de veludo. – A senhorita disse que reservaria a última dança para mim.
– Hum. – Dulce tinha intenção de dançar com o cavalheiro, mas não deixaria que ele percebesse isso. Os jovens deviam apenas conjecturar a respeito dos verdadeiros sentimentos de uma dama. Todo mundo sabia disso. A incerteza sobre a afeição das jovens a respeito deles era o que evitava a perda de interesse.
– Bem – Dulce começou a falar com voz sedutora. – Suponho...
Ela foi interrompida por outro cavalheiro, ainda mais bonito do que o anterior, de ombros largos, olhos escuros e risonhos, e cabelos castanhos presos por uma tira de couro.
– A senhorita disse que reservaria a última dança para mim – ele disse e estendeu a mão.
E Dulce, para seu horror, viu-se segurando aquela mão, levantando-se da poltrona e permitindo que o doutor Uckermann – Christopher Uckermann –, de olhar alegre e cintilante, cabelos penteados sem sofisticação e talvez por isso tão encantador, a levasse até a pista de dança.
Quando a orquestra, que estava em um dos cantos do grande salão de baile, começou a tocar uma valsa e não uma escocesa como ela supusera, Dulce entrou em pânico. Ela não sabia dançar valsa. Como a menina mais alta de sua classe, sempre foi forçada pelo professor a desempenhar o papel do cavalheiro, por isso não tinha ideia de como acompanhar os passos. Suas poucas experiências em valsar com um parceiro tinham resultado em desastres. Joelhos esfolados, dedos inchados ou palavras amargas. Às vezes, as três coisas.
Fitou os olhos castanhos de Christopher Uckermann e viu bom humor neles. Decidiu que contaria tudo, certa de que ele entenderia.
Mas quando ele a enlaçou pela cintura e ela sentiu o calor do corpo rijo e elegante, resolveu tentar os passos. Dulce foi tomada pela fragrância de sabonete de lavanda e fechou os olhos para sentir melhor o perfume. Ah, nunca pôde imaginar que um homem cheirasse tão bem. Nisso a música ficou mais envolvente, e Christopher deu um passo à frente. Dulce, sem saber como agir, fez o mesmo.
Bang! Os joelhos colidiram dolorosamente, mesmo através das camadas de saia e anágua...
Dulce acordou num sobressalto e ficou deitada, imóvel por um momento, até conseguir focalizar as vigas de madeira crua do teto de seu quarto.
Santo Deus! Tudo não havia passado de um sonho.
Ou talvez de um “pesadelo”. Fazia dois meses que não ia a um salão de baile. Foi na noite em que fingiu haver recebido uma carta de sua tia, informando-a da doença do tio.
– Tenho que voltar para Londres imediatamente – ela informou à senhora Bartlett, sua anfitriã.
Embarcou na primeira diligência postal disponível para Edimburgo, e dali, voltou para Skye.
Apenas Maite sabia da verdade e, por considerar aquela uma aventura eletrizante, jamais contaria a ninguém. Ela mandava para Skye todas as cartas que chegavam para Dulce na casa dos Bartlett em Bath, escondendo dos pais o real paradeiro da jovem amiga. Dulce nunca esperou ter uma amiga tão fiel, ainda mais que haviam se conhecido no Seminário Londrino para Moças, da senhorita Laver, uma escola que as duas desprezavam. Dulce não se importava com os assuntos que a senhorita Laver considerava cruciais para uma jovem moderna, como pintura e dança, embora se desse bem com as outras garotas. Eram boas meninas, cujo único objetivo era agarrar um homem rico e, se possível, bonito. Maite foi a única a demonstrar uma centelha de originalidade e bom senso para travessuras, o que as aproximou. Dulce nunca havia se adequado ao colégio nem a qualquer um dos salões de baile londrinos aos quais era arrastada pelos tios bem-intencionados.
Naquela altura, ninguém encontraria Dulce Saviñon em um salão de baile. E era assim que lhe agradava.
Então por que cargas d’água ela sonhava com um salão de baile? E pior, preocupando-se em dançar uma valsa com Christopher Uckermann, quando havia coisas tão mais importantes com que se preocupar?
Nisso ela escutou novamente o bang de seus joelhos batendo nos de Christopher Uckermann no sonho. Mas era apenas uma batida na porta da cabana.
Dulce se virou e consultou o pequeno relógio da mesa de cabeceira. Oito da manhã. E alguém batia em sua porta. Afundou a cabeça nos travesseiros. O que dera naquele povo? Não haviam entendido que havia um novo médico na cidade? Por que a chamavam àquela hora?
– Já vou! – ela gritou, ainda rouca de sono. Odiou ter de deixar o calor do ninho de cobertas onde estava aconchegada.
