Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy
– Não acho que deva fazer isso – Maeve contestou. – O senhor pode ficar com dor de garganta.
– Ou com reumatismo – disse outra voz feminina.
Foi então que Christopher notou os olhares embevecidos da jovem Nancy, a que recebera ordens para trazer água quente.
– Isso mesmo – Maeve disse com firmeza. – Ou reumatismo. O senhor não quer acabar doente... – Maeve fitou o peito desnudo. – Não seria justo para um belo homem como o senhor.
Convencido de que havia entrado em um antro de lunáticos, Christopher deu um puxão no pulso de Maeve. Depois tirou os dedos da jovem do cós de suas calças, preservando o pouco que lhe restara de dignidade.
– Vou me arriscar – disse ele, resoluto, afastando de si Maeve. Já só de calção e botas, ambos ensopados, Christopher percebeu que o medo de ser emasculado diante de toda a aldeia não tinha fundamento: ninguém, exceto Maeve e Nancy, prestava atenção nele. Os fregueses da Lebre Ferida estavam mais empenhados em esvaziar o conteúdo dos canecos de cerveja do que em olhar para o homem seminu em um canto, talvez mais interessante do que o morto sem roupas estendido na prancha no meio do recinto.
Todos, exceto a proprietária da taverna, que falava com o barqueiro:
– Vamos, Stuben, acorde.
Christopher, estranhamente comovido pela recusa tenaz da mulher em admitir o óbvio, disse:
– Madame, sinto informá-la da verdade. O senhor Stuben está morto.
A mulher parou com a mão no ar, segurando o pano quente com que estava prestes a cobrir o baixo-ventre do defunto.
– Morto? – ela repetiu.
A palavra chamou a atenção dos fregueses. De repente, todos viraram a cabeça na direção de Christopher.
– Sim... sim. – Pelo menos, conseguira atrair a atenção de todos, apesar do constrangimento de estar seminu. A manta sugerida ainda não chegara. No entanto, tinha um dever a cumprir. – Isso mesmo, madame, morto. Desde que o tirei da água, ele está sem pulso e não respira. Odeio ter de lhe dizer que seus esforços, embora valiosos, agora serão inúteis.
Àquela altura, Christopher notou que ao perceberem que o homem deitado na maca não estava mais vivo, alguns fregueses pareciam muito mais interessados. Christopher supôs que um barqueiro morto devia ser muito mais valioso do que um vivo.
– Morto? – Ela tornou a repetir, olhando a expressão cadavérica do homem estendido. – Stuben? Mas ele nunca morreu antes.
Christopher arqueou uma sobrancelha.
– Isso mesmo – ele disse e se pôs a imaginar se todo mundo ali naquele lugar era louco e se ele, sendo o único médico na aldeia, teria que fazer algo a esse respeito. – Dessa vez, creio que o mergulho dele foi fatal. – Sinto muito ser o portador de más notícias. Fiz o que era humanamente possível para salvá-lo, mas a água estava muito fria e ele era bem idoso.
Christopher achou mais sensato não mencionar o estado de embriaguez do homem. Afinal, havia senhoras presentes.
– Ele já não era tão forte para sobreviver dessa vez. Bem, se não for pedir demais, eu gostaria que a senhora mandasse alguém buscar minhas coisas na balsa. Gostaria de trocar...
Ele foi interrompido por um baque violento na porta da frente. Ela se abriu, e uma jovem alta entrou, vestida com uma capa escura cuja barra esvoaçava ao vento.
– Ah, senhorita Dulce! – A proprietária da Lebre Ferida demonstrou um alívio imenso. – Graças a Deus que está aqui!
Então essa era a tal senhorita Dulce de quem todos falavam! Bem, ele não se sentiu desapontado. Ela era alta o suficiente para ser uma Dulce. A capa escondia sua silhueta e o capuz, a face. Christopher não pôde comprovar se o resto se adequava ao nome, mas ela certamente parecia uma amazona. Pearson e Shelley ficariam satisfeitos em saber disso.
– Stuben voltou a beber – um dos pescadores a informou. – E esse aí disse que ele está morto.
– Quem?
A voz era exatamente a que ele esperava de uma Dulce. Profunda e nada feminina.
Christopher congratulou a si mesmo por ser um excelente juiz em matéria de feminilidade, mas quando a jovem tirou a mão enluvada das dobras do casaco e afastou o capuz para trás...
... Por pouco não lhe causou um ataque apoplético. Não viu nenhum queixo duplo, nem o menor traço de expressão que lembrasse um equino, exceto talvez pela vasta cabeleira de cor de cobre que caía solta, em cachos indomáveis do alto de sua cabeça. Na verdade, essa Dulce em particular era bela e atraente.
Isso ele era bem capaz de atestar, levando em conta que sob a capa a jovem usava, um segundo olhar o confirmou, um par de “calças de homem”. Sim, “calças masculinas” que se colavam sugestivamente em suas coxas delgadas e estavam presas na altura da cintura por uma tira de couro por cima de um suéter verde, grosso. Nos pés, a jovem trazia um par de botas fortes, também de couro. O suéter e as botas escondiam alguns atributos chave, mas as calças eram magníficas.
Christopher nunca havia visto uma mulher de calças. Estava certo de que Natália teria preferido usar um saco de batatas a vestir calças. Ainda assim, era uma inovação da moda que, mesmo não tendo alcançado Paris ou Londres, lhe agradava bastante. Na verdade, sentiu-se dominado pelo impacto e levou alguns minutos para perceber que a jovem estava falando.
– Quem disse que Stuben estava morto? – ela perguntou numa voz grave que não combinava com a aparência extremamente feminina.
Uma dúzia de dedos apontaram na direção de Christopher, e um segundo depois ele se viu analisado pelos olhos mais azuis e astutos que já vira. Sem chapéu na cabeça para cumprimentá-la – Maeve se apropriara dele, da capa e do paletó – só pode fazer uma pequena reverência até a cintura, tristemente consciente de seu estado de quase nudez.
– Fui eu. – disse Christopher, se sentindo acovardado, o que era estranho, diante do brilho daquele olhar. – Eu o tirei da água. Estava sem pulso e gelado...
– Quem é o senhor?
Christopher notou que Dulce falava um inglês perfeito, ao contrário dos outros aldeões, que tinham um forte sotaque escocês.
– Christopher Uckermann. Fui eu quem aceitou o posto...
Dulce já passara os olhos por ele e se encaminhou até o defunto.
– ...que os senhores anunciaram. – Christopher a viu virar o barqueiro de lado e ir para trás dele. – O de médico. Estou aqui para começar meu trabalho. – Percebeu que ninguém o compreendia. – Obtive a licença de médico no Royal College of Physicians. Sou membro dessa instituição, como também de Oxford, e estudei em Paris... Bem, talvez não me tenham ouvido, mas aquele cavalheiro está mesmo...
Para seu descrédito, a jovem deu nas costas do barqueiro – entre as omoplatas – um soco que teria acordado qualquer um que tivesse um sopro de vida.
– ...morto – Christopher confirmou. – Desculpem-me. Fiz o que pude.
No mesmo instante, o barqueiro abriu a boca e lançou um jato de rum e água salgada no chão, sujando as botas de quem estava por perto, inclusive as de Christopher.
Piscando como um bêbado, aquele que estava morto sorriu, acanhado.
– Sinto muito – o homem se desculpou.
Autor(a): leticialsvondy
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– Quem anunciou? – ela lhe perguntou. Christopher afastou o olhar incrédulo do homem que acabara de “ressuscitar” e fitou a jovem postada diante dele. – De que anúncio está falando, senhor Uckermann? – ela insistiu. – Mas ele estava morto – Christopher se ouviu dizendo. – Aquele homem e ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43
Já acabou? Naaaaaaaaaao
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capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16
Aaaaaaah,continua logoooo
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ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04
Vc voltou *-*
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ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59
Poxa, abandonou? :(
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wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33
OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??
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wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31
ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa
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wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30
Continua... Leitora nova e estou amando.
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heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01
Contt 😍😍
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Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32
Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^
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millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10
Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa