Fanfics Brasil - Capítulo 11 (PARTE 1) A Dama da Ilha(adaptada)

Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 11 (PARTE 1)

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–Sinto muito, senhora – Christopher repetiu pela décima vez naquele dia –, eu não trato de animais. 



A esposa de Adam MacAdams, que correspondia à descrição do conde, espichou para a frente o lábio inferior polpudo. 



– Ela nunca ficou sem botar por tanto tempo, e olhe que ela é uma das melhores. Regular como um relógio. Pelo menos, um ovo por dia. 



Christopher olhou a galhina gorda e castanha que estava sobre a mesa de exames. 



– Tenho certeza, minha senhora, de que se ela estiver se alimentando bem, logo vai se recuperar. 



– Mas esse é justamente o problema, doutor! – a senhora MacAdams suspendeu o busto generoso. – Ela não está comendo. Oh, será que o doutor não poderia examiná-la? 



Christopher pestanejou com tristeza olhando para a galinha. Ou era o que supunha que fosse. Se as galinhas eram um gênero, o que seriam os galos? Sua ignorância a respeito de assuntos rurais nunca havia se manifestado tanto quanto nessas últimas semanas, quando só o procuraram para resolver problemas sobre carneiros, cavalos, vacas e, numa tarde memorável, um porco espinho. Até aquele momento, tivera apenas um paciente humano. Mas isso nem contava, pois se tratava de Lorde Glendenning, que sofria de unha encravada nos pés. Apesar de ter resolvido morar no dispensário para evitar o conde, tornou-se o que Alfonso Herrera jurou que ele não era: um médico particular. 



Apesar dos aldeões não serem muito saudáveis, pareciam não confiar muito no novo médico. Alguns só tinham coragem de deixá-lo cuidar dos animais. A única vez em que dera uma consulta de verdade fora... 



– A senhorita Dulce disse para eu dar a ela malte moído quente. Mas o malte é muito caro. Será que não existe outra opção? 



...para uma segunda opinião – e diferente. Era o que procuravam. 



– Se a senhorita Dulce receitou o malte, a senhora deve seguir o conselho dela. Ela conhece as galinhas mais do que eu. 



A senhora MacAdams sacudiu a cabeça e pôs a galinha favorita de novo no cesto onde a levara. 



– Está bem, doutor, se é o que o senhor pensa... Mas acho que é um desperdício dar malte para galinhas. 



– É uma pena – Christopher concordou com ela, acompanhou-a até a sala de espera, onde não havia nenhum paciente. – Uma pena. 



Ele abriu a porta para o paciente e sua dona, e gostou da brisa agradável que os saudou. A primavera havia chegado, as folhas começavam a brotar nas árvores e havia brilho no olhar dos carneiros da colina. Aliás, Christopher nem tinha certeza se eram carneiros. Ele os conhecia tão pouco quanto as galinhas. Era a época de nascimento dos cordeiros, e todos os homens que não estavam pescando com as redes no estreito, iam para as colinas procurar ovelhas extraviadas ou, como se dizia no lugar, “as que estavam prestes a aliviar o bucho”. Desde que a primavera começou, Christopher não havia visto sinal de Dulce. Na certa ela, com as mãos pequenas tão eficientes para fazer um parto difícil, fora requisitada para trabalhos semelhantes. 



Enquanto os homens se ocupavam das providências para o aumento dos rebanhos, as mulheres da aldeia vendiam artigos feitos ou produzidos em casa num mercado ao ar livre que ficava perto do dispensário. Embora esse fosse um empenho otimista – pouquíssimos viajantes iam para a aldeia, e os que ali viviam tinham uma barraca no mercado –, Christopher adorava o que era vendido. A senhora MacGregor comerciava deliciosas tortas de carne, a senhora Murdoch levava alhos-porós e rabanetes, a senhora Connal preparava pães muito gostosos e a senhora Murphy não deixava faltar os sabões perfumados. Mesmo a desafortunada Anahí também abastecia uma mesa onde vendia canecos com cerveja por poucos centavos. Christopher se tornou habitué na tenda de Anahí, visitando-a algumas vezes ao dia. Se ela se ocupasse com os fregueses,não pensaria tanto na última recusa do conde em casar-se com ela. Essa era a intenção de Christopher. 



Ele deixou uma placa “Voltarei em cinco minutos” – providência quase inútil, pois poucos ilhéus sabiam ler – e se aproximou da barraca de Anahí. Ensimesmada, ela olhava o castelo empoleirado de forma precária em cima de um penhasco e só percebeu a presença dele ao escutar sua tosse.



– Ah, doutor Uckermann, é o senhor – disse ela sem entusiasmo. – Olá. 



– É uma bela saudação – Christopher brincou – para seu melhor cliente, Anahí. Por favor, um caneco e cuidado com a espuma desta vez. 



Anahí suspirou e foi até seu barril, ou melhor, o barril da senhora Murphy, pois a barraca da cerveja estava vinculada à Lebre Ferida. 



– Perdão, doutor Uckermann – Anahí se desculpou em tom monocórdio. – Não consigo parar de pensar nele. Acho que isso significa estar apaixonada. 



– Ah, Anahí, pense que ele não está à sua altura – Christopher respondeu com falsa animação para acalmá-la. 



– Eu sei. – Ela suspirou de novo e encolheu os ombros finos sob o xale de renda puído. – Tom Feeney me pediu em casamento na semana passada. 



– Ora, mas essa é uma ótima notícia, Anahí. – Christopher estava agradavelmente surpreso. – Tom é um bom rapaz. Por que não aceita o pedido dele? 



Anahí sacudiu a cabeça e os cachos loiros balançaram. 



– Não seria justo eu me casar com Tom, gostando de outro. Além do mais, a mãe dele não me suporta. 



Christopher conhecia a senhora Feeney e entendeu a hesitação de Anahí. Deixou uma moeda na palma aberta da jovem e pegou seu caneco. 



– Não se preocupe, Anahí. Há muitos outros rapazes disponíveis. Moças bonitas como a senhorita atraem os homens como o mel atrai as moscas.



Anahí piscou, e os olhos azuis marejaram de lágrimas. 



– Mas não o homem que eu quero. 



A frase foi murmurada com muito pesar, e Christopher não soube o que responder. Afagou o queixo de Anahí, deu-lhe mais uma moeda e se afastou em direção à barraca das tortas de carne, para não ver a expressão desconsolada da moça. 



Apesar do desânimo de Anahí, Christopher inalou a atmosfera marinha, ouviu o tagarelar das mulheres, o grasnido das gaivotas que rodopiavam acima de sua cabeça na esperança de apanhar uma lasca de pão e considerou que havia tomado a decisão certa ao ir para Skye. 



Embora tivesse apenas um paciente, sem contar com a galinha da senhora MacAdams. 



Na verdade, em Londres ele nunca se sentiu tão bem como em Lyming. Talvez fosse o ar marinho e a ausência da fumaça das chaminés. Era possível que isso se devesse à comida gostosa e saudável da senhora Murphy e de sua cerveja na medida certa. E, sobretudo, ele gostava do povo honesto e bondoso que habitava a pequena vila de pescadores. Não havia pretensões nem excesso de intelectualização das coisas. Um pescador era um pescador, um peixe era um peixe e todos estavam conscientes de seu lugar e – exceto Anahí – não tinham aspirações impossíveis. 



Começava a sentir que ali, finalmente, ele poderia ser apenas o doutor Uckermann em vez de um “marquês médico”. Ah, se ao menos ele tivesse um ou dois pacientes... 



Apesar desse pequeno desapontamento e das horas que passava à espera de clientes, sentia-se revigorado. 



Claro, isso também poderia se dever ao tempo, que melhorava, e à suspeita de que, finalmente, tinha encontrado um lugar onde ele não só poderia sentir que pertencia, mas também no qual poderia ser útil. Christopher notara um novo brilho no olhar não só dos carneiros, mas no da maioria das pessoas e também no do conde. 



Esse nobre ilustre chegou à aldeia com sua habitual teatralidade, espantando galinhas, cães, cachorros e crianças a torto e a direito quando passava pelo mercado com o garanhão negro. Ao ver Christopher, puxou as rédeas. Apeou do grande animal e agitou um envelope diante do rosto de Christopher . 



– Veja isso. – O conde não ocultava seu contentamento. – Esta é a resposta a nossos problemas. 



Christopher fitou Glendenning sem demonstrações de entusiasmo. Sua sensação de bem-estar se evaporou, mas não pelo garanhão, que parara muito perto dele. 



– Que problemas? – ele perguntou, embora já soubesse a resposta. 



Natália gostava muito de Tennyson, e um dos ditos do poeta provava ser desastrosamente verdadeiro no caso de Lorde Glendenning... “na primavera as fantasias de um jovem se transformam em pensamentos de amor”. Quando o sol derreteu a neve do inverno, a paixão de Glendenning por Dulce se aqueceu, e ele se tornou mais obcecado do que nunca pela ideia de atraí-la para o casamento, a despeito dos conselhos de Christopher para que esquecesse o assunto




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Autor(a): leticialsvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 18



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  • capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43

    Já acabou? Naaaaaaaaaao

  • capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16

    Aaaaaaah,continua logoooo

  • ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04

    Vc voltou *-*

  • ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59

    Poxa, abandonou? :(

  • wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33

    OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??

  • wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31

    ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa

  • wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30

    Continua... Leitora nova e estou amando.

  • heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01

    Contt 😍😍

  • Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32

    Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^

  • millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10

    Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa


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