A pessoa que batia certamente não a ouvira, pois as batidas se intensificaram. Sorcha, que estava deitada na cama entre Dulce e Eirica, de olhar sonolento, se levantou e começou a latir.
Dulce, que nem chegou a dormir direito, gemeu e pegou o xale. Por que ela e não o jovem e competente doutor Uckermann? Certamente todos sabiam da chegada dele. Lyming era uma aldeia muito pequena. Não era justo. Ele não permaneceu acordado a noite toda como ela.
Na certa, ele passou uma noite quente e confortável em um dos muitos quartos de hóspedes do castelo de Glendenning. Bem, confortáveis talvez, quentes, nunca. Quente seria a última coisa que alguém pensaria ao se referir ao castelo...
Soaram mais batidas fortes.
– Já vou – ela repetiu, jogando o xale sobre os ombros.
Levantou-se, estremeceu por causa do frio e calçou os chinelos rasgados que deixava sob a cama. Durante esse tempo, as batidas não haviam cessado.
– Oh, Senhor – Dulce murmurou. – É bom que seja um caso grave!
Ela tentou se apressar, mas a animação de Sorcha pulando na sua frente dificultou-lhe a intenção. As batidas continuavam...
– Por favor – Dulce chegou até a porta e lutou para erguer a barra de madeira com que trancava a porta todas as noites –, pare de bater. – Ela levantou a tranca.
Dulce abriu a porta e, espantada, viu que não se tratava de nenhum dos aldeões. Quem estava plantado na neve era Christopher Uckermann, com fisionomia de quem também não dormira.
– O senhor! – ela corou ao se lembrar do sonho idiota. – O que o senhor...
Christopher não a deixou terminar. Empurrou-a e entrou na cabana.
– Não queira me fazer de tolo. – Christopher se virou e chegou até a porta do quarto desocupado da cabana, o que o pai de Dulce chamava de escritório.
– Passei a noite remoendo meus pensamentos. Por mais que tentasse, não consegui encontrar um simples motivo racional para o costume que a senhorita tem de ir ao cemitério no meio da noite anotar o nome dos mortos inscritos nas placas e depois recolher punhados de terra nos arredores das casas da aldeia. Glendenning pensa que a senhorita é maluca e estou inclinado a concordar com ele. Exceto... que não posso aceitar isso.
Dulce, com as sobrancelhas muito arqueadas, fechou a porta da cabana, recostou-se nela e cruzou os braços na altura do peito.
– Um bom dia para o senhor também, doutor Uckermann.
– Eu já lhe disse para não me fazer de tolo, senhorita Saviñon – disse Christopher com rispidez. – Isso pode diverti-la muito, mas eu não achei nada engraçado ficar sentado metade da noite no cemitério, congelando o meu... – ele a fitou com ressentimento – congelando meus pés.
– Não fui eu que o mandei ficar sentado lá. E por que está gritando comigo?
– Porque, como bem sabe, Glendenning está apaixonado pela senhorita e não pensa em outra coisa. Ele me arrastou até o cemitério, forçou-me a ficar lá para apreciar sua performance. – Christopher andava de um lado para outro ao longo do aposento, sem perceber que acima de sua cabeça o corvo de Dulce acompanhava seus movimentos, voando de viga em viga, agitando as asas negras.
– Fiquei acordado a noite toda na tentativa de me convencer de que ele estava certo, que a senhorita devia ser mesmo maluca, pois essa era a única explicação que fazia sentido. Exceto que... – Ele parou de repente e encarou-a do outro lado da mesa longa e das cadeiras. – Exceto que a senhorita não é maluca. Uma louca não teria feito o parto de ontem. Senhorita Saviñon, mas que diabos a senhorita estava fazendo ontem à noite?
Dulce inclinou a cabeça, e os cabelos que ainda não tinham sido escovados caíram para um lado de seu rosto.
Autor(a): leticialsvondy
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– Gostaria de tomar chá, doutor Uckermann? – Chá!? – Christopher engasgou. – A senhorita perguntou se eu gostaria de tomar chá? Foi isso que a senhorita disse!? – Christopher Uckermann, que para Dulce parecia o mais calmo dos homens, estava a ponto de explodir. Uma veia palpitava em sua testa, e os olhos castanhos, sempre ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43
Já acabou? Naaaaaaaaaao
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capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16
Aaaaaaah,continua logoooo
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ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04
Vc voltou *-*
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ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59
Poxa, abandonou? :(
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wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33
OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??
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wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31
ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa
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wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30
Continua... Leitora nova e estou amando.
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heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01
Contt 😍😍
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Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32
Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^
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millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10
Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